Palanque oficial de Lula sofre abalo em PE com desembarques do PSB
O rompimento de partidos aliados ao PSB em Pernambuco estremeceu o palanque oficial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no estado. O partido é um dos principais aliados do petista no plano nacional.
Na segunda (16), o PSD deixou a base aliada do PSB e oficializou o apoio à pré-candidatura de Marília Arraes (Solidariedade) ao Governo de Pernambuco. PP e Avante deverão seguir o mesmo caminho nas próximas semanas. O próprio Solidariedade estava no palanque do PSB antes da chegada da ex-petista.
Para o novo palanque, o PSD lançou o deputado federal André de Paula como pré-candidato ao Senado na chapa de Marília Arraes. O mais cotado para a vice é o deputado federal Sebastião Oliveira (Avante).
Para aderir ao grupo, o PP requisitou a Marília espaços em secretarias em um eventual governo dela, além da presidência da Assembleia Legislativa de Pernambuco e uma vaga do Senado nas eleições de 2026. A pré-candidata também é apoiada por Pros e Agir 36.
O desembarque do PSD e as iminentes saídas de PP e Avante da base aliada do PSB fortalecem outra coligação que votará em Lula, a de Marília.
O PSB tem como pré-candidato a governador o deputado federal Danilo Cabral, com apoio do PT, que lançou a deputada estadual Teresa Leitão para o Senado. A aliança também é apoiada por PC do B, PV, MDB, PDT e Republicanos.
O aval da cúpula nacional do PT, incluindo Lula, para lançar Teresa Leitão para o Senado foi o estopim para o rompimento do PSD.
Os cargos que o PSD ocupava no Governo de Pernambuco e na Prefeitura do Recife já foram entregues ao governador Paulo Câmara (PSB) e ao prefeito João Campos (PSB).
Com as adesões de partidos expressivos como PSD e PP, Marília Arraes passa a ter mais competitividade na disputa em Pernambuco. O tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão e o número de deputados, prefeitos e vereadores no seu entorno cresceram.
Apesar disso, o PSB planeja uma ofensiva sobre Marília para a campanha eleitoral, repetindo o duelo de 2020, quando disputaram o segundo turno pela prefeitura do Recife, à época com a deputada no PT.
A tática do PSB será associar Marília Arraes ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) usando os votos do novo aliado dela, André de Paula, de forma favorável a pautas econômicas do atual governo.
Mesmo com o palanque do PSB tendo deputados de partidos da base de Bolsonaro, a legenda está disposta a usar o argumento. Isso porque a avaliação interna é que Danilo Cabral e Marília Arraes disputam o mesmo campo de votos na esquerda.
O foco do PSB será atrelar a imagem de Danilo à de Lula. No domingo (15), o pré-candidato do PSB foi a uma reunião do PT e prometeu que, se eleito, fará questão de ter os petistas participando da sua gestão.
A postura de Danilo difere do correligionário João Campos, que na campanha eleitoral de 2020 para a Prefeitura do Recife prometeu que nenhum petista ocuparia cargos na administração municipal.
Uma peça-chave do PSB será a pré-candidata ao Senado pelo PT, Teresa Leitão. Marqueteiros da campanha peessebista sinalizaram que, com a petista na chapa majoritária, a associação de Danilo Cabral a Lula poderá ser mais efetiva.
O PSB também pretende estimular Teresa Leitão a ir para o embate com Marília. Até março, quando Marília deixou o PT, ambas eram aliadas. Em 2018, inclusive, a neta de Miguel Arraes chegou a se referir à então colega de partido como "melhor deputada estadual de Pernambuco".
O início dos ataques a Marília Arraes já foi dado pelo senador Humberto Costa (PT), desafeto da pré-candidata do Solidariedade desde quando eram colegas de partido.
No domingo, em evento do PT no Recife, o senador disse que Lula está com os pés apenas em um palanque em Pernambuco, o de Danilo Cabral.
"[Tem gente que diz que] está com Lula, mas, na hora em que Lula precisava construir essa aliança com o PSB, um aliado nacionalmente estratégico e importante, vira as costas, fecha a porta e busca outro caminho. Quem age assim não é lulista", disse Humberto, sem mencionar diretamente o nome de Marília.
Em entrevista à Rádio Jornal no final de abril, Lula disse que o seu pré-candidato a governador é Danilo Cabral, mas afirmou que não impediria o uso da sua imagem por outros palanques, como o de Marília.
Marília Arraes tem minimizado a fala de Lula e dito que Danilo Cabral é candidato de um "acordo de cúpulas de PT e PSB" e costuma lembrar que, em 2006, o PT lançou Humberto Costa, o PSB, Eduardo Campos e o petista, à época presidente da República, subiu nos dois palanques. No entanto, isso não deverá se repetir em 2022, porque o PSB é contra.
Já se preparando para a defesa dos ataques do PSB, Marília Arraes e André de Paula têm lembrado com recorrência a aliança dos ex-adversários Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSB), ex-tucano, na disputa presidencial.
Por outro lado, um fator que preocupa o PSB é a elevada rejeição do governador Paulo Câmara. Adversários pretendem associar Danilo Cabral ao atual chefe do Executivo em Pernambuco.
"O PSB não vai pautar a nossa campanha, o que temos que fazer é discutir Pernambuco e o futuro do estado e não ficar rebatendo, porque eles estão desarrumados na política e na gestão", afirmou Marília.
Novo aliado de Marília, André de Paula é cria política do ex-vice-presidente da República Marco Maciel (1940-2021). O deputado militou inicialmente no campo da direita e foi trazido para perto do PSB em 2012 pelo ex-governador Eduardo Campos (1965-2014), a quem fez menções em discurso na segunda (16).
Campos ajudou André de Paula e Gilberto Kassab a coletar assinaturas para a fundação do PSD, há dez anos. Desde então, o deputado esteve nos palanques do PSB, que ora flertou com a direita, como em 2014, e ora com a esquerda, como nos últimos anos.
Quaest: Cláudio Castro lidera no Rio com 25%, contra 18% de Marcelo Freixo
O governador Cláudio Castro (PL) lidera a disputa à reeleição no Rio de Janeiro com 25% das intenções de voto em um cenário de primeiro turno, segundo a mais recente pesquisa Quaest/Genial. O deputado Marcelo Freixo (PSB) aparece em seguida, com 18%.
Em terceiro lugar, está Rodrigo Neves (PDT), com 9%. No pelotão seguinte aparecem André Ceciliano (PT), com 2%, Paulo Ganime (Novo), também com 2%, e Felipe Santa Cruz (PSD), com 1%. Branco, nulo e os que não pretendem votar somam 33%. Os indecisos são 10%.
CENÁRIO 1
- Cláudio Castro (PL): 25%
- Marcelo Freixo (PSB): 18%
- Rodrigo Neves (PDT): 9%
- André Ceciliano (PT): 2%
- Paulo Ganime (Novo): 2%
- Felipe Santa Cruz (PSD): 1%
- Branco/Nulo/Não pretende votar: 33%
- Indecisos: 10%
O instituto ouviu de forma presencial 1.200 pessoas no estado de 12 a 15 de maio, e a margem de erro da pesquisa é de 2,8 pontos percentuais, para mais ou para menos.
O nível de confiança do levantamento é de 95%, sob o registro RJ-09916/2022 e BR-01548/2022. A pesquisa da Quaest é financiada pela corretora de investimentos digital Genial Investimentos, que é controlada pelo Banco Genial.
Já num segundo turno entre Castro e Freixo, o governador marcaria 38%, contra 27% do deputado. Nessa simulação, 27% dizem que votariam branco, nulo ou que não votariam. Os indecisos são 8%.
Castro é do mesmo partido do presidente Jair Bolsonaro (PL), enquanto Freixo conta com o apoio do ex-presidente Lula (PT).
FOLHA DE SP
Terceira via trava uma guerra de 3% contra 1%..
Dois partidos ainda simulam a busca por um candidato de consenso para representar a terceira via na sucessão presidencial. O PSDB dispõe de João Doria, um candidato que venceu as prévias, mas não levou o partido. O MDB oferece Simone Tebet, uma candidata que se mantém na pista enquanto parte da caciquia da sua legenda finca os cotovelos nas mesas dos jantares de Lula. No final de semana, a negociação ganhou ares de conflito. PSDB e MDB travam a guerra de 3% contra 1%. São esses os percentuais de votos atribuídos a Doria e Simone.
Considerando-se que Doria e Simone não admitem ser vice um do outro, era preciso estabelecer um critério. Numa negociação que incluiu o Cidadania, combinou-se a realização de pesquisas desfavoráveis a Doria, pois incluem a rejeição como fator de desempate. O candidato tucano chamou a manobra de "golpe"e enviou ofício à cúpula do PSDB. Cobrou respeito às prévias e ameaçou recorrer à Justiça.
Marcada para quarta-feira, a reunião dos partidos que ainda brincam de terceira via será precedida por um encontro em que a Executiva do PSDB decidirá, na terça, o que fazer com a carta de Doria. Nesse cenário, é nula a hipótese de surgir um candidato único em 18 de maio, como havia sido prometido. A questão não é que a terceira via empacou. O problema é que o grupo evoluiu de um congestionamento para um beco sem saída.
Saíram ou foram empurrados para fora da disputa presidencial Luciano Huck, Sergio Moro, Rodrigo Pacheco, Eduardo Leite, Alessandro Vieira e Luiz Henrique Mandetta. Doria e Simone sonhavam em substituir Bolsonaro num segundo turno contra Lula. O erro mais primário que pode ser cometido no momento é culpar os 30% de eleitores que flertam com a reeleição do capitão pela dificuldade dos seus rivais de atingir os dois dígitos nas pesquisas. O problema da terceira via nunca foi de escassez de nomes, mas de falta de unidade e de ideias.
A PESCARIA DOS VOTOS DAS TERCEIRA VIA
Vamos combinar? O (até a conclusão desta coluna) pré-candidato à Presidência João Doria não é O problema do PSDB, mas UM DOS problemas de um partido que foi tão importante, mas não respeitou o próprio passado, não cuidou do presente e não preparou o futuro. Vive seu ocaso, sem renovação e sem união.
O País em chamas, com um presidente que armou sua milícia e brinca com fogo e com guerra, e cadê o PSDB, que comandou a estabilidade da economia, elegeu Fernando Henrique Cardoso em primeiro turno duas vezes e deixou uma herança bendita? Está perdido em reuniões inúteis e em rachuncho do fundo eleitoral.
Fazer novas pesquisas com MDB e Cidadania para chegar a um nome da terceira via? Como ironiza o tucano Aloysio Nunes Ferreira, ao anunciar apoio ao petista Lula, é pura perda de tempo, jogar dinheiro fora. O que essas pesquisas vão mostrar? O que todo mundo já sabe.
Já FHC ressaltou o óbvio, que as prévias devem ser respeitadas, mas a cúpula do partido ameaça derrubar Doria, que ameaça entrar na Justiça contra o nome da senadora Simone Tebet (MDB), que ameaça ser candidata de “união” no tapetão. É hora de petistas e bolsonaristas disputarem votos do centro, hora de atrair, não repelir. Logo, é burrice o PT bater nos tucanos e Bolsonaro amedrontar o País e falar em golpes. Mas é o que fazem.
Enquanto Lula põe o ex-tucano Geraldo Alckmin na sua vice e colhe o voto de Nunes Ferreira, como reagem os petistas? Atacam partidos, políticos de centro e até o que eles chamam de “jornalistas tucanos”. O que vem a ser isso? Os que estão alertas para o risco de Bolsonaro levar a “eleições conturbadas”, mas não babam ovo para Lula e não tapam nariz, boca, olhos e ouvidos para os erros do PT.
Alguém precisa dizer aos petistas que estiverem no mundo da lua que os “inimigos” não são o centro nem os tucanos e avisar a eles que tem um tal de Jair Bolsonaro arregimentando suas forças armadas, civis e militares, contra ministros do Supremo e defensores da democracia e das eleições, como defendiam vacinas, máscaras, isolamento social e Amazônia.
E Bolsonaro? Ele tem a caneta e as verbas, só faz campanha e inventou até uma “lanchaciata” em Brasília, que concentra a elite do funcionalismo e a maior renda per capita do País. Em vez de dar uma banana para o povo, os apoiadores esfregavam picanha na cara dos que passam fome. É assim que Bolsonaro disputa o voto de centro?
Com petistas xingando tucanos e a terceira via, bolsonaristas desdenhando da fome e do pobre, o PSDB passando rasteira no vencedor das prévias e o centro jogando dinheiro e tempo fora, a polarização é desesperadora.
ELIANE CATANHEDE / O ESTADÃO
Tebet: 'Doria é problema do PSDB. Estou pronta para ser cabeça de chapa ou vice'
Bianca Gomes / O GLOBO
SÃO PAULO - Pré-candidata do MDB à Presidência, a senadora Simone Tebet (MS) disse nesta segunda-feira ao GLOBO que o ex-governador João Doria é "problema" do PSDB e que ela está pronta para ser cabeça de chapa ou vice.
— (João Doria) é problema do PSDB. O PSDB aceitou fazer parte dessa pesquisa junto com Cidadania e MDB — afirmou Tebet. — Eu estou pronta para subir no palanque dessa frente democrática independentemente de cabeça de chapa ou vice.
Questionada sobre a carta na qual Doria diz não concordar com as pesquisas da terceira via ou ser vice de Tebet, a senadora ressaltou que respeita os critérios e concordará com resultado.
— Eu aceitei as regras do jogo e, posso falar por mim, vou aceitar o resultado na quarta-feira seja ele qual for — assegurou a pré-candidata do MDB, que acredita numa definição da terceira via nesta quarta-feira.
A senadora ainda afirmou que, se escolhida, será candidata à Presidência com ou sem PSDB e Cidadania, ou seja, sem depender do que acontecerá com Doria.
— Com ou sem frente democrática, se o meu nome for escolhido e outros resolverem 'ah, não aceito as regras do jogo', tentarem judicializar, é um direito que lhes assiste. Eu continuo — concluiu Tebet, que defendeu a necessidade de o centro definir logo "um rosto, nome, sobrenome e uma cara para se apresentar ao Brasil".
Nesta segunda, Tebet participou de um ciclo de debates promovido pelo Conselho Político e Social (Cops), da Associação Comercial de São Paulo. Depois, almoçou com empresários acompanhada do ex-presidente Michel Temer.