Busque abaixo o que você precisa!

Governo empregou pelo menos 109 candidatos derrotados nas eleições de 2022

Por Caio Spechoto, Sofia Aguiar e Iander Porcella / O ESTADÃO DE SP

 

BRASÍLIA - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu cargos a ao menos 109 candidatos derrotados nas eleições do ano passado, aponta levantamento exclusivo feito pelo Estadão/Broadcast. A pesquisa detectou políticos com postos no atual governo que disputaram o pleito de 2022 por 14 partidos diferentes em 26 Estados.

A maioria dos nomeados identificados é homem: 71 do total de 109 declararam ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) serem do sexo masculino. Também são mais comuns no grupo os que se declaram brancos (67), enquanto 18 se declararam pretos, 15 pardos e 9, indígenas. O único Estado que não teve nenhum candidato nomeado mapeado pela pesquisa foi o Espírito Santo.

O levantamento mostra que a maior parte das nomeações foi de políticos do PT e PSB, partidos de Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin, respectivamente. A reportagem perguntou à assessoria de imprensa do Palácio do Planalto se queria comentar os números, mas não houve resposta até a publicação deste texto.

Da Fazenda à Sudene

O rol de políticos que perderam as eleições no ano passado e hoje estão em cargos do governo é eclético. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por exemplo, faz parte do grupo. Ele disputou o governo de São Paulo e recebeu mais de 10 milhões de votos, a melhor votação que o PT já teve no Estado, mas não conseguiu bater o hoje governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Heitor Freire foi nomeado diretor de Fundos, Incentivo e de Atração de Investimentos da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Em 2022, ele tentou reeleição ao cargo de deputado federal pelo União Brasil do Ceará, mas não conseguiu. Freire havia se tornado deputado federal em 2018. À época, era filiado ao PSL, partido pelo qual Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República.

Rose Modesto, hoje na Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), tentou no ano passado virar governadora do Mato Grosso do Sul, também pelo União Brasil. Terminou a disputa com 12,42% dos votos.

Já o emedebista Leonardo Picciani não conseguiu se eleger deputado federal pelo Rio de Janeiro e se tornou secretário de Saneamento Ambiental no Ministério das Cidades.

A nomeação de aliados é uma prática comum na política e serve, por exemplo, para projetar candidatos para eleições futuras. “Eles ficam com visibilidade para poder pleitear candidaturas em capitais, nas eleições municipais e, obviamente, tudo isso fortalece a capilaridade eleitoral”, afirmou o cientista político Roberto Gondo, da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

“Isso ajuda a manter o grupo político usando todos os benefícios e as possibilidades funcionais das atividades do poder público”, acrescentou. Gondo disse que alguns dos ex-candidatos acabam sendo conduzidos principalmente para cobrir cargos técnicos, ou até mesmo funções políticas que se aproveitam do caráter técnico.

Lula amplia base

 

Lula foi eleito no ano passado em uma coligação que incluía nove partidos (PT, PC do B, PV, Solidariedade, Psol, Rede, PSB, Agir e Avante). No segundo turno, recebeu o apoio do PDT. O presidente agregou MDB e PSD a seu grupo, e acaba de se acertar com parte do União Brasil. Há conversas em andamento para que setores do PP e do Republicanos entrem na base.

Na terça-feira, 18, o governo editou uma medida provisória que, entre outros pontos, transforma 13.375 cargos efetivos vagos em 6.692 cargos efetivos vagos e 2.243 cargos em comissão e em funções de confiança. Esses últimos podem ter seus ocupantes nomeados sem necessariamente terem passado por concurso público.

Como os dados foram coletados

O levantamento foi feito em três etapas. Primeiro, a reportagem listou todos os candidatos a deputado federal que disputaram reeleição e não conseguiram, além dos políticos que concorreram ao Senado (incluindo suplentes), aos governos estaduais e ao governo federal (incluindo vices).

O resultado foi uma relação de 879 nomes, em seguida buscados manualmente no sistema do Diário Oficial da União para detectar nomeações. Depois, foram tabulados os nomes dos principais dirigentes dos ministérios, como ministros, secretários e chefes de assessorias especiais. Os 287 nomes da tabela foram buscados no arquivo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para saber se foram candidatos em 2022 e qual resultado obtiveram.

Por fim, a reportagem cruzou a base de dados de servidores públicos civis (sem contar militares e do Banco Central) disponível no Portal da Transparência com a lista de candidatos de 2022 publicada pelo TSE. O resultado dessa etapa foi uma lista de 277 pessoas nomeadas para seus cargos atuais em 2023, também submetida a buscas manuais para descartar homônimos.

Foram desconsiderados casos em que a nomeação não é relacionada ao governo Lula. Por exemplo, Achilles Eduardo Pontes Campos, professor que se tornou coordenador do curso de Medicina da Universidade Federal do Amapá, cargo escolhido pelo reitor da universidade. Ele havia tentado ser deputado federal pelo PL. Outro caso que não entrou na conta foi o de Max Guilherme, nomeado para a equipe a qual Jair Bolsonaro tem direito como ex-presidente. Ele também disputou, e não venceu, uma vaga na Câmara dos Deputados.

O levantamento considera os partidos pelos quais os políticos disputaram a eleição em 2022, sem computar trocas. Marcelo Freixo, presidente da Embratur, foi considerado do PSB. Ele disputou o governo do Rio de Janeiro pela legenda, e hoje é filiado ao PT. Também não foram consideradas eventuais exonerações.

O teste político de Michelle Bolsonaro no Nordeste

Por Bela Megale / O GLOBO

 

Michelle Bolsonaro faz, neste fim de semana, sua primeira viagem ao Nordeste desde que Lula foi eleito presidente.

O destino é João Pessoa, onde a ex-primeira-dama participa de um evento de filiação de mulheres que pretendem se candidatar aos cargos de vereadora e prefeita.

 

Entre as organizadoras do evento está Simone Queiroga, mulher do ex-ministro Marcelo Queiroga.

A viagem está sendo vista pelo PL como o teste de Michelle na região onde Lula é mais popular, além de uma oportunidade para calibrar seu potencial como eventual sucessora de Bolsonaro, agora inelegível.

O partido quer que a ex-primeira-dama visite todos os estados da região.

 

Michelle Bolsonaro

Michelle BolsonaroReprodução

 

EFEITO TARCISIO GERA ONDE DE FILIAÇÕES NO REPUBLICANOS DE SÃO PAULO E PARTIDO AVANÇA EM PREFEITURAS

Por Gustavo Côrtes / O ESTADO DE SP

 

Republicanos quer aproveitar o “efeito Tarcísio” para crescer nas eleições do ano que vem. Em 2020, o partido elegeu 29 prefeitos no Estado, chegou a perder cinco deles para o PSDB e hoje ostenta 44 gestores municipais, atraídos pelas perspectivas de boa relação com o Palácio dos Bandeirantes.

 

O crescimento foi de 52% sem a realização de um novo pleito e é creditado em grande medida à eleição do governador de São Paulo pela sigla. Então a aposta da legenda é de que o percentual atingirá patamares ainda maiores em meio às articulações para as eleições municipais de 2024.

 

Em expansão, o Republicanos concentra esforços em pré-candidaturas competitivas em grandes cidades.

 

Um dos focos será a eleição da Coronel Helena, secretária de Esportes de Tarcísio, à Prefeitura de São José do Rio Preto. Em Guarulhos, a sigla estuda lançar o atual líder do governador na Alesp, Jorge Wilson, o Xerife do Consumidor.

 

Os prefeitos de Campinas, Dario Saadi, e de Sorocaba, Rodrigo Manga, serão candidatos à reeleição nos dois principais postos de comando do partido em São Paulo.

 

O Republicanos está em tratativas com outros prefeitos, como Rogério Santos (PSDB), de Santos, e Marcus Soliva (PSC), de Guaratinguetá.

LULA JÁ MOSTRA INCÔMODO COM ZEMA E TARCISIO E TRAÇA PLANOS PARA MINAR ADVERSÁRIOS

Por Roseann Kennedy / O ESTADÃO

 

À medida que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) caminha para a inelegibilidade, o atual governo trabalha para enfraquecer potenciais adversários da direita que têm os nomes cotados para a corrida presidencial de 2026 e começam a incomodar o presidente Lula. Uma das estratégias está sendo gestada no gabinete do ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), em articulação com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que, agora está em compasso de valsa com Lula.

 

Ministério dos Transportes prevê R$ 1,6 bilhão de investimentos em manutenção, ampliação e adequação de rodovias federais em Minas Gerais, neste ano. Segue à risca a lógica eleitoral de que, tradicionalmente, o brasileiro aplaude e vota em políticos que entregam obras.

Quando recebeu Pacheco na semana passada, Renan Filho tinha em mãos uma planilha do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) sobre a situação das rodovias no Estado. Pelos dados apresentados, o índice de condição da manutenção das rodovias apontava 70% de bom, em 2016. O número caiu para 30% em maio de 2023.

A conclusão é imediata: por esse caminho eles poderão atingir parte do espólio político dos governadores de Minas, Romeu Zema (Novo) e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Zema porque governa o Estado e Tarcísio porque era o ministro da infraestrutura na gestão Bolsonaro e os governistas querem tirar dele a marca da eficiência.

O governo Lula constatou que o eleitorado relaciona Tarcísio à imagem de um bom gestor e que o nome dele não é associado a escândalos de corrupção. Dois temas que custam caro ao PT. Mesmo que Tarcísio não dispute a Presidência, para a esquerda é um temor vê-lo forte em São Paulo, pois deixa os petistas cada vez mais fracos no Estado que tem o maior número de eleitores do País.

No caso de Minas, o movimento governista que une Renan Filho e Pacheco tem dois focos. O governo Lula se mexe para tirar Zema do páreo da corrida presidencial, embora não acredite muito na força de uma eventual candidatura do governador para o Palácio do Planalto. E Pacheco, se não for indicado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal, poderá disputar a vaga de governador.

OBRAS E CONCESSÕES - O Ministério dos Transportes já assinou a ordem de serviço para obras na BR-265. A duplicação da BR-381 entre Governador Valadares e Belo Horizonte está no pacote de 2023. Há, ainda, projetos nas BRs 367, 135, 365, 440, 364 e 265. Além disso, tem previsão de recurso privado, pois devem ser lançados, ainda neste ano, três editais de licitação: a BR-040/495/MG/RJ, chamada de Rio-BH; a BR-381/MG; e a BR-040/MG/GO, conhecida como Rota dos Cristais.

PARTE DA EXECUTIVA DO PT ENDOSSA CAMPANHA CONTRA BOULOS

Por Roseann Kennedy / O ESTADO DE SP

 

A ofensiva de uma ala do PT contra a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) à prefeitura de São Paulo foi verbalizada por Jilmar Tatto, mas tem aval de outros membros do diretório nacional da sigla. Entre eles, Washington Quaquá, vice-presidente, e Gleide Andrade, secretária de finanças. O líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu, também endossa o grupo.

 

Essa ala alega que o PSOL não tem sido fiel ao governo Lula nas votações em plenário. Já o PSOL diz que entrega proporcionalmente mais votos do que os partidos de centro.

 

A maior dificuldade para os petistas, porém, é definir quem seria o nome alternativo ao de Boulos. Como mostrou a Coluna, a postura do grupo abriu uma crise interna no PT.

Compartilhar Conteúdo

444