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Lula critica até ditaduras amigas atrás do voto centrista em palanque no JN

Igor Gielow / FOLHA DE SP
SÃO PAULO

Nada como uma campanha eleitoral. Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente e líder inconteste do PT, parecia o candidato de um partido social-democrata europeu em sua aparição na bancada de entrevista do Jornal Nacional desta quinta-feira (25).

Lula que se postou à frente das câmeras foi capaz de algo até aqui impensável: fez uma crítica às ditaduras da China e de Cuba, ao compará-las de forma negativa a processos democráticos brasileiros. Logo depois, questionado, voltou ao discurso usual de respeito a todos os países e tal, mas o objeto era tirar a pecha de amigão de ditadores.

Difícil na prática, mas sintomático da necessidade de provar-se algo diferente ante o público da maior audiência do telejornalismo, sem os filtros das redes sociais. Lula passou o recibo, enfim, ainda que seja evidentemente algo momentâneo.

Líder da corrida eleitoral, o ex-presidente (2003-10) dobrou William Bonner e Renata Vasconcellos. Diferentemente do que ocorreu com o arestoso Jair Bolsonaro na segunda-feira (22), o ex-presidente impôs seu discurso.

Se não mentiu de forma tão desabrida quanto o presidente, Lula foi espertinho na manipulação da realidade. Como na segunda, a primeira pergunta foi a única mais dura, falando da corrupção evidenciada pela Operação Lava Jato.

Lula se saiu bem, tentando relativizar o atavismo da corrupção e fazendo a ponte com Bolsonaro ao dizer que só acharam malfeitos nos governos petistas porque havia liberdade para apurar. É uma meia verdade, mas vendida de forma eficaz.

O petista nem precisou falar da escalada golpista do rival. Preferiu ir ao tema central da eleição, a fome e a inflação, e com um discurso simplório passou sua mensagem. Como será desfeito o nó fiscal, deixemos para a realidade de janeiro de 2023.

Houve uma ou outra mentirinha, como dizer que a crise durante a campanha de 2002 era exclusiva do PSDB no poder: não, a expectativa de Lula no governo que fez explodir dólar e juros futuros, obrigando o futuro novo governo a ajoelhar e beijar o relicário do mercado.

Mas isso é passado. Venceu a habilidade de Lula, disfônico como há 40 anos, de falar "olhando para o povo brasileiro", como colocou acima da mansidão dos entrevistadores. Sobrou até para Dilma Rousseff, o que não deve ter sido difícil para o petista. E ele ainda conseguiu introduzir, ao menos em quatro ocasiões claras, sua novidade na campanha: Geraldo Alckmin.

O ex-tucano, governador por quatro vezes de São Paulo, ganhou uma ênfase que claramente buscava o eleitor centrista ainda ressabiado em talvez votar no petista. O fato de ele ter tido menos de 5% na eleição de 2018 parece não incomodar o titular da chapa: até "ciúmes" do proverbial "picolé de chuchu" Lula disse ter em horário nobre.

Buscando votos para matar a fatura no primeiro turno, o que a esta altura parece bastante improvável, Lula fez uma versão TikTok da Carta ao Povo Brasileiro de 2002, na qual abraçou o mercado e o empresariado. Virou amigo de infância de Alckmin e crítico ferrenho de Cuba e da China.

Se vai colar, as pesquisas dirão.

A democracia segundo Lula

O Estado de S.Paulo

26 de agosto de 2022 | 03h00

Lula da Silva, ora vejam, é favorável à alternância de poder na Venezuela. Foi o que o candidato petista à Presidência disse a jornalistas estrangeiros no dia 22 passado. No entanto, recorreu ao conceito de “autodeterminação dos povos” para dizer que não deve “se meter” no que acontece na Venezuela. Mais uma vez, Lula foi incapaz de criticar, mesmo de leve, a ditadura venezuelana. Enquanto poupava o “companheiro” ditador Nicolás Maduro, que no passado já se referiu a Lula como “um pai”, o petista chamou o líder oposicionista venezuelano Juan Guaidó de “impostor”.

O conceito de autodeterminação dos povos é a bengala que Lula usa sempre que é instado a demonstrar algum desconforto com a ditadura venezuelana ou com qualquer outra ditadura camarada. É como se dissesse que Maduro está no poder e governa de maneira tirânica porque é isso o que desejam os venezuelanos. Ora, um povo exerce a autodeterminação quando é capaz de decidir livremente, por exemplo, sua condição política. Na Venezuela, essa liberdade simplesmente não existe, e as cadeias estão cheias de quem deseja a autodeterminação.

Logo, chega a ser cruel esquivar-se de criticar a ditadura venezuelana a pretexto de respeitar o povo daquele país, como se esse povo fosse livre para decidir seu destino. Mas o que Lula faz é ainda pior: trata a tirania chavista como legítima e democrática. 

É inesquecível a declaração de Lula, dada em 2005, segundo a qual há “excesso de democracia” na Venezuela. Essa diatribe, que figura com destaque na antologia da pouca-vergonha lulopetista, mal disfarça a vocação autoritária da seita de Lula: para essa turma, a democracia é “excessiva” quando a oposição ousa questionar líderes que tudo fazem pelo “povo”, como era o caso do ditador Hugo Chávez, segundo sugeriu Lula na época.

Essa declaração já tem quase 20 anos, mas é como se tivesse sido feita ontem. Lula não se emendou, a julgar pelo fato de que, passado tanto tempo, continua incapaz de reconhecer uma ditadura de esquerda quando vê uma, muito menos de condená-la. Em compensação, arvora-se em salvador da democracia no Brasil, onde, ao contrário da Venezuela, a imprensa é livre, as eleições são limpas, o Congresso funciona sem restrições e o Judiciário é independente.

A democracia brasileira não precisa ser salva, pois tem demonstrado, nos recentes testes de estresse a que o presidente Jair Bolsonaro a tem submetido, uma formidável saúde. Mas a democracia brasileira ficaria ainda melhor se a esquerda se modernizasse, isto é, se deixasse de ser prisioneira do terceiro-mundismo nostálgico dos anos 60, época em que tipos sanguinários como Fidel Castro eram os heróis da luta contra o imperialismo americano. É essa visão de mundo retrógrada que faz da esquerda brasileira o espantalho perfeito para uma direita igualmente atrasada e francamente reacionária. Não há progresso possível quando um país se encontra acorrentado a um embate ideológico tão anacrônico.

Nesse processo de modernização, se a direita precisa urgentemente parar de se identificar com um liberticida como Bolsonaro e de flertar com o golpismo, é imperativo que a esquerda supere Lula. É muito provável que novas lideranças de esquerda, mais arejadas, estejam lutando para se afirmar nesse campo, mas não encontram oxigênio para florescer porque a figura de Lula as asfixia. Talvez em razão de seu incontestável capital eleitoral, Lula ainda dita os rumos da esquerda, vinculando-a ao ranço bolivariano, kirchnerista e castrista, entre outras manifestações autoritárias e ultrapassadas.

A esquerda, se pretende se legitimar no debate democrático, deve deixar claro que não se alinha a ditadores de nenhuma espécie, que repele regimes autoritários aqui e em qualquer lugar e que se horroriza com os brutais crimes cometidos por tiranos como Fidel, Maduro e Ortega – tratados com deferência e simpatia por Lula e sua grei. A esquerda deve, enfim, solidarizar-se com os povos que padecem sob o tacão desses ditadores, e não, como Lula fez várias vezes, com aqueles que os oprimem. Para os que são verdadeiramente democratas, não é tão difícil.

Diferença entre Lula e Bolsonaro cai para menos de 5 pontos, mostra pesquisa

  • ELEIÇÕES 2022 Do R7, em Brasília

Um levantamento feito pelo Instituto Paraná Pesquisas e divulgado nesta quarta-feira (24) mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 41,7% das intenções de voto na corrida ao Palácio do Planalto. O presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece com 37%. A diferença entre os dois é de 4,7 pontos percentuais. Os dados são da pesquisa estimulada, em que o nome dos candidatos é apresentado aos entrevistados.

O levantamento ouviu 2.020 eleitores com 16 anos ou mais nos 26 estados e no Distrito Federal, entre 19 e 23 de agosto. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o protocolo BR-03138/2022.

Ciro Gomes (PDT) aparece em terceiro, com 7,3%. Ele é seguido por Simone Tebet (MDB), 2,7%; Pablo Marçal (PROS), 0,4%; e Vera Lúcia (PSTU), 0,2%. Eymael (DC), Felipe D'Ávila (Novo), Léo Péricles (UP), Roberto Jefferson (PTB), Sofia Manzano (PCB) e Soraya Thronicke (União Brasil) foram citados por 0,1% dos entrevistados.

No cenário comparativo, a distância entre Lula e Bolsonaro diminuiu. Na primeira pesquisa realizada pelo instituto, em abril, o ex-presidente tinha 40% das intenções de voto, ante 32,7% de Bolsonaro. À época, a diferença entre os dois era de 7,3 pontos percentuais.

No segundo cenário da pesquisa estimulada, que apresenta apenas o nome dos dois principais candidatos, Lula tem 47,8% das intenções de voto, e Bolsonaro, 40,4%. Os que não souberam ou não quiseram responder somaram 4,4%, e brancos e nulos foram 7,4%.

Esse cenário também avaliou a preferência dos dois candidatos com recorte de gênero, faixa etária, escolaridade e região. Lula é favorito entre as mulheres (51,4%), e Bolsonaro, entre os homens (47,1%). 

Bolsonaro vence entre os eleitores com ensino superior, com 45,7% da preferência, ante 41,7% de Lula. Pessoas com ensino fundamental preferem o petista, com 52,1% das intenções de voto; 35% disseram que votariam em Bolsonaro.

Pesquisa espontânea

Na pesquisa espontânea, em que o nome dos candidatos não é apresentado, a maioria dos entrevistados respondeu que ainda não sabe em quem votar: 33,3% dos eleitores. Outros 30% disseram votar em Lula, e 26,5%, em Bolsonaro. Ciro tem 2,7% das intenções de voto, e Tebet, 1%.

 

Lula exagera aumento de universitários e outros feitos de seu governo

Clarissa Pacheco, Jorge C. Carrasco, Luciana Marschall, Victor Pinheiro e Denise Chrispim, especial para o Estadão

25 de agosto de 2022 | 23h47

O ex-presidente Lula (PT), candidato à Presidência, exagerou a quantidade de pessoas que tiveram acesso ao ensino superior em seu governo. Ele disse ter aumentado a quantidade de alunos universitários de 3,5 milhões para 8 milhões, mas essa marca só foi alcançada em 2015, no governo Dilma. O governo do petista terminou com 6,3 milhões de alunos.

O ex-presidente Lula (PT), candidato à presidência. Foto: Jornal Nacional/Reprodução

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A declaração foi dada durante entrevista no Jornal Nacional nesta quinta-feira, 25. Ao longo de 40 minutos, Lula destacou dados econômicos e sociais de sua gestão. Ele também reivindicou a criação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), mas o órgão existe desde o governo Fernando Henrique Cardoso.

Nem todas as declarações do ex-presidente puderam ser analisadas. Confira a checagem do Estadão Verifica.

Estudantes universitários

O que Lula disse: que havia 3,5 milhões de estudantes universitários no começo de seu governo e 8 milhões ao fim.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. De acordo com o Censo da Educação Superior, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep),entre 2002 e 2015 houve um crescimento considerável do número de pessoas matriculadas em cursos superiores, tanto de instituições públicas como privadas.

Segundo a instituição, em 2002, cerca de 3,5 milhões cursavam o ensino superior. Em 2010, no último período do governo Lula, esse número chegou a 6,3 milhões. O número afirmado por Lula na entrevista no Jornal Nacional, contudo, só foi atingido em 2015, já no segundo mandato de Dilma.

Os números registrados levam em conta todos os estudantes matriculados em cursos superiores de universidades municipais, estaduais, federais e privadas. Para aumentar o acesso dos brasileiros ao ensino superior, a influência dos governos de Lula e Dilma concentrou-se, na época, na criação de instituições federais, na ampliação do número de vagas nas faculdades e em iniciativas como o Programa Universidade para Todos (Prouni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

Criação do Coaf

O que Lula disse: que seu governo criou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O Coaf, responsável por atuar como autoridade central do sistema brasileiro de prevenção e combate à lavagem de dinheiro, ao financiamento do terrorismo e ao financiamento da proliferação de armas de destruição em massa, foi criado pela Lei nº 9.613 (Lei de Lavagem de Dinheiro), de 3 de março de 1998, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O conselho foi reestruturado pela Lei nº 13.974, de 7 de janeiro de 2020, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Questionada, a assessoria do candidato disse que Lula estava elencando iniciativas “criadas ou reforçadas no seu governo” quando mencionou órgãos como o Coaf.

Desemprego no governo Dilma

O que Lula disse: o governo Dilma teve o menor desemprego da história do país, 4,5%.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: verdadeiro, mas falta contexto. Segundo a série histórica da Pesquisa Mensal do Emprego (PME), do IBGE, a taxa de desocupação chegou a 4,3% em dezembro de 2014, durante o governo de Dilma Rousseff. Em fevereiro de 2016, último dado coletado pela pesquisa, o índice registrado foi de 8,2%.

Não há como verificar se a administração da ex-presidente conquistou a menor taxa de desemprego da história porque o levantamento informado pelo IBGE começou somente em 2002. Além disso, não é possível comparar os índices de desocupação da PME com dados de desemprego recentes. Atualmente, o IBGE mede o nível de desemprego do país por meio da pesquisa PNAD Contínua, que teve início em 2012 e adota uma metodologia diferente. A menor taxa de desemprego registrada pela PNAD foi de 6,3%, no trimestre de outubro, novembro e dezembro de 2013.

Inflação

O que Lula disse: que a inflação no começo de seu governo era de 12% e que ele reduziu para 4,5%.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Lula acerta ao afirmar que herdou uma inflação de 12% do governo anterior. Durante os dois mandatos do petista, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação, ficou abaixo do percentual citado por Lula em 2006 (3,14%), 2007 (4,46%) e 2009 (4,31%). Porém, o ex-presidente encerrou o último ano de governo com uma inflação de 5,91%.

Criação do Portal da Transparência

O que Lula disse: que seu governo criou o Portal da Transparência.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdadeiro. O Portal da Transparência foi lançado pela Controladoria-Geral da União (CGU) em 2004, durante o primeiro mandato de Lula

Lei de Acesso à Informação

O que Lula disse: que seu governo criou a Lei de Acesso à Informação (LAI).

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A Lei de Acesso à Informação foi sancionada em 18 de novembro de 2011, primeiro ano do governo Dilma Rousseff (PT), mas as articulações realmente começaram em 2003, quando Lula era presidente. O processo de criação do projeto de lei começou no I Seminário Internacional sobre Direito de Acesso a Informações Públicas, em Brasília. Dele, surgiu o Fórum de Direito de Acesso à Informação Pública, de onde se formou um grupo que apoiou a criação do PL 219/2003, do deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG). O projeto foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça em 2004 e passou a tramitar na Câmara. Na época, o deputado Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) alertou que o projeto seria considerado inconstitucional, porque partia da Câmara, mas traria custos à União.

Em 2006, então, durante a campanha para a reeleição, Lula prometeu enviar um projeto de lei sobre o assunto, o que aconteceu em 2009. O PL 5.228/2009 chegou à Câmara, foi apensado ao PL 2019/2003 e a tramitação seguiu. O projeto permitia sigilo eterno em documentos, o que foi retirado em 2010, quando foi aprovado na Câmara, ainda no governo Lula. A matéria chegou ao Senado e foi aprovada no ano seguinte, já no governo Dilma.

Dívida pública

O que Lula disse: que, em seu governo, a dívida pública começou em 60,4% do PIB e terminou em 39%.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é impreciso, mas próximo do que aconteceu de fato. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em dezembro de 2002 a dívida pública total do Brasil era de cerca de 59,93% do Produto Interno Bruto (PIB). A dívida recuou para 37,98% em dezembro de 2010. 

Empréstimo ao FMI

O que Lula disse: que seu governo emprestou US$ 15 bilhões para o FMI.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. De acordo com o FMI, o Brasil emprestou dinheiro à instituição pela primeira vez na história em 2009. Contudo, o valor emprestado foi de US$ 10 bilhões, cerca de 1/3 a menos do indicado pelo presidente na entrevista do Jornal Nacional. Na época, o governo Lula já havia quitado todas as suas dívidas com o FMI. 

Dívida com o FMI

O que Lula disse: Em 2003, o Brasil devia US$ 30 bilhões ao FMI.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdadeiro. Em 2002, na gestão de Fernando Henrique Cardoso, o Brasil fechou acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) de 15 meses para o empréstimo de US$ 30,4 bilhões em recursos para o País. A dívida foi herdada pelo governo de Lula, em 2003.

Endividamento das famílias

O que Lula disse: que hoje 70% das famílias brasileiras estão endividadas.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: o dado está desatualizado. Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) concluiu que

Documento

brasileiras estavam endividadas em julho de 2022.

O que Lula disse: que 22% das famílias endividadas não conseguem pagar conta de água e luz.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. Em julho, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC),

. A pesquisa mostra também que 29% das famílias brasileiras estavam inadimplentes. Ou seja, atrasadas no pagamento de algum tipo de conta e/ou dívida.

A assessoria do petista informou que o dado sobre as famílias endividadas que não conseguem pagar luz e água saiu da pesquisa Serasa Experian, divulgada nesta quinta-feira (25). No entanto, os números não dizem que 22% dos endividados não conseguem pagar contas de água e luz, e sim que 22,2% das dívidas dos brasileiros são com as contas básicas, como água, luz e gás. Elas aparecem logo após os bancos e cartões, que respondem por 28,6% do total.

Orçamento secreto

O que Lula disse: que deputados destinam verbas de “R$ 100 milhões, R$ 200 milhões” por meio do orçamento secreto.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdade. Em 7 de maio deste ano, o Estadão mostrou que prefeitos tinham negociado R$ 13,1 bilhões por meio do orçamento secreto em ano eleitoral. Na época, o deputado que tinha pedido o maior valor do orçamento secreto era José Nelto (PP-GO), com R$ 176,1 milhões, seguido de Roman (PP-PR), com R$ 152,3 milhões. A cifra de R$ 200 milhões havia sido pedida por um senador, mas não por deputado. O pedido partiu de Wellington Fagundes (PL-MT).

Em maio do ano passado, o Estadão já havia mostrado que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), havia conseguido destinar R$ 114 milhões do orçamento secreto em emendas parlamentares, mas o valor cresceu. O Congresso em Foco publicou em maio deste ano uma lista de parlamentares que conseguiram destinar mais de R$ 100 milhões do orçamento secreto, e Arthur Lira aparece em terceiro lugar, com R$ 357,4 milhões.

Lira aparece atrás apenas de dois senadores: Márcio Bittar (União-AC) e Eliane Nogueira (PP-PI) – mãe do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Documento enviado pelo Senado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em maio deste ano mostra que Bittar destinou R$ 460,3 milhões e Eliane Nogueira, outros R$ 399,3 milhões do orçamento secreto.

Socorro a produtores rurais

O que Lula disse: que seu governo editou MP com socorro de R$ 85 bilhões a produtores rurais.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é impreciso. De fato, o governo Lula enviou ao Congresso Nacional o texto da MP 432/2008 que previa a renegociação de 85% da dívida dos produtores rurais. O valor correspondia a R$ 75 bilhões de um total de dívida de R$ 87,5 bilhões contraídas nas décadas de 1980 e 1990. Foi aprovada e convertida na Lei 11.775/2008.

Pesquisa para presidente: distância entre Lula e Bolsonaro cai de 11 para 8 pontos no primeiro turno

Pesquisa eleitoral EXAME/IDEIA ouviu 1.500 eleitores brasileiros de todo o Brasil entre os dias 19 e 24 de agosto

 

A pouco mais de um mês das eleições, a distância entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) caiu de 11 para 8 pontos percentuais, segundo a pesquisa eleitoral EXAME/IDEIA divulgada nesta quinta-feira, 25. É a primeira sondagem com os candidatos definidos após o registro feito no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

Em uma pergunta estimulada, com os nomes apresentados previamente, Lula tem 44% das intenções de voto, mesmo número registrado na pesquisa feita há um mês. Já Bolsonaro saiu de 33% para 36%. O aumento está no limite da margem de erro da pesquisa, que é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Na série histórica da pesquisa, a maior distância entre Lula e Bolsonaro no primeiro turno foi registrada em janeiro deste ano, quando estava em 17 pontos. O petista conseguiu crescer neste período, de 41% em janeiro, para os 44% agora. Bolsonaro, candidato à reeleição, também cresceu, mas em um salto maior, de 12 pontos percentuais - saiu de 24% no começo do ano.

Ainda na simulação de primeiro turno, Ciro Gomes (PDT) aparece com 9%, e Simone Tebet (MDB), 4%. Os demais candidatos fizeram 1% ou não pontuam. Brancos e Nulos somam 2%, e aqueles eleitores que dizem que não sabem são 3%.

Para a pesquisa, foram ouvidas 1.500 pessoas entre os dias 19 e 24 de agosto. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A sondagem foi registrada no TSE com o número BR-02405/2022. A EXAME/IDEIA é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Veja o relatório completo.

Maurício Moura, fundador do IDEIA, avalia que a redução consistente da distância entre Lula e Bolsonaro ocorreu muito por conta de uma maior definição dos candidatos. Com isso, houve uma acomodação dos eleitores que diziam não saber em quem votar - eles somavam 12% no fim do ano passado.

Uma terceira questão foi a desistência de outros nomes mais bem posicionados, como o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), e do ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

“Isso reflete o grau de consolidação de voto e uma grande definição neste momento da eleição. O Bolsonaro tem duas frentes de potencial crescimento: o primeiro é consolidar e acomodar o sentimento antipetista, o segundo é que ele precisa convencer eleitores que votaram nele em 2018. Esses eleitores estão espalhados entre indecisos, Ciro Gomes e também entre os eleitores do Lula”, diz.

Em uma pergunta espontânea, sem que o entrevistado receba uma lista, Lula tem 33% das intenções de voto, e Bolsonaro, 30%. Há um mês, o petista tinha 36%, e o atual presidente os mesmos 30%. Nesta pesquisa de agosto, Ciro Gomes tem 3%, e Simone Tebet, 2%. Os que não sabem somam 24%.

Para Maurício Moura, os números começam a indicar a resposta para uma pergunta feita frequentemente sobre as eleições presidenciais de 2022: se há espaço para resolver a eleição ainda no primeiro turno.

“Olhando a dinâmica dos votos de Ciro Gomes e de Simone Tebet, que são a terceira e a quarta posição, aumenta muito a probabilidade de haver um segundo turno. Os dois têm demonstrado pouco crescimento ao longo do histórico e um grau de resiliência suficiente para que os votos deles definam a ocorrência de um segundo turno”, opina o fundador do IDEIA.

Segundo turno entre Lula e Bolsonaro: estável

A simulação de segundo turno entre Lula e Bolsonaro ficou estável, se comparado com a última pesquisa. O petista tem 49%, ante 47% em julho. O atual ocupante do Palácio do Planalto pontuou 40%, e há um mês tinha 37%. Os dois crescimentos estão dentro da margem de erro da pesquisa.

Auxílio emergencial e queda nos combustíveis

A pesquisa EXAME/IDEIA desta quinta-feira é a primeira depois do início do pagamento da chamada PEC dos Benefícios, aprovada em julho pelo Congresso Nacional. O projeto, de autoria do poder Executivo, criou e ampliou benefícios sociais em ano eleitoral. O Auxílio Brasil passou de 400 reais para 600 reais, e o governo ainda criou um voucher caminhoneiro, além de auxílio a taxistas. As medidas são válidas até o fim do ano.

Havia uma expectativa de que esses benefícios mudassem o cenário eleitoral, em favor do presidente Jair Bolsonaro. Os números mostram que não houve crescimento das intenções de voto nas classes D e E no candidato à reeleição, mantendo os 28% registrados em julho. Lula saiu de 56% para 54% da preferência desta parcela de eleitores, mais sensíveis a benefícios sociais.

Também havia uma esperança de que a queda dos combustíveis também fosse revertida em intenções de voto. A gasolina caiu 17% em julho, após o Congresso aprovar um teto de 17% para a cobrança sobre o ICMS, imposto de responsabilidade dos estados. Na avaliação de Maurício Moura, essa queda surtiu mais efeito entre os eleitores que já declaravam votos a Bolsonaro.

“O auxílio, principalmente na classe C do Sudeste, onde Bolsonaro precisa recuperar esses votos de 2018 que perdeu, não surtiu efeito. A questão da queda do valor dos combustíveis foi muito mais para o grupo onde o presidente já tinha boa avaliação e, portanto, boa intenção de voto. Então foi algo meio endógeno”, diz Moura.

Rejeição

Uma das variáveis que é preciso ser considerada em uma eleição é a taxa de rejeição. De acordo com a EXAME/IDEIA, Bolsonaro tem um número maior em relação aos demais candidatos à Presidência (veja mais abaixo). Maurício Moura avalia que é necessário ficar de olho na rejeição. Segundo ele, é isso que deve definir um vencedor nessas eleições.

Em relação à pesquisa de julho, houve uma variação na rejeição de Lula e Bolsonaro dentro da margem de erro. O ex-presidente estava com 42% de pessoas dizendo que não votariam de jeito nenhum nele, ante 45% do candidato à reeleição. Em fevereiro, Bolsonaro era rejeitado por 47% do eleitorado, e Lula por 37%.

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