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Ministério Público apreende 650 cestas básicas que seriam distribuídas na campanha em Canindé

DIARIONORDESTE

 

O Ministério Público Eleitoral (MPE) apreendeu, na terça-feira (1º), 650 cestas básicas numa casa em Canindé. A ação, realizada em parceria com a Polícia Civil, aconteceu após o cumprimento de um mandado de busca e apreensão motivado por denúncias de que os alimentos seriam distribuídos durante a campanha política eleitoral.

Não foi identificado quem seria o responsável pelos volumes encontrados pelos agentes. De acordo com o MPE, a investigação agora irá apurar quem seriam os envolvidos na entrega do material, que estava armazenado em uma casa aparentemente vazia.

“O MPE, com apoio da Polícia Civil, vai aprofundar as investigações no intuito de identificar o candidato que seria o beneficiário, podendo ele responder na Justiça por crime eleitoral e por abuso de poder político e econômico”, destacou o promotor eleitoral Jairo Pequeno, da Promotoria da 33ª Zona Eleitoral.

Com a apreensão, as cestas foram recolhidas e guardadas no prédio da polícia. A medida foi tomada em caráter preventivo, para evitar que elas fossem distribuídas e fossem utilizadas para influenciar o voto de eleitores.

Como denunciar

Propagandas eleitorais irregulares ou até mesmo desvios nas campanhas na internet poderão ser denunciadas à Justiça Eleitoral pelo aplicativo Pardal 2024. Especificações das inadequações previstas em lei estão disponíveis na própria plataforma.

O Pardal só recebe denúncias relacionadas com propagandas eleitorais. Porém, há na ferramenta digital um botão que encaminha o denunciante para o Sistema de Alerta de Desinformação Eleitoral (Siade), quando a queixa envolver desinformação, e para o Ministério Público Eleitoral, se o assunto tiver relação com ilícitos eleitorais. 

Denúncias sobre desinformação também podem ser feitas pelo SOS Voto, por meio do número 1491. 

No Ceará, ilícitos eleitorais também podem ser denunciados ao Ministério Público estadual (MPCE), por meio do site do órgão investigativo.

Debates da TV Globo em 26 capitais testam táticas de candidatos na reta final da campanha; veja como será

Por  e — Rio de Janeiro / O GLOBO

 

 

Momento crucial da campanha eleitoral, o debate da TV Globo, que será realizado nesta quinta-feira, a partir das 22h (de Brasília), vai testar as estratégias dos principais candidatos à prefeitura das 26 capitais a três dias da votação. No Rio, líder nas pesquisas com folga, o prefeito Eduardo Paes (PSD) se preparou para adotar um tom propositivo e apontar o que considera o avanço da cidade nos últimos quatro anos, enquanto Alexandre Ramagem (PL) vai manter o foco na segurança e Tarcísio Motta (PSOL) pretende apelar ao eleitor de esquerda contra o “voto útil” no candidato à reeleição.

 

Participam do encontro, na sede da emissora, os candidatos com representação no Congresso Nacional de no mínimo cinco parlamentares ou que tenham registrado ao menos 6% de intenção de voto na última pesquisa Quaest. Além dos três principais, estarão lá Marcelo Queiroz (PP) e Rodrigo Amorim (União).

 

Em São Paulo, o debate terá Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB). Com um empate triplo nas pesquisas entre Nunes, Boulos e Marçal, as principais campanhas consideram o debate como um momento decisivo, com candidatos cancelando compromissos e se engajando em treinamentos antecipados para o confronto.

 

Tática carioca

Divididos em quatro blocos, os eventos terão transmissão da Globo, da GloboNews e do g1. No Rio, Paes encara o debate como um resumo do que foi a campanha. Quer elencar feitos da gestão, fazer promessas e recordar o cenário em que a cidade se encontrava quando ele retomou o comando da prefeitura, em 2021. Nessa linha, vai martelar a ideia de que hoje “o Rio avança”, um dos slogans da candidatura, e de que há muito mais a ser feito.

 

O candidato à reeleição também vai reforçar que o Rio já experimentou nomes como Marcelo Crivella, na prefeitura, e Wilson Witzel, na esfera estadual. A ideia é passar ao eleitor a mensagem de que não é hora de testar algo tão diferente outra vez.

 

Paes manterá, ainda, a associação de Ramagem ao governador Cláudio Castro (PL) quando o candidato do PL abordar o tema da segurança. O embate entre prefeito e governador foi um dos marcos da campanha carioca.

 

Ramagem tem mesmo a segurança como principal arma. A avaliação é de que a pauta foi o que o moldou durante o processo eleitoral, e de que o momento é de explorar a audiência do encontro final para reforçá-la. Ao colocar a segurança no seio da campanha municipal, esfera federativa em que o poder de atuação é limitado, Ramagem acabou fazendo Paes passar boa parte do horário eleitoral gratuito abordando o tema.

 

Já o terceiro colocado nas pesquisas, Tarcísio Motta, quer usar o debate na TV para dialogar com o eleitorado progressista. Durante a campanha, o psolista ficou estacionado e não conseguiu atrair a esquerda carioca, hoje majoritariamente com Paes.

 

Como o próprio campo político fez um movimento nos últimos dias para desidratar a candidatura de Tarcísio e a favor do “voto útil” em Paes no primeiro turno, o deputado federal tem como objetivo tentar reverter esse apelo, dizendo ser o momento de votar de forma ideológica. O postulante do PSOL se coloca como “o único candidato comprometido a combater a extrema direita” no Rio.

 

Formato do encontro

No estúdio da TV Globo, os candidatos vão ficar posicionados lado a lado e não haverá plateia. O primeiro e o terceiro dos quatro blocos têm temas livres. Sorteado anteriormente, o postulante escolhe para quem direciona a pergunta entre os que ainda não tiverem respondido naquele bloco.

 

Todos fazem uma pergunta e respondem a outra.

 

O segundo e o quarto blocos são com temas determinados, mas a dinâmica de perguntas e respostas é mantida. Reservam-se sempre 40 segundos para as perguntas, um minuto e 15 segundos para a réplica e um minuto para a tréplica. Ao fim dos quatro blocos, cada candidato faz em dois minutos as considerações finais.

Rali mostra aliados de Bolsonaro à frente em pesquisas de 13 capitais; nomes de Lula lideram no Rio e no Recife

Por — Rio de Janeiro / O GLOBO

 

 

O agregador de pesquisas Rali, iniciativa do GLOBO em parceria com o Instituto Locomotiva, mostra que, a menos de uma semana para o 1º turno, no próximo domingo, candidatos aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) lideram a média das pesquisas de intenção de voto calculada pelo agregador em 13 capitais, enquanto nomes ligados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparecem à frente em duas cidades (Rio e Recife). Em outras 13, o líder não é coligado nem ao PT nem ao PL. Confira os dados do agregador.

 

O Rali apresenta o panorama das intenções de voto divulgadas por seis empresas e institutos de pesquisa com relevância nacional. São considerados levantamentos do Datafolha, Quaest, Atlas, Ipec, Ideia e Ipespe. Na maioria das capitais, os resultados refletem médias de pesquisas Quaest e Atlas.

 

A metodologia do agregador considera o tamanho da amostra, o quão recente é um resultado, o histórico de atuação dos institutos e sua cobertura nos diferentes estados nas últimas três eleições.

 

No caso do PT, seus candidatos aparecem numericamente atrás dos líderes, mas bem posicionados e competitivos para ir a um eventual segundo turno, em Fortaleza, Teresina, Goiânia e Porto Alegre. O mesmo ocorre em São Paulo, com Guilherme Boulos (PSOL), nome apoiado por Lula na corrida municipal. Já os candidatos do PL também se destacam em Belo Horizonte e Cuiabá, embora não apareçam à frente.

 

Como mostrou O GLOBO, em meio às dificuldades de aliados nas disputas das capitais, Lula decidiu ignorar os apelos de candidatos petistas pelo país e fará apenas mais uma agenda de campanha antes do primeiro turno da eleição municipal deste ano. No sábado, Lula participará de uma caminhada com o candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos. Com o presidente abdicando do pleito em outros locais, postulantes do partido e nomes apoiados pelo PT enfrentam dificuldades nas capitais e veem aliados debandarem para o lado adversário.

 

Fratura na direita: entre desembarques e alfinetadas, expoentes do bolsonarismo se dividem entre Nunes e Marçal

Por  e — São Paulo e Angra dos Reis (RJ) / O GLOBO

 

 

O desembarque bolsonarista da campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB) em direção a Pablo Marçal (PRTB) se acentuou na reta final da campanha, com as pesquisas mostrando que o ex-coach se mantém competitivo. Marçal aparece tecnicamente empatado na liderança com o emedebista e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), o que coloca em risco a presença de qualquer um deles no segundo turno. O prefeito, por sua vez, conta com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que alfinetou seu adversário em live na terça-feira — embora permaneça distante —, o apoio de líderes evangélicos críticos a Marçal, além do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), presença assídua em agendas de rua.

 

A narrativa de que Marçal representaria melhor os princípios da direita do que Nunes ganhou peso, nos últimos dias, com acenos de Nikolas Ferreira (PL-MG), Marco Feliciano (PL-SP) e Ricardo Salles (Novo-SP), deputados que fazem parte do núcleo mais fiel ao ex-presidente no Congresso e que contam com milhares de seguidores nas redes sociais.

 

Feliciano divulgou vídeo na terça-feira declarando voto no ex-coach, de quem diz ser amigo, e alegando que o candidato estaria sendo perseguido por “políticos e religiosos”. A gravação foi compartilhada pelo candidato do PRTB nas redes e em grupos de voluntários da campanha no WhatsApp.

— Eu sou aliado, mas não sou alienado. Sou livre para pensar e apoiar quem eu desejar e espero que me respeitem por isso, é a democracia — disse o deputado.

 

Evangélicos divididos

O discurso é oposto ao do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que desde o 7 de Setembro ataca o ex-coach quase diariamente. Responsável pelas duas manifestações bolsonaristas realizadas este ano na Avenida Paulista, Malafaia passou a dizer que o empresário seria um “farsante” e tenta manipular os evangélicos.

 

Além da cena de Marçal no dia do protesto, quando chegou atrasado e disse ter sido barrado no trio, pesam contra ele vídeos antigos em que associa, por exemplo, a cobrança do dízimo a um entrave para a prosperidade. Especialistas apontam que o empresário, de certa forma, afronta as grandes lideranças religiosas ao tratar a espiritualidade como “lifestyle”, e não propriamente um vínculo a uma igreja por meio da participação ativa nos cultos.

Já o apoio de Nikolas veio no final de semana, quando declarou nos seus perfis nas redes que “prefere dar uma chance para a dúvida (Marçal)”, do que “engolir esse cara (Nunes)”. O parlamentar tentou convencer seus seguidores a desistirem do prefeito dizendo que ele conciliou um “bando de vagabundos que sempre lutaram contra a gente” na coligação do MDB, formada por 12 partidos.

 

Marçal já havia publicado uma foto de Nikolas Ferreira “fazendo o M” com as mãos em cima do trio no 7 de Setembro, mas o deputado desautorizou posteriormente o uso da imagem e disse que o gesto havia sido descontextualizado em meio a gritos do público.

 

Anteriormente, Marçal já havia recebido o apoio público de bolsonaristas como o senador Cleitinho (Republicanos-MG) e os deputados federais Carla Zambelli (PL-SP), André Fernandes (PL-CE) e Zé Trovão (PL-SC).

 

Para Filipe Sabará, articulador político da campanha de Marçal, esse movimento tardio está ligado tanto ao distanciamento de Bolsonaro da campanha de Nunes quanto à proximidade da votação, quando os partidos já cumpriram os acordos de financiamento, espaço de propaganda e outros recursos com seus filiados e não oferecem mais tanto risco de represálias aos aliados.

 

Um exemplo do distanciamento de Bolsonaro com Nunes ocorreu na terça-feira, quando o ex-presidente rodou pelo interior do estado, em municípios como São José dos Campos, Tatuapé e Guaratinguetá, mas não dedicou espaço na agenda para aparecer ao lado de Nunes na capital paulista antes de rumar para o Rio. Na terça-feira, tampouco mencionou apoio ao emedebista na primeira de suas lives de véspera de eleição.

 

Na quarta-feira, ao ser questionado sobre um eventual empenho na candidatura de Nunes nesta reta final, Bolsonaro desconversou:

— Deixa para depois — disse, em agenda em Angra dos Reis, na Costa Verde.

 

Na curta passagem por São Paulo, Bolsonaro chegou a receber pedido direto do governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para que participasse com mais afinco da campanha a fim de evitar um crescimento de Marçal. Os dois se encontraram para um café durante escala de do ex-presidente no Aeroporto de Guarulhos.

 

Na transmissão ao vivo de terça-feira, as únicas menções de Bolsonaro à eleição de São Paulo foram para defender o voto na vereadora Sonaira Fernandes (PL) e quando alfinetou a proposta de Marçal de oferecer vídeos de apoio a candidatos em troca de doações de R$ 5 mil para a campanha, abandonada depois que rivais anunciaram a intenção de judicializar o caso. Em tom de ironia, o ex-presidente disse que não cobra nada para fazer o mesmo.

 

Bronca nos bastidores

Conforme informou a colunista Malu Gaspar, Bolsonaro distribuiu broncas entre aliados nos bastidores, alertando que apoiar Marçal é correr o risco de dar a prefeitura a Guilherme Boulos. O psolista aparece em vantagem contra o ex-coach nas prévias de segundo turno divulgadas pelos principais institutos de pesquisa.

 

Publicamente, a cobrança é mais delicada porque o cenário eleitoral é considerado incerto. A mais recente pesquisa Quaest, divulgada na noite da segunda-feira, preocupou aliados do prefeito porque não mostrou o crescimento que vinha sendo esperado para a reta final, ao mesmo tempo em que apontou para uma estabilização das intenções de voto em Marçal.

Segundo interlocutores, Nunes já havia desistido semanas atrás de ter a companhia do ex-presidente em agendas ou na gravação de programas para o horário eleitoral. O papel de atrair Bolsonaro ficou a cargo de Tarcísio, que não conseguiu convencer o ex-titular do Palácio do Planalto a entrar de cabeça na eleição paulistana.

 

Já em relação ao afago de bolsonaristas a Marçal, fontes ligadas a partidos mais à direita da coligação avaliam que isso é motivado por cobranças diretas dos eleitores nas redes sociais, e que impacta sobretudo aqueles políticos que têm uma maior atuação no meio digital e maior apelo por engajamento — um trunfo que Marçal tem e Nunes, não.

 

Com o apoio explícito vindo à tona, Malafaia rebateu o deputado mineiro, dizendo que o político de primeiro mandato “nem tirou as fraldas da política” e estaria desrespeitando Bolsonaro.

 

Salles, por sua vez, escancarou a preferência por Marçal ao organizar um jantar na sua casa na terça para apresentá-lo a cerca de 130 empresários, segundo ele. O evento fechado também teve a presença do deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PL-SP) e de pessoas próximas ao governo Tarcísio de Freitas, como o empresário Nelson Santini, irmão do assessor especial do governo Vicente Santini, e Antonio Julio Junqueira de Queiroz, ex-secretário estadual de Agricultura.

 

Rifado pelo PL da disputa por duas vezes, Salles acabou liberado pelo presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, quando já não tinha mais condições de concorrer a prefeito por conta dos prazos da Justiça Eleitoral. Ele se filiou ao Novo, que tem como candidata em São Paulo a economista Marina Helena.

Durante ato na Paulista, o deputado foi flagrado com um boné do “M”, símbolo de campanha de Marçal, no bolso. Ele relatou depois ao GLOBO que o candidato teria cedido pessoalmente o objeto e, em tom de brincadeira, não quis revelar para quem iria o seu voto no dia 6 de outubro. Sinalizou, no entanto, que o Novo escolheria Marçal em vez de Nunes em um eventual embate entre os dois no segundo turno.

 

 

Afastamento de Lula das eleições municipais não o poupará de eventual derrota da esquerda

Por  / O GLOBO

 

Nesta reta final das eleições municipais, com disputas indefinidas e emboladas em capitais cruciais como São PauloBelo Horizonte e Fortaleza, não foram poucos os candidatos de partidos de esquerda que batalharam por um vídeo, fala de apoio ou pela presença de Lula num evento de campanha. O presidente da República, porém, frustrou quase todo mundo.

 

Nas últimas duas semanas, emendou uma viagem internacional atrás da outra e passou mais tempo entre Estados Unidos e México do que no Brasil. Também não deu nenhuma declaração sobre as eleições e foi obrigado a cancelar a live que faria com Guilherme Boulos (PSOL) na noite de ontem por causa da emergência com o avião que o trazia do México.

 

O resultado é que a única participação de Lula neste sprint final da campanha antes do primeiro turno será um ato com Boulos na Avenida Paulista, no sábado.

 

Enquanto isso, Jair Bolsonaro tem viajado pelo país num roteiro frenético que chega a contemplar três cidades num único dia, subindo em palanques, gravando vídeos e fazendo lives. Claro que a rotina de Lula tem muito menos espaço que a do antecessor para esse tipo de evento, uma vez que o primeiro tem de governar e o outro não tem outra missão no momento além de pedir voto.

 

Mas foi o próprio presidente da República quem alimentou a expectativa de que essa fosse uma eleição plebiscitária, ao colocá-la sob a perspectiva de uma batalha ideológica entre os “negacionistas” e o campo democrático comprometido com “melhorar a vida do povo”.

 

Em nome desse objetivo, Lula forçou o PT a abrir mão de sua conhecida predileção por candidaturas próprias em locais onde aliados de outros partidos tinham mais chances de ganhar as eleições, como São Paulo, Rio de JaneiroRecife e Salvador.

 

Em junho e julho, atendeu aos pedidos de sua base e visitou oito capitais, além de várias cidades estratégicas, fazendo inaugurações, dando entrevistas a rádios locais e animando atos de governo para os quais convocou os candidatos que apoiava. Em agosto, ainda fez sessões de fotos para santinhos e gravou vídeos de apoio.

 

Quando a disputa começou a esquentar, porém, Lula deixou a campanha de lado e se concentrou no governo. Oficialmente, ninguém dirá que foi essa a razão do recuo, mas ele coincidiu com o momento em que a força da direita nas principais capitais foi ficando mais evidente.

 

Bolsonarismo na dianteira

Segundo um levantamento da Folha de S.Paulo, os candidatos de Bolsonaro estão na liderança das pesquisas em 23 das 103 cidades brasileiras com mais de 200 mil eleitores, enquanto os de Lula estão na frente em 16.

 

Bolsonaristas estão na frente em capitais que elegeram Lula em 2022, como Porto AlegreAracaju, Salvador ou Fortaleza. Em São Paulo, as pesquisas mostram que Boulos só conseguiu até agora atrair metade dos eleitores do presidente, que ganhou naquele mesmo ano na cidade com 53,5% dos votos. E isso mesmo fazendo uma campanha rica, para a qual o PT contribuiu com R$ 30 milhões.

 

A esta altura, já está mais ou menos evidente que a direita sairá forte das urnas — e que, apesar das brigas internas e da ameaça representada por Pablo Marçal, o bolsonarismo segue potente. Não se pode dizer o mesmo sobre o lulismo. Isso deveria funcionar como um sinal de alerta para o PT e para o presidente da República.

 

A História mostra que os resultados das eleições municipais nem sempre revelam o que acontecerá nas presidenciais dois anos depois. Em 2020, o PT perdeu quase cem prefeituras e não conquistou o comando de nenhuma capital pela primeira vez desde a redemocratização, mas ganhou a Presidência em 2022.

Ainda assim, é sintomático dos desafios de Lula que seus aliados com mais chance de vencer neste ano não sejam petistas e que muitos sejam mais de centro do que propriamente de esquerda.

 

Ainda que aos trancos e barrancos e a reboque da inelegibilidade de Bolsonaro, a direita tem experimentado o surgimento de novas lideranças, como Tarcísio de Freitas (Republicanos), Michelle Bolsonaro (PL) e até Pablo Marçal.

 

Em contraste, a esquerda patina, em parte acomodada pela expectativa de uma candidatura de Lula à reeleição em 2026. Num ambiente político tão polarizado como o de hoje, o afastamento do presidente da campanha eleitoral pode fazer a diferença em cidades importantes. E não será suficiente para poupá-lo do ônus de uma eventual derrota da esquerda.

 

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