Nunes desiste de debate Folha/UOL/RedeTV! e cita reunião com Tarcísio sobre apagão
Cristina Camargo / FOLHA DE SP
A poucas horas do debate Folha/UOL/RedeTV!, Ricardo Nunes (MDB) desistiu de participar do confronto com Guilherme Boulos (PSOL) e citou como motivo uma reunião marcada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) nesta quinta-feira (17) de manhã.
"Desde a tempestade de sexta-feira passada foram desmarcados diversos compromissos da campanha à reeleição, dando prioridade às urgências da prefeitura. Estão em vista os cancelamentos de outras agendas eleitorais, por conta das mudanças climáticas previstas para sexta-feira", diz nota divulgada pela campanha de Nunes no início da madrugada.
O embate entre os adversários que disputam a Prefeitura de São Paulo está marcado para acontecer às 10h20 desta quinta, no mesmo formato do realizado pela Folha e UOL no primeiro turno, com o uso de banco de tempo. Nesse modelo, o próprio candidato administra a duração das falas dentro de um limite estabelecido, nesse caso de 12 minutos.
Nunes lamentou a ausência e pediu compreensão dos organizadores, de Boulos e do público.
A Folha mostrou nesta quarta-feira (16) que as campanhas se prepararam para falar sobre o apagão no debate.
Na sexta-feira (11), a capital paulista foi atingida por um temporal que deixou parte da população sem energia elétrica. No quinto dia de apagão na região metropolitana, cerca de 74 mil imóveis continuavam sem luz, segundo balanço divulgado pela Enel.
O número chegou a 2,1 milhões de imóveis logo após o temporal. Há uma nova previsão de tempestade nesta sexta-feira (18).
O apagão roubou a cena no segundo turno da eleição, em que se desenrola um jogo de empurra entre a prefeitura, responsável pela poda das árvores, e o governo federal, responsável pela concessão da Enel, empresa responsável pela distribuição de energia elétrica na região metropolitana de São Paulo.
No Ceará, 32 cidades elegeram apenas uma vereadora; 6 das 184 câmaras têm mais mulheres que homens
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O resultado das eleições municipais de 2024 trouxe cenário de avanço na representatividade feminina nas câmaras municipais do Ceará, apesar de, em muitas cidades, a presença das mulheres ainda ser restrita.
Eleitores de 32 municípios cearenses elegeram apenas uma vereadora para o legislativo municipal. Em alguns casos, a disparidade entre homens e mulheres alcança níveis críticos — como em Itapipoca, onde a única cadeira conquistada por uma mulher representa 5,5% do total de vagas da Câmara Municipal.
A paridade de gênero — ou mesmo uma composição formada majoritariamente por mulheres — também é algo distante da realidade política da ampla maioria das cidades cearenses.
A partir de 2025, 96,7% das câmaras municipais do Ceará serão formadas por uma maioria masculina. O que significa que, das 184 cidades cearenses, apenas seis escolheram mais mulheres do que homens.
Apesar disso, a presença das mulheres nas câmaras municipais teve um crescimento no Ceará. Das cadeiras disponíveis, 23,19% serão ocupadas por mulheres, o que equivale a 504 vereadoras — somadas, as câmaras municipais possuem 2.173 parlamentares.
O número de vereadoras eleitas em 2024 é superior à eleição de 2020, quando 410 mulheres foram eleitas para o cargo — equivalente a 18,7% de vagas. A representação feminina nos cargos teve um aumento de 22,9%.
Presença feminina não alcança os 30%
Socióloga e pesquisadora do Laboratório de Estudos em Política, Eleições e Mídia da Universidade Federal do Ceará (Lepem/UFC), Paula Vieira afirma que o crescimento de vereadoras eleitas em 2024 ainda é "tímido".
Ela chama atenção para o fato de que o percentual de mulheres eleitas para as câmaras municipais no Ceará ainda não ter alcançado a cota de gênero — instrumento da legislação eleitoral que obriga que 30% das candidaturas para o cargo de vereador sejam femininas.
A cota existe desde 2009, mas passou a ter uma punição mais severa desde as eleições de 2016, quando foi cassada a primeira chapa de vereadoras — tanto eleitos como suplentes — por fraude à cota de gênero.
No Ceará, mais de 20 vereadores foram cassados por esse motivo. Em Alto Santo, por exemplo, foi preciso convocar novas eleições para a câmara municipal após a cassação dos mandatos de 7 dos 11 vereadores eleitos em 2020.
Raquel Machado, professora de Direito Eleitoral da Universidade Federal do Ceará (UFC), destaca esses fatores como fundamentais para o crescimento das mulheres eleitas, tanto para câmaras municipais como para prefeituras. "Ele decorre de um esforço global do ordenamento jurídico para o aumento da participação da mulher na política. Um esforço que decorre de um reforço normativo, de um reforço da jurisprudência e de uma vigilância das instituições", pontua.
"Mas o crescimento ainda não chegou no mínimo das cotas estabelecidas na campanha. Sabe o que significa? Significa que não é suficiente. Se a gente está estabelecendo o mínimo de 30% e não consegue chegar ao mínimo, nós estamos diante de uma sub-representação", completa Paula Vieira.
Investimento de partidos conservadores
Apesar do crescimento, Raquel Machado chama atenção para o fato de que, em Fortaleza, por exemplo, "não tivemos avanço". Nove vereadoras foram eleitas para a Câmara Municipal de Fortaleza, mesmo número observado nas eleições de 2020.
Entre as eleitas, duas estavam entre os vereadores mais votados da capital cearense, ambas do PL. A campeã de votos foi Priscila Costa (PL), reeleita para o terceiro mandato no legislativo municipal. A estreante Bela Carmelo (PL) foi a terceira mais votada em Fortaleza.
Diretora do Instituto Alziras, Tauá Pires explica que essa é uma tendência observada nacionalmente. "A gente observa uma movimentação de partidos da direita de estar dando mais espaço de representação para as mulheres", explica.
Ela pontua que nem sempre uma mulher eleita em partidos considerados de direita a nível nacional terá uma posição conservadora, já que existem particularidades das organizações partidárias a nível municipal. "Pode ser a janela que ela encontrou de participação", argumenta.
Apesar da ressalva, ela explica que ao fazer uma "foto maior do Brasil" se destaca o avanço do "campo mais conservador e da direita de maneira geral, nos Municípios e câmaras do País" e que, junto a isso, o avanço — e investimento — destes partidos em candidaturas femininas.
Ela cita como exemplo o próprio PL, a partir do PL Mulher, liderado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Uma estratégia com reflexo direto em capitais como Fortaleza.
Após nota de neutralidade, presidente nacional do PDT anuncia apoio a Evandro Leitão
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Presidente nacional do PDT, André Figueiredo anunciou, nesta segunda-feira (14), apoio ao candidato Evandro Leitão, do PT, no 2º turno da disputa eleitoral pela Prefeitura de Fortaleza. O posicionamento acontece alguns dias depois de nota em que defendia a neutralidade partidária do PDT no embate entre Evandro Leitão e André Fernandes (PL).
"A gente está aqui, enquanto PDT, enquanto gente que acredita que os ideais de Brizola tem que estar lado a lado com aqueles que verdadeiramente defendem a democracia. Por isso, nós estamos juntos, vamos construir esse caminho para que Fortaleza possa avançar cada vez mais", disse Figueiredo em vídeo publicado nas redes sociais.
Nas imagens, ele aparece ao lado de Evandro, que agradece o apoio. "Nós estamos aqui firmando um compromisso para Fortaleza, um compromisso onde ele está vindo a se juntar ao nosso projeto. (...) André, muito obrigada por estar acreditando em mim, estar acreditando no projeto que faço parte e por acreditar sobretudo que a população fortalezense merece o candidato Evandro Leitão para ser o próximo prefeito de Fortaleza", diz o petista.
A neutralidade partidária defendida por Figueiredo na última quinta-feira (10) foi seguida pelo prefeito José Sarto (PDT), terceiro colocado nas eleições de Fortaleza. Na sequência, uma série de lideranças do PDT Ceará anunciou apoio a um dos dois candidatos à Prefeitura de Fortaleza.
Para o lado petista, seguiram vereadores de Fortaleza, como Adail Júnior (PDT), Carlos Mesquita (PDT) e Iraguassu Filho (PDT) — este último líder do Governo Sarto na Câmara Municipal de Fortaleza.
Contudo, a maior parte da bancada do PDT no legislativo municipal seguiu para o lado de André Fernandes, incluindo o presidente da Câmara Municipal, Gardel Rolim (PDT). O ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) e deputados estaduais pedetistas, como Antônio Henrique (PDT) e Queiroz Filho (PDT), também anunciaram apoio ao candidato do PL.
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Laudo falso contra Boulos afastou indecisos de Marçal e estimulou migração para Nunes antes do 1º turno, indica pesquisa
Por Bernardo Mello— Rio de Janeiro / O GLOBO
A divulgação de um laudo médico falso por Pablo Marçal (PRTB), a dois dias do primeiro turno de São Paulo, pode ter afastado eleitores indecisos e estimulado uma migração de votos para Ricardo Nunes (MDB) na corrida pela prefeitura. É o que sinaliza uma pesquisa qualitativa conduzida pelo Instituto Locomotiva.
Diferentemente de um levantamento de intenções de voto, os resultados da pesquisa qualitativa não são generalizáveis para todo o eleitorado, mas fornecem pistas de como diferentes grupos de eleitores podem ter reagido à disseminação da mensagem falsa para tentar associar, sem qualquer prova, Guilherme Boulos (PSOL) a um suposto uso de drogas às vésperas da votação. Segundo o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, grupos de eleitores que não tinham o voto totalmente cristalizado, e que vinham sendo acompanhados pelos pesquisadores, passaram a se referir ao laudo como motivo para não votar em Marçal.
Classificados como “eleitor frágil” pelo instituto, por admitirem a possibilidade de mudar a opção na urna, esses participantes vinham destacando em Marçal, antes da divulgação do conteúdo falso, o discurso voltado à “prosperidade” e com apelo à prática de esportes e à educação como “portas de saída” para a juventude.
Tática ‘desleal’
A pesquisa conduzida pelo Locomotiva constatou, no entanto, que a rapidez com que o laudo foi desmentido fez com que os participantes dos grupos manifestassem a percepção de que eram “enganados” pelo candidato do PRTB, ou entendessem a estratégia de Marçal como “vil” e “desleal” com um adversário.
— O “eleitor raiz” do Marçal valorizou o perfil anti-establishment, mas isso não tinha apelo para o “eleitor frágil”. O laudo falso fez com que surgisse uma dúvida ética sobre ele. Uma das mães nos grupos chegou a questionar: “como não vou repreender meu filho se ele falsificar um boletim?”. Outro eleitor lembrou a frase do Marçal de que “esporte molda o caráter”, e completou: “mas parece que não moldou o dele” — exemplifica Meirelles.
De acordo com Meirelles, houve sinalizações nos grupos de eleitores acompanhados pelo Locomotiva, após o episódio do laudo, de que parte dos que admitiam a chance de votar em Marçal acabou migrando para o prefeito Ricardo Nunes.
Houve também eleitores antes simpáticos ao candidato do PRTB que declararam ter optado por Tabata Amaral (PSB). A constatação surgiu a partir de interações com os moderadores dos grupos, que questionaram os participantes, após suas manifestações de voto, sobre outros candidatos que haviam atraído seu interesse antes da decisão final.
Ensaio de defesa
Meirelles observa, porém, que uma parcela específica dos eleitores “frágeis”, formada principalmente por homens que mostravam maior rejeição a todos os candidatos e indicavam a hipótese de anular o voto, ensaiaram uma defesa a Marçal. Para essa parcela, minoritária no levantamento, o candidato do PRTB “apenas repassou” o laudo, e não deveria ser responsabilizado por isso. Esses eleitores, no entanto, também reconheceram que o conteúdo divulgado por Marçal não era verdadeiro.
Marçal acabou fora do segundo turno da eleição de São Paulo após ficar atrás de Guilherme Boulos por apenas 56,8 mil votos, o equivalente a apenas 0,6% do total de eleitores paulistanos. O prefeito Ricardo Nunes, que avançou ao segundo turno na liderança contra Boulos, teve cerca de 82 mil votos a mais do que Marçal.
No Ceará, mulheres chegam ao comando de 38 prefeituras; 13 têm prefeita e vice-prefeita
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Em quatro anos, o número de prefeituras comandadas por mulheres no Ceará teve um aumento de 26,6%. Foram 38 prefeitas eleitas em 2024, enquanto em 2020 haviam sido eleitas 30 prefeitas. A média cearense foi maior do que a nacional, que teve um aumento de apenas 10,3% do número de mulheres eleitas para as prefeituras — passando de 656 para 724. O número deve aumentar, porque em 12 cidades há candidatas disputando o 2º turno.
Apesar de importante, o avanço da representatividade feminina ainda é tímido no estado. Dos 184 municípios cearenses, apenas 20,6% vão ter mulheres como prefeitas a partir de 2025. Nas duas únicas cidades do Ceará com 2º turno, Fortaleza e Caucaia, nenhuma mulher está na disputa.
Na capital cearense, inclusive, desde o 1º turno, não houve a presença de mulheres como candidatas à Prefeitura — as nove candidaturas apresentadas eram de homens. O cenário do Ceará não é tão distinto do observado em todo o País.
Nenhuma capital brasileira elegeu uma prefeita no 1º turno. Das restantes, apenas 6 contam com candidatura feminina para a Prefeitura — o destaque é Campo Grande, onde a disputa é 100% feminina, com Adriane Lopes (PP) e Rose Modesto (União) como candidatas.
Gestão municipal 100% feminina
Junto do aumento do número de prefeitas eleitas, outro crescimento chama atenção: as dobradinhas femininas chegando ao comando das prefeituras no Estado. No total, 13 prefeitas cearenses terão, a partir de 2025, uma mulher como vice.
Esse número mais do que dobrou em relação a 2020, quando apenas 6 prefeitas eleitas tiveram como companheira de chapa mulheres. Das 13 chapas femininas eleitas para prefeituras, inclusive, três foram reeleitas.
Em Guaiúba, a prefeita Izabella Fernandes (PSB) e a vice Cléubia (PSB) foram reeleitas, enquanto em Ibaretama, Eliria Queiroz (PSD) e Carlinha (PSB) foram reconduzidas aos cargos de prefeita e vice, respectivamente.
Em Tauá, a chapa formada por Patrícia Aguiar (PSD) e Dra. Fátima (PSD) também foi reeleita no último domingo (6). Patrícia Aguiar conquistou outra marca histórica, sendo eleita pela 5ª vez como prefeita da cidade.
Coordenadora do Laboratório de Estudos de Política, Eleições e Mídia da Universidade Federal do Ceará (Lepem/UFC), Monalisa Soares explica a relevância da eleição de mulheres como prefeita e vice em cidades cearenses.
"Uma dobradinha feminina é importante porque, em última instância, aconteça o que acontecer, seja por uma vacância provisória, uma vacância definitiva, a gestão ocorrerá pelas mãos das mulheres. Então, nós teremos mulheres no contexto da gestão municipal", argumenta.
Um cenário que se contrapõe à estratégia usada por muitos partidos políticos quando se trata de candidaturas femininas, completa a professora de Direito Eleitoral da UFC, Raquel Machado.
Portanto, as mulheres eram colocadas como vice como forma de favorecer a candidatura masculina, escolhida para encabeçar a chapa que concorria ao Executivo municipal.
Apesar de positivo, o fenômeno ainda precisa ser observado com cautela, acrescenta a diretora do Instituto Alziras, Tauá Pires. O Instituto Alziras é uma organização sem fins lucrativos que atua para ampliar e fortalecer a participação de mulheres na política brasileira.
Pires observa que as dobradinhas femininas são "um fenômeno novo, ainda pequeno" e que ainda não há números suficientes para indicar que essa pode ser uma tendência nacional ou mesmo estadual.
"Não dá para a gente analisar de maneira isolada", explica ela, lembrando que muitas das mulheres que chegam a representar candidaturas à prefeitura já iniciaram na vida pública antes, como secretárias do município, por exemplo.
"O Ceará está com números maiores, mas não é uma tendência nacional ter chapas femininas. Então, isso precisa ser analisado muito de acordo com as especificidades de cada município", pontua.
Paridade de gênero irá demorar 140 anos
O crescimento da representatividade feminina nas prefeituras é importante, mas não suficiente. A constatação foi um consenso entre as pesquisadoras entrevistadas pelo Diário do Nordeste.
A presença ainda diminuta de mulheres no comando do Executivo municipal — tanto no Ceará como no Brasil — reduz a participação de uma fatia da população que já é maioria entre o eleitorado e faz com que persista uma dominação ainda masculina dentro da política institucional.
Com passos ainda tão lentos, o caminho para a igualdade de gênero ainda está distante. "Nesse ritmo, a gente demoraria, mais ou menos, 144 anos para atingir a paridade no comando das prefeituras", especifica Tauá Pires.
A projeção é nacional e o Ceará está acima da média do País — onde apenas 15% das prefeituras serão comandadas por mulheres a partir de 2025. Ela reforça, no entanto, que o avanço cearense também é pouco.
O Ceará ficou na quarta colocação do Nordeste em representatividade feminina na política após as eleições de 2024 — atrás do Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas.
"Essa representatividade no Executivo ainda é diminuta", concorda Monalisa Soares. "Apesar do crescimento, as mulheres continuam tendo mais dificuldade de serem constituídas como candidaturas competitivas pelos partidos".
A falta de investimento dos partidos políticos na construção de lideranças femininas que possam tornar-se candidaturas competitivas é apontada como um dos principais obstáculos enfrentados pelas mulheres no cenário eleitoral.
"Nós avançamos pouquíssimo em ter uma organização partidária que valoriza a mulher, que tenha nos seus órgãos de direção mulheres e que, não só no momento de eleição, mas durante todo o exercício da vida partidária, as mulheres sejam valorizadas. Seja através do financiamento de atividades para a mulher na política, com educação e com o apoio, seja com a colocação de mulheres em cargos de direção", argumenta Machado.
Soares completa que o crescimento do número de prefeitas eleitas demonstra a força eleitoral de mulheres, desde que contem com esse apoio partidário.
Tauá Pires aponta ainda outro elemento que dificulta não só a eleição de mulheres como a permanência delas dentro dos espaços políticos: a violência política de gênero.
"Ainda existe muita dificuldade para fazer um trabalho de proteção, prevenção e combate a essa violência que atinge de maneira muito diferente as mulheres e que, às vezes, acaba interrompendo algumas trajetórias políticas", critica.
Raquel Machado pontua que, apesar da constatação da violência política de gênero ser um aspecto negativo, é também importante "porque permite o diagnóstico, o conhecimento da realidade e a punição". "Então, nós teremos como avançar bastante com a aplicação rigorosa da legislação", completa.
Entre obstáculos e avanços, ainda que 'tímidos', a relevância do aumento da presença das mulheres em cargos de poder é relevante para a construção de uma política mais igualitária.
"É muito importante sim o avanço das mulheres para que essa experiência, esse repertório seja apresentado. Não é que as mulheres sendo eleitas significa que tudo vai mudar, que tudo vai ser bom, mas que a presença das mulheres possa ocorrer para que o repertório e a experiência dessas agentes chegue ao cenário público. (...) Quando a gente fala da importância de ampliar a representatividade das mulheres, a gente está querendo dizer também sobre essas condições de igualdade, de apresentar repertórios e experiências também pelas mulheres na cena pública, a fim de que o eleitor possa avaliar", ressalta Monalisa Soares.