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Bolsonaro soma mais prefeitos que Lula na corrida por apoios locais na campanha II

Por Adriana Ferraz, Beatriz Bulla, Gustavo Queiroz e João Scheller / O ESTADÃO

 

Compromisso (CONTINUAÇÃO)

 

Presidente da Câmara Municipal de São Paulo, o vereador Milton Leite (União Brasil) acompanhou Garcia, Bolsonaro e Tarcísio na Portuguesa como prefeito em exercício da capital na última quinta e afirmou que ambos se comprometeram a dar continuidade ao trabalho desenvolvido pelo atual governo.

 

“Tarcísio se comprometeu com os prefeitos de cumprir todos os compromissos de Garcia, como obras em andamento. Ele reconhece neste momento que a administração está correta e a casa, arrumada. Essa é a maior cobrança dos prefeitos vindo do interior”, disse Leite. Presidente municipal do União Brasil na capital, o parlamentar também declarou apoio à reeleição de Bolsonaro.

 

Prefeitos do PSDB e do PSD que estiveram com Bolsonaro no encontro em São Paulo também defenderam que o apoio melhora o desempenho do presidente. Acredita-se que boas gestões municipais levam o eleitor a considerar a posição política do prefeito. Além disso, o uso da máquina ajuda a aumentar o leque de pessoas próximas a angariar votos. Ao final do evento na Portuguesa, diversos adesivos e materiais de campanha foram distribuídos às lideranças presentes.

 

Em Minas Gerais, a campanha de Bolsonaro aposta em virar votos do eleitorado ‘Luzema’ - moradores de municípios onde Lula e o governador reeleito Romeu Zema (Novo) foram mais votados. Um encontro mediado pela Associação Mineira de Municípios (AMM) com a campanha bolsonarista reuniu 600 prefeitos (o Estado tem 843 cidades) e resultou em uma lista de demandas da região. O presidente da AMM e o prefeito de Coronel Fabriciano, Marcos Bizarro (PSDB), já apoiaram Bolsonaro publicamente, mas a associação se diz apartidária.

 

No Paraná, o governador reeleito Ratinho Junior (PSD) chegou a convocar 300 prefeitos para um encontro em Curitiba que aconteceria na última quinta-feira. Após críticas de que estaria usando a máquina pública como instrumento de campanha, no entanto, ele mudou a estratégia e passou a fazer reuniões individuais nas cidades.

 

Já o prefeito de Prudentópolis, no interior do Paraná, Osnei Stadler, liberou os servidores públicos de suas funções para acompanhar uma motociata com a presença de Bolsonaro ainda no primeiro turno. Decreto publicado no Diário Oficial do município permitiu que os funcionários não trabalhassem “exclusivamente durante o tempo da visitação” do chefe do Executivo, que é candidato à reeleição.

 

Na contramão, o prefeito Maurício Ferreira (PP), de Caiana (MG), sugeriu aos servidores que, se Lula fosse eleito, a prefeitura deixaria de se esforçar para cumprir suas obrigações de pagamento. “O voto é livre, não vou pedir voto para presidente, respeito o voto de cada um, mas arque com a responsabilidade de cada um de vocês”, disse, logo após informar que “não mais vai passar pela vergonha de ser cobrado (por fornecedores) para manter o pão na mesa de cada um”.

 

Contraofensiva

 

O núcleo principal da campanha petista tenta conter a ofensiva de Bolsonaro sobre prefeitos em São Paulo e Minas Gerais. A situação mais complexa, na visão da campanha petista, é a de Minas, já que Zema tem trabalhado ativamente para o presidente neste segundo turno. No sábado, 22, o ex-presidente reuniu uma multidão na cidade de Ribeirão das Neves, no entorno de Belo Horizonte. Sem a companhia de prefeitos, a estratégia do candidato foi levar consigo a senadora Simone Tebet (MDB) e da ex-ministra Marina Silva (Rede), eleita deputada federal.

 

Com poucos aliados municipais próprios, o PT comemorou ter conseguido atrair para sua campanha o prefeito de Belford Roxo, Waguinho (União Brasil), para alavancar o diálogo com lideranças da Baixada Fluminense, um das regiões onde Lula já teve maioria em outras disputas. O apoio foi visto como estratégico também porque o prefeito ajudou na ponte com os evangélicos na região. Além disso, a mulher do prefeito, conhecida na política como Daniela do Waguinho (União Brasil), foi a deputada federal mais votada do Rio.

 

Já em São Paulo, a capacidade de uso da máquina por Rodrigo Garcia é considerada limitada, uma vez que o próprio governador não se beneficiou eleitoralmente de sua influência com lideranças locais. De toda forma, para tentar bloquear a influência dos gestores municipais, os petistas contam com o ex-governador paulista e vice na chapa, Geraldo Alckmin (PSB), e também Simone Tebet, que foi bem votada no Estado.

 

A cientista política Tathiana Chicarino ressalta que o uso da máquina não necessariamente se desdobra em uma mobilização efetiva do eleitorado no território destacado. “O caso de Garcia em São Paulo é exemplo disso e em Minas há um padrão histórico que mostra existir entre os eleitores uma dissociação entre o voto para presidente e o voto para governador”, disse, em referência a outras dobradinhas, como o ‘Lulécio’ - voto em Lula presidente e Aécio Neves para governador, em 2006.

 

Aliados de Lula também têm mantido diálogo com prefeitos e governadores para incentivar a adoção de transporte público gratuito no dia da eleição, para evitar abstenção. Na última quarta-feira, 19, a maioria do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a decisão do ministro Luís Roberto Barroso que autoriza as prefeituras a aplicarem tarifa zero no dia 30. Após o aval, o prefeito da capital paulista., Ricardo Nunes (MDB), anunciou que vai liberar a catraca dos ônibus no domingo.

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