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Livre há três meses, Lula cria atritos com aliados e aprisiona a esquerda

“Se Lula for para a cadeia, o país vai pegar fogo.” “Quando Lula for solto, vai incendiar as massas.” Ditas e repetidas por aí, as frases apocalípticas acima não se materializaram. A mobilização em torno da prisão do ex-presidente decepcionou quem aguardava uma revolução. Sua libertação tampouco provocou o barulho esperado. Depois de amargar 580 dias na carceragem, na volta às ruas, o petista desancou o atual governo, repisou o mantra de que é vítima de um complô das elites e jurou mais uma vez vingança a Sergio Moro, o responsável por sua condenação. Fora os aplausos da claque dos convertidos, os discursos caíram no vazio. No trabalho de articulação política, Lula agora mais desagrega do que une. Antigos aliados reclamam da insistência em priorizar interesses pessoais e os do PT como condição para formar uma frente de oposição a Jair Bolsonaro. Até mesmo dentro da sigla começaram a surgir vozes dissonantes, o que era impensável alguns anos atrás. Resultado: o Lula livre aprisiona hoje a esquerda em uma encruzilhada de difícil solução.

QUARENTA ANOS DEPOIS… – Grupo fundador do PT: promessas de um novo padrão ético no poder público ficaram para trás Carlos Namba/Dedoc

Explica-se o dilema: de fato, o ex-­presidente ainda é o nome mais forte da oposição, conforme mostram as pesquisas. A questão é que ele está impedido de concorrer nas eleições em razão da Lei da Ficha Limpa, após ser condenado duas vezes em segunda instância no caso do tríplex do Guarujá e no do sítio de Atibaia. Para voltar ao jogo, o petista depende de uma improvável pirueta jurídica do Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, mesmo que concorra, Lula sofre um profundo desgaste de sua imagem. Um nome diferente poderia se beneficiar de sua força sem ser abalado por seus defeitos. Mas nem Lula nem o PT estão preparados para um movimento nessa direção.

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Após crise, Bolsonaro volta a sinalizar que pode indicar Moro para vaga no STF

 
O PRESIDENTE E SERGIO
BRASÍLIA

recente crise política com o ministro da Justiça, Sergio Moro, levou Jair Bolsonaro a colocar novamente o ex-juiz da Lava Jato como o seu preferido para substituir o ministro Celso de Mello no STF (Supremo Tribunal Federal).

O decano se aposentará em novembro, abrindo espaço para o presidente emplacar seu primeiro nome na corte.

Aliados de Bolsonaro veem no gesto de indicar Moro um movimento para blindar um cenário em que ele pode surgir como seu adversário nas urnas na disputa presidencial de 2022.

Segundo relatos feitos à Folha, o ministro tratou da possibilidade de ir para o STF em conversa com o presidente após a polêmica sobre a recriação do Ministério da Segurança Pública, hoje integrado à pasta da Justiça.

 

O diálogo reservado foi apelidado por integrantes da equipe de Moro como uma “DR”, uma discussão da relação.

A indicação para o Supremo abriria ainda espaço para que o chefe do Executivo tenha mais ingerência no Ministério da Justiça, algo que ele vem buscando desde o começo do governo.

 

Um dos pontos sensíveis é a Polícia Federal. Uma saída de Moro pavimenta um caminho para Bolsonaro mexer no seu comando, desejo já sinalizado por ele no ano passado.

Em um aceno à bancada evangélica, o presidente havia definido que escolheria para o Supremo um jurista com respaldo da comunidade religiosa.

“Poderei indicar dois ministros para o Supremo Tribunal Federal. Um deles será terrivelmente evangélico”, disse, em julho de 2019.

O ministro da AGU (Advocacia Geral da União), André Mendonça, surgiu então como primeira opção, tendo sido citado pelo próprio Bolsonaro.

Nos bastidores, no entanto, o presidente passou agora a cogitá-lo para a segunda cadeira a ficar no vaga no STF, a do ministro Marco Aurélio Mello, que tem aposentadoria prevista para 2021.

Para essa posição também está na lista de possibilidades o ministro da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, que vem ganhando prestígio junto ao presidente.

Bolsonaro chegou a dizer que havia reservado uma das vagas a Moro, que deixou a magistratura para se tornar ministro do governo.

O presidente, porém, depois negou haver qualquer acordo e disse apenas buscar alguém com o perfil do ex-juiz.

Segundo assessores, a nova mudança de entendimento, a favor de uma indicação já este ano, se deu após o mal-estar surgido com a declaração do presidente de desmembrar a pasta da Justiça, criando um ministério separado para a Segurança Pública.

Bolsonaro articulou uma reunião com secretários estaduais de Segurança, sem a presença do ministro, que tem usado o tema como uma das suas bandeiras de gestão.

Na ocasião, Moro disse a aliados que, se a manobra ocorresse, deixaria o governo. O atrito provocou reação forte de apoiadores do ex-juiz, que passaram a pressionar o presidente nas redes sociais.

presidente então recuou e disse que, por enquanto, a possibilidade de dividir a pasta está engavetada.

Se antes Bolsonaro pretendia segurar Moro no governo como hipótese de tê-lo como candidato a vice em 2022, agora passou a considerar que a indicação ao STF é uma maneira de evitar que ele se torne um adversário nas urnas. Ao mesmo tempo, é uma estratégia para ganhar mais autonomia sobre seu próprio governo.

Com uma popularidade maior que a de Bolsonaro, como apontou pesquisa Datafolha do fim de 2019, Moro ganhou o apelido no Palácio do Planalto de “ministro indemissível” e se tornou, na avaliação de auxiliares do governo, um contraponto ao presidente na Esplanada.

Então juiz da 13ª Vara Criminal da Justiça Federal em Curitiba e responsável pela Operação Lava Jato, Moro foi convidado por Bolsonaro logo após sua vitória na eleição de 2018. Ele chegou ao governo com a promessa de que assumiria um “superministério” com a missão de reforçar o combate à corrupção e ao crime organizado.

No início da semana, em entrevista ao programa Pânico, da rádio Jovem Pan, o ministro mandou um sinal ao Planalto ao se referir a uma eventual indicação como uma “perspectiva interessante”.

“Venho da magistratura, seria algo interessante. Mas a escolha evidentemente cabe ao presidente da República. Ele tem a possibilidade de me indicar, pode indicar outras pessoas”, disse Moro na entrevista.

Além de evitar o risco de Moro se tornar um oponente de Bolsonaro na próxima disputa presidencial, a indicação ao STF evita que ele entre novamente em conflito com o ministro neste ano, desta vez por causa do comando da PF.

O presidente pretende colocar à frente da força policial o atual diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Alexandre Ramagem. Delegado da PF, ele atuou na segurança de Bolsonaro logo após as eleições de 2018 e se tornou seu amigo.

O nome de Bolsonaro, no entanto, não tem o apoio de Moro, que defende a permanência de Maurício Valeixo ou a escolha do diretor-geral do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), Fabiano Bordignon.

O presidente, que pretendia fazer a troca já em fevereiro, deve segurá-la para o final do ano, às vésperas da escolha do nome para o STF.

A possível indicação de Moro ao Supremo tem a simpatia do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e conta com o apoio da ala lavajatista do Senado, onde os indicados para o STF são sabatinados.

No entanto, enfrenta resistência junto a um grupo de parlamentares com processos em curso. Para eles, o ingresso de Moro no Supremo pode mudar o equilíbrio de forças na corte, prejudicando-os.

Também há questionamentos em razão de conversas vazadas entre Moro e o procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol. Os diálogos indicam que Moro, enquanto juiz, orientou o trabalho da Procuradoria, o que é barrado pela lei.

O receio da articulação política do Planalto é que uma indicação do ministro possa ter reação imediata no Legislativo, com ameaça de travamento da pauta do governo.

Alguns senadores têm propostas para alterar o critério de escolha de integrantes do Supremo. A presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), no entanto, já sinalizou que não pretende pautar nenhum texto que altere as regras do jogo imediatamente.

MINISTROS QUE SE APOSENTAM NO GOVERNO BOLSONARO

Celso de Mello
Decano do Supremo, foi indicado por Sarney em 1989. Sua aposentadoria compulsória ocorre em 1°.nov.2020, quando completa 75 anos

Marco Aurélio
Indicado por Collor em 1990, aposenta-se em 12.jul.2021, se mantidos os 75 anos como idade compulsória para aposentadoria no serviço público

Ao buscar Flávio Dino, Lula se vinga de Rui Costa na Bahia — entenda

O ex-presidente Lula reavivou paixões nos partidos de esquerda ao ensaiar uma aproximação com o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).

Lula foi a Dino depois de o comunista bater um papo com Luciano Huck e mostrar que está aberto discutir um projeto de país com o “centro” político. O ex-presidente quer o governador maranhense na canoa petista em 2022. A ideia foi lida dentro do petismo como uma provocação ao grupo do partido liderado por Rui Costa, governador da Bahia.

Lula não perdoa o governador baiano por alimentar, durante sua prisão em Curitiba, o movimento para que o PT se desvinculasse do “Lula livre”, reconhecesse a culpa pela roubalheira na Petrobras e tocasse o barco adiante.

Em setembro do ano passado, o governador baiano deu uma entrevista a VEJA. Sobre a roubalheira apurada pela Lava-Jato, disse o seguinte: “Não sou da opinião de que tudo o que foi apurado é falso ou fruto de manipulação para perseguir e condenar o PT e outros partidos de esquerda. Muitas daquelas coisas têm provas materiais”.

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A fala doeu no coração lulista do partido. Rui Costa foi além. Questionado se estava na hora de o PT pensar no pós-Lula, ele primeiro acariciou com um “Lula é intrínseco ao PT” e depois cravou a estaca: “O debate não tem de ser com ou sem ele. Mas o cenário mundial mudou, a economia mudou. É preciso um novo olhar sobre gestão pública.”

Lula sabe mais do que ninguém fazer cálculos políticos. A Bahia é o quarto maior estado do país, com 14,8 milhões de habitantes. É também uma fortaleza eleitoral petista. Não fosse o ódio de Lula pelo grupo petista que tentou virar-lhe as costas na cadeia, Rui Costa seria um potencial candidato ao Planalto.

Ironicamente, a Lava-Jato tem ajudado Lula a migrar para o Maranhão de Flávio Dino. Como o Radar mostrou há duas semanas, as investigações de desvios da Petrobras chegaram ao PT baiano. VEJA

Capitão Wagner aponta 'independência' em relação ao Governo Bolsonaro

CAPITÃO WAGNER PRÉ CANDIDATO

A força do presidente Jair Bolsonaro nas eleições municipais deste ano ainda é uma incógnita. A expectativa é pelo cenário político e econômico que poderão sinalizar o poder dessa influência, inclusive por parte de nomes que pretendem se colocar na disputa eleitoral deste ano. Em entrevista ao Diário do Nordeste, o deputado federal Capitão Wagner (Pros), apoiador do chefe do Palácio do Planalto no pleito de 2018, prega "independência" em relação ao Governo Federal, mas também fala das prioridades do Legislativo neste ano e do diálogo com o Governo do Estado na atuação parlamentar.

De olho no pleito de outubro próximo, Wagner aponta diferenças entre ele e Bolsonaro e ressalta feitos da gestão. O apoio dos grupos ligados a Bolsonaro e às questões conservadoras é um dos componentes que estarão em jogo entre os representantes do campo de direita na eleição.

No ano passado, Wagner foi alvo de críticas de parte do eleitorado, após ter votado contra a reforma da Previdência na Câmara. Para 2020, ele acredita que a reforma tributária deve ser prioritária no Congresso Nacional em relação à reforma administrativa.

Apesar de o Pros ser um dos mais alinhados a Bolsonaro, o cearense afirma que se posiciona nas votações conforme a própria "convicção". "Independentemente de questão eleitoral, desde o começo do mandato, me preocupei em manter um posicionamento coerente", justifica.

Wagner lista, porém, pontos que o afastam do Governo. "Por exemplo, eu não tenho qualquer dificuldade de diálogo com a imprensa, a gente entende que essa relação precisa ser harmoniosa e independente. A gente tem diferença na relação com os políticos, que é uma relação de muito respeito, mesmo com os adversários. A gente entende o papel de cada um".

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O Novo não quer um centavo dos R$ 2 bi que Bolsonaro dará aos partidos

Ele é uma espécie de mecenas da política. Milionário – declarou à Receita na campanha presidencial de 2018 possuir bens no valor de R$ 425 milhões – , João Amoêdo usou parte de sua fortuna (R$ 4,5 milhões) para fundar o Novo em 2011. E, mais que isso, envolveu seus amigos banqueiros no projeto de criação do partido, com a ideia de unir gente nova, executivos de empresas e do mercado financeiro, que estavam à margem do processo político, mas que desejavam construir um Brasil liberal na economia e conservador nos costumes.

O propósito de Amoêdo é fazer política de um modo diferente: não usar dinheiro público para manter o partido ou disputar eleições. Por isso, o Novo se recusa a receber um único centavo dos R$ 2 bilhões destinados pelo presidente Bolsonaro aos partidos para gastos com a campanha eleitoral de 2020. Amoêdo diz que a legenda prova, assim, que esse modelo é viável. “Sem dinheiro público, em 2018 eu fiquei em quinto lugar na eleição para presidente, à frente de Marina Silva e Henrique Meirelles, ao mesmo tempo em que elegemos oito deputados federais e o governador de Minas Gerais”.

O que o senhor achou do presidente Jair Bolsonaro ter sancionado a lei que aloca R$ 2 bilhões ao fundo eleitoral para as campanhas municipais de 2020?
Muito ruim, por dois motivos. Primeiro, porque nas eleições municipais de 2016 não houve financiamento de empresas e nem dinheiro público. As eleições transcorreram normalmente, com campanhas mais baratas. Ficou demonstrado que não havia necessidade de dinheiro público para o pleito. Esse dinheiro liberado agora deveria estar sendo destinado para as áreas sociais. Porque, no fundo, ele é retirado do bolso do cidadão em forma de impostos. Tais recursos poderiam estar sendo usados pelas pessoas para comprarem comida e remédios. Mas o que ficou muito ruim foi o fato de o presidente liberar os R$ 2 bilhões sob a alegação de que se não o fizesse poderia sofrer impeachment. Isso não é verdade. Os advogados que nos assessoram disseram que não havia esse risco para o presidente.

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