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Bolsonaro soma mais prefeitos que Lula na corrida por apoios locais na campanha

Por Adriana Ferraz, Beatriz Bulla, Gustavo Queiroz e João Scheller / O ESTADÃO

 

Os eleitores não foram convocados neste ano a escolher prefeitos, mas eles têm sido cada vez mais atraídos a entrar de cabeça na campanha - para a Presidência da República. Nesta reta final da eleição, tanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como o atual, Jair Bolsonaro (PL), ampliaram o assédio sobre políticos locais para avançar sobre as máquinas municipais e aproveitar sua capilaridade num contexto em que as eleições já “esfriaram” na maioria dos Estados. Neste quesito, o atual chefe do Executivo leva vantagem: seu partido, o PL conquistou 345 prefeituras em 2020, quase o dobro do número alcançado pelo PT, de 183.

 

Com Bolsonaro na Presidência, outras legendas que orbitam na base federal ampliaram sua influência. O PP, por exemplo, conquistou 685 cidades em 2020 - alta de 40% em relação às eleições de 2016. O Republicanos, partido do candidato ao governo paulista Tarcísio de Freitas, saiu-se vitorioso em 211 municípios e o PTB, do ex-deputado Roberto Jefferson, venceu em 212.

 

Já do lado adversário, o PT enfrenta mais dificuldades para levar seu discurso à ponta, ao menos por meio de prefeitos aliados. Além de não comandar hoje nenhuma capital, o partido perdeu capilaridade desde 2020. O total de 183 prefeitos eleitos há dois anos é ainda menor do que o resultado obtido em 2016, na esteira das denúncias de corrupção investigadas pela Operação Lava Jato e pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff - naquele ano, haviam sido 256.

 

A adesão de gestores municipais às campanhas é considerada estratégica especialmente no segundo turno, quando já foram eleitos deputados estaduais, federais e senadores, além dos governadores de 14 Estados e do Distrito Federal. De olho nesses potenciais aliados, Lula se encontra na tarde desta quarta com representantes da Confederação Nacional dos Prefeitos e já destaca a fama municipalista de seu vice, Geraldo Alckmin, que foi vereador e prefeito de sua cidade, Pindamonhangaba, no interior paulista.

 

“Amigos, prefeitos, prefeitas, vices, vereadores, vereadoras de cada um dos 5.570 municípios (..) Vocês não estarão sozinhos. Além do presidente Lula, vocês terão na vice-presidência um parceiro cuja maior paixão na vida é ‘prefeitar’: entender os desafios locais e construir soluções para eles. Suas demandas e propostas serão sempre ouvidas e Brasília, estejam certo, não será um lugar frio e indiferente. Se Deus quiser, a partir de 1º de janeiro de 2023, o café estará no bule para recebê-los e ouvi-los”, assegura Alckmin em vídeo postados nas redes sociais para atrair gestores municipais.

 

Enquanto a campanha petista busca entidades e convoca o vice de Lula para ampliar a capilaridade de seu discurso, Bolsonaro se utiliza do apoio dos governadores dos três maiores colégios eleitorais do Brasil - São Paulo, Rio e Minas - para avançar também sobre as cidades. Por meio deles, a campanha do presidente faz uma ofensiva sobre prefeitos e vereadores para ampliar sua base nos municípios do interior, especialmente. Aliados acreditam que a articulação com cabos eleitorais locais pode ajudar o chefe do Executivo a virar votos dados no primeiro turno a Lula.

 

Com a intermediação de governadores eleitos, o presidente se reuniu ao longo da última semana com mais de mil gestores municipais e discursou ao lado de quadros importantes na articulação com as prefeituras. Na quinta-feira, 20, Bolsonaro esteve com mais de 530 prefeitos de São Paulo ao lado do atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), que já declarou “apoio incondicional” à reeleição do candidato.

 

Na ocasião, o presidente pediu “trabalho e empenho” dos prefeitos. Dezenas de carros oficiais foram usados para transportar os gestores ao encontro que ocorreu no estádio da Portuguesa, em São Paulo. No mesmo dia, Bolsonaro foi recebido com tapete vermelho no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado, onde também conversou com lideranças locais.

 

Ao Estadão, o prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Orlando Morando (PSDB), disse que o apoio dos quadros tucanos nos municípios gera uma “movimentação política” favorável ao presidente. Bolsonaro foi vitorioso na maioria das cidades do interior de São Paulo, mas perdeu na capital.

 

“O que a gente sente é que prefeitos e vereadores, a classe política de São Paulo, todo mundo está se mobilizando para pagar uma dívida de gratidão com o Rodrigo ajudando Bolsonaro. Boa parte desses prefeitos silenciaram no primeiro turno”, afirmou. “A soma dessa força política no segundo turno pode ser fundamental para o presidente Bolsonaro”, completou Morando, que participou do ato eleitoral organizado no Bandeirantes.

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