PSDB, DEM e MDB se reaproximam por protagonismo nas eleições de 2022
03 de abril de 2021 | 05h00
Dois meses após a vitória de Arthur Lira (PP-AL) na disputa pelo comando da Câmara dos Deputados, dirigentes do DEM, PSDB e MDB intensificaram as conversas sobre as eleições de 2022 e subiram o tom no discurso de oposição ao presidente Jair Bolsonaro. A relação entre os três partidos ficou abalada após a eleição para a presidência da Casa, quando Lira recebeu 302 votos e venceu Baleia Rossi (MDB-SP) no primeiro turno com apoio de deputados do DEM, que liberou a bancada, e do PSDB.
No momento em que Bolsonaro abre espaço para o Centrão, em busca apoio para tentar se reeleger, as três legendas pregam unidade no ano que vem em torno de um nome competitivo que possa quebrar a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Palácio do Planalto. O assunto foi tratado em um almoço na semana passada em Brasília que reuniu o presidente do PSDB, Bruno Araújo, do DEM, ACM Neto, e os líderes das duas bancadas, Rodrigo Castro (PSDB-MG) e Efraim Filho (DEM-PB).
Lideranças do DEM e do PSDB estiveram no centro da articulação do manifesto em defesa da democracia que reuniu seis presidenciáveis nesta semana. O movimento consolidou a percepção de que esse consórcio partidário deve estar afinado com as outras forças do chamado “polo democrático”. Esse é o nome do grupo de WhatsApp que reúne os seis signatários do manifesto, além do ex-juiz Sérgio Moro.
“A união entre DEM, MDB e PSDB fortalece o campo democrático para as eleições de 2022 e une partidos cujas lideranças têm pensamentos muito próximos e relações profundas”, disse o governador João Doria ao Estadão.
Por ora, ainda não há consenso em relação aos nomes que estão colocados à mesa: os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), do PSDB, o apresentador Luciano Huck, e os ex-ministros Sérgio Moro e Luiz Henrique Mandetta (DEM).
Vacinados com Coronavac têm anticorpos contra o vírus, mas em baixa quantidade, diz estudo no Chile
Fernando Reinach, O Estado de S.Paulo
Considerando que milhões de pessoas já foram vacinadas com a Coronavac, é preocupante que os resultados do ensaio clínico feito no Brasil ainda não tenham sido publicados. Agora pesquisadores do Chile e da Sinovac publicaram os resultados interinos coletados no estudo de fase 3 realizado no Chile.
O estudo descreve a segurança da vacina e a resposta imune dos vacinados. Ele é pequeno, ainda não foi revisado por pares, mas indica o que devemos esperar dos resultados obtidos no Brasil. Ele contém dados sobre a resposta imune dos vacinados, algo que o Butantan ainda não divulgou.
O estudo envolve 434 pessoas, mas os estudos de imunogenicidade foram feitos em só 190 voluntários. Desses, 173 tinham de 18 a 59 anos e 17 tinham 60 anos ou mais. Entre os mais jovens, 132 receberam a Coronavac e 41, um placebo. Entre os mais velhos, 14 receberam a vacina e 3, um placebo.
Anticorpos contra a proteína N são os anticorpos medidos nos ensaios sorológicos para saber se uma pessoa já foi infectada. Não se sabe o papel desses anticorpos na proteção contra o vírus. De prático, isso significa que os testes sorológicos de rotina não são capazes de identificar pessoas que tomaram a Coronavac.
O segundo resultado se refere aos anticorpos gerados contra o RDB (o Receptor Binding Domain), que é a ponta da espícula do coronavírus, a parte que ele usa para se ligar às células humanas. Os cientistas acreditam que esses são os anticorpos mais importantes, pois um subgrupo desses anticorpos é capaz de bloquear a entrada do vírus na célula humana. As vacinas da Moderna e Pfizer são desenhadas para gerar esse tipo de anticorpo.
A boa notícia é que a Coronavac induz a produção desses anticorpos tanto em pessoas mais jovens (18-59) quanto nas mais idosas (60 ou mais). Os jovens produzem esses anticorpos após a 1ª dose, mas os mais velhos somente a partir da 2ª dose. A quantidade desses anticorpos é alta (eles podem ser detectados mesmo após diluir o soro mil vezes), mas bem menor que a gerada nas vacinas de mRNA.
Finalmente, os cientistas mediram a presença de anticorpos neutralizantes, aqueles que são capazes de bloquear a entrada do vírus na célula humana. A Coronavac também é capaz de gerar esses anticorpos tanto em jovens como em pessoas mais velhas, mas a quantidade gerada é muito baixa pois eles deixam de ser detectados se o soro for diluído mais do que 16 vezes.
Os cientistas tentaram medir a resposta das células T em pessoas vacinadas, mas os resultados, apesar de positivos, não parecem ser suficientes para concluir que a Coronavac produz uma resposta celular potente.
A conclusão é de que os vacinados no Chile com a Coronavac possuem os anticorpos necessários para combater o Sars-CoV-2, mas em baixa quantidade, o que está de acordo com a baixa eficácia da vacina (50%). Essa baixa quantidade de anticorpos também deixa em aberto a possibilidade de a Coronavac ser menos eficaz, ou mesmo ineficaz, contra as novas variantes.
De qualquer modo, a Coronavac é segura e, apesar dessas características, deve ser tomada por todos assim que possível. No futuro, ela provavelmente será substituída por vacinas que oferecem maior proteção.
MAIS INFORMAÇÕES:INTERIM REPORT: SAFETY AND IMMUNOGENICITY OF AN INACTIVATED VACCINE AGAINS SARS-COV-2 IN HEALTHY CHILEAN ADULTS IN A PHASE 3 CLINICAL TRIAL
É BIÓLOGO, PHD EM BIOLOGIA CELULAR E MOLECULAR PELA CORNELL UNIVERSITY E AUTOR DE A CHEGADA DO NOVO CORONAVÍRUS NO BRASI;FOLHA DE LÓTUS, ESCORREGADOR DE MOSQUITO E A LONGA MARCHA DOS GRILOS CANIBAIS.
O resultado que chama a atenção é que a Coronavac não gera anticorpos contra a proteína N, apesar de essa proteína estar presente na vacina. Esses anticorpos são produzidos em abundância quando as pessoas são infectadas pelo Sars-CoV-2.
Juízes usam informação falsa sobre a OMS para fundamentar decisões
Dois juízes de cidades do interior paulista usaram, nos últimos dias, uma informação falsa atribuída à Organização Mundial da Saúde (OMS) para fundamentar decisões contrárias a medidas sanitárias restritivas impostas por decretos municipais e estaduais. Nos dois casos, os magistrados afirmam que a OMS apelou para que governantes não usem o lockdown como medida de prevenção à disseminação do vírus que provoca a Covid-19 e que não há comprovação sobre a eficácia da medida. A organização, contudo, nunca fez tal apelo.
A decisão mais recente foi tomada no domingo passado (28/3) pelo juiz Augusto Bruno Mandelli, que atendia ao plantão judicial na cidade de Avaré. O magistrado questiona o consenso científico que aponta o distanciamento social como uma forma eficaz de se evitar o contágio. Para ele, não há prova de que restringir determinadas atividades ajuda a conter a disseminação do vírus. Ele afirma, na decisão, que as restrições não apresentaram qualquer resultado positivo até hoje. "A História apresenta vários exemplos de pandemias. A única exceção presente é a forma como se está lidando com ela, com medidas nunca antes experimentadas e que não contam com embasamento científico algum", diz.
Ao declarar ilegal decreto municipal de Avaré que proibiu a venda de bebidas alcoólicas em determinado período, o juiz Bruno Mandelli afirmou que "há meses a OMS se pronunciou contra as medidas restritivas impostas por governadores e prefeitos (lockdown — ainda que disfarçado de quarentena) que, por sua vez, jamais justificaram, a não ser por gráficos e números imprecisos e sem qualquer base científica, suas providências". A íntegra da decisão pode ser lida aqui.
Argumentos semelhantes foram usados pelo juiz Giovani Augusto Serra Azul Guimarães, de Ribeirão Preto. O magistrado afirmou que estudos demonstram a "ineficácia de medidas como as estabelecidas nos decretos governamentais" ou "do chamado lockdown" na contenção da pandemia. "E a Organização Mundial da Saúde já apelou aos governantes para que deixem de usar o lockdown, medida que 'tem apenas uma consequência que você nunca deve menosprezar: torna os pobres muito mais pobres'. Qual, então, o respaldo do decreto governamental, no qual se fundou a prisão do indiciado, diante da Constituição da República, da decisão do Supremo Tribunal Federal pertinente ao tema, das orientações da Organização Mundial da Saúde e da ciência?", questiona o juiz.
Na decisão (leia aqui a íntegra), ele determinou a soltura de um comerciante preso por descumprir de forma reiterada as determinações impostas pelas medidas sanitárias e por incitar outros comerciantes a fazer o mesmo. Para justificar a afirmação de que a OMS fez apelos contra lockdown, o magistrado Serra Azul Guimarães faz referência a uma notícia publicada no site Frontliner, desmentida por diversas agências de checagem. O link indicado pelo juiz para dar sustentação à sua afirmação sobre a OMS não está mais no ar.
No último dia 3 de março, o blog Estadão Verifica, do jornal O Estado de S.Paulo, checou as informações publicadas pelo site indicado pelo juiz de Ribeirão Preto. De acordo com o jornal, o texto é enganoso e "distorce a fala de David Nabarro, emissário especial da Organização Mundial da Saúde, durante entrevista para a revista britânica The Spectator”. A Lupa, agência de checagem da revista piauí, também publicou texto desmentindo informação atribuída à OMS de que a Suécia seria um bom exemplo a outros países por não ter realizado lockdown.
Em texto publicado em seu site no dia 31 de dezembro de 2020, a OMS fala sobre imunidade de rebanho, lockdown e Covid-19 — clique aqui para ler a íntegra, em inglês. O texto esclarece a posição da instituição sobre o lockdown. "Medidas de distanciamento físico em larga escala e de restrições a movimentação, muitas vezes chamadas de 'lockdowns', podem retardar a transmissão do Covid-19 ao limitar o contato entre as pessoas". A OMS ainda afirma que "alguns países não tiveram escolha a não ser emitir pedidos de permanência em casa e outras medidas".
A entidade internacional alerta, sim, para o fato de que medidas restritivas podem ter impacto profundo sobre as pessoas ao paralisar atividades econômicas. Mostra especial preocupação com grupos historicamente desfavorecidos, como pessoas em situação de pobreza, migrantes e refugiados. Mas em momento algum do texto a OMS afirma que "a única consequência" de medidas restritivas é tornar os pobres mais pobres, tampouco se pronunciou de forma frontalmente contrária à adoção de medidas que impõem restrições e distanciamento social.
Mortes por covid-19 chegam a 2.922 em 24 horas
As mortes em virtude da covid-19 chegaram a 328.206 hoje (2). Nas últimas 24 horas, foram registradas 2.922 mortes. Entre ontem e hoje foram 70.238 novos diagnósticos positivos. No total, 12,9 milhões de pessoas foram contaminadas pela covid-19 no Brasil. Dessas, 11,2 milhões se recuperaram.
O balanço, divulgado diariamente pelo Ministério da Saúde, reúne as informações levantadas pelas secretarias estaduais de Saúde de todo o país.
Em geral, os registros de casos e mortes são menores nos feriados, como hoje, sábados e domingos em razão da dificuldade de alimentação dos dados pelas secretarias de Saúde. Já nos primeiros dias úteis seguintes, os totais tendem a ser maiores pelo acúmulo das informações de fim de semana que são enviadas ao ministério.
Estados
São Paulo chegou a 2,5 milhões de pessoas contaminadas. Os outros estados com maior número de casos no país são Minas Gerais (1,1 milhão) e Rio Grande do Sul (858 mil). Já o Acre tem o menor número de casos (70,8 mil), seguido de Roraima (90,1 mil) e Amapá (98,3 mil).
Em número de mortes, São Paulo também lidera, com 76,5 mil. Rio de Janeiro (37,2 mil) e Minas Gerais (25,2 mil) aparecem na sequência. Os estados com menos mortes são Acre (1,2 mil), Amapá (1,31 mil) e Roraima (1,35 mil).
Edição: Kelly Oliveira / agência brasil
Os Dez Mandamentos estreia na TV Brasil
Sucesso de audiência, a novela Os Dez Mandamentos estreia na próxima segunda-feira (5), às 20h30, na TV Brasil. A superprodução reconta uma das mais famosas passagens da Bíblia: a saga de Moisés, desde seu nascimento até a chegada de seu povo à Terra Prometida, passando pela fuga do Egito através do Mar Vermelho e o encontro com Deus no Monte Sinai. A atração vai ao ar de segunda a sábado, sempre no mesmo horário.
Com direção de Alexandre Avancini e autoria de Vivian de Oliveira, a trama, exibida originalmente na Rede Record, narra conflitos entre Moisés e Ramsés e histórias do povo hebreu na conquista de uma nação. Ao todo, são 242 episódios, de aproximadamente 50 minutos cada.
A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) adquiriu os direitos de exibição das 1ª e 2ª temporadas. O contrato de licenciamento permite a exibição da telenovela pela emissora, pelas afiliadas da Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP), pela TV Brasil Web e pelo aplicativo TV Brasil Play.
O Diretor de Conteúdo e Programação, Denilson Morales, conta que a aquisição da novela vem ao encontro da necessidade de buscar alternativas neste difícil momento para a produção audiovisual nacional e internacional, no qual todos foram afetados pelas restrições provocadas pela pandemia.
“Procuramos alternativas para cumprir a nossa missão e, uma delas, foi incentivar a produção nacional - aquelas que se encontram em acervos - e dar visibilidade a grandes obras, licenciando produtos de ponta de outras emissoras/distribuidores de conteúdo do país, como a novela Os 10 Mandamentos, que foi um case de sucesso na tv brasileira e, será revista aqui, na TV Brasil, canal que tem crescido em audiência e relevância ao longo dos anos”, afirma Morales.
Nova programação
A partir da próxima segunda (05), a TV Brasil estreia uma programação diferente com a credibilidade que os espectadores já conhecem. Tem mais notícias, de segunda a sexta, às 12h, com a chegada dos noticiários locais Repórter DF, Repórter Rio e Repórter SP. O Repórter Brasil Tarde está com novo horário e passa para as 12h15. O telejornal noturno Repórter Brasil continua às 19h e vai entregar mais 10 minutos de informação para o público.
O jornalismo das Rádios EBC chega à TV Brasil. De segunda a sexta, a partir das 7h30, o Repórter Nacional, da Rádio Nacional, faz um giro de 30 minutos com tudo o que você precisa saber para começar o dia bem informado.
O Sem Censura está de volta sob o comando da jornalista e escritora Marina Machado. Com 35 anos de história, o programa volta às origens com grandes entrevistas e debatedores discutindo assuntos da atualidade sobre diversos temas como comportamento, cultura, política, educação, entretenimento, saúde, esporte e tecnologia. Toda segunda às 21h30.
As novidades não param. Tem estreia e novas temporadas de atrações infantis e infantojuvenis na TV Brasil Animada, Valentins, Detetives do Prédio Azul, Os Chocolix, Martin Manha, A Mirette Investiga, entre outros.
Ao vivo e on demand
Acompanhe a programação da TV Brasil pelo canal aberto, tv por assinatura e parabólica. Veja como sintonizar no site da TV Brasil.
Os programas favoritos dos telespectadores também estão disponíveis no TV Brasil Play, aplicativo para plataformas Android e iOS, além do site http://play.ebc.com.br.
'Golpe militar' vira 'reforma militar' em letra de música do Blues Etílicos alterada na internet
Macedo Rodrigues / o globo
O fantasma em torno do golpe de 1964 aparece até onde menos se espera. Na música "Safra 63", do grupo Blues Etílicos, uma espécie de coautor invisível resolveu modificar a letra na internet. Onde se lia "golpe militar", hoje se lê "reforma militar", em grande parte dos sites de músicas, cifras e letras. A descoberta, feita por acaso, foi do autor da canção, Claudio Bedran, que se espantou com a parceria forçada. E a situação é ainda pior, ele se deu conta, quando constatou que a mudança foi feita também em sites dos Estados Unidos e da Europa.
— Fiquei indignado. Isto é uma vergonha inominável. E não sou imbecil. É uma pena, mas eu nunca vou descobrir quem é este esse sujeito, porque muitos sites de música funcionam assim: há liberdade para escrever, sem se identificar.
Claudio se pergunta qual o alcance do mecanismo de atualização que, do país de origem da música, envia mudanças que reverberam internacionalmente. Os sites letras.mus.br e vagalume.com.br não responderam à reportagem até a publicação. No Letras, a reportagem verificou que basta se inscrever que qualquer um pode editar a música que quiser, e a letra de "Safra 63" já voltou à versão original. No site, a obra vem acompanhada da informação: "Enviada por Fernando. Revisão por Rogerio. Viu algum erro? Envie uma revisão." Já, no Vagalume, não é possível que assinantes façam revisões facilmente — e, lá, a letra segue com a expressão "reforma militar".
A música, lançada em meados dos anos 80, passou incólume à Censura da época.
— E veio se tornar polêmica justamente agora, com o Brasil dominado pela ultradireita. Talvez, até hoje, existam apenas umas três músicas com "golpe militar" nas letras — acredita Claudio, que achou o problema em sua letra em mais de uma dúzia de sites e tem tentado entrar em contato com administradores fora do Brasil para fazer a correção em todos os registros. — Não posso me conformar com uma coisa dessas. Imagina se esses caras resolvem se meter na obra de um Chico Buarque.