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Em jantar com empresários e juristas, Lula agradece doações que somam R$ 3 mi

Catia Seabra / FOLHA DE SP
SÃO PAULO

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou na noite deste domingo (26) de jantar em agradecimento a doações feitas ao PT. Segundo organizadores, o total arrecadado é de cerca de R$ 3 milhões (as contribuições foram obtidas ao longo de um mês).

A lista de convidados tem 208 nomes, entre juristas e empresários. Nem todos os doadores participaram do evento.

A previsão é que aconteçam ao menos mais três como esse: um no Rio de Janeiro , um em Minas e um no Nordeste.

Em seu discurso, segundo relatos, o ex-presidente agradeceu as contribuições, afirmando que elas ajudarão a reorganizar a base partidária e disse que depois de 580 dias de prisão, acreditavam que ele sairia rancoroso. Mas, embora tenha motivos, não está rancoroso. Lula afirmou que está apaixonado e um homem apaixonado não tem tempo para ficar mal-humorado.

Líder nas pesquisas para o Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem, na terça-feira (28), mais um jantar com empresários.

Oferecido pelos advogados Sérgio Renault, Marco Aurélio Carvalho e Pierpaolo Cruz Bottini, o jantar tem na lista de convidados os empresários João Camargo, fundador do grupo Esfera, e Carlos Sanchez (EMS). Há previsão de presença de representantes de empresa do setor aéreo.

Além de Lula, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) e dirigentes do PT participaram de jantar em agradecimento a doações destinadas ao PT.

Lula afirmou que Alckmin será um vice participativo e que essa aliança simboliza a necessidade de união pelo Brasil. Ainda segundo relatos, Lula disse ser necessário restabelecer a normalidade no país.

O jantar serviu de teste para campanha de arrecadação que o partido pretende lançar em julho.

Coordenador do Prerrogativas, o advogado Marco Aurélio Carvalho afirmou que, com a formalização da candidatura, o grupo organizará outros jantares como esse. Segundo ele, a lista de presentes inclui advogados e outros profissionais, inclusive empresários.

Ao falar sobre a reorganização da base, Lula buscou deixar claro o esforço para que o jantar não seja caracterizado com um evento para arrecadação de campanha.

Tesoureira do PT, Gleide Andrade afirma que essa é uma nova etapa de uma campanha de arrecadação. Desta vez com o uso do Pix. Andrade afirmou que o partido pretende fazer jantares como esse em todas as capitais do Brasil e que será lançada uma campanha em rede chamada "Faça um Pix para o PT".

Será divulgado um vídeo com pedido de colaboração para a campanha do ex-presidente. O teto de gastos deverá ser fixado em R$ 131 milhões.

Já os deputados federais, dirigentes do PT e puxadores de voto reivindicam uma cota individual de R$ 2,5 milhões do fundo eleitoral.

A direção partidária tenta negociar a redução desse valor, que deve chegar a R$ 2 milhões.

A intenção do PT é realizar jantar em Minas, Rio de Janeiro e no Nordeste para atingir o teto fixado para a campanha de Lula, sem comprometer o orçamento dos candidatos a deputado federal.

Desde a apresentação das diretrizes programáticas de sua campanha, Lula tem participado de uma série de jantares com representantes do empresariado e do setor financeiro.

Na noite de sexta-feira (24), o anfitrião foi o dono da operadora Qsaúde, José Seripieri Junior.

Na terça-feira (21), no lançamento dessas diretrizes programáticas, Lula contou ter participado na véspera de um jantar oferecido pelo fundador do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), o engenheiro e economista Cláudio Haddad.

Entre os convidados, o presidente do conselho da administração do Itaú Unibanco, Pedro Moreira Salles, o presidente da Natura, Fábio Barbosa, e o presidente da rede Magazine Luiza, Frederico Trajano.

Além de Lula e de seu vice, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), o candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, participou do encontro.

"E eu, com muita falta de humildade, eu dizia [no encontro]: quem nesse país tem mais autoridade de recuperar esse país do que o Alckmin e eu?", relatou Lula.

Falando dele e de Alckmin, o petista acrescentou: "Ninguém nesse país tem os partidos e movimentos sociais apoiando nem a experiência gerencial que nós temos para cuidar da coisa pública. Nós não precisamos de tempo para aprender".

 

Em jantar com advogados, Lula agradece doações para o PT

Por Luiz Vassallo / O ESTADO DE SP mais

 

Em jantar promovido por advogados do Grupo Prerrogativas neste domingo, 26, em São Paulo, a tesoureira do PT, Gleide Andrade, agradeceu as doações ao partido e afirmou, em discurso, que haveria uma mobilização para estimular doadores a “fazerem pix” para a pré-campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto. “Haverá outras atividades como esta”, disse, em referência ao jantar.

O ex-presidente Lula, chegando ao jantar com apoiadores na região do Itaim Bibi, em São Paulo, no domingo, 26.

Os advogados do Prerrogativas têm evitado falar em evento de arrecadação, mas petistas admitiram, no evento, que se tratava de um ato para prestigiar doadores. “O PT, como faz em todas as eleições, busca formas alternativas de arrecadação e a lei permite, especialmente neste caso, para despesas partidárias da pré-campanha, a possibilidade de se colocar eventos como jantares, feijoadas ou a venda de bens, além de uma contribuição eletrônica, a chamada vaquinha eleitoral”, afirmou o ex-governador do Piauí, Wellington Dias.

Coordenador do Prerrogativas, o advogado Marco Aurélio Carvalho afirmou que o evento serviu para lançar uma campanha de arrecadação para o partido. “O Prerrogativas fará também eventos de arrecadação para a campanha quando houver a confirmação da candidatura.” Os aliados de Lula têm buscado doações ao partido ainda durante o período de pré-campanha para custear despesas com as movimentações em torno do ex-presidente. O petista tem resistido à abertura de uma vaquinha online para o financiamento de sua candidatura.

‘Normalizar o País’

Em seu discurso, o ex-presidente Lula (PT) agradeceu as doações, ressaltou a aliança com Alckmin, e falou em “normalizar o País” em um eventual novo governo. Falou ainda sobre o papel do Estado para recuperar investimentos sociais e em áreas como educação e saúde.

O petista também voltou a falar sobre sua prisão na Operação Lava Jato. Segundo ele, muitos acreditavam que ele deixaria a prisão “rancoroso”, mas que, como está “apaixonado”, não tem tempo para ressentimentos. Durante a menção ao seu vice, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), que estava presente, Lula ressaltou a “parceria” com o ex-tucano e disse que não governaria o País, mas “cuidaria” do Brasil.

Lula chegou ao evento por volta das 20h, acompanhado da mulher, a socióloga Rosângela da Silva. Alckmin chegou minutos antes. Outros aliados, como o ex-ministro Aloizio Mercadante, o ex-presidente do PT, Rui Falcão, e o ex-governador do Piauí, Wellington Dias também participaram do jantar.

Jantar de agradecimento

O jantar foi organizado pelo Grupo Prerrogativas, que reúne criminalistas que atuaram em processos da Operação Lava Jato. Advogados do coletivo manifestaram apoio ao petista para as eleições deste ano. Foi um jantar promovido por eles no restaurante Figueira Rubayat, em dezembro de 2021, que marcou a primeira aparição de Lula ao lado de Alckmin em meio à costura da aliança para a chapa presidencial.

Inicialmente, a ideia era promover um encontro também com empresários. No entanto, apenas advogados confirmaram, e o que era para ser um jantar com empresários dispostos a doar ao PT e, futuramente, à candidatura, acabou virando um gesto de agradecimento aos criminalistas que se alinharam ao partido.

Mesmo assim, já existem empresários na lista de doações ao partido durante a pré-campanha. Candido Koren de Lima, fundador da Hapvida, e três familiares, repassaram R$ 750 mil ao PT na condição de pessoas físicas. O Estadão apurou que parte dos advogados presentes no evento fez doações de R$ 20 mil. Entre eles, criminalistas que não têm uma ligação histórica com o partido.

“Esse jantar é um jantar de agradecimento. O PT vai agradecer a advogados e profissionais liberais que estão fazendo essa campanha de arrecadação para o partido”, afirmou o deputado Márcio Macedo (PT-SE), que será tesoureiro da campanha de Lula. Por meio de sua assessoria, o PT disse que “todas as contribuições para o Partido dos Trabalhadores são feitas com transparência, dentro da lei e declaradas à Justiça Eleitoral”.

Como o Estadão mostrou, o ex-presidente tem evitado encontros mais abertos, em tom de sabatina ou escrutínio, com empresários e executivos. Sua preferência tem sido por encontros reservados. O petista tem contado com empresários de seu círculo mais próximo de amizade para intermediar esses encontros. Um deles é José Seripieri Filho, o Junior, fundador da Qualicorp e dono da QSaúde. Outro é Walfrido Mares Guia, que foi ministro em governos petistas.

Na última semana, o ex-presidente mais uma vez participou de um jantar na casa de Junior, como mostrou o jornal O Globo. A informação foi confirmada pelo Estadão. Há uma semana, Claudio Haddad, do Insper, reuniu Lula com nomes como Sérgio Rial, do banco Santander, Teresa Vendramini, da Sociedade Rural Brasileira, e Fábio Barbosa, da Natura.

Tesoureiro de Lula tem como primeiro desafio conseguir doações para bancar pré-campanha sem fundo eleitoral

Por Bruno Góes — Brasília O GLOBO

 

Longe dos holofotes da corrida eleitoral, petistas travam debates sobre o financiamento de viagens e eventos para a pré-campanha de Luiz Inácio Lula da Silva. O assunto se tornou espinhoso porque no atual período ainda não é possível usar os recursos do Fundo Eleitoral. A especial preocupação com a segurança pessoal de Lula, que tem se deslocado em aeronaves privadas e com escolta reforçada, tem elevado os custos da pré-campanha.

À frente deste tema está o deputado federal Márcio Macedo (PT-SE). Biólogo de formação, recém-empossado na Câmara e “homem de confiança” do ex-presidente, ele é o indicado para ser tesoureiro da campanha de Lula. O cargo, por lidar com dinheiro, ganhou simbologia especial nos ataques dos adversários do partido desde a devassa promovida pela Lava-Jato.

O histórico do posto dá a dimensão do pepino: Delúbio Soares e João Vaccari Neto, dois membros da burocracia da legenda, viraram nomes famosos e protagonistas da crônica política ao serem presos no esteio da Lava-Jato. A “fama” de Delúbio veio ainda antes, no mensalão, quando ele ajudou a cunhar a expressão “recursos não contabilizados” para defender a tese de que não havia um esquema de corrupção, mas sim caixa dois de campanha eleitoral.

Foi com a prisão de Vaccari em 2015 que Macedo assumiu pela primeira vez a função de tesoureiro do PT. À época, teve atuação discreta, sem maiores percalços. De volta ao posto, ele vem sendo pressionado por correligionários a aceitar contribuições e a marcar jantares para reforçar o caixa do partido.

Ao mesmo tempo em que debate doações, o deputado-tesoureiro já começou a aparecer e a discursar em palanques ao lado do pré-candidato. Há pouco mais de uma semana, em Sergipe, figurou ao lado de Lula e do vice da chapa, Geraldo Alckmin (PSB). Macedo assumiu a cadeira na Câmara após a cassação, pelo TSE, do deputado Valdevan Noventa (PL-SE) por abuso de poder econômico e compra de votos na eleição de 2018. Uma campanha própria para reeleição como deputado, porém, divide o partido, já que alguns integrantes do PT defendem que o cargo de tesoureiro exige dedicação exclusiva.

Mesmo com a garantia de ter recursos suficientes para a campanha, os petistas vivem um dilema para a pré-campanha, período no qual não é permitido recorrer aos R$ 503,3 milhões da sigla no Fundo Eleitoral. A pressão de parte do partido é aceitar doações, em eventos e jantares, como o previsto para hoje, em São Paulo, com contribuições de até R$ 20 mil. Um dos organizadores do evento, o advogado Marco Aurelio Carvalho, do grupo Prerrogativas, diz que haverá apenas um evento “privado” e que não há relação com a pré-campanha. Ele confirma, porém, que integrantes do grupo fizeram doações ao Partido dos Trabalhadores. O GLOBO apurou que essas doações, juntas, superam R$ 2 milhões. Macedo também tem dito que o evento não foi marcado para a bancar a pré-campanha.

No evento, ainda devem comparecer Alckmin e a cineasta Maria Augusta Ramos, diretora do filme “Amigo secreto”, que retrata o período da divulgação das mensagens trocadas entre o então juiz da Lava-Jato, Sergio Moro, e procuradores da operação.

Para reforçar o caixa em período anterior à campanha, petistas pretendem ainda lançar uma grande campanha institucional de doações à legenda. O formato, contudo, ainda é debatido e gera preocupações.

Lula, porém, sinaliza que não gostaria de ver seu nome envolvido em arrecadação financeira. Parte da legenda tem defendido que o ex-presidente faça uma grande campanha de recursos na internet. À coluna de Bela Megale, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tratou do tema e do jantar:

— Decidimos fazer o jantar para agradecer aos advogados militantes do PT que se mobilizaram para arrecadar e fazer doações ao partido. Estamos estimulando a arrecadação, temos vaquinha on-line e outra para a campanha de Lula, respeitando a lei eleitoral.

100 dias para a eleição presidencial: a disputa já está definida?

Por Gilson Garrett JrPublicado em 25/06/2022 13:19 | Última atualização em 25/06/2022 13:37Tempo de Leitura: 5 min de leitura

Faltam 100 dias para o primeiro turno das eleições no Brasil. No dia 2 de outubro, os eleitores brasileiros vão votar para os cargos de presidente, governador, deputados estadual e federal, além de um senador da República por estado. Pela primeira vez desde a redemocratização do país, dois nomes rivalizam de forma muito antecipada a disputa presidencial.

De acordo com a pesquisa eleitoral EXAME/IDEIA divulgada na quinta-feira, 23, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o presidente Jair Bolsonaro (PL) seriam os escolhidos para o segundo turno, caso as eleições fossem hoje. Em uma pergunta espontânea, sem que os eleitores recebam uma lista com os pré-candidatos, os dois somam 65% das intenções de voto, o que indica que há pouca margem para mudanças nesses 100 dias.

A EXAME/IDEIA ouviu 1.500 pessoas entre os dias 17 e 22 de junho. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-02845-2022. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A EXAME/IDEIA é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. 

Maurício Moura, fundador do IDEIA, avalia que essa eleição é o que ele chama de “batalha de rejeições”. “Tanto a rejeição ao PT quanto ao presidente Bolsonaro. Nesse momento, a rejeição ao governo maior proporciona a liderança do Lula, mas quem chegar com uma rejeição menor em outubro será o vencedor”, diz.

Em uma pergunta feita sobre qual nome o eleitor não votaria de jeito nenhum, Bolsonaro tem 44% das menções, e Lula é citado por 42% Ciro Gomes (PDT) tem 18%, e Simone Tebet (MDB) aparece com 12%.

Economia e inflação

Para o cientista político André César, da Hold Assessoria, há muitas diferenças entre o momento de 100 dias antes das eleições de 2018 e agora, em 2022. Há quatro anos, o ex-presidente Lula estava preso, mas ainda se discutia na Justiça se ele poderia ser candidato ou não. Pouco tempo depois ele ficou inelegível, e Fernando Haddad assumiu o posto de cabeça de chapa.

“O elemento que era debatido em 2018 era a corrupção. Neste ano, a economia volta a ser um tema central, que é algo que sempre foi utilizado em outras campanhas. A diferença é que vivemos uma situação mais dramática, que é pior para o presidente Bolsonaro, que tenta a reeleição”, afirma.

Mais da metade dos eleitores dizem que o principal problema do país hoje é o desemprego e a inflação, de acordo com a pesquisa EXAME/IDEIA.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de junho, considerada a prévia da inflação do mês, ficou em 0,69%, no dado divulgado nesta sexta-feira, 24, pelo IBGE. Em 12 meses a alta acumulada é de 12,04%. Um dos produtos que mais subiu foi o diesel, que teve uma alta de 2,83% no IPCA-15 de junho.

Há poucos dias o ex-presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, renunciou ao cargo, logo depois de anunciar um novo reajuste dos combustíveis - 14% no diesel e de 5% na gasolina -, algo que impacta diretamente na inflação.

Terceira via

O PSDB pela primeira vez em mais de 30 anos não vai ter um candidato à Presidência. João Doria (PSDB) desistiu de concorrer ao Palácio do Planalto e os tucanos decidiram apoiar a pré-candidatura da senadora pelo Mato Grosso do Sul, Simone Tebet, formando uma chapa da terceira via, que inclui ainda o Cidadania.

O acordo nacional envolveu palanques estaduais, com o MDB apoiando a reeleição de Rodrigo Garcia (PSDB), em São Paulo, e a pré-candidatura de Eduardo Leite (PSDB), que decidiu concorrer a um segundo mandato pelo Rio Grande do Sul. A grande questão é se Tebet vai sair dos 3% de intenção de voto que ela teve na última pesquisa EXAME/IDEIA.

“Continuamos vendo a terceira via bastante distante de Lula e Bolsonaro. Vemos também as intenções de voto do ex-ministro Ciro Gomes bastante estável. Lembrando que há uma diferença entre a os votos estimulado e espontâneo, ou seja, é importante ficar atento à curva de intenção de votos de Ciro Gomes porque ela pode ser a definidora da eleição acabar ou não no primeiro turno”, explica Maurício Moura.

Eleições nos estados

Assim como a terceira via está costurando os acordos nos estados, Lula e Bolsonaro também fazem movimentos para ganhar palanques locais, que serão espelho da disputa nacional. Alguns estados são decisivos para ambos.

No caso do petista, na próxima semana deve sair a definição se Fernando Haddad será o candidato da esquerda ao governo, com Márcio França desistindo de concorrer e saindo ao Senado. No estado, Bolsonaro tem seu ex-ministro, Tarcísio de Freitas, que aparece bem colocado nas pesquisas.

O cientista político André César avalia que os palanques estaduais são estratégicos para Lula e Bolsonaro, mas que nesta eleição é o nacional que vai definir como os políticos locais vão se movimentar.

“Na Bahia, é praticamente certo que o PT vai perder. ACM Neto (União Brasil) está praticamente sozinho na disputa. Mas ele não deve fazer uma campanha de oposição a Lula porque o petista tem muito apoio da população baiana, sobretudo no interior do estado. Em Minas Gerais, Lula apoia Alexandre Kalil (PSD) e ainda conseguiu atrair Gilberto Kassab. Romeu Zema (Novo), apesar de brigas, deve dar palanque à reeleição do presidente”, diz.

 

 

 

É verdade que quem ganha eleição em Minas leva o País?

Por Carlos Eduardo Cherem / o estadão

 

BELO HORIZONTE - A máxima de que os candidatos à Presidência que vencem em Minas Gerais são eleitos naquele ano encontra paralelo nos fatos. Desde a República Velha, todos os candidatos que ganharam a disputa no Estado triunfaram também o pleito nacional. A exceção que confirma a “regra” é a eleição de 1950, quando Getúlio Vargas perdeu em Minas mas foi eleito presidente.

Segundo cientistas políticos consultados pelo Estadão, Minas é fundamental na eleição presidencial não só por ser o segundo maior colégio eleitoral do País, com 15,9 milhões de eleitores – atrás apenas de São Paulo, que tem 33, 1 milhões de votantes –, mas por ser uma de síntese do Brasil. É uma espécie de microcosmo do País, que espelha características de outros Estados e acaba reproduzindo internamente os votos gerais dos brasileiros.

O professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em direito eleitoral, Antônio Carlos Freitas Júnior, avalia que Minas Gerais é o “Estado que melhor espelha as eleições” no Brasil.

“Minas Gerais em toda sua diversidade contando com uma megalópole de capital e regiões interioranas de diferentes características apresenta representatividade suficiente de uma espécie de inconsciente coletivo brasileiro, reverberando as opiniões públicas em diferentes segmentos econômicos e sociais servindo, assim, de interessante termômetro para a atuação política e ideológica em todo o Brasil”, afirma Freitas.

Na eleição de 2018, por exemplo, o então candidato do PSL Jair Bolsonaro obteve 58% (6.100.107) dos votos válidos em Minas, enquanto seu principal concorrente, Fernando Haddad (PT), ficou com 41% (4.382.952). Naquele ano, Bolsonaro se elegeu presidente no segundo turno com 53% dos votos no País (57.797.847), e Haddad obteve 44% (47.040.906).

No pleito anterior, em 2014, o resultado em Minas espelhou a eleição nacional não só nos números finais, mas também no porcentual dado aos candidatos no segundo turno. Naquele ano, dois mineiros protagonizaram a disputa.

A então presidente da República e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), obteve 51,64% dos votos válidos dos mineiros, enquanto o deputado Aécio Neves teve 48,36%. Naquele ano, Dilma se reelegeu com 51,36% dos votos válidos no País, enquanto Aécio obteve 49,36%. Até em números absolutos a diferença entre Dilma e Aécio foi parecida, No Brasil foi de 3.459.963 votos, e em Minas, de 345.963.

Na primeira eleição de Dilma, em 2014, ela venceu o hoje senador José Serra (PSDB) por 58,45% dos votos válidos a 41,55%. Na contagem de votos em todo o País, a então candidata petista ficou com 56%, e o tucano com 43,9%.

No segundo turno da eleição de 2006, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu Geraldo Alckmin, do PSDB – hoje no PSB e seu pré-candidato a vice – por 60% a 39%. Em Minas, o resultado foi 65% a 34%.

Eleitorado

“A robustez e as características próprias do eleitorado mineiro fazem com que o Estado mantenha um protagonismo eleitoral nas eleições presidenciais”, disse o cientista político, Marco Antônio Teixeira, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP).

“Isso por causa não só do tamanho do eleitorado, mas pela sua geografia, por estar no centro do País, e ter fronteiras com diversos Estados, recebendo a influência de outras regiões, e com isso espelhando o quadro eleitoral brasileiro.” Teixeira lembra que Minas é o segundo Estado mais populoso do Brasil e tem influência dos vizinhos, como Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia. “Minas Gerais é uma síntese do Brasil”, reforça.

Para o professor, o sul de Minas, que é uma região mais rica e próxima a São Paulo, tende a votar de maneira semelhante aos paulistas. Já o norte do Estado e o Vale do Jequitinhonha, que é uma região do semiárido próxima à Bahia, têm o mesmo comportamento eleitoral de algumas partes do Nordeste. O Triângulo Mineiro, por sua vez, que é uma região mais rica do agronegócio, tem um eleitorado mais típico dos Estados do Centro-Oeste. É como se o Estado fosse uma “versão reduzida” de um conjunto de regiões nacionais.

Vargas

A única exceção à máxima de que a eleição presidencial em Minas espelha a votação em nível nacional, em 12 disputas presidenciais desde a República Velha, foi na disputa de 1950. Naquele ano, o gaúcho Getúlio Vargas (PTB) perdeu em Minas Gerais para o brigadeiro Eduardo Gomes, da UDN, por uma pequena margem.

Há 72 anos, os mineiros depositaram nas urnas 441.690 votos (34,8% do total de votos válidos) para o brigadeiro, frente aos 418.194 (32,9%) de Vargas. O candidato gaúcho, no entanto, venceu Gomes por 48,7% ante 26%, e foi eleito presidente.

Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não tem o registro dos resultados das eleições presidenciais nos Estados nos pleitos anteriores ao de 1930. Segundo a assessoria da Corte eleitoral, como se trata de documentos antigos, que eram registrados em meio físico, muitos deles se perderam ao longo do tempo.

“Minas Gerais é um Estado demograficamente muito diverso e as suas regiões representam as regiões do Brasil”, afirmou o professor do Departamento de Ciências Políticas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Cristiano Rodrigues. “Minas Gerais é uma versão reduzida do que são as regiões brasileiras. Por isso que o Estado é tão importante nas eleições presidenciais. O humor do eleitor mineiro vai se inclinando para um candidato ou outro”, disse.

Rodrigues faz a mesma avaliação que o professor Marco Antônio Teixeira sobre a importância das regiões vizinhas e seu entorno para a formação do voto dos mineiros. “O eleitor do Sul de Minas Gerais tem um comportamento muito parecido com o eleitor do interior de São Paulo”, disse.

“No Norte do Estado, Vale do Jequitinhonha e semiárido mineiro, tanto do ponto de vista climático quanto de sua população, se assemelha muito com o Nordeste e esse eleitorado tende a se comportar como o eleitorado da região. O Triângulo Mineiro, por sua vez, que tem agricultura e pecuária muito forte, tem também um eleitorado com um comportamento muito parecido com o comportamento dos eleitores dos Estados do Centro-Oeste”, completou o professor da UFMG.

Articulações

Segundo Cristiano Rodrigues, outro fator no atual quadro eleitoral brasileiro que mostra a relevância do eleitorado mineiro na disputa presidencial é a importância que os dois principais candidatos à Presidência nas eleições deste ano estão dando às articulações no Estado.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas de intenções de votos, já esteve em Minas ao menos duas vezes nos últimos 30 dias e fechou aliança com o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD).

Já o presidente Jair Bolsonaro, que visitou o Estado em maio, tem uma aliança “tácita” com o governador Romeu Zema (Novo), que pretende tentar um novo mandato. Embora não tenha declarado apoio à reeleição do presidente – uma vez que seu partido tem o cientista político Luiz Felipe d’Avila como pré-candidato à Presidência – Zema é identificado pelos eleitores mineiros como aliado de Bolsonaro.

Rodrigues vê vantagem na aproximação entre os presidenciáveis e os pré-candidatos ao governo mineiro. “A articulação que se dá no momento entre candidatos fortes (Lula e Bolsonaro) à Presidência com candidatos também fortes (Kalil e Zema) ao governo estadual faz com que o eleitor passe a conhecer os candidatos a governador a partir da força que o candidato a presidente tem. E vice-e-versa. Essa situação faz com o eleitorado mineiro tenha também grande importância no resultado do pleito devido a esse aspecto.”

Polarização nacional deve marcar disputa no Estado

A comparação entre os números de duas pesquisas de intenção de votos para presidente, em nível nacional e em Minas Gerais, divulgadas pela Genial/Quaest em maio seguem a máxima de que o Estado reflete o humor do eleitor brasileiro.

Segundo o levantamento, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a disputa presidencial com 46% das intenções de votos, enquanto o presidente Jair Bolsonaro segue em segundo com 29%. Os demais pré-candidatos à Presidência somam 14%, segundo este levantamento.

Em Minas, a pesquisa feita pelo mesmo instituto, também em maio, aponta que 44% dos mineiros têm intenção de votar em Lula, enquanto 28% dos entrevistados disseram que votam em Bolsonaro. A soma dos demais pré-candidatos alcança 11% em Minas.

Na disputa pelo governo do Estado, a pesquisa Genial/Quaest apontou, em maio, que o governador Romeu Zema (Novo) lidera com 41% das intenções de votos, seguido do ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), com 30%. Os números se referem à pesquisa estimulada, quando o eleitor é instigado a escolher um nome numa lista apresentada pelo pesquisador.

A pesquisa espontânea – quando o eleitor é perguntado em quem votaria, sem lista de nomes previamente estabelecida –, no entanto, sinaliza que a disputa está longe de estar definida. Neste quesito, apenas 10% dos eleitores demonstraram intenção de votar em Romeu Zema, enquanto 5% afirmaram votar em Kalil.

Sem uma lista prévia, nada menos que 82% dos eleitores mineiros afirmaram que ainda não escolheram seu candidato a governador.

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