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PT e PL se articulam para tentar furar barreiras em estados onde adversários se saíram melhor em 2022

Por — Brasília / O GLOBO

 

Partidos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-presidente Jair BolsonaroPT e PL montaram estratégias para tentar “furar barreiras” nas eleições municipais em regiões onde o adversário teve melhor desempenho. Os petistas mapearam que candidatos da sigla enfrentam situações adversas em estados como Roraima, Rondônia, Acre e Santa Catarina. Já no PL o quadro é considerado mais difícil em quatro estados do Nordeste: Piauí, Bahia, Maranhão e Ceará. A ideia das duas siglas é reduzir resistências nestas localidades, numa tentativa de preparar terreno para as disputas de 2026.

 

No Piauí, por exemplo, estado onde Lula obteve 76,86% dos votos válidos, o PL abriu mão de lançar candidatos a prefeito na maioria das cidades — terá nomes em apenas 12 dos 224 municípios — para se concentrar em eleger vereadores. O plano é eleger representantes nos legislativos municipais que ajudem o partido a conseguir emplacar, pelo menos, um deputado federal na bancada piauiense daqui a dois anos.

 

— A eleição é difícil em um território como o nosso. Quando tem uma população em que o assistencialismo é muito preponderante, com nível de escolaridade é baixo, fica difícil pregar a meritocracia — afirmou o presidente do PL do Piauí, Eulálio Lima.

 

Partidos tentam 'furar bolha'

 

PT de Lula e PL de Bolsonaro traçam estratégias eleitorais em regiões onde adversários tiveram melhor desempenho em 2022

Veto a carona

Na contramão do PL, o PT tenta aproveitar o bom desempenho de Lula em 2022 para aumentar sua presença no estado. Para isso, lançou um número recorde de candidaturas no Piauí: 137. A meta é conquistar 70 prefeituras. Em 2020, o partido ficou com 22.

— Aqui nós temos que ir à Justiça para que os candidatos de outros partidos não usem a imagem do Lula — afirma João de Deus, presidente do diretório local do PT.

 

Já na Bahia, onde Lula teve 72,12% dos votos no segundo turno de 2022, o PL tem feito um trabalho para ampliar o seu espaço, mas lançará apenas 31 candidatos próprios nas 417 cidades do estado. O ex-ministro João Roma, que preside o diretório estadual da legenda, avalia que em muitos casos o espaço para candidatos de direita já é ocupado pelo União Brasil, o que barra a expansão do PL. Entre as cidades maiores, a principal aposta será em Itabuna, na região de Ilhéus, onde a sigla lançou Chico França. Está prevista uma visita de Bolsonaro à cidade durante a campanha, segundo Roma.

 

— É óbvio que 70% da força (do PT) é a figura de Lula, mas também não se pode desprezar a forte estrutura de mecânica governamental — disse Roma.

 

Antes do início oficial do período de campanha, Bolsonaro fez um giro por Pernambuco, estado que também pode ser considerado um reduto de Lula, apesar de não estar entre os quatro em que ele teve maior percentual de votos em 2022. O ex-presidente visitou as cidades de Gravata, Caruaru, Itambé e terminou o tour ontem em Recife.

 

A presença de Bolsonaro no reduto de Lula coincidiu com uma visita do presidente a Santa Catarina, na sexta-feira passada. O estado deu 69,27% dos votos no segundo turno de 2022 ao ex-presidente.

Mais candidatos

O PT, contudo, adotou uma estratégia diferente do PL e fez um esforço para ampliar o número de candidaturas a prefeituras catarinenses. Presidente do diretório local petista, Décio Lima acredita que o bolsonarismo já perdeu força no estado.

 

— Fomos o único estado da Bahia para baixo em que o PT foi ao segundo turno em 2022.

 

O partido de Lula aposta nas cidades grandes, como Blumenau, onde a candidata será Ana Paula Lima, mulher de Décio.

 

No comando nacional do PT, há uma preocupação especial com os estados do Norte. No Acre, onde o PT foi governo por 20 anos, a sigla vê desde 2018 sua força na política local minguar. Assim, a estratégia é fortalecer partidos aliados.

 

A legenda terá candidato próprio em apenas três das 22 cidades. No auge do domínio partidário, os petistas chegaram a comandar 17 municípios. Hoje, estão à frente apenas de Xapuri, do líder seringueiro Chico Mendes, fundador do PT no Acre.

 

O presidente do PT no estado, Daniel Zen, disse que houve uma debandada de vereadores às vésperas das eleições:

— A gente vem num processo gradual de perda de representatividade. A perda de poder não leva a uma morte instantânea. É aquela em que você vai perdendo sangue e tentando resistir.

 

Na capital, Rio Branco, a sigla apoiará o ex-petista Marcus Alexandre, atualmente no MDB. Em Cruzeiro do Sul, segundo maior município, a rivalidade entre as siglas de Lula e Bolsonaro ficou evidente. Para entrar na chapa do candidato local do PP, Zequinha Lima, que disputa a reeleição, o PL exigiu que o PT ficasse fora da aliança, o que ocorreu.

 

Em Rondônia, o partido terá candidatos próprios em apenas 12 das 52 cidades, incluindo a capital, Porto Velho, onde lançará a ex-senadora Fátima Cleide. Já em Roraima, não haverá nenhum candidato do PT nas 15 cidades do estado.

 

Na capital, Boa Vista, apoiará Mauro Nakshima (PV).

— Esses estados não têm tanto peso para a Câmara, mas têm para o Senado. Essa eleição de 2024 tem que ter nesses estados um componente de preparação para 2026 — afirma o senador Humberto Costa, coordenador do grupo de trabalho eleitoral do PT.

 

 

 

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