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Em recado ao Centrão, Lula diz que ministro que não defender governo pode pedir para sair e que Tarcísio deve ser adversário em 2026

Por   e   — Brasília / O GLOBO

 

 

Em recado aos representantes do Centrão no governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a seus ministros na reunião desta terça-feira que quem não se sentisse à vontade para defender a gestão publicamente poderia pedir para sair, de acordo com aliados ouvidos pelo GLOBO. Pela primeira vez, Lula também afirmou publicamente que espera ter como principal adversário na disputa pelo Palácio do Planalto no ano que vem o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e não um integrante da família Bolsonaro.

 

A avaliação na reunião ministerial ocorre um dia após o evento de aniversário do partido de Tarcísio. Na ocasião, o presidente da sigla, o deputado Marcos Pereira (SP), fez um aceno público à possibilidade de o governador paulista disputar o Planalto. Tarcísio, por sua vez, evitou citar a eleição, mas falou sobre "derrotar o improvável".

 

Além disso, Lula citou o presidente do PP, Ciro Nogueira, oposicionista e apoiador de Jair Bolsonaro. Lula reclamou do que chamou de movimentação do dirigente partidário para ser candidato a vice de Tarcísio. Ao falar sobre o tema, o presidente também se queixou do presidente do União Brasil, Antonio Rueda, e disse aos ministros que não gosta dele.

 

Nesta terça, Lula disse que todos os ministros devem estar a par das entregas do governo como um todo, não apenas de suas áreas. O petista se queixou de que as legendas do Centrão fazem eventos em que as críticas ao governo são constantes e que os ministros desses partidos não fazem nenhuma fala pública de contraponto.

 

Essa situação ocorreu, por exemplo, na semana passada, quando União Brasil e PP fizeram um evento para marcar o lançamento da federação entre as duas legendas.

No início da reunião ministerial desta terça, todos os ministros receberam o boné nacionalista azul com os dizeres "O Brasil é dos Brasileiros", que tem sido usado por governistas desde fevereiro, em contraposição ao boné vermelho Make America Great Again (faça a América grande de novo, em tradução livre) usado por apoiadores de Trump nos Estados Unidos e no Brasil por bolsonaristas, a exemplo de Tarcísio de Freitas. Também receberam um livreto com cifras de programas do governo e um QR code para um website de uma campanha das ações e entregas da gestão de Lula.

 

A fala do presidente ocorreu no final do encontro. De acordo com presentes, Lula falou diretamente sobre a escalada que União Brasil e PP têm dado em direção a uma tentativa de desembarque dos cargos do governo. Lula disse na reunião que os ministros dessas siglas não eram escolha dos partidos, e sim do próprio presidente, mas quem quisesse sair do cargo, precisava falar.

Os ministros do Esporte, André Fufuca (PP), e do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), estavam no encontro da semana passada, e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), participou nesta segunda-feira do evento da sigla em que Marcos Pereira acenou a Tarcísio. Nas duas ocasiões, o governador de São Paulo esteve presente.

 

Publicamente, no entanto, Tarcísio tem evitado mencionar a possibilidade de disputar o Planalto e diz que seus planos são concorrer à reeleição em São Paulo.

Ministros ligados ao Centrão reconhecem que hoje a situação é delicada e parte do grupo diz que vai evitar, a partir de agora, participar dos eventos organizados por suas siglas que tenham um claro teor de oposição ao governo. A ala do Centrão que tem cargos no governo, no entanto, descarta pedir desfiliação e ressalta que vai apoiar Lula de qualquer maneira em 2026. O discurso é de que os partidos são grandes, diversos, e já estão acostumados a ter membros com diferentes posições políticas.

Tarcísio acelera

Por  Merval Pereira / O GLOBO

 

Ao mesmo tempo que reafirma sua lealdade quase suicida ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, pisa no acelerador no discurso de candidato à Presidência da República, reproduzindo até o famoso slogan de um dos mais populares presidentes brasileiros, Juscelino Kubitschek. Fazer 40 anos em quatro é uma promessa de palanque de Tarcísio, que nunca antes havia ultrapassado a linha imaginária que separa o sonho da realidade.

 

À medida que se aproxima a data do julgamento de Bolsonaro, o panorama vai clareando diante do fato consumado. Recentes pesquisas de opinião mostram que o eleitor já se posiciona diante dos desafios que terá de enfrentar nas urnas dentro de pouco mais de um ano. A Quaest aponta que 55% consideram justa a prisão domiciliar de Bolsonaro e 39% injusta; e que 49% não estão de acordo com as sanções do governo americano impostas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, enquanto 39% estão de acordo.

 

Outra pesquisa, da Atlas/Intel, diz que 49% aprovam a posição do ministro e 51% desaprovam. Moraes representa, assim, a polarização política que vigora no país hoje. É mau sinal, porque o STF passa a ser parte da questão, e é muito ruim — deveria estar acima das disputas políticas. Na verdade, historicamente sempre teve envolvimento político, mas, nos últimos anos, a partir dos julgamentos do mensalão e do petrolão, passou a ser um player político, cujas decisões interferem na disputa eleitoral. Foi assim com Lula, é assim com Bolsonaro.

 

Não é bom sinal da democracia, mas é um fenômeno que se espraia pelo mundo. Nos Estados Unidos, Donald Trump faz o que quer, e a Suprema Corte atua como apoio, na maioria das vezes presumido, por sua maioria conservadora, enviando mensagens aos poderes regionais. É um reflexo da nossa política atual, de confrontação e do uso do Judiciário para fortalecer o poder político.

 

Muitos governos controlam a Suprema Corte com manobras e decisões autoritárias, que garantem aparência de democracia, mas no fundo são controladas pelos governos autoritários. É assim que a coisa anda por este nosso mundo conturbado. Após as revelações dos áudios dos diálogos entre Bolsonaros, pai e filho, e das provas de ações antipatrióticas e ilegais no país e no exterior, no momento nenhum político brasileiro pode confrontar o presidente Lula, como mostra outra pesquisa Quaest.

 

O tarifaço de Trump acabou com a família Bolsonaro. Ficou claro que tudo é um arranjo para salvá-los pessoalmente, sem ajuda nenhuma para os “pobres velhinhos e velhinhas” que participaram do 8 de Janeiro “sem querer, sem intenção de golpe”, embora essa fosse a principal reivindicação dos acampados à beira dos quartéis. Os mais recentes áudios vazados — que a pesquisa não contempla ainda — terminaram por enterrar a relação familiar horrorosa — filho xingando pai com os piores palavrões, Bolsonaro transferindo milhões de reais para contas da esposa, Michelle, e do filho fujão.

 

É uma família que usa dinheiro público e privado — obtido de seus seguidores — para interesse próprio. A narrativa de que são patriotas não existe. Perderam o maior símbolo que tinham, o verde e amarelo. Haviam tirado da esquerda a bandeira do Brasil e a camisa da seleção, que viraram símbolo do patriotismo. Hoje estão com a bandeira dos Estados Unidos. Continuar apoiando Bolsonaro a troco do antipetismo? Não tem cabimento, o antipetismo tem um limite, que são seus opositores.

 

Em 2018, não se sabia direito quem era e como era Bolsonaro, ou não se queria acreditar nos relatos de suas atuações no Congresso. Em 2022, ele perdeu usando a máquina do Estado, e agora, com todos esses fatos, acho difícil que o bolsonarismo continue representando a centro-direita.

 

TARCISIO GOV SP

Ruína de Bolsonaro é chance para a direita

Por Notas & Informações / O ESTADÃO DE SP

 

O indiciamento de Jair e Eduardo Bolsonaro pelos crimes de coação no curso do processo e abolição violenta do Estado Democrático de Direito escancarou, de uma vez por todas, aquilo que já estava implícito no comportamento do clã: sua única preocupação é garantir, a qualquer custo, que o ex-presidente jamais seja responsabilizado pela pletora de crimes que o fizeram réu perante o Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Penal 2.668, que trata da tentativa de golpe de Estado. Qualquer outro objetivo, seja de interesse nacional, partidário ou voltado a um movimento político mais amplo, não tem a menor importância para Bolsonaro e sua grei.

 

O relatório da Polícia Federal (PF), divulgado com autorização do ministro Alexandre de Moraes, indica que Bolsonaro, Eduardo e o pastor Silas Malafaia tramaram desavergonhadamente meios concretos de interferir no bom andamento da Ação Penal 2.668. Do ponto de vista jurídico-penal, a tipificação dessas condutas ainda tem de passar pelo crivo da Procuradoria-Geral da República. Entretanto, do ponto de vista político, o material obtido pela PF não poderia ser mais devastador para os Bolsonaros.

 

As conversas trazidas a público confirmam a supremacia dos interesses mesquinhos da família sobre o interesse nacional e até mesmo sobre os de seu grupo político, o que atesta a absoluta falta de compromisso do bolsonarismo com o Brasil. A imposição de uma sobretaxa de 40% sobre as exportações brasileiras pelo presidente dos EUA, Donald Trump, somada às sanções impostas ao ministro Moraes pelo governo americano no âmbito da Lei Magnitsky, evidenciam o preço da cruzada delinquente de Jair e Eduardo Bolsonaro, este homiziado nos EUA desde março: incalculável prejuízo para o País em nome da impunidade de um só homem.

 

Em mensagens ao pai, Eduardo foi explícito ao dizer que a tal “anistia ampla, geral e irrestrita” jamais passou de um artifício retórico. O que importa, disse ele, é tão somente livrar Bolsonaro da cadeia. Caso contrário, segundo Eduardo, Trump poderia sustar suas ações para subjugar o STF em favor do pai. Esse reconhecimento expresso de que uma solução intermediária – o que o vulgo “zero três” chamou de “anistia light”, ou seja, um perdão que aliviasse apenas a situação dos bagrinhos do 8 de Janeiro – não satisfaria ao clã só reforça a convicção de que toda a energia negativa da família sempre esteve direcionada a um único fim: livrar Jair Bolsonaro, e apenas ele, da cadeia.

 

Nesse projeto personalista, atropelar aliados é fato da vida. O governador Tarcísio de Freitas, por exemplo, tido como candidato a herdeiro do espólio eleitoral de Jair Bolsonaro, tornou-se alvo da fúria de Eduardo apenas por tentar abrir canais de diálogo com autoridades americanas a fim de reduzir os impactos do tarifaço, particularmente duros para São Paulo. Em termos chulos, o filho do ex-presidente não só insultou o pai, como ameaçou desferir mais agressões contra Tarcísio caso Bolsonaro continuasse a defendê-lo em público. Em respeito ao leitor, decidimos não reproduzir a vulgaridade das conversas.

 

A cada revelação, fica mais evidente que a causa bolsonarista jamais foi a defesa da democracia, da soberania, da liberdade de expressão ou dos idiotas úteis que tomaram Brasília de assalto naquele dia infame. Trata-se de um projeto de autopreservação familiar que explora seguidores e sacrifica o Brasil. É nesse contexto que os verdadeiros conservadores, aqueles que repudiam a ruptura e prezam as instituições democráticas, devem avaliar a conveniência de permanecer ao lado de um golpista desqualificado como Jair Bolsonaro. Com tudo o que se sabe, só o fanatismo explica a fidelidade canina de alguns ao “mito”. Lideranças com pretensões eleitorais que se consideram decentes não podem continuar a se associar a um clã que já demonstrou ser capaz de trair os interesses mais vitais do País em troca da liberdade do líder da facção.

 

É de justiça reconhecer que, no campo da direita, já há quem se movimente pela construção de uma alternativa política democrática ao governo Lula da Silva, considerando que Bolsonaro é um zumbi político. Que assim seja, pois o Brasil não pode seguir refém de uma família que intoxica o destino nacional com sua desgraça particular.

Aliados de Lula largam atrás na corrida pelos governos estaduais em 2026

Leonardo Rodrigues / ISTOÉ

 

A rodada mais recente de pesquisas eleitorais da Genial Investimentos e da Quaest, divulgada na sexta-feira, 22, mostrou dificuldades para aliados do presidente Lula (PT) que disputarão governos estaduais em 2026.

 

Em apenas dois dos oito estados em que o instituto fez entrevistas — que correspondem a 66% do eleitorado do país –, políticos que devem dar palanque ao projeto de reeleição do petista lideram a corrida. Neste texto, a IstoÉ detalha os cenários e explica como eles se relacionam com a próxima disputa presidencial.

 

São Paulo

No maior colégio eleitoral do país, com mais de 34 milhões de votantes, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem 43% das intenções de voto para se reeleger, em ampla vantagem sobre os 21% do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). A deputada Erika Hilton (PSOL) marcou 8%; Paulo Serra (PSDB), ex-prefeito de Santo André, teve 3%; o ex-presidenciável Felipe D’Ávila (Novo), 2%. Outros 7% não decidiram em quem votar, e 16% não querem escolher um candidato. Ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio é cotado para representar o grupo do ex-presidente, que está inelegível, como candidato ao Palácio do Planalto em 2026, mas reitera que seu plano é concorrer à reeleição. Alckmin, que já governou o estado quatro vezes, seria o “palanque dos sonhos” no estado para o projeto de reeleição de Lula. Petistas avaliam que, em 2022, o bom desempenho do ministro Fernando Haddad, que enfrentou Tarcísio no segundo turno, foi fundamental para o chefe do Planalto garantir a eleição em disputa apertada contra Bolsonaro. Alckmin e o PSB, no entanto, trabalham para manter a vaga na vice.

Minas Gerais

Com mais de 16 milhões de eleitores, o estado é considerado decisivo para a definição presidencial: desde a redemocratização, quem tem mais votos em Minas vira presidente. Neste momento, a corrida pelo governo é liderada pelo senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), com 28% das intenções de votoEx-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (sem partido) marcou 16%, à frente do senador Rodrigo Pacheco (PSD), com 9%. O vice-governador Mateus Simões (Novo), que deve suceder o governador Romeu Zema (Novo), em segundo mandato, marcou 4%. Outros 17% não decidiram em quem votar, e 26% não querem escolher um candidato. Aliado de Bolsonaro, Cleitinho encampa o discurso da “antipolítica” e tem forte engajamento digital. O grupo ainda pode endossar o vice-governador, já que Zema, pré-candidato a presidente, é aliado de BolsonaroLula pode ter o palanque mineiro garantido por Pacheco, a quem o presidente se referiu mais de uma vez como “seu candidato” ao Palácio da Liberdade. Em segundo lugar na pesquisa, Kalil deu palanque ao presidente em 2022, quando perdeu a eleição para o governo no primeiro turno, mas afirmou publicamente que a aliança não se repetirá.

 

Rio de Janeiro

Embora não se declare candidato, o prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD), lidera a corrida pelo Palácio da Guanabara com 35% das intenções de voto, à frente do presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Rodrigo Bacellar (União Brasil), que teve 9%. Com mais de 13 milhões de eleitores, o estado ainda tem o ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (MDB), com 5% das intenções de voto, a deputada Monica Benicio (PSOL), com 4%, e o influenciador Italo Marsili (Novo), 2%. Outros 15% não decidiram em quem votar, e 30% não querem escolher um candidato. Paes apoiou Lula em 2022 e teve o PT em sua chapa de reeleição municipal, mas evitou fazer acenos públicos ao petismo para não “herdar” a rejeição ao petismo no estado, considerado o berço do bolsonarismo. A estratégia deve se repetir em 2026, contra um dos aliados de Bolsonaro: Bacellar, candidato do grupo do atual governador, Cláudio Castro (PL), e Reis, que se coloca como o representante legítimo da direita, mas está inelegível.

 

Bahia

A Bahia é o maior estado governado pelo PT, com mais de 11 milhões de eleitores, mas o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), foi quem liderou a pesquisa, com 41% das intenções de voto, à frente justamente do atual mandatário, Jerônimo Rodrigues (PT), que teve 34%. João Roma (PL), ex-ministro de Bolsonaro, marcou 4%, ante 2% de Kleber Rosa (PSOL) e 1% de José Aleluia (Novo). Outros 4% não decidiram em quem votar, e 14% não querem escolher um candidato. Opositor do PT, ACM não integra o grupo de Bolsonaro, mas é uma das lideranças mais vocais do União Brasil a defender que o partido deixe o governo federal, onde chefia três ministérios — considerando as indicações do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) –, mas tem uma postura majoritária de oposição no Congresso.

 

Jerônimo, por sua vez, será encarregado de ampliar a prevalência estadual do partido para 24 anos — antes do seu mandato, foram dois do senador Jaques Wagner e outros dois do ministro da Casa Civil, Rui Costa. No núcleo mais fiel ao bolsonarismo, João Roma busca se credenciar a concorrer ao Palácio Rio Branco, mas poderá ser preterido em relação a uma aliança do PL com ACM.

 

Rio Grande do Sul

Em um cenário aberto, o quinto maior colégio eleitoral do país tem a deputada estadual Juliana Brizola (PDT), com 21%, e o federal Tenente-Coronel Zucco (PL), com 20%, em empate técnico na liderança da corrida pelo Palácio Piratini. Na segunda fileira, o presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e ex-deputado Edegar Pretto (PT) marcou 11%, acima dos 5% do vice-governador Gabriel Souza (MDB) e dos 4% do deputado estadual Felipe Camozzato (Novo). Outros 19% não decidiram em quem votar, e 20% não querem escolher um candidato. Neta do ex-governador Leonel Brizola (morto em 2004), Juliana integra um partido de esquerda, mas tem uma trajetória de embates com o petismo em eleições e não deve dar palanque a Lula. Zucco, por sua vez, lidera a oposição na Câmara e é considerado um postulante do “núcleo duro” bolsonarista. O apoio à reeleição presidencial deve ficar com Pretto, cujo desempenho ao disputar o cargo em 2022 — teve 26,77% dos votos no primeiro turno, em terceiro lugar — o credencia para uma nova empreitada. Na ocasião, ele ficou a menos de 3 mil votos de ir ao segundo turno, logo atrás do governador Eduardo Leite (PSD), que pretende disputar o Palácio do Planalto e deve ter o vice, Gabriel Souza, como candidato à sucessão.

 

Paraná

Em um colégio eleitoral de 8 milhões de eleitores, o líder da corrida é o senador Sergio Moro (União Brasil), com 38% das intenções de voto e ampla vantagem sobre os 8% de Paulo Eduardo Martins (Novo), 7% de Enio Verri (PT) e 6% de Guto Silva (PSD). Outros 13% não decidiram em quem votar, e 28% não querem escolher um candidato. Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e juiz responsável pelas sentenças que levaram Lula à prisão na Operação Lava Jato, Moro chegou a romper com o ex-presidente, mas retomou a aliança em 2022, quando não foi adiante no plano de concorrer ao Planalto e chegou a acompanhá-lo em debates presidenciais. A distância em relação aos demais pré-candidatos passa pela indefinição de quem será ungido à sucessão do governador Ratinho Júnior (PSD), que conclui seu segundo mandato e é pré-candidato a presidente. Mas a popularidade do mandatário e sua proximidade com Bolsonaro geram a projeção de uma corrida disputada entre diferentes representantes da direita. Na raia lulista, por sua vez, a pré-candidatura de Verri reflete a falta de alternativas em um estado que rejeita amplamente o partido. Em 2022, o PT filiou o ex-governador Roberto Requião, que tinha longa trajetória no MDB, e ainda assim não provocou sequer uma disputa de segundo turno contra Ratinho, reeleito com larga vantagem.

 

Pernambuco

O estado de 7 milhões de eleitores volta a colocar um aliado de Lula na liderança da corrida pelo governo: o prefeito do Recife, João Campos (PSB), tem 55% das intenções de voto e ampla vantagem sobre os 24% de Raquel Lyra (PSD), candidata à reeleição. O ex-ministro Gilson Machado (PL) marcou 6%, e Eduardo Moura (Novo), 4%. Outros 4% não decidiram em quem votar, e 7% não querem escolher um candidato. Filho do ex-governador Eduardo Campos (morto em 2014), o pessebista chegou a se opor ao PT em sua primeira eleição para a prefeitura, contra Marília Arraes (hoje no Solidariedade), mas protagonizou uma reaproximação com Lula inclusive a nível nacional, já que atualmente preside a sigla. A governadora, por sua vez, trocou o PSDB pelo PSD em estratégia para se dissociar da oposição ao governo federal, feita pelo antigo partido, o que sugere que o petista terá dois palanques amistosos no estado em 2026. O cenário reflete a popularidade do presidente em Pernambuco, onde teve 66,9% dos votos no segundo turno de 2022.

 

Goiás

No derradeiro estado mapeado pela Quaest, a corrida pelo governo é liderada pelo vice-governador Daniel Vilela (MDB), com 26% das intenções de voto, em empate técnico com Marconi Perillo (PSDB), que registrou 22%. O senador Wilder Morais (PL) marcou 10%; a deputada Adriana Accorsi (PT) teve 8%; e Telêmaco Brandão (Novo), 1%. Outros 14% não decidiram em quem votar, enquanto 19% não querem escolher um candidato. Companheiro de chapa de Ronaldo Caiado (União Brasil), que conclui seu segundo mandato e é pré-candidato à Presidência da República, Vilela deve assumir o governo em abril, com a desincompatibilização do titular, e se promover a partir da popularidade do governo. Embora Caiado seja um dos postulantes ao espólio de Bolsonaro, foi também o primeiro presidenciável do campo a fazer críticas públicas ao ex-presidente e defender a construção de candidaturas sem a exigência de seu aval.

Perillo, que governou o estado quatro vezes, não está associado a Lula ou Bolsonaro e, como presidente nacional do PSDB, investe no discurso da “terceira via” que deve entoar na corrida estadualNa segunda fileira, Wilder deve representar o campo bolsonarista — embora já tenha sido atacado pelo ex-presidente –, enquanto Accorsi se credenciou para dar palanque estadual a Lula depois de ter 24,4% dos votos na eleição pela prefeitura de Goiânia, em 2024, com a estratégia de se aproximar do eleitorado de centroTodos os levantamentos foram baseados em entrevistas presenciais e têm margem de erro de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Centrão e direita correm para consolid

Ranier BragonMarianna Holanda / FOLHA DE SP

 

indiciamento e a divulgação de troca de mensagens entre Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo foram vistos por integrantes do centrão e partidos de direita como uma janela para ampliar a pressão por unidade em torno de uma candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), o que inclui a definição do vice na chapa.

Os maiores partidos de centro e de direita no país defendem, há tempos, a consolidação do governador de São Paulo como nome para enfrentar Lula (PT) em 2026, mas enfrentam a indefinição de Bolsonaro —que está inelegível e às portas de uma condenação, dada como certa, no caso da trama golpista.

Mais do que o indiciamento por suposta tentativa de obstruir esse processo, a troca de mensagens entre Eduardo e o pai indica divergências em relação à atuação política da família e uma forte desconfiança por parte do deputado em relação a Tarcísio, o que provocou reações entre expoentes do mundo político do centro à direita nesta quinta-feira (21).

Ainda que as conversas cristalizem um cenário de campo minado para Tarcísio no seio da família Bolsonaro, políticos avaliam que as brigas, tornadas públicas, causam desgaste principalmente para Eduardo, apontado como nome radical do clã.

Na visão de dirigentes partidários, o episódio enfraquece ainda mais o filho do ex-presidente e cria uma janela para que o governador obtenha certa autonomia em relação à família Bolsonaro, sem perder o apoio do ex-presidente, crucial para qualquer nome desse campo que almeje ser competitivo no ano que vem.

As mensagens mostram Eduardo manifestando, por várias vezes, contrariedade e desconfiança em relação a Tarcísio. Uma delas alerta que o governador de São Paulo nunca ajudou o pai no STF (Supremo Tribunal Federal).

"Sempre esteve de braço cruzado vendo você se foder e se aquecendo para 2026."

Uma ala do centrão vê ganhos para Tarcísio principalmente com a reiteração do que seria uma bagunça generalizada na família do ex-presidente, que exigiria mais do que nunca um presidenciável que faça parte do bolsonarismo, mas que não carregue nas costas todo o desgaste do sobrenome.

Tarcísio foi ministro da Infraestrutura durante o governo Bolsonaro (2019-2022) e eleito governador de São Paulo graças à indicação e apoio do ex-presidente. Em sua gestão, é alvo frequente de bolsonaristas que dizem não ver alinhamento total e defesa enfática de Bolsonaro, apesar de o governador comparecer inclusive aos protestos liderados pelo ex-presidente na avenida Paulista.

Do grupo de governadores mais à direita que almejam disputar a presidência em 2026, Tarcísio é o preferido da maior parte dos partidos que hoje controlam o Congresso, incluindo o quinteto que integra a Esplanada dos Ministérios de Lula —União BrasilPP, PSD, MDB e Republicanos.

Políticos desses partidos temem principalmente que Bolsonaro resolva, como chegou a sinalizar a alguns aliados, optar por um nome da família para 2026, como a mulher, Michelle, ou o filho Flávio Bolsonaro.

O indiciamento e as mensagem fragilizam essa hipótese, na visão de aliados, por reforçar a vulnerabilidade política da família. Ainda assim, políticos de centro e direita sempre fazem a ressalva de que Bolsonaro é imprevisível e de que muito pode mudar nos 12 meses que faltam para a oficialização das candidaturas.

Em fevereiro, por exemplo, Lula atingia sua pior avaliação popular. Agora, seis meses depois, demonstra recuperação.

Com a avaliação de que cresceram as chances de um candidato bolsonarista sem o sobrenome Bolsonaro, há quem defenda inclusive um vice de fora da família. Por ora, o nome do ex-ministro da Casa Civil e senador Ciro Nogueira (PP-PI) é um dos mais fortes.

Ciro preside o PP e comanda, ao lado de Antonio Rueda, presidente do União Brasil, a montagem de uma federação que, apesar de ter quatro ministros sob Lula, vem se posicionando como ponta de lança da oposição para 2026.

Juntos, os dois partidos têm 109 deputados federais, mais de 20% do tamanho da Câmara.

No ato da federação na última quarta, em Brasília, a principal estrela foi Tarcísio.

Aliados de Bolsonaro e do governador de São Paulo dizem ainda ver alinhamento entre o ex-presidente e o governador, mesmo diante dos ataques de Eduardo nas mensagens encontradas pela Polícia Federal no celular do ex-presidente.

O deputado já havia falado publicamente contra Tarcísio, sendo o principal expoente de uma ala crítica ao governador, que tenta apontá-lo como "candidato do sistema".

"Agora ele [Tarcísio] quer posar de salvador da pátria. Se o sistema enxergar no Tarcísio uma possibilidade de solução, eles não vão fazer o que estão pressionados a fazer. E pode ter certeza, uma 'solução Tarcísio' passa longe de resolver o problema, vai apenas resolver a vida do pessoal da Faria Lima", disse Eduardo, em uma das mensagens.

O deputado também pleiteia a sucessão eleitoral do pai à Presidência da República. Mas, diante do avanço dos inquéritos no STF, não deve retornar ao Brasil.

Nesta quinta, Tarcísio defendeu Bolsonaro e criticou a divulgação das mensagens. "Minha relação com Bolsonaro vai ser como sempre foi, uma relação de lealdade, relação de amizade, relação de gratidão com uma pessoa que, eu entendo, fez muito pelo Brasil e fez muito por mim".

Líder da bancada do PL na Câmara e próximo a Malafaia, o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ) afirmou que, em sua visão, nada muda com o indiciamento e com as mensagens.

"Isso aí é mais do mesmo com relação ao Tarcísio e o Eduardo, esse assunto já foi superado lá atrás. O dois se falaram depois disso. E a franqueza e a firmeza são práticas normais na nossa convivência do dia a dia", afirmou.

TARCISIO E BOLSONARO NA PAULISTA

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