André Fernandes x Evandro Leitão: o que esperar do 2º turno em Fortaleza
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Os eleitores de Fortaleza decidiram estender a decisão sobre quem irá comandar a Prefeitura da Capital para o segundo turno. A disputa entre André Fernandes (PL), que obteve 562,3 mil votos, e Evandro Leitão (PT), com 480,1 mil, promete resgatar a polarização nacional enfrentada pelo Brasil há dois anos. Enquanto um candidato integra a sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o outro tem como correligionário e um dos principais cabos eleitorais o atual presidente Lula (PT).
Após a apuração do primeiro turno, André chega com vantagem. Ele conseguiu aglutinar apoio de 40,2% dos eleitores — desconsiderando aqueles que votaram branco ou nulo. Já Evandro encerrou a primeira etapa quase 6 pontos percentuais atrás, com 34,3% de apoio popular, mas garantiu sua vaga na segunda etapa da eleição. Agora, analistas políticos apontam que “uma nova campanha começa” e a polarização entre aliados de Lula e de Bolsonaro deve ficar mais evidente.
Para o pesquisador, o candidato petista em Fortaleza deve ser o principal incentivador dessa polarização. “Ele vai insistir na ideia de que o André é o candidato do Bolsonaro, embora ele (André) não tenha feito a utilização dessa identidade política no primeiro turno. É mais interessante para a campanha do Evandro fazer essa polarização do que para a campanha do André”, conclui Freitas.
Monalisa Torres, professora de Teoria Política da Universidade Estadual do Ceará (Uece), reforça essa análise e aponta que André fortaleceu o próprio nome enquanto liderança local.
Ensaio para o segundo turno
Nas primeiras entrevistas após o resultado da eleição, tanto André Fernandes quanto Evandro Leitão fizeram acenos em busca de apoio e já ensaiaram o discurso para o segundo turno.
O candidato do PL, de cara, destacou que sua mobilização não terá como foco a polarização entre Lula e Bolsonaro.
O postulante reforçou a imagem de que era encarado como um candidato “improvável”, mas que “terminou em primeiro lugar”.
O político também respondeu sobre um eventual apoio de Wagner, com quem teve embates intensos no primeiro turno. Ele disse que “mais importante que o apoio do Capitão Wagner é o do eleitor do Capitão Wagner”. “Mas, obviamente, buscarei conversas com ele”, acrescentou.
Ele ainda ressaltou que “muitos vereadores ligados ao prefeito Sarto já ligaram” demonstrando interesse de apoiá-lo no segundo turno. André enfatizou que “qualquer apoio que vier para o nosso lado nesse segundo turno será muito bem-vindo”, mas acrescentou que “não fará acordos em troca de cargos ou em troca de secretarias”.
E que o alvo, agora, é "o representante do Bolsonaro que foi para o segundo turno”. O candidato também enfatizou que “o projeto é cuidar das pessoas” e que o PT deve procurar “todos aqueles que acreditam nisso e não são negacionistas, que não desrespeitam as pessoas”.
Ele reforçou que irá procurar “várias lideranças”, incluindo os concorrentes, em busca de apoio. “Tiramos quase meio milhão de votos, saímos de 6% para 34%. E agora, a partir de amanhã iremos procurar todos aqueles que querem efetivamente uma Fortaleza melhor, uma Fortaleza, um prefeito que cuide das pessoas, que cuide da população”, ressaltou o candidato do PT.
Na conversa com a imprensa, Evandro apareceu ao lado de Camilo Santana e do governador Elmano de Freitas (PT). O ministro, inclusive, anunciou que Lula irá cumprir agenda oficial pelo Palácio do Planalto na próxima sexta-feira (11) em Fortaleza e, no dia seguinte, deve participar de evento político em apoio ao candidato do PT na Capital cearense.
Nova etapa
Na campanha do segundo turno, novas regras entram em cena. André e Evandro agora terão o mesmo tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Eles poderão ampliar os gastos de campanha, tendo como novo teto R$ 7,3 milhões.
Os dois também saem em busca de apoio de adversários na primeira etapa da disputa. George Lima (Solidariedade), por exemplo, já sinalizou que deve apoiar Evandro. O postulante, que ficou em sétimo lugar na disputa, recebeu 6,8 mil votos. Já Eduardo Girão (Novo), com 14,8 mil votos, anunciou apoio a André.
Os outros candidatos, até a noite de domingo (6), não se pronunciaram ou não definiram apoio ao PL ou ao PT. Apesar da derrota histórica nas urnas, o atual prefeito José Sarto (PDT) e o ex-deputado Capitão Wagner (União) são os nomes mais cobiçados. O candidato do PDT obteve 164,4 mil votos, enquanto o postulante do União Brasil teve 159,4 mil.
Nunes x Boulos: 'Vingadores' de Marçal escolherão futuro prefeito de SP
Por Bernardo Mello Franco / O GLOBO
No início de sua ascensão meteórica, Pablo Marçal afirmou que o 6 de outubro, data do primeiro turno, seria o “Dia da Vingança”. O coach não venceu a eleição, mas seus seguidores terão o poder de escolher o novo prefeito de São Paulo. Com estilo histriônico e discurso agressivo contra tudo e contra todos, o outsider do PRTB recebeu 1,7 milhão de votos — equivalentes a 28% dos válidos.
Esse exército de revoltados e desiludidos com a política será o fiel da balança no segundo turno entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL). Os vingadores de Marçal se encantaram com um candidato que produziu factoides em série e afrontou todas as regras de uma disputa civilizada.
O coach avacalhou os debates, insultou os adversários, espalhou acusações falsas. A cada baixaria, subiu um pouco mais nas pesquisas, para desespero de políticos e marqueteiros dos grandes partidos. Marçal bagunçou a disputa com um discurso que misturou retórica motivacional, apelo religioso e técnicas do entretenimento para capturar atenção nas redes.
A receita foi embalada em bandeiras bolsonaristas como o anticomunismo, a oposição à “ideologia de gênero” e a cruzada contra o ministro Alexandre de Moraes. Mas isso não convenceu o ex-presidente a romper o acordo com o atual prefeito.
Em tese, os eleitores de Marçal seriam mais propensos a votar em Nunes do que em Boulos. O emedebista é um político conservador, tem apoio formal do ex-presidente e entregou a vice a um coronel da Rota. O psolista foi escolhido pelo presidente Lula e carrega a pecha de radical por sua militância no MTST.
Dividida entre Nunes e Marçal, a direita somou quase 60% dos votos no primeiro turno. A questão é saber o quanto a ideologia pesou na escolha dos seguidores do coach. Em pronunciamento ontem à noite, Boulos esboçou um discurso para tentar fisgar parte dos eleitores de Marçal. Disse que “a enorme maioria do povo votou pela mudança”.
Isso equivale a contabilizar os votos do primeiro turno de outra forma: os 29,5% do atual prefeito contra os 70,5% que se espalharam entre candidatos de oposição. É improvável que essa conta convença a maioria dos seguidores de Marçal, uma tropa que nutre ódio à esquerda e abraçou o coach como uma espécie de filho bastardo de Bolsonaro.
Para Boulos, resta disputar outra fatia dos eleitores do outsider: a dos revoltados que teclaram o 28 para se vingar do sistema que ele diz combater. Gente que escolheu Marçal como voto de protesto — uma versão moderna do Cacareco, o rinoceronte que “venceu” a eleição paulistana para vereador em 1959.
Marcelo Mota, do PSB, é reeleito prefeito de Tamboril (CE)
Marcelo Mota, do PSB, foi reeleito prefeito de Tamboril (CE) e vai comandar a cidade pelos próximos quatro anos. Com 100% das urnas apuradas, ele recebeu 10.303 votos, o que representa 59,53% dos votos válidos.
Veja resultado da votação - Tamboril (CE):
- Marcelo Mota (PSB): 10.303 votos (59,53%)
- Pretim Farias (PDT): 7.005 votos (40,47%)
A eleição na cidade teve 16,28% de abstenção, 1,04% de votos brancos e 3,40% de votos nulos.
Este material foi produzido e publicado de maneira automática e supervisionado por especialistas do Estadão. O conteúdo é atualizado automaticamente com informações transmitidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na cobertura das eleições municipais de 2024 no Estadão é possível conferir os resultados da votação em todas as cidades do País.
Eleições confirmam o PSD como o maior partido do Brasil em número de prefeituras; PT tem leve recuperação e PL se destaca em capitais
Por Camila Turtelli e Dimitrius Dantas— Brasília / O GLOBO
Com 5.464 prefeitos eleitos no Brasil e 99% das urnas apuradas, o resultado do primeiro turno das eleições municipais mostra uma consolidação dos partidos de centro no comando das prefeituras. O PSD, comandado por Gilberto Kassab, aparece em primeiro lugar com 877 prefeituras, seguido pelo MDB, com 832 prefeituras.
—Estamos satisfeitos com o resultado, consolidando o partido. Fizemos três capitais no primeiro turno e estamos com boas perspectivas no segundo turno como Eduardo Pimentel, em Curitiba; Ricardo Silva, em Ribeirão Preto. E também com a eleição de Ricardo Nunes em São Paulo— disse o presidente do PSD, Gilberto Kassab ao GLOBO.
No comando do governo federal, o PT conseguiu uma leve recuperação, após amargar resultados ruins nas últimas eleições, e passou de 182 prefeituras feitas em 2020, para 246. Já o PL esteve longe de cumprir sua meta ambiciosa de alcançar mais de 1.500 prefeitos e fez apenas 510 prefeituras. Por outro lado, o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro teve um desempenho muito forte nas capitais: o partido conquistou duas vitórias, em Maceió (AL) e Rio Branco (AC), mas foi para o 2º turno em outras nove cidades.
Considerando todas as cidades com mais de 200 mil eleitores, isto é, todas aquelas que podem ter segudno turno, o PL elegeu 10 prefeitos e colocou outrs 23 no segundo turno. Em comparação, o PT teve só dois prefeitos em cidades desse tamanho, em Contagem e Juiz de Fora, em Minas Gerais.
O resultado ainda é melhor do que os 344 prefeitos que a sigla elegeu nas últimas eleições, em 2020. Os resultados ainda não são definitivos, já que 50 cidades ainda terão segundo turno.
Depois de já perder espaço para o PSD, que se tornou o maior partido do país com filiações realizadas nos últimos anos após as eleições 2020, o MDB permaneceu na segunda colocação mas, em comparação com 2020, elegeu mais prefeitos. Há quatro anos, o partido elegeu 793 prefeitos, contra 844 este ano. Atualmente, segundo levantamento feito pelo GLOBO antes do final da janela de filiação partidária, o PSD tinha 1040 prefeituras e o MDB, 918.
— Já passamos o resultado de 2020 e estamos muito feliz porque estamos no segundo turno em São Paulo e em outras cidades como, Porto Alegre. Estamos bastantes satisfeitos com o resultado— disse o presidente do MDB, Baleia Rossi ao GLOBO.
Em 2020, o PSD elegeu 656 prefeitos, mas alavancou o domínio ao longo dos anos, com a mudança de partido dos prefeitos, principalmente em São Paulo, onde Kassab é secretário do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos). Depois de eleger 64 mandatários em 2020, o partido hoje comanda 306 cidades, quase metade das 645 do estado. O partido elegeu 201 prefeituras no estado nas eleições.
O Republicanos foi outro destaque na eleição municipal. O partido foi de 213 prefeituras para 430. A sigla abriga Hugo Motta, considerado um dos favoritos para a Presidência da Câmara dos Deputados em 2025. — O partido vem crescendo desde sua fundação e isso é resultado de planejamento e organização. Fomos muito bem em cidades, como Campinas, Vitória e Sorocaba— disse o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, ao GLOBO.
O União Brasil, partido que teve um crescimento expressivo em número de prefeituras nos últimos anos, chegando a 605 atualmente, recuou nesse domingo, apesar da sigla ter apostado na força dos comandos estaduais para continuar crescendo. O partido comandado por Antonio Rueda fez 578 prefeitos, enquanto dez ainda disputam o segundo turno. O União foi o resultado da fusão entre PSL e Democratas, criado em 2021 e, portanto, não participou das eleições de 2020 com a configuração atual.
Roberto Pessoa, do UNIÃO, é reeleito prefeito de Maracanaú (CE)
Roberto Pessoa, do UNIÃO, foi reeleito prefeito de Maracanaú (CE) e vai comandar a cidade pelos próximos quatro anos. Com 100% das urnas apuradas, ele recebeu 86.976 votos, o que representa 62,83% dos votos válidos.
Veja resultado da votação - Maracanaú (CE):
- Roberto Pessoa (UNIÃO): 86.976 votos (62,83%)
- Dra Silvana (PL): 34.279 votos (24,76%)
- Lucinildo Frota (PDT): 15.458 votos (11,17%)
- Professor Ernesto (PSOL): 1.728 votos (1,25%)
A eleição na cidade teve 12,38% de abstenção, 4,91% de votos brancos e 6,30% de votos nulos.
Este material foi produzido e publicado de maneira automática e supervisionado por especialistas do Estadão. O conteúdo é atualizado automaticamente com informações transmitidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na cobertura das eleições municipais de 2024 no Estadão é possível conferir os resultados da votação em todas as cidades do País.