Rumo ao Nordeste
O ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, coordena um grupo de outros ministros que trabalham na criação de uma série de projetos do governo federal para a região Nordeste. Ali está a única região do país em que o presidente Jair Bolsonaro perdeu as eleições, por conta do peso no Nordeste dos programas sociais dos governos do PT. A ideia é reverter esse quadro negativo com ações de várias áreas específicas para os nordestinos. Na segunda-feira 21, o grupo reuniu-se no gabinete do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para uma primeira exposição de Canuto sobre as possibilidades de ações para a região. Participam do grupo ministros como Osmar Terra, da Cidadania; Vélez Rodrigues, da Educação, e Luiz Henrique Mandetta, da Saúde.
TASSO APOIA SIMONE TEBET PARA PRESIDÊNCIA DO SENADO
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) está disposto a desistir de sua candidatura em nome da líder do MDB, Simone Tebet(MS). Em conversas com aliados, o tucano, que é candidato ao comando da Casa, afirmou que Tebet teria seu apoio caso fosse candidata. Na próxima terça-feira (29), Simone disputará com Renan Calheiros (AL) a indicação como candidata do MDB.
Tasso é o segundo candidato a admitir que poderia abrir mão de sua candidatura por Simone. Em entrevista a ÉPOCA, o senador eleito Major Olímpio (PSL-SP) disse que desistiria do pleito pela emedebista.
Por Gabriel Hirabahasi / época
ARMAR A POPULAÇÃO NÃO RESOLVE. DESARMAR, TAMBÉM NÃO
Apesar de o decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro alterando regras para a posse de armas de fogo alterar pouco o panorama geral da questão armamentista no Brasil — não, não vai haver distribuição gratuita de pistolas e munição nas praças, podem desistir — há algumas considerações que merecem ser feitas a respeito do assunto, além do muito que já se disse e escreveu.
Arma de fogo é para matar ou ferir gravemente. Mesmo em legítima defesa, ninguém tem ou porta uma arma para sentir aquele volume incômodo na cintura ou usar como peso de papéis. Quem tem em casa um revólver, pistola, carabina, rifle, garrucha, o que seja, e não é caçador ou atirador esportivo está (ou acredita que está) pronto para revidar à bala uma agressão. Tendo ou não razão para isso.
Dito isso, é fato que a taxa de homicídios por arma de fogo não caiu após o advento do Estatuto de Desarmamento. Ao contrário, aumentou. Em 2006, três anos após a promulgação do estatuto (a Lei 10.826), estava em 18,7 mortes por 100 mil habitantes; dez anos depois, tinha escalado para 21,6 mortes por 100 mil . Em números absolutos, foram mortas a tiro em 2016 9.554 pessoas a mais do que em 2006. Ou seja, restringir o porte e a posse de armas de fogo não melhorou o cenário.
O que motiva isso? Não estudei a fundo o assunto, mas uma das razões, acredito, é o descontrole absoluto do Estado sobre as armas, explosivos, munição, o diabo. As clandestinas e as dele. Em dez anos (2005 a 2015),segundo a CPI das Armas da Assembleia Legislativa do Rio , foram desviadas quase 19 mil armas das forças de segurança e empresas de vigilância. Com 19 mil armas, monta-se uma guerrilha parruda. E isso é apenas no Rio, e apenas em dez anos, e nem compila os desvios ocorridos nas Forças Armadas.
Açudes que antes eram fontes de renda, hoje, agonizam sem água
" Quando olho para o Araras, mesmo não estando seco, lembro de quando existia fartura de peixe aqui na região. A vida da gente que aprendeu a sobreviver dessas águas era difícil, mas não como vejo hoje. O peixe não desapareceu completamente, mas diminuiu muito em quantidade e tamanho. O pescado não desenvolve mais. Uma pena; esse era nosso tesouro". O relato do pescador José Francisco Castro, 65, traduz o sentimento de quem dedicou uma vida inteira sobre as águas calmas do Açude Paulo Sarasate, conhecido como Araras, para tirar o sustento da família.
A dura realidade de quem tinha como opção o cabo da enxada ou o remo das pequenas embarcações para sobreviver, ainda se mostra viva nas marcas deixadas nas mãos grossas pelas malhas de pesca, assim como na memória do homem de cabelos brancos que conserta o motor do pequeno barco, apelidado de "cobra criada".
Paixão
A necessidade que fez José Castro abraçar a profissão de pescador foi a mesma que desenvolveu nele a arte de construir embarcações para ampliar a renda. E nem mesmo o cansaço do corpo e as sucessivas dores de coluna o afastaram das águas do Araras, sua grande paixão. Mesmo aposentado, o homem não descansa. Sai cedinho de casa para organizar as redes, mexer no barco, ou acompanhar algum companheiro de pescaria. "Eu parei mesmo em 2001, mas não saio de perto desse açude. Mesmo consertando motor, ou apenas seguindo o pessoal açude adentro para montar as malhas, eu continuo por aqui. Apesar das dificuldades de hoje, a pesca artesanal ainda dá sustento para quem não tem outra opção. Curimatã, tilápia e piau são os peixes que ainda aparecem por aqui", diz o pescador, com um olhar fixo na imensidão do açude, construído em 1958, sobre o leito do rio Acaraú, no município de Varjota. O reservatório que se estende pelos municípios de Pires Ferreira, Hidrolândia e Santa Quitéria abastece 10 cidades da região Norte.
Agricultores e produtores enfrentam dificuldades com açudes secos
"O açude secou. Moro desde criança aqui bem próximo ao açude e já vivenciei alguns períodos de seca, mas não me lembro de ter visto o Cedro como nestes últimos anos. Está muito seco. É penoso olhar. Triste". A fala, em tom de desabafo, do agricultor Francisco de Assis Bessa Pinheiro, de 64 anos, retrata a realidade do Açude Cedro, na cidade de Quixadá. Na frase consternada, porém, há lugar para um sopro de esparança. Olhando para o céu, seu Francisco tira o chapéu gasto pela ação do tempo, retira um lenço de tecido do bolso e o leva ao rosto, enxugando o suor decorrente do forte calor. Após o ritual, diz: "Vai cair água. Tem que chover! O povo não aguenta mais", e devolve o chapéu à cabeça de cabelos brancos.
No céu, observado pelo agricultor, nenhum indicativo de nuvem que possa sinalizar a tão esperada chuva. No peito, entretanto, lá estão todos os indícios que lhe mantêm firme na caminhada: a fé e a esperança. "O sertanejo é, antes de mais nada, um povo bravo, que não esmorece e acredita sempre num futuro melhor. Tenho fé que isso aqui vai voltar a tomar água. A agricultura vai se recuperar", conta. A menos de 10 metros de onde seu Francisco tenta profetizar o futuro, duas canoas, ancoradas há meses no leito do Açude, denunciam a improdutividade do "Velho Rei", como os mais antigos se referem ao reservatório.