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Em viagens e articulações, Tebet tenta unir MDB antes de 'crescer para fora'

Por Bianca Gomes e Gustavo Schmitt — São Paulo

 

Assim como o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro, a senadora Simone Tebet (MS), pré-candidata do MDB ao Palácio do Planalto, tem viajado pelo país para intensificar articulações políticas, quebrar resistências até entre aliados e abrir palanques nos estados para a sua campanha.

As viagens também servem para ajudar a consolidar o apoio dentro do partido, por meio de encontros com lideranças do MDB, como prefeitos e presidentes de diretórios estaduais, além de figuras históricas como o ex-senador Pedro Simon, um dos entusiastas de Tebet. Até agora, ao menos 22 dos 27 diretórios já manifestaram apoio à emedebista, cujo nome foi referendado pelas cúpulas do PSDB e Cidadania.

Há lideranças nesses estados, no entanto, cujo apoio é protocolar e que estão inclinadas a alianças com Bolsonaro ou Lula. Políticos experientes, seja do MDB ou do PSDB, ainda veem a terceira via com ceticismo, mas avaliam que Tebet pode frear a tendência vista hoje pela direção emedebista como majoritária ao bolsonarismo, ainda que no Nordeste líderes sejam favoráveis a Lula.

A candidatura de Tebet é facilitada pela garantia dos recursos da cota feminina de 30%. A estimativa é que a campanha tenha pelo menos R$ 30 milhões.

 

A senadora precisa do apoio das lideranças dos estados para ter seu nome homologado na convenção emedebista, entre julho e agosto. Mas ainda há dúvidas entre políticos experientes e de uma ala do PSDB — que prefere candidatura própria — sobre a viabilidade de Tebet no próprio partido e nas pesquisas de opinião.

De olho nos tucanos

Para ganhar musculatura, falta a confirmação do apoio do PSDB à campanha. No último mês, em especial, ela cumpriu agendas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. Em São Paulo, o MDB deve indicar o vice na chapa do governador Rodrigo Garcia (PSDB), que concorre à reeleição.

Tebet também fez incursões em estados onde tenta destravar as alianças com os tucanos, como o Rio Grande do Sul, que hoje é o maior empecilho para o pacto da terceira via. Lá, o ex-governador tucano Eduardo Leite sofre resistência de uma ala do MDB da velha guarda, que argumenta que a sigla tem mais capilaridade que o PSDB no estado e que já elegeu outros quatro governadores. Ainda assim, o deputado estadual Gabriel Souza, que é pré-candidato da sigla ao governo gaúcho, é aliado de Leite. Esta semana, Tebet viajaria a Porto Alegre na tentativa de superar o impasse, mas cancelou a agenda em função da morte do sogro.

O roteiro mais frequente de viagem da senadora tem sido em seu próprio estado, o Mato Grosso do Sul, onde o MDB indica que não vai ceder apoio ao PSDB ainda que seja para viabilizar o acordo nacional com os tucanos. Tebet conta com o apoio dos deputados e do diretório estadual do MDB no estado, mas o pré-candidato da sigla ao governo, André Puccinelli, que lidera as pesquisas, procura evitar se vincular à senadora, além de ter sido cortejado pelo PT, que quer negociar palanque para Lula no estado.

Para completar o quadro, o marido de Tebet, o pecuarista e deputado licenciado do MDB Eduardo Rocha, é secretário do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) no Mato Grosso do Sul e já deu sinais

Com multidões evangélicas e de olho nas redes, Bolsonaro aperta ritmo de campanha

Por Jussara Soares, Enviada Especial — Manaus

Com marcas de suor espalhadas pela camisa azul clara — reflexos da umidade e do calor de 32 graus em Manaus —, o presidente Jair Bolsonaro caminhava pela principal avenida da capital do Amazonas cumprimentando apoiadores por volta das 15h do sábado, 28 de maio. Os seguidores, em sua maioria evangélicos participantes da 28ª edição da Marcha para Jesus, tentavam tocar no titular do Palácio do Planalto e segurar a sua mão. A agenda oficial do chefe do Executivo, acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, virou um corpo a corpo típico do período eleitoral.

Com marcas de suor espalhadas pela camisa azul clara — reflexos da umidade e do calor de 32 graus em Manaus —, o presidente Jair Bolsonaro caminhava pela principal avenida da capital do Amazonas cumprimentando apoiadores por volta das 15h do sábado, 28 de maio. Os seguidores, em sua maioria evangélicos participantes da 28ª edição da Marcha para Jesus, tentavam tocar no titular do Palácio do Planalto e segurar a sua mão. A agenda oficial do chefe do Executivo, acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, virou um corpo a corpo típico do período eleitoral.

Ao longo de quase seis quilômetros entre o centro histórico e o sambódromo de Manaus, ponto final do evento, Bolsonaro orou diversas vezes com pastores. Aclamado pela multidão evangélica, uma das únicas parcelas do eleitorado em que ele não perde nas pesquisas para o ex-presidente Lula — os dois têm empate técnico—, o titular do Planalto garantiu no evento imagens para reforçar dois de seus discursos eleitorais: o de que tem apoio majoritário do grupo religioso e mostrar ruas abarrotadas de gente para lançar dúvidas sobre os levantamentos que o colocam atrás de Lula. Na semana anterior, o presidente já havia participado de um ato com evangélicos, em Curitiba.

Na concentração da Marcha para Jesus e no sambódromo, um boneco inflável de Bolsonaro de óculos e fazendo “arminha” chamava a atenção. Várias bandeiras exibiam a imagem do presidente com a frase “Fechado com Bolsonaro”. Ambulantes vendiam, por R$ 40, camisetas com a foto dele e os dizeres: “Bolsonaro presidente 2022”. Canecas com estampas em defesa do armamento da população custavam R$ 30.

 

— Nessa Marcha, quem brilhou foi só ele (Bolsonaro). Não tenho dúvida que foi o maior comício da vida dele. Queira ou não queira, ele tirou proveito político — disse Robson Tiradentes, dono de uma empresa que alugou seis trios elétricos para o evento.

Em meio ao calor, o veículo reservado ao presidente dispunha de um “luxo”: um camarim com ar-condicionado.

A prefeitura de Manaus informou ter investido R$ 621 mil na contratação de 24 artistas e bandas que se apresentaram no evento. Os recursos têm como fonte emendas parlamentares. Já o governo do Amazonas não respondeu se ajudou a bancar a celebração, embora a Ordem dos Ministros Evangélicos de Manaus, organizadora da marcha, admita que também contou com verbas do caixa estadual. Tanto o governador Wilson Lima (União Brasil) quanto o prefeito David Almeida (Avante) participaram da celebração com Bolsonaro.

— A Marcha para Jesus, que tem dinheiro público, virou um palanque político. Tinha bandeira de Bolsonaro, camisetas e boneco inflável. Isso é um crime eleitoral. Muitos evangélicos também não concordam e estão revoltados — reclamou o vereador Cícero Custódio da Silva, o Sassá da Construção Civil (PT), que protocolou representações contra o presidente por propaganda antecipada.

 

Considerado um dos pilares da eleição de Bolsonaro em 2018, os evangélicos estão divididos na disputa deste ano. Segundo pesquisa Datafolha de 26 de maio, 39% dos eleitores do segmento religioso dizem votar no presidente, e 36%, em Lula. Ao comentar o resultado, Bolsonaro questionou o dado.

 

— Não sou unanimidade, o dono da verdade, o último biscoito, mas falar que (evangélicos) estão divididos? — disse o presidente durante uma live no dia seguinte à divulgação da pesquisa.

A participação de Bolsonaro em diversas Marchas para Jesus pelo país havia sido acertada no início de maio em um encontro com pastores no Palácio da Alvorada. Foi lá que Valdiberto Rocha, presidente da Ordem dos Ministérios Evangélicos do Amazonas, fez o convite, argumentando se tratar do maior evento do ramo no Brasil. Dias depois, recebeu uma ligação do gabinete presidencial confirmando a participação do titular do Planalto. Rocha nega o uso político da marcha.

 

A visita do presidente a Manaus foi organizada por um amigo de longa data, o coronel Alfredo Menezes, pré-candidato ao Senado no Amazonas pelo PL.

 

— Ele não veio para cá dessa vez para tratar de política, veio como convidado de um evento. Eu até propus fazer uma motociata na chegada, mas ele não aceitou — disse.

Visita a quartel

Ao chegar à capital pela manhã, Bolsonaro foi recebido por alguns apoiadores no aeroporto. Depois, seguiu para dar uma entrevista ao apresentador Sikêra Junior, um aliado. O presidente não deu declarações para a imprensa local, que tentava questioná-lo sobre a promessa descumprida da conclusão da BR-319, que liga Porto Velho a Manaus. A obra de mais destaque de Bolsonaro no estado é uma ponte de madeira em São Gabriel da Cachoeira, que custou R$ 255 mil. Já a viagem do presidente ao local para inaugurá-la custou R$ 711 mil.

Na capital amazonense, Bolsonaro também cumpriu compromisso em outro ambiente familiar. Frequentador assíduo de solenidades em quartéis desde a época em que ainda tentava chegar ao Planalto, o presidente visitou o Comando Militar da Amazônia (CMA), onde chegou acompanhado por aliados, entre eles o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto, cotado a vice na chapa. No local, Bolsonaro foi recebido com honras militares, mas não teve reuniões. Apenas almoçou um tradicional tambaqui assado.

 

Outra agenda de Bolsonaro antes de seguir para a marcha foi um encontro com cerca de 250 pastores no Teatro Amazonas. No local, o presidente falou pouco e chamou a primeira-dama para discursar para a plateia de líderes evangélicos. Michelle é considerada um ativo importante para converter o voto do eleitorado feminino e suavizar a imagem do titular do Planalto.

 

Diferentemente do recorte pelo segmento evangélico, em que Bolsonaro rivaliza com Lula, entre as mulheres o presidente aparece em ampla desvantagem, com 23%, ante 49% do petista, segundo o Datafolha.

Ao acompanhar o marido na marcha, Michelle tentava fazer sua parte ao distribuir sorrisos e corações com a mão de cima do trio. Lá de baixo, a dona de casa Elite Rabelo, bandeira do Brasil na mão, dava mostras de que a estratégia surtia efeito.

— Eu amo o presidente por causa dela — disse Eliete, já quase sem voz depois de tanto gritar para chamar a atenção da primeira-dama.

Mundo político é incapaz de construir uma saída para evitar a degradação do dinheiro público

Adriana Fernandes*, O Estado de S.Paulo

04 de junho de 2022 | 04h00

É “now or never”, relata o repórter Felipe Frazão, do Estadão, sobre o nome com que o Centrão batizou o plano para resolver a alta dos preços nos postos de combustíveis e garantir a reeleição do presidente Jair Bolsonaro.

O Centrão quer subsídio aos combustíveis, compensação aos Estados para reduzir o ICMS de combustíveis e também aumento de R$ 400 para R$ 600 do Auxílio Brasil. De preferência, tudo junto e misturado.

A escalada da tensão e pressão, que envolve a definição de medida para diminuir o preço dos combustíveis, só terá um resultado certo. Mais um atropelo das normas legais para uma farra eleitoral.

A farra não é com a possibilidade de concessão de um subsídio com custo previsto no Orçamento público para reduzir o impacto dos preços para a população de baixa renda. Essa medida é justificável e já foi feita no passado.

Posto de combustível
Centrão quer subsídio aos combustíveis, compensação aos Estados para reduzir o ICMS de combustíveis e também aumento de R$ 400 para R$ 600 do Auxílio Brasil  Foto: Werther Santana/Estadão - 26/10/2021

A farra é pela incapacidade do mundo político de construir uma saída por meio de cortes de despesas que não são prioridades ou com medidas sem atropelos e bem comunicadas.

Para começar, por que não se fez um subsídio a partir de cortes de emendas secretas do Orçamento? Essa resposta nem se cogita. Os parlamentares não largam esse osso, mas se dizem preocupados com a população desamparada pelos preços altos.

Na hora da eleição, se faz o diabo.

O exemplo de Brasília se espalha para o Brasil. É um processo de degradação orçamentária em que dinheiro público é usado para financiar milhões em shows de artistas. Em cidades em que falta tudo, inclusive dinheiro para pagar o aluguel a desabrigados das enchentes.

Na pequena Teolândia, na Bahia, R$ 2 milhões seriam usados para um show de artistas, com o cantor sertanejo Gusttavo Lima como estrela maior, se não fosse o cancelamento da festa pela Justiça após a repercussão de reportagem do Estadão.

O custo da festa seria superior a 40% de todo o gasto com saúde realizado na cidade em 2021. Uma verba que se aproxima dos cerca de R$ 2,3 milhões recebidos pela prefeitura do governo federal para fazer frente às chuvas que castigaram o município.

Nada contra o sertanejo Gusttavo Lima. Essa não é uma guerra entre apoiadores do presidente Bolsonaro e do ex-presidente Lula.

Trata-se de cuidar do essencial, das prioridades. Aviso aos defensores de Gusttavo Lima que não gostaram do cancelamento: como dinheiro não tem carimbo, o show em Teolândia estaria, sim, desviando recursos do crédito de emergência para combater os danos das enchentes. O resto é choro dos admiradores do cantor.

*REPÓRTER ESPECIAL DE ECONOMIA EM BRASÍLIA

Com dificuldades nos estados, Ciro troca viagens por ‘lives’

Por Camila Zarur / O GLOBO

 

 

 

As dificuldades em montar alianças e as dissidências dentro do próprio partido se refletem na agenda do pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes. O ex-ministro tem passado a maior parte do tempo no Ceará, onde mora, e priorizado a presença nas redes sociais, com transmissões semanais ao vivo pelo seu canal no YouTube. Apesar da aproximação do período oficial de campanha, são poucos os compromissos em que o pedetista comparece de forma presencial.

Um dos últimos foi em Curitiba, no início do mês passado, quando prestigiou a filiação ao PDT do ex-deputado Ricardo Gomyde. Ao retornar para casa, foi diagnosticado com Covid-19, o que contribuiu para aumentar seu isolamento, desta vez por razões sanitárias. Por causa da doença, cancelou visitas que pretendia fazer ao Rio de Janeiro, ao Rio Grande do Sul, a Minas Gerais e à Bahia. Só retomou a agenda no dia 27, ao viajar a São Paulo.

No fim de semana passado, esteve em um evento de futebol de várzea no Grajaú, na zona sul de São Paulo, e se encontrou com lideranças comunitárias de Cidade de Tiradentes, no extremo leste da cidade. Na quarta-feira, o pedetista vai o Rio Grande do Sul, onde lançará a pré-candidatura do ex-deputado Vieira da Cunha ao governo do estado. Das demais viagens que estavam planejadas antes de Ciro contrair o coronavírus, apenas a Bahia continua na agenda — entre os dias 1 e 3 de julho.

— As viagens estão sendo definidas a cada semana — afirma o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que nega relação do arrefecimento na agenda do pré-candidato com a dificuldade em formar alianças.

Estrutura enxuta

O pedetista aparece em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do ex-presidente Lula (PT), em primeiro, e do atual ocupante do Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro (PL). Pré-candidatos do PDT têm sido alvo de ofensivas de petistas para que abandonem a candidatura de Ciro em favor de Lula. Um dos assediados é o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves, que pretende disputar o governo do Rio. Auxiliares do ex-ministro avaliam que uma visita ao estado, terceiro maior colégio eleitoral do país, poderia demonstrar que ele continua no páreo, mas não há previsão para que isso aconteça.

 

Já em Minas, segundo maior colégio eleitoral, Ciro apostava em uma aliança com o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), de quem é amigo. Mas o apoio foi inviabilizado após o mineiro fechar com Lula. Sem um palanque definido no estado, também não há viagem prevista.

A agenda restrita também é resultado da estrutura enxuta fornecida pelo partido, que não conta, por exemplo, com voos particulares nem com uma equipe de segurança que o acompanhe. Lupi afirma que Ciro deve passar a contar com mais recursos apenas a partir de agosto, quando começar oficialmente a campanha e o partido puder acessar os R$ 248 milhões a que tem direito do fundo eleitoral.

— Por causa disso, as agendas ficam até apertadas, porque dependem dos horários dos voos. A gente não está fazendo isso de buscá-lo no aeroporto, até porque nossos militantes, a “turma boa”, são todos voluntários, todos trabalham ou estudam — diz Antonio Neto, vice-presidente do PDT em São Paulo.

 

 

Você mudaria seu voto por um desconto de R$ 1 no litro de gasolina?

Vinicius Torres Freire / FOLHA DE SP

 

O desespero é grande entre os políticos aliados de Jair Bolsonaro. Os regentes do governo, os primeiros-ministros desse semiparlamentarismo aloprado, querem agora aprovar um decreto de calamidade, um instrumento legal que liberaria gastos do governo quase em geral, com exceção marcante de reajustes para servidores públicos.

Os regentes são os líderes do centrão, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e Ciro Nogueira (PP-PI), senador licenciado e ministro da Casa Civil. A medida desesperada ainda é improvável e poderia parar na Justiça. Paulo Guedes, ministro da Economia, é contra, mas já teve de engolir decisões dos regentes do centrão.

Um objetivo da liberação de gastos e do rombo no teto de gastos seria arrumar dinheiro para bancar parte do preço dos combustíveis —para subsidiar diesel e talvez gasolina. Mas o céu é o limite.

O governo federal está praticamente na mão dos regentes desde o trimestre final do ano passado. Eles e turma estavam mais confiantes em vitória de Bolsonaro, com Auxílio Brasil, inflação menor e algum crescimento da economia além da miséria que vemos desde 2017. Por vários motivos, não deu certo.

 

subida de Lula da Silva (PT) nas pesquisas deixou essa gente mais nervosa e irritada (tem havido gritos e "ultimatos" em conversas entre regentes e certos grupos do governo).

Como são muito toscos, ignorantes e, para usar um eufemismo, irresponsáveis, não têm escrúpulo de aprontar qualquer medida economicamente alucinada. A dúvida agora é descobrir quanto poder essa gente tem de quebrar o governo de modo ainda mais desavergonhado do que de costume a fim de ganhar uns votos, de resto incertos. Você mudaria seu voto se o preço da gasolina ou do diesel baixasse R$ 1 (um real) por litro?

 

Caso passasse, o decreto do estouro da boiada de gastos indevidos mal direcionados espalharia estilhaços bastantes para garantir inflação mais alta logo mais adiante e um começo de governo ainda mais miserável para quem vier a ser eleito em outubro.

Apesar de aloprado, um golpe político descarado nas contas e na decência públicas, o plano do decreto de calamidade passou a ser admitido até em público, como em entrevista de Nogueira à CNN Brasil. Outras tentativas de baixar o preço de combustíveis ou da conta de luz estão ainda encalacradas.

Entre as mais importantes: 1) a implantação da nova regra de cobrança de ICMS sobre diesel, objeto de disputa entre governo e estados; 2) o projeto de lei que reduz o ICMS sobre combustíveis em geral, eletricidade, telecomunicações e transportes; 3) o plano de cobrar mais imposto das petroleiras a fim de bancar algum tipo de subsídio qualquer (seja por meio de compensação para o ICMS menor ou uma gambiarra qualquer). Esse plano durou menos de uma semana e está quase morto; 4) Mudar a direção da Petrobras, colocá-la no cabresto e/ou mudar o estatuto da empresa a fim de conter novos reajustes.

Ainda que algum desses truques ou medidas venha a ser implementado e, ainda por cima, funcione (que os preços caiam para o consumidor final), não devem ter efeito antes de julho.

Por mais aloprados que sejam, dificilmente vão baixar o preço de gasolina ou diesel em, digamos, mais de R$ 1 (um real) por litro. Para tanto, seria necessário um subsídio de cerca de R$ 100 bilhões em um ano (o Auxílio Brasil custa R$ 89 bilhões por ano).

Afora economistas e alguns outros suspeitos de sempre, pouca gente está ligando para as ameaças do golpe fiscal dos regentes do centrão (que poderia contar com a maioria larga dos votos da Câmara). Mas faz muito vivemos não o tempo da imaginação no poder e, sim, do inimaginável.

 

 

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