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Lula confirma participação em debate da Band

Por Bianca Gomes / O GLOBO

 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou que irá participar do debate presidencial da TV Bandeirantes neste domingo. Até então, a campanha do petista vinha mantendo mistério sobre a presença do candidato no evento.

— Nos vemos na Band amanhã, 21 horas — escreveu o ex-presidente em sua conta no Twitter no início da tarde deste sábado.

A expectativa é que todos os seis candidatos anunciados para o debate estejam presentes, incluindo Jair Bolsonaro (PL). Apesar de inicialmente ter resistido à participação, o presidente da República disse nesta sexta-feira, em entrevista ao programa Pânico, que "deve ir" à TV Bandeirantes.

— Eu devo estar no domingo. Não estou batendo o martelo. No momento, achava que não devia ir, agora acho que devo ir. Vou ser fuzilado, vão atirar em mim o tempo todo — afirmou Bolsonaro.

Como mostrou o colunista do GLOBO Lauro Jardim, as providências para que o presidente participe do confronto com Lula estão sendo tomadas. Um avião presidencial está reservado para amanhã à tarde de Brasília para São Paulo, assim como Bolsonaro já tem em mãos perguntas e respostas para usar no embate com cada um dos candidatos presentes.

Além de Bolsonaro e Lula, devem estar no debate os candidatos Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Luiz Felipe d'Avila (Novo).

Candidatura de Simone Tebet parece olhar mais para o longo prazo;

Por Rafael Cortez / O ESTADÃO

 

A candidatura presidencial da senadora Simone Tebet foi razoavelmente tardia. Sob o ângulo cronológico, a emedebista foi o último nome a ser especulado como a representante da “terceira via”, ou seja, de uma candidatura que organiza superação da polarização Lula-Bolsonaro, a partir do olhar liberal. O ponto de partida do seu projeto presidencial pareceu bastante desafiador; a senadora sofre com a divisão do seu próprio partido e não conseguiu encontrar palanques estaduais em importante colégio eleitoral. A demora na montagem do projeto nacional certamente dificulta o convencimento do eleitor em uma disputa marcada por dois nomes com taxa de conhecimento bastante elevada, ajudando a explicar a forte cristalização da intenção de voto na corrida presidencial de 2022.

 

O desafio mais urgente do projeto do MDB é aumentar a taxa de conhecimento da senadora. As pesquisas sugerem que algo como sete em cada dez brasileiros não conhecem a candidata, o que torna improvável aumento da sua intenção de voto. Apenas dois em cada dez indivíduos entre o eleitorado de renda baixa afirma conhecer a candidata. A ausência de uma imagem minimamente consolidada, contudo, aumenta o grau de liberdade da sua comunicação na construção da personagem de candidata a presidente.

 

A sabatina ofereceu amplo espaço para a apresentação da candidata ao eleitor. Tal espaço foi resultado da ausência de polêmicas em sua biografia política e histórico do poder. Assim, Simone Tebet conseguiu imprimir sua preocupação com o social, especialmente com os mais jovens e, em diversas oportunidades, reforçar a associação da sua candidatura com o projeto liberal. As referências a condição feminina também foram reforçadas.

A candidata do MDB à Presidência, Simone Tebet, durante entrevista ao Jornal Nacional; senadora se apresentou ao eleitor na sabatina
A candidata do MDB à Presidência, Simone Tebet, durante entrevista ao Jornal Nacional; senadora se apresentou ao eleitor na sabatina  Foto: TV GLOBO

A parte desafiadora da sabatina foi resultado da política. As evidências das dificuldades de mobilizar apoio do projeto do centro-democrático são abundantes e reforçadas ao longo da entrevista. No limite, o projeto presidencial de Tebet parece ser quase um voo solo em meio as divisões no interior da sua coalizão. Tal fraqueza dificulta que as ideias apresentadas cheguem aos destinatários.

Na verdade, a candidatura de Tebet parece olhar mais para o longo prazo. Sob essa ótica, o grau de sucesso da emedebista em mobilizar a sociedade em torno das suas ideias, pode ter impacto na configuração da direita no sistema político brasileiro. O eventual fracasso pode, de fato, consolidar o bolsonarismo como expressão desse campo no país. O jogo de Tebet parece ser mais usar a eleição presidencial como um passaporte para liderar um projeto com maior musculatura no futuro.

Rafael Cortez é sócio da Tendências Consultoria é Doutor em Ciência Política (USP)

Autocrítica tardia

Mais à vontade do que estava Jair Bolsonaro (PL) na mesma bancada três dias antes, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ensaiou uma rara sessão de autocrítica na entrevista que concedeu ao Jornal Nacional nesta quinta-feira (25).

O ex-presidente, que está à frente do rival na disputa pelo Palácio do Planalto em outubro, admitiu que houve corrupção na Petrobras e fez duas críticas a medidas de sua sucessora, Dilma Rousseff (PT), que ajudaram a construir a crise econômica mãe das condições para o impeachment de 2016.

Parece pouco, e é, mas não deixa de ser alvissareiro ver o cacique petista deixar de lado a infalibilidade quase papal que ele costuma despejar no seu discurso público.

Por evidente, não se espera que líderes políticos em campanha transformem suas falas em autos de fé infinitos. Mas a humildade de apontar erros e os caminhos a tomar para não repeti-los poderia ser feita com mais objetividade.

Sobre a corrupção, por exemplo, Lula repetiu o velho bordão de que em seu governo se investigava mais abertamente e, por isso, os problemas emergiam.

Justo, mas ele omite de forma conveniente que o assalto sistemático a fontes de financiamento operado na Petrobras fazia, assim como no antecessor mensalão, parte de um projeto de cristalização no poder de PT e aliados.

O equilibrismo se repete quando Lula fala da política de preços de energia e das desonerações de Dilma —escolha pessoal do então presidente para concorrer em 2010, ano em que o governo abriu os cofres públicos para uma gastança inaudita, que ajudou a deitar sementes para o desastre posterior.

Noves fora o fato de que o ministro da Fazenda de ambos os mandatários foi o mesmo por muito tempo —Guido Mantega.

Ressalvas feitas, Lula se saiu bem no cômputo geral da sabatina na Rede Globo. Fez acenos salutares ao eleitor de centro que ainda o vê como um radical em potencial, embora uma crítica mal colocada ao agronegócio tenha virado munição para rivais bolsonaristas.

Usou seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), como talismã nesse eleitorado. O petista foi além, fazendo uma inédita crítica, ainda que fugaz, a duas ditaduras comunistas com as quais sempre teve relações próximas: Cuba e China, comparadas ao Brasil de forma negativa em termos de práticas democráticas.

Mas faltou a Lula dizer como irá repactuar a relação com o Congresso, transformada numa simbiose aberrante pelas práticas orçamentárias de Bolsonaro e do centrão, e principalmente como será desarmada a bomba-relógio fiscal deixada pelo atual governo.

Para tanto, será preciso bem mais do que carisma e boas frases.

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Lula adequa tom sobre corrupção e evita citar aliados em entrevista ao Jornal Nacional

Por Natália Portinari / O GLOBO

 

 

Numa mudança de tom em relação a declarações anteriores sobre o tema, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitou contestar, na entrevista ao Jornal Nacional na quinta-feira, a existência de um esquema de corrupção na Petrobras, mas atribuiu a confissão de delatores a métodos de aplicação da delação premiada pela Operação Lava-Jato, acusando ter havido depoimentos sob coação do Ministério Público.

O esquema de desvio de dinheiro público na estatal, porém, vai além dos delatores e, segundo relatado em denúncias e decisões judiciais, esteve diretamente ligado ao governo e a aliados.

 

A operação apontou, por exemplo, que José Dirceu, homem de confiança de Lula e ministro da Casa Civil de 2003 a 2005, utilizou sua influência política para manter indicações de diretores na Petrobras, recebendo valores ilícitos em troca. Diferentemente do ex-presidente, que teve suas sentenças na Lava-Jato anuladas no ano passado, as duas condenações contra Dirceu continuam válidas.

Ao rememorar sua batalha jurídica com a Lava-Jato na bancada do JN, Lula criticou métodos que atribuiu à operação em acordos de delatores.

— Você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram. E ficaram ricos por conta de confessar. Você não só ganhava liberdade por falar o que o Ministério Público queria como ficava com metade do que roubou— afirmou.

 

A Lava-Jato apontou que o esquema de pagamento de propina e desvio de dinheiro dentro da Petrobras funcionou de 2004 a 2014 e, segundo as investigações, envolveu desde diretores da estatal, empresários e agentes políticos. O “núcleo político”, segundo o MPF, incluiu integrantes do governo, como Antônio Palocci, ministro da Fazenda de Lula e da Casa Civil de Dilma. Ele mesmo foi um dos que “confessaram” a corrupção, como citado pelo ex-presidente no JN. Segundo o ex-homem-forte dos governos petistas, empreiteiras pagavam propina em forma de “comissão” a cada contrato firmado com a Petrobras. O esquema, de acordo com ele, servia para o governo obter apoio de aliados com a distribuição de cargos.

O senador Fernando Collor (PTB-AL), por exemplo, era um dos aliados do governo de Lula no Congresso e, na gestão petista, foi contemplado com cargos na BR Distribuidora. Anos depois, foi acusado de receber R$ 20 milhões em propina de empresas contratadas pela estatal. Ele ainda responde a ação no STF. O senador nega as acusações.

Lula e a sombra da corrupção

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo

27 de agosto de 2022 | 03h00

Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, o candidato do PT à Presidência da República, Lula da Silva, finalmente reconheceu a existência de corrupção nas administrações petistas. “Você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram (os crimes)”, disse Lula, ao ser questionado sobre desvios de recursos públicos durante as gestões do PT.

A admissão dos erros, no entanto, parou por aí, como se a corrupção nos governos petistas tivesse existido contra a vontade do partido. Tentando inverter os fatos, Lula deu a entender que os muitos escândalos de corrupção, mais do que revelarem condescendência com o ilícito, indicariam o funcionamento republicano das instituições nas gestões do PT. “A corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada”, disse.

A habilidade retórica de Lula – quando lhe convém, usa a máscara do comedimento e do equilíbrio – é incapaz, no entanto, de tapar o sol com peneira. Não basta admitir a existência de corrupção nos governos do PT. O ponto é outro. Por que houve tanta corrupção nos governos de Lula e de Dilma Rousseff? O que fez o PT para criar um ambiente tão propício à corrupção?

A corrupção nos governos petistas não é um efeito colateral ocasional, tampouco reflexo de um sistema corrompido contra o qual é impossível lutar. Houve tantos escândalos de corrupção nas administrações do PT porque a concepção de Estado e de governo do partido propicia enormemente o surgimento desses desvios. A corrupção nos governos de Lula e de Dilma não é fruto do acaso. É fruto de uma concepção de Estado balofo – e, quanto maior o Estado, maiores são as oportunidades de corrupção. É fruto, igualmente, da concepção de política lulopetista infensa ao diálogo, mas aberta a negociar acesso a recursos e cargos públicos em troca de apoio a seus projetos. Por fim, é fruto da tomada do Estado pelos companheiros. 

Não basta Lula prometer que não decretará sigilo de 100 anos sobre atos suspeitos do governo – como Jair Bolsonaro tem escandalosamente feito –, se o PT continua defendendo e praticando o aparelhamento político-partidário do Estado. Não basta Lula dizer que todo indício de corrupção será investigado em um eventual futuro governo, se o PT continua defendendo um Estado perdulário e empresário. Se o partido de Lula não mudar suas práticas e sua concepção de governo, continuará impondo ao País um ambiente fértil a todo tipo de corrupção, a desvios de recursos públicos e ao uso do poder estatal para fins privados.

Lula tem razão quando afirma que a Lava Jato ultrapassou, em diversas ocasiões, os limites da lei. Reconhecidas pela Justiça, as muitas nulidades processuais mostram como é inútil combater a corrupção com práticas ilegais. Mas é igualmente inútil prometer o combate à corrupção sem reconhecer suas causas. Com seu patrimonialismo e aparelhamento, o Estado petista é uma eficiente máquina de produzir escândalos de corrupção. E isso Lula ainda não admitiu, menos ainda retificou, por mais que ande agora de braço dado com Geraldo Alckmin. 

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