Mansueto Almeida: “Governo de esquerda também pode privatizar”
O economista afirma que governos interessados em fazer gastos sociais, como em educação e saúde, têm de ser os mais responsáveis com as contas públicas
Mansueto Almeida considera-se um economista de esquerda – afinal, acha que o Estado tem papel importante na distribuição de renda. Além disso, colabora com outros pesquisadores brasileiros para aferir resultados de políticas sociais adotadas em outros grandes países em desenvolvimento. Mesmo assim, tem amigos que o consideram de direita. “Eles acham que sou de direita, eu pendo mais à esquerda, e não vejo problema nenhum nisso”, diz, rindo. Mansueto é rotulado como “de direita” por ser crítico contumaz da gastança de verba pública para incentivar grandes empresas brasileiras. A prática ganhou força no segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, sob pretexto de combater os efeitos da crise econômica global de 2008, e disparou no primeiro governo de Dilma Rousseff. Mansueto associa essa visão à “esquerda atrasada da década de 1950”. Ela obstrui o crescimento econômico e prejudica a inclusão social dos mais pobres. E se opõe aos ideais social-democratas de países avançados, como o Reino Unido, onde se sabe que investir mais num sistema universal de saúde exige que o governo atente para os limites do orçamento e deixe de gastar em alguma outra coisa. Esse tipo de discussão, que tem como pilar a responsabilidade fiscal, é distorcido e mal interpretado no Brasil.

Qual é a Alternativa?
O Brasil está deprimido, clinicamente. Não consegue ver nenhuma saída para seus problemas. Percebe o problema fiscal como insolúvel. Tinha metas no passado? Não conseguiu atingir. Tem metas menores no presente? Já não são factíveis. E as metas futuras, basta prometer, não? Já ninguém acredita. Mas, e se for pra valer, cortando gastos? Dizem que estamos no osso (mesmo gastando mais de 40% do PIB). E aumentar impostos, como no passado? Ninguém mais se submete a isso. A solução, então, é aceitar o déficit primário? É a pior saída. Significaria mais inflação, recessão, queda de salário real e piora na distribuição de renda.
Indicar um déficit primário no Orçamento (em vez de superávit) para o ano que vem significa admitir que o País não consegue decidir-se por um caminho que evite o pior. E significa também que não há consenso para transformar um desequilíbrio no presente em equilíbrio futuro. O resultado será uma dívida crescente. E um risco Brasil maior. Nesse caso, as agências de classificação provavelmente reduziriam o grau de investimento do País. Os investidores reprecificariam os ativos brasileiros no mercado, o que resultaria em queda na bolsa, depreciação do câmbio e juros maiores nos mercados.
A inflação viraria a solução, na falta de opção. A depreciação do real aumentaria a inflação, o que reduziria as rendas, em termos reais. Os salários não conseguiriam acompanhar a inflação, em razão da fraqueza no mercado de trabalho. As rendas mais baixas sofreriam mais com o aumento da inflação por estarem menos protegidas e consumirem parcela maior da renda. A inflação é o imposto regressivo que fecha as contas, à força. É a solução clássica no Brasil do passado. As diversas lideranças neste país se recusam a optar por outra solução.
O PT quebrou o país. Agora é oficial!
Pois é, pois é…
Não fossem as pedaladas fiscais, teria ficado claro que o país já produziu déficit primário no ano passado, o que deve acontecer também neste ano. E um novo já está programado para o ano que vem. Na peça orçamentária de 2016 que o governo entregou ao Congresso, a conta fica negativa em R$ 30,5 bilhões — o correspondente a 0,34% do PIB. No começo do ano, se bem se lembram, o governo Dilma prometia um superávit de 1,15% em 2015 e de 0,7% em 2016.
Do ponto de vista, vamos dizer, estritamente moral, não deixa de ter havido um avanço. Ainda que o déficit vá ser, provavelmente, maior, o governo, desta feita, não procura enganar o distinto público com um superávit que não existe, a exemplo do que fez no ano passado e do que estava tendente a fazer neste ano. Aliás, cumpriria já estabelecer uma meta crível de déficit para este 2015, não? É claro que não se vai fazer aquele superávit de 0,15% — mixaria em torno de R$ 8 bilhões.
Uma elevação do padrão moral não torna, no entanto, melhor a contabilidade. É claro que estamos diante do resultado do desastre provocado pelo PT na economia. Os mercados, por exemplo, não reagem aplaudindo o amor do governo pela verdade, mas corrigindo o preço da crise. O dólar foi para as nuvens e fechou o dia a R$ 3,68.
Haddad, acreditem, quer proibir o Pixuleko em SP
De tão autoritária, a ideia chega a ser ridícula. De tão ridícula, chega a ser cômica. Mas bufões com vocação de tiranos na Prefeitura de São Paulo não são nenhuma novidade. Acreditem: a administração petista está mesmo levando a sério a possibilidade de proibir a exibição do Pixuleko com base na Lei Cidade Limpa. A que estágio essa gente não pode se degradar, não é mesmo? O boneco, claro, “pegou”. A cada vez que é exibido, ele liga a obra a seu autor. Então vamos ver. Nas manifestações do Movimento Passe Livre, que fez campanha para Fernando Haddad, não custa lembrar, uma grande catraca sempre serviu de símbolo. Depois de os bandidos mascarados incendiarem ônibus, atacarem estações de Metrô e depredar bancos, a tal catraca era queimada. E nunca ocorreu aos petistas que pudesse haver ilegalidade naquilo tudo. Mais do que isso: Gilberto Carvalho, então secretário-geral da Presidência, recebeu os burguesotes enfezados do Passe Livre no Palácio do Planalto. Em setores da imprensa, eram tratados como heróis. Quebrar pode. Incendiar pode. Depredar pode. Bater em policial pode. Provocar a desordem na cidade pode. Mas exibir um boneco? Ah, isso fere a Lei Cidade Limpa.
Fernando Haddad, definitivamente, é um político patético.
Não dá mais, Dilma! A Presidência não pode mais ser ocupada pelo vazio. O país não aguenta
Nesta segunda-feira, algumas verdades vieram à luz apenas porque o governo já não consegue mais escondê-las nas dobras da impostura. O Orçamento de 2016 foi enviado ao Congresso. Nele se prevê um déficit de 0,34% do PIB — ou R$ 30,5 bilhões. É a confissão de um desastre. Mas não só isso. Nelson Barbosa, ministro do Planejamento, teve de desmentir a presidente Dilma Rousseff, com todas as letras e sem subterfúgios. Afirmou: “Não é uma questão externa, e sim uma questão fiscal que atinge o Brasil hoje”. Ah, bom!!! A professora Dilma havia nos ensinado que isso tudo era culpa da crise internacional. Aí as pessoas procuravam a tal crise e não a encontravam. Mais: perguntavam-se por que a dita-cuja não atinge a maioria dos países da América Latina.
Enquanto o governo beijava a lona em Brasília, Michel Temer falava em São Paulo no Fórum Exame 2015. Disse que é importante que um governo reconheça seus erros — Dilma ainda não se ajoelhou no milho; ainda está na fase do talvez… Sabem como é difícil a um esquerdista a genuflexão no altar da realidade. Admitiu as dificuldades de se criar um novo imposto — tese na qual ele próprio não embarcou — e disse com todas as letras que o país precisa cortar gastos. Foi aplaudido.
Mais casa sem gente do que gente sem casa Read more: http://oglobo.globo.com/economia/meio-seculo-de-espera-17348140#ixzz3kTT8Zo5y
SALVADOR E RIO - O Brasil vive um paradoxo: há mais imóvel vazio do que gente em busca de moradia. O déficit habitacional estimado é de cerca de 5,43 milhões de residências. Enquanto isso, há 6,097 milhões de unidades vagas, segundo dados do Censo. Diferentes razões explicam a situação. Há imóveis de governos das três esferas — União, estados e municípios —, unidades em disputa na Justiça, com dívidas de impostos, cujos proprietários já morreram sem deixar herdeiros, entre outros. Ao contrário de outros países, aqui não há grandes punições para quem deixa caros metros quadrados sem ninguém. Isso pressiona a necessidade por residências e faz com que muitas delas, algumas até em ruínas, sejam invadidas. O governo já estuda incluir a reforma de imóveis vazios na terceira fase do programa Minha Casa Minha Vida. Não que unir “casa sem gente e gente sem casa” seja simples. Especialistas lembram que é preciso mapear onde estão esses domicílios vazios e onde está o déficit habitacional. Mas defendem serem necessárias políticas para aproveitar as áreas já ocupadas das cidades, que dispõem de infraestrutura, serviços e transportes.
Sérgio Magalhães, presidente nacional do Instituto de Arquitetos do Brasil, afirma que o governo investe o pouco que tem na expansão das cidades e abandona as áreas consolidadas:
— Cidades espalhadas são mais caras que as compactas, como Paris. Você demanda mais água, energia, serviços, segurança e transporte.