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Bolsonaro ganha com avanço da direita, mas vê campo dividido e novos protagonistas

Marianna Holanda / FOLHA DE SP

 

Brasília

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve ganhos políticos com o avanço da direita no primeiro turno das eleições municipais de 2024, mas viu esse campo fragmentado em algumas cidades e o surgimento de novos protagonistas.

O destaque que bolsonaristas buscam dar para esse primeiro turno é a fotografia geral. Como mostrou a Folha, nomes apoiados pelo ex-presidente tiveram ampla vantagem sobre os de Lula (PT) nas 103 maiores cidades do país.

O PL não fez as mil prefeituras planejadas, mas conseguiu o comando de 510 municípios, tornando-se a quinta maior força eleitoral do país. Para aliados de Bolsonaro, ainda que não seja direta e certeira a relação com 2026, cria-se uma antessala positiva com a consolidação da direita na preferência do eleitorado.

Esses aliados minimizam derrotas, que chamam de pontuais. Para eles, a fragmentação da direita em algumas cidades, como São Paulo ou Goiânia, faz parte do processo de amadurecimento político do campo.

Mas a consequência desse cenário de crescimento da direita foi o fortalecimento de novos nomes. Desde Pablo Marçal (PRTB), que não contou com o apoio aberto de Bolsonaro, até o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que nacionalizou sua influência e também viajou para fazer prefeitos e vereadores fora do seu estado.

Mais notadamente na capital paulista, onde o ex-presidente evitou colocar seu peso na campanha de Ricardo Nunes (MDB), os louros de chegar ao segundo turno ficaram com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), hoje tido como o principal dos presidenciáveis bolsonaristas.

O comportamento de Bolsonaro em São Paulo foi visto como errático por aliados, que afirmam que, ao tentar manter um pé em cada canoa, o ex-presidente perdeu a oportunidade de sair como padrinho do sucesso de Nunes.

Bolsonaro teve medo de apoiar o emedebista mais abertamente e se indispor com parte do seu eleitorado, que, apesar dos apelos e da indicação do bolsonarista Mello Araújo para a vice de Nunes, escolheram Pablo Marçal (PRTB) nas urnas.

Com uma pequena diferença dos dois primeiros colocados, Marçal ficou de fora do segundo turno, mesmo com o apoio de importante parcela do bolsonarismo. Seu futuro político, contudo, ainda é visto como incógnita por aliados do ex-presidente —o próprio Marçal disse que almeja disputar em 2026.

Agora, Bolsonaro promete entrar com maior intensidade na campanha contra Guilherme Boulos (PSOL). Aliados do emedebista não descartam o apoio, mas lembram que a rejeição do ex-presidente pode não ajudar.

A direita rachou ainda em Goiânia, onde os candidatos Fred Rodrigues (PL) e Sandro Mabel (União Brasil) disputam o segundo turno. Mabel tem o apoio do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que também disputa o espólio eleitoral de Bolsonaro para 2026.

Já em Campo Grande, Bolsonaro preferiu apoiar Beto Pereira (PSDB), em detrimento de Adriane Lopes (PP), que chegou ao segundo turno em primeiro lugar com apoio de Tereza Cristina (PP).

Em Curitiba, foram dois candidatos de direita para o segundo turno. A surpresa foi Cristina Graeml (PMB), ex-comentarista da Jovem Pan que despontou sem tempo de TV ou recursos, mas com vídeos nas redes sociais de apoio de Bolsonaro e até Marçal.

O ex-presidente apoiou inicialmente a chapa de Eduardo Pimentel (PSD), cuja vice é do PL, mas debandou para Graeml, para quem gravou vídeo na reta final da campanha: "Torço por você, ponto final".

Bolsonaro viajou para quase 90 cidades neste ano. Desde o início do primeiro turno, em 16 de agosto, foram 57 municípios visitados, segundo levantamento da Folha. O que desponta é o Rio de Janeiro, onde centrou seus esforços para tentar eleger o deputado federal Alexandre Ramagem (PL).

Ele conseguiu alcançar 31% na capital carioca, mas perdeu no primeiro turno para Eduardo Paes (PSD). Em Angra dos Reis, Bolsonaro dedicou especial empenho para eleger o amigo empresário Renato Araújo (PL), mas ele também foi derrotado.

Um aliado de Bolsonaro diz que o clima no QG foi de vitória pelas demais cidades do país e especialmente no Rio de Janeiro. O partido do ex-presidente se tornou a legenda com a maior quantidade de municípios do estado, o mesmo do seu número de urna, 22.

Além disso, ele conseguiu eleger Carlos Bolsonaro (PL) e Jair Renan (PL) vereadores no Rio e em Balneário Camboriú (SC), respectivamente. Ambos foram os mais votados nas cidades.

Bolsonaro conseguiu ainda um novo feito nesta campanha municipal: avançar sobre o Nordeste, tradicional reduto da esquerda. O seu partido elegeu JHC em Maceió e ainda chega ao segundo turno em Fortaleza com André Fernandes (PL), outra jovem liderança do bolsonarismo.

BOLSONARO VOTANDO

Lula prevê confronto nacional com bbolsonarismo, mas aliados veem cautela em SP

Catia Seabra , Marianna Holanda , Renato Machado e Victoria Azevedo / FOLHA DE SP

Diante do avanço da direita nas grandes cidades e maiores dificuldades para a esquerda nestas eleições, o presidente Lula (PT) tem avaliado que as disputas de segundo turno permitem um cenário político mais claro para a escolha de locais onde ele pode colocar o seu peso para tentar eleger aliados.

A prioridade do mandatário, segundo interlocutores, será em cidades em que há embates de candidatos petistas ou aliados dos blocos de centro com o bolsonarismo e nomes da direita radical.

Lula já providenciou agendas na cidade de São Paulo para tentar impulsionar a campanha de Guilherme Boulos (PSOL), após críticas de que sua presença no primeiro turno esteve abaixo do esperado. No entanto, aliados questionam a disposição do presidente de partir para o ataque contra o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Lula definiu duas agendas com Boulos antes de embarcar para a Rússia para a cúpula dos Brics —o evento ocorre dos dias 22 a 24 deste mês, e o segundo turno está marcado para o dia 27.

Um dos encontros será na zona leste e outro na zona sul, que costumava ser um feudo petista mas onde Nunes venceu na maior parte dos distritos. O mandatário também vai gravar vídeos de campanhas.

Aliados rebatem nos bastidores a crítica de que houve engajamento menor do presidente por receio de arcar com o ônus de uma eventual derrota. Boulos terminou a primeira votação ligeiramente atrás de Nunes, com 29,07% contra 29,45%.

O argumento de aliados é que Lula está tentando encaixar suas agendas para apoiar os seus candidatos em todo o país, mas sem deixar de ser presidente.

Além disso, criticam a visão de que ele quer fugir da responsabilidade pela derrota, argumentando que o presidente deixa claro sua preferência na cidade de São Paulo. Lembram que ele articulou, por exemplo, a entrada de Marta Suplicy (PT) na chapa do nome do PSOL.

Lula almoçou com Boulos e Marta, na casa do deputado federal Rui Falcão, no domingo (6). Durante o encontro, afirmou que o segundo turno significa uma outra eleição.

Segundo relatos, ele relembrou aos candidatos do pleito presidencial de 2006, quando obteve 12 milhões de votos no segundo turno contra Geraldo Alckmin (então no PSDB), em relação à primeira rodada.

Boulos precisa mostrar, segundo disse Lula, que ele é o candidato que se preocupa com os pobres. Por isso precisa percorrer a periferia, falar com os eleitores e ter habilidade para reverter isso em votos.

Apesar da importância dada a São Paulo, aliados do presidente afirmam que, pelo perfil pragmático dele, o presidente deve evitar fortes ataques a Nunes para não fomentar celeumas em sua base governista —o MDB é um partido aliado, com ministérios no governo. Mesmo que Nunes tenha o apoio de Jair Bolsonaro (PL).

Interlocutores apontam que o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), seria um dos aliados que pediram para Lula evitar confrontos e ataques mais diretos com aliados a nível federal.

Por outro lado, essa cautela não deve ser adotada com adversários identificados mais fortemente com o bolsonarismo. Lula já tem marcadas duas viagens institucionais como presidente, que devem ser emendadas com eventos políticos em capitais consideradas importantes.

A primeira será para Fortaleza, onde o governo e o PT avaliam que há chance de reverter o resultado do primeiro turno, para eleger Evandro Leitão (PT). O adversário é o bolsonarista André Fernandes (PL).

No primeiro turno, Lula frustrou a expectativa de aliados locais e participou somente da convenção que oficializou a candidatura petista.

Lula também deve ir a Belém para participar do Cirio de Nazaré. A capital paraense terá um outro embate de partidos aliados com o bolsonarismo. Lula vai apoiar o candidato da família Barbalho, Igor Normando (MDB), contra o bolsonarista Éder Mauro (PL).

O presidente vai ainda a Porto Alegre para a reabertura do aeroporto Salgado Filho, após as enchentes de maio. A avaliação de petistas e governistas, no entanto, é que a situação de Maria do Rosário (PT) no segundo turno é mais complicada, considerando a vantagem obtida na primeira rodada pelo prefeito Sebastião Melo (MDB), além de ser esse candidato de uma sigla aliada.

O próprio governo vem tratando a vitória dos partidos da base aliada como uma espécie de vitória própria. Nesta segunda (7), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), associou o desempenho positivo de partidos do centrão a uma vitória da "frente ampla" contra a extrema direita no país.

Vitória de Oscar põe fim à hegemonia dos Ferreira Gomes em Sobral e dá sinais ao cenário estadual

Escrito por , DIARIONORDESTE

 

A eleição municipal em Sobral, na região Norte do Ceará, trouxe um dos resultados mais significativos para o cenário político estadual: Oscar Rodrigues (União) venceu Izolda Cela (PSB), pondo fim a uma das hegemonias mais longas de um grupo político no País. A família Ferreira Gomes governava a cidade desde 1996 — 28 anos de poder.

 

O desfecho das urnas em Sobral tem potencial para repercutir até o pleito estadual de 2026, já que a liderança do senador Cid Gomes, um dos principais nomes cotados para a reeleição, fica abalada com a derrota no seu reduto político.

 

Mas como o prefeito Ivo Gomes, bem avaliado até a véspera da eleição, não conseguiu eleger sua sucessora? Existem hipóteses concretas para isso.

A primeira é a chamada "fadiga de material". O conceito, emprestado da engenharia, descreve o desgaste progressivo de materiais submetidos a esforços repetidos até perderem a resistência e se romperem. No contexto político, significa que líderes e partidos, após anos de exposição, tendem a perder apelo popular e capacidade de mobilização.

 

Para que esse desgaste se materializasse, era necessário um estopim. E ele veio com a criação da taxa do lixo, que se tornou o tema mais polêmico da campanha na maior cidade da região Norte.

 

A indignação popular deu tração à candidatura de Oscar Rodrigues, que soube explorar o descontentamento com uma comunicação assertiva e focada nos problemas cotidianos da cidade.

Além disso, a campanha de Izolda Cela enfrentou dificuldades desde o início. A escolha do vice, por exemplo, gerou discórdias internas. No geral, a candidatura não conseguiu capitalizar os feitos de um período tão longo de gestão.

 

O resultado deixa em aberto os rumos políticos de Sobral e coloca à prova a força do grupo Ferreira Gomes, não só no cenário municipal, mas também no tabuleiro estadual de 2026.

 

Saiba quem são os dez vereadores eleitos mais votados em Fortaleza

Escrito por Carol Melo ,  / DIARIONORDESTE

Integrante do Partido Liberal (PL) Priscila Costa foi a vereadora mais votada de Fortaleza nas Eleições de 2024, realizadas nesse domingo (6). Apoiada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, ela recebeu, ao todo, 36.226 votos, renovando o mandato de parlamentar na Câmara Municipal da Capital (CMFor) por mais quatro anos.

Conforme dados do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), logo depois dela, em segundo lugar entre os mais votados, está o vereador reeleito Gabriel Aguiar (Psol), mais conhecido como Gabriel Biologia. Ele recebeu o voto de 30.682 fortalezenses.

Em seguida, vem Bella Carmelo (PL), esposa do deputado estadual Carmelo Neto (PL), com 28.138 votos, que terá o primeiro mandato como parlamentar da Capital. 

Ao todo, a Câmara Municipal de Fortaleza possui 43 vagas, quantidade proporcional ao número de habitantes da Capital, 2,4 milhões. O montante de vereadores segue os limites indicados pela Constituição Federal, que distribui os cargos conforme a população das cidades. 

Não há segundo turno na eleição de vereadores, mesmo que tenha uma nova disputa para prefeito. No dia 27 de outubro, o fortalezense decidirá apenas entre André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT).

10 vereadores mais votados de Fortaleza:

  1. Priscila Costa (PL): 36.226 votos 
  2. Gabriel Biologia (Psol): 30.682 votos 
  3. Bella Carmelo (PL): 28.138 votos
  4. Ronaldo Martins (Republicanos): 20.288 votos 
  5. Emanuel Acrizio (Avante): 16.083 votos
  6. Gardel Rolim (PDT): 16.053 votos
  7. Marcel Colares (PDT): 15.259 votos
  8. Adail Jr (PDT): 14.262 votos
  9. Bruno Mesquita (PSD): 14.189 votos
  10. Erich Douglas (PSD): 13.250 votos

Vereadores eleitos em Fortaleza: 

  • Priscila Costa (PL): 36.226 votos 
  • Gabriel Biologia (Psol): 30.682 votos 
  • Bella Carmelo (PL): 28.138 votos
  • Ronaldo Martins (Republicanos): 20.288 votos 
  • Emanuel Acrizio (Avante): 16.083 votos
  • Gardel Rolim (PDT): 16.053 votos
  • Marcel Colares (PDT): 15.259 votos
  • Adail Jr (PDT): 14.262 votos
  • Bruno Mesquita (PSD): 14.189 votos
  • Erich Douglas (PSD): 13.250 votos
  • Paulo Martins (PDT): 12.935 votos
  • Apollo Vicz (PSD): 12.772 votos
  • Eudes Bringel (PSD): 12.283 votos
  • Márcio Martins (União): 12.044 votos
  • Kátia Rodrigues (PDT): 11.957 votos
  • Dr. Luciano Girão (PDT): 11.527 votos
  • Jorge Pinheiro (PSDB): 11.355 votos
  • Wellington Sabóia (PODE): 11.014 votos
  • Ppcell (PDT): 10.999 votos
  • Jânio Henrique (PDT): 10.255 votos
  • Julierme Sena (PL): 10.391 votos
  • Ana Aracapé (Avante): 10.322 votos
  • Germano He Man (Mobiliza): 10.159 votos
  • Professor Enilson (Cidadania): 10.155 votos
  • Aglaylson (PT): 9.603 votos
  • Michel Lins (PRD): 9.563 votos
  • Chiquinho dos Carneiros (PRD): 9.552 votos
  • Carla do Acilon (DC): 9.413 votos
  • Adriana Gerônimo (Psol): 9.091 votos
  • Leo Couto (PSB): 8.975 votos
  • Pedro Matos (Avante): 8.868 votos
  • Benigno Junior (Republicanos): 8.350 votos
  • Professora Adriana Almeida (PT): 8.080 votos
  • Mari Lacerda (PT): 8.034 votos
  • Inspetor Alberto (PL): 7.913 votos
  • Julio Brizzi (PT): 7.767 votos 
  • Bá (PSB): 7.528 votos
  • Marcelo Mendes (PL): 7.199 votos
  • Professor Aguiar Toba (PRD): 7.008 votos
  • Soldado Noelio (União): 6.851 votos 
  • Luiz Paupina (Agir): 6.037 votos
  • Irmão Léo (PP): 5.213 votos
  • Marcos Paulo (PP): 4.992 votos

Pela primeira vez na história prefeito de Fortaleza está fora de disputa pela reeleição

Escrito por Thatiany Nascimento / DIARIONORDESTE

 

O prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), está fora da disputa pelo comando do Paço Municipal. Com o resultado das urnas, neste domingo (6), primeiro turno da eleição 2024, Sarto protagoniza um feito histórico: pela primeira vez um prefeito da capital cearense não segue na disputa pela reeleição.

Neste domingo, André Fernandes (PL), com 40,30% dos votos, e Evandro Leitão (PT), com 34,44% votos, avançaram para o segundo turno. Já Sarto ficou em 3º lugar com 11,73% dos votos válidos. 

Histórico na Capital 

Desde que a reeleição passou a vigorar no país, em 1997, Fortaleza teve três prefeitos reeleitos: Juraci Magalhães, Luizianne Lins e Roberto Claudio.  

Na história da capital, Juraci Magalhães foi eleito em 1996 e reeleito em 2000, quando era do PMDB e disputou o segundo turno com Inácio Arruda (PCdoB). Juraci foi reeleito prefeito, à época, com 53,97% dos votos válidos, enquanto Inácio teve 46,03%. 

Já Luizianne Lins (PT) ganhou as eleições em 2004 e foi reeleita em 2008, quando venceu já no primeiro turno. À época, a prefeita foi reconduzida ao cargo ao vencer no primeiro turno com 50,16% dos votos válidos, contra Moroni Torgan (DEM) com 25%, Patrícia Saboya (PDT), com 15,47% e Renato Roseno (PSol) com 5,67%.

No cenário mais recente, Roberto Cláudio (PDT) foi eleito em 2012 e novamente venceu as eleições em 2016. Quando reeleito, ele disputou o segundo turno com Capitão Wagner e obteve 53,57% dos votos válidos, enquanto o adversário recebeu 46,43% dos votos válidos. 

O atual prefeito, José Sarto (PDT), foi eleito em 2020 em uma disputa contra Capitão Wagner, no segundo turno. Na eleição, Sarto obteve 51,69% dos votos válidos e Wagner, 48,31% dos votos válidos.

 

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