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Datafolha: Petistas recuam, bolsonaristas avançam, e grupos empatam pela primeira vez

Júlia Barbon / FOLHA DE SP

 

 

Pela primeira vez desde o início da série histórica do Datafolha, em dezembro de 2022, a parcela de brasileiros que se declaram bolsonaristas igualou a dos que se identificam como petistas.

O grupo que se considera mais próximo do partido do presidente Lula (PT) recuou de 39% para 35% desde o último levantamento, feito em abril. Enquanto isso, os que dizem apoiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) avançaram de 31% para 35%, seu maior patamar no período.

Ao longo dos últimos dois anos e meio —logo após as eleições que conduziram Lula ao seu terceiro mandato— o instituto perguntou em nove ocasiões aos entrevistados: "Considerando uma escala de um (bolsonarista) a cinco (petista), em qual número você se encaixa?".

As pessoas que responderam "um" ou "dois" foram classificadas como bolsonaristas, e as que dizem "quatro" ou "cinco" foram categorizadas como petistas. Somados, esses dois grupos polarizados representam 70% da população.

O restante se divide entre os 20% que responderam "três", portanto considerados neutros; outros 7% que afirmaram não se identificar com nenhum dos dois lados; e mais 2% que não souberam responder. Esses percentuais permaneceram no mesmo patamar durante toda a série histórica.

A queda do grupo dos petistas coincide com a crise de popularidade do governo Lula. Na semana passada, o Datafolha indicou que 40% o avaliam como ruim ou péssimo e 28%, bom ou ótimo, o que o faz manter a marca de maior reprovação de seus três mandatos.

O ministro Sidônio Palmeira completa cinco meses à frente da Secom sem ter conseguido até agora melhorar a situação e encontrar uma marca para a terceira passagem do petista pelo Planalto, em meio a um período de sucessivas crises que abalam a gestão.

Por outro lado, o julgamento de Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal) não pareceu respingar em sua imagem entre apoiadores. Ele é réu sob acusação de liderar uma tentativa de golpe para impedir a posse de Lula após as eleições de 2022.

A pesquisa foi feita presencialmente nos dias 10 e 11 de junho, portanto durante e após os interrogatórios conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes, transmitidos pela TV aberta. Foram entrevistadas 2.004 pessoas, em 136 municípios de todas as regiões do país, com margem de erro de dois pontos percentuais.

É a primeira vez que as parcelas de petistas e bolsonaristas variam no limite máximo da margem de erro do levantamento, o que indica um crescimento real. Em todas as outras pesquisas, eles haviam oscilado dentro da margem, mas não no limite, sinalizando estabilidade.

A vantagem dos apoiadores do PT em relação aos de Bolsonaro atingiu seu ápice (dez pontos) em duas ocasiões: em março de 2023 e em março de 2024. Nas outras pesquisas, a diferença variou entre seis e oito pontos, chegando ao empate nesta última semana.

Tarcísio vai bem entre ricos, enquanto Michelle Bolsonaro, nas bases de Lula, aponta Datafolha

Por  — Rio de Janeiro / O GLOBO

 

Os recortes da pesquisa Datafolha que simulou cenários para a eleição presidencial de 2026 mostram que, apesar de ter um governo mal avaliado, o presidente Lula ainda conta com vantagem em segmentos que costumam apoiá-lo, como as mulheres e os mais pobres. Ele vê, no entanto, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) entrar com força considerável nesses grupos, enquanto o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), domina as duas faixas mais altas de renda — é o único que teria mais votos que Lula já no primeiro turno entre os mais ricos. Filhos de Jair Bolsonaro, Flávio e Eduardo não se destacam tanto em filões específicos e ostentam números quase idênticos um ao outro.

 

Chama atenção que, nas simulações de segundo turno, os possíveis candidatos da direita passam a registrar números parecidos nos diferentes segmentos, o que indica a unificação do antipetismo. Nenhum deles chega a ganhar numericamente de Lula, mas Tarcísio (43% a 42%) e Michelle (46% a 42%) têm empate técnico — a margem de erro é de dois pontos percentuais, o que no caso da mulher de Bolsonaro faz com que haja empate no limite da margem.

 

São os dados do primeiro turno, no entanto, que indicam onde cada um encontra seu ponto de partida mais relevante. Michelle tem desempenho homogêneo, registrando entre 20% e 30% em quase todos os segmentos. Entre os representantes da direita, ela é quem melhor consegue avançar sobre as bases lulistas: com 25% entre os brasileiros que ganham até dois salários mínimos, é o único candidato que passa de 20%. E vai melhor ainda na faixa entre dois e cinco salários, com 29%. No cenário geral, a ex-primeira-dama também é quem chega mais perto de Lula no primeiro turno, apesar de ainda perder: 37% para o presidente e 26% para a líder do PL Mulher.

 

Considerado o nome mais forte para enfrentar Lula, Tarcísio pontua menos que Michelle no primeiro turno, apesar de atrair mais votos na projeção de segundo. Também é quem constrói sua força em pilares mais específicos — o que desponta como um desafio, já que larga muito atrás em outros estratos sociais relevantes.

 

Entre os homens ele vai a 26% e tem apenas 11 pontos a menos que Lula. Mas, quando se analisam as mulheres, registra meros 17% e perde por 20 pontos. É também, com exceção do governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD) — que não foi testado num cenário sem Tarcísio ou alguém da família Bolsonaro — quem desempenha pior entre os que ganham até dois salários, principal fortaleza de Lula. Nesse recorte, o governador paulista marca apenas 17%, menos da metade dos 42% do petista.

 

Tarcísio, entretanto, já se estabeleceu como o favorito dos mais ricos. Vence Lula nas duas faixas superiores de renda, algo que os integrantes da família Bolsonaro não conseguem fazer. Com 35% e 34%, domina entre os que ganham de cinco a dez salários e os que recebem mais de dez, respectivamente. Lula tem 28% em ambos os casos.

 

Filhos na classe média

O governador lançou recentemente o programa SuperAção SP, comparado na política local ao Bolsa Família, a fim de atingir o eleitorado de renda baixa. A ideia é atender, em dois anos, 105 mil famílias registradas no CadÚnico e que tenham renda média de até meio salário mínimo.

 

Os filhos de Bolsonaro cotados para a empreitada presidencial, o deputado federal Eduardo e o senador Flávio, apresentam números parecidos por segmentos, além de terem os mesmos 20% no total do primeiro turno. No caso deles, os destaques oscilam pouco na comparação com o desempenho geral. Ou seja, têm poucos grupos com os quais contar de forma inexorável.

 

 Entre os brasileiros com vencimentos de cinco a dez salários mínimos, por exemplo, Flávio tem 24%. Já Eduardo pontua 22% no mesmo estrato e no imediatamente anterior, de dois a cinco salários. Ambos marcam 19% no grupo mais pobre. Eles também são vistos com desconfiança pelos mais ricos: 14% para Flávio, 11% para Eduardo.
 
TARCISIO GOV SP
 
MICHELE BOLSONARO

Datafolha: Lula lidera cenários de 1º turno e empata com Tarcísio e Bolsonaro no 2º

Igor Gielow / FOLHA DE SP

 

 

São Paulo

O presidente Lula (PT) mantém a liderança em primeiro turno sobre os rivais na simulação feita pelo Datafolha sobre a eleição do ano que vem, mas perdeu a vantagem que tinha sobre candidaturas à sua direita em uma segunda rodada do pleito.

A evolução aferida pelo instituto ocorreu do início de abril, data da pesquisa anterior, ao levantamento feito na terça (10) e quarta (11) com 2.004 eleitores em 136 cidades. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos.

Contra todos os rivais em 5 de 6 cenários apresentados, o presidente mantém o mesmo patamar de intenção de voto, flutuando de 36% a 38%. É um dado algo descolado de sua avaliação, feita na mesma pesquisa, que mostrou 28% dos brasileiros o considerando ótimo ou bom.

Isso decorre da fragmentação do quadro de candidaturas, com apenas Lula pontificando no campo da esquerda. O Datafolha simulou uma hipótese em que o presidente não concorre, colocando o ministro Fernando Haddad (PT) em seu lugar —e marcando 23%, perdendo para o inelegível Jair Bolsonaro (PL).

O ex-presidente, que só poderá voltar a se candidatar em 2030 por conspirar contra o sistema eleitoral em 2022, empata tecnicamente com Lula, ficando um ponto abaixo numericamente —36% a 35% para o petista.

Nesse cenário, governadores à direita ficam bem abaixo: Ratinho Jr. (PSD-PR) tem 7%, Romeu Zema (Novo-MG) marca 5%, e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), também 5%.

O Datafolha manteve essa trinca em todas as simulações, dado que as eventuais candidaturas dependem menos da unção do ex-presidente. Já o nome mais forte entre governadores, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) entra na cota direta do ex-chefe, que inclui também três sobrenomes Bolsonaro filiados ao PL potencialmente na pista.

No cenário com Tarcísio, Lula o bate por 37% a 21%. Já com a ex-primeira-dama Michelle, o petista vence por 37% a 26%. O presidente marca 38% contra o senador Flávio Bolsonaro (RJ), filho do ex-presidente, que tem os mesmos 20% do irmão deputado Eduardo (SP) —contra quem o petista tem 37%.

No único cenário sem Lula e com Haddad, o ministro da Fazenda perde para Bolsonaro por 37% a 23%. Na pesquisa espontânea, sem a ficha com o nome dos rivais, dá o óbvio: a divisão entre o presidente (16%) e antecessor (18%), muito por reflexo da polarização e do "recall" do eleitorado.

Ainda no primeiro turno, pesa o fator rejeição. Não votariam de jeito nenhum em Lula 46%, ante 43% que dizem o mesmo de Bolsonaro. A família empata no quesito: 32% dizem não apoiar Eduardo, 31%, Flávio, e 30%, Michelle. Haddad vem a seguir com 29%, seguido por Ratinho Jr. (19%), Zema (18%), Caiado (15%) e Tarcísio (15%).

O cenário fica mais nebuloso para as pretensões de Lula quando o Datafolha questiona acerca do segundo turno.

Em abril, ele batia Bolsonaro por 49% a 40%. Agora, há um empate, com o antecessor marcando 45% e o atual mandatário, 44%. Tal igualdade se vê na disputa com o elegível Tarcísio, que passou de 48% a 39% em favor de Lula para 43% a 42%.

Michelle também se aproximou: passou de 38% para 42%, enquanto Lula caiu de 50% para 46%. Já contra os filhos de Bolsonaro, o presidente tem vantagem mais ampla: derrotaria Eduardo por 46% a 38%, e Flávio, por 47% a 38%.

Por fim, um embate Haddad-Bolsonaro, repetindo o segundo turno de 2018, novamente seria vencido pelo nome do PL: 45% a 40%, invertendo o 45% a 41% em favor do ministro registrado em abril.

Os números cristalizam o cenário como percebido pelas forças políticas, no qual Lula segue reinando na esquerda, apesar da queda em sua aprovação. E o peso do nome de Bolsonaro, mesmo sem o ex-presidente poder ser candidato como insiste que será.

Isso mantém o dilema da direita, que teria em Tarcísio hoje a aposta mais competitiva. O governador, cioso do eleitorado bolsonarista, só sairia para o Planalto se tivesse o apoio explícito do padrinho.

Só que esse tem outros planos, como o de tentar manter-se relevante enquanto ruma a uma condenação certa no caso da trama golpista, e a ameaça de lançar seu sobrenome na forma de algum parente embola o jogo para o resto da direita.

 

Kassab começa a se debandar para Tarcísio de Freitas

Por  Merval Pereira /O GLOBO

 

O PSD tem ministérios no governo Lula, mas o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, aparece na propaganda na TV do partido. É uma estratégia de Gilberto Kassab, secretário de Tarcísio, que sempre disse que Tarcísio deveria continuar como governador e que apoiaria Lula em 2026. Agora, tenta ver se faz com que o governador de São Paulo se impõe como candidato a presidente do grupo de Bolsonaro. Ele tem um pé em cada canoa e tenta se equilibrar enquanto pode, mas o candidato dele é Tarcísio. Só não tem certeza da candidatura porque Bolsonaro ainda não está apoiando formalmente e vai ficar mais irritado ainda com a propaganda do PSD de São Paulo. Vai piorar a relação do Tarcísio com os bolsonaristas mais radicais, que têm muita gana do Kassab. Sabem que ele é habilidoso, está tentando ficar nas duas canoas, mas gostariam que ele não tivesse influência sobre Tarcísio – mas tem. É considerado uma das últimas raposas políticas, tanto que tem ministro no governo Lula governo e é secretário do Tarcísio em São Paulo. Está nas duas, e vai ficar assim até poder se definir claramente. E Lula não tem como reagir, porque precisa do PSD no Congresso; tem que engolir o sapo e fingir que está tudo bem. Tarcísio de Freitas é o candidato que vai tirar a aliança com o Lula – a maior parte irá com ele.

 

Lula perdeu aprovação e margem de manobra

Neste 2025, a popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) flutua em torno de um novo e baixo patamar. Na recente pesquisa do Datafolha, 40% dos brasileiros aptos a votar consideram que ele faz um governo ruim ou péssimo, enquanto 28% o qualificam como ótimo ou bom. A diferença entre os índices resulta em saldo negativo de 12 pontos percentuais.

Desde o primeiro bimestre, o saldo médio é de 12,7 pontos negativos, ante contagens positivas de 3 pontos em 2024 e 9 em 2023.

O prestígio do mandatário piorou de modo expressivo nos dois primeiros meses deste ano. Nesse período, a inflação reassumira uma trajetória de alta, com impulso da gastança federal e da carestia de alimentos.

A grande cartada de Lula em busca de popularidade foi o projeto que isenta do Imposto de Renda rendimentos até R$ 5.000 mensais. A administração petista se desgastou, porém, com campanhas de notícias falsas sobre tributação do Pix, em janeiro, e com o escândalo real de descontos fraudulentos nos benefícios do INSS, mais recentemente.

De todo modo, não se pode afirmar com certeza que tais foram os aspectos a pesar na piora dos índices do presidente. Há fatores difusos e persistentes que podem contribuir para a maior repercussão de notícias negativas.

A aprovação de Lula 3 jamais foi elevada, em parte devido à polarização política. O PT, além disso, é minoritário no Congresso, no comando de estados e municípios e nas redes sociais.

O efeito da ampliação dos programas de renda é agora mais marginal, tanto em termos de melhoria social quanto de impacto político. O preço relativo dos alimentos ficou em patamar mais alto desde a pandemia —e não fizeram efeito discursos e promessas demagógicas nessa seara.

Para 50% do eleitorado, o desempenho de Lula é pior do que o de seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), no controle da inflação (é melhor para apenas 29%). O petista também é mais mal avaliado em segurança pública e, notável, empata com Bolsonaro nos quesitos ambiente e saúde —nos quais o ex-presidente teve atuação objetivamente deplorável.

O governo do PT tem melhor avaliação em geração de empregos, moradia e, por pequena margem, educação. Parece pouco diante de um brutal aumento do gasto público que começou desde antes da posse.

Com rombo nas contas do Tesouro, juros altos e Congresso Nacional pouco amistoso, a margem para novas cartadas eleitoreiras se estreitou. Em tais condições, não há propaganda que resolva.

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