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Estatísticas letais - O QUE A FOLHA PENSA

Ainda que irracional, há algo de compreensível na atitude de quem, diante da tragédia da Covid-19 no Brasil, a encara com certo fatalismo. Em negação, conclui-se que pouco ou nada teria sido possível fazer para nunca ter chegado à tenebrosa montanha de quase 330 mil cadáveres em pouco mais de um ano de pandemia.

Estatísticas fornecem dados objetivos para dissolver o autoengano e orientar tanto a política oficial para conter o flagelo quanto a conduta da opinião pública quando aquela fracassa, caso flagrante do governo Jair Bolsonaro. Milhares de mortes são, foram e permanecerão evitáveis; irracional é desconsiderar o que grita nos números.

A letalidade entre brasileiros hospitalizados com o coronavírus é reveladora. No mês de março, encerrado com a maior quantidade de óbitos já vista (66 mil, ou 89 mortos a cada hora), ela alcançou 40%.

Um escândalo, quando se toma em conta que a proporção se aproxima da verificada em abril e maio de 2020 (42%), quando profissionais de saúde mal sabiam como tratar os doentes graves. Muito já se aprendeu, desde então, mas a letalidade retornou àquele patamar.

As explicações óbvias recaem sobre as novas cepas do vírus e o colapso hospitalar. Mais transmissíveis, as variantes surgidas de mutações causaram súbito aumento de casos que a infraestrutura de saúde não tinha como acolher. Centenas de pacientes começaram a morrer sem apoio adequado, na espera por vaga em UTI.

O surgimento de variantes, contudo, decorre ele próprio do fracasso sanitário. Só o distanciamento social e o uso generalizado de máscaras poderiam diminuir a circulação do vírus e as taxas de mutação.

Entretanto o presidente sabotou tais medidas e ainda criou falsa expectativa de segurança ao promover com dinheiro público a fraude das terapias preventivas.

As estatísticas de letalidade indicam, por outro lado, enorme disparidade regional. Em São Paulo, onde o sistema de saúde é mais desenvolvido, o indicador também subiu, mas em fevereiro se achava em 33%, sete pontos abaixo da média. Em contrapartida, o Rio de Janeiro chegava a 55%, Pernambuco, a 62%, e Rondônia, a 63%.

Tamanha desigualdade, mesmo entre aqueles estados com níveis de renda comparáveis, sugere desempenho disparatado dos respectivos sistemas de saúde.

Com a sincronização nacional da pandemia, já não cabe explicar as diferenças com ondas regionalizadas de contágio —incúria administrativa e descaso de autoridades são causas mais plausíveis.

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