Busque abaixo o que você precisa!

Eleições 2024 em Juazeiro do Norte: veja quem são os candidatos e entenda a disputa pela prefeitura

Alessandra Castro , / DIARIONORDESTE

 

Terra de Padre Cícero e terceiro maior colégio eleitoral do Ceará, Juazeiro do Norte se prepara para mais uma disputa pelo comando da Cidade sem nunca ter reeleito um prefeito. Tradição ou coincidência, o fato histórico é visto com otimismo por alguns e tabu a ser superado por outros.  

Na eleição deste ano, três candidaturas estão postas no município-polo do Cariri cearense. Duas delas, inclusive, polarizam o cenário eleitoral, dividindo o pleito entre aqueles que pretendem alcançar feito histórico e reeleger um gestor pela primeira vez e os que querem que a tradição continue, a fim de emplacar um novo nome no comando da Prefeitura juazeirense. São elas: a do prefeito Glêdson Bezerra (Podemos) e de Fernando Santana (PT). 

A rivalidade entre as duas postulações, no entanto, não é casualidade. De um lado, a máquina da gestão municipal, que conta com o apoio de partidos e lideranças de oposição ao Governo do Ceará para tentar manter Bezerra na Prefeitura. Do outro, o grupo governista que conseguiu reunir um arco de aliança partidário até maior do que a do governador Elmano de Freitas (PT) e grupos locais em prol de Santana. 

Além delas, a UP emplacou uma candidatura histórica na Cidade ao lançar pela primeira vez uma mulher trans na disputa, a professora e historiadora Sued Carvalho. Ela, inclusive, é a presidente estadual da legenda. 

Os nomes foram homologados em convenções partidárias, realizadas nos dois últimos fins de semana. Inclusive, na última segunda-feira (5), último dia para oficialização das postulações, a Federação Psol/Rede retirou a pré-candidatura de Germano Lima para se juntar à coligação de Santana. A decisão foi tomada por maioria dos votos, uma vez que a Rede tinha a maioria do diretório e defendia a união.

Com o fim das convenções, os partidos têm até o dia 15 para solicitar o registro de seus candidatos à Justiça Eleitoral. 

Candidatos à Prefeitura de Juazeiro do Norte 

Glêdson Bezerra (Podemos) 

Natural de Juazeiro do Norte, Glêdson Lima Bezerra é formado em Direito e policial civil licenciado. Iniciou a carreira política em 2008, quando foi eleito vereador da Cidade pela primeira vez pelo PTB. Seguiu na vereança pelo partido pelos dois pleitos seguintes, mudando de legenda em 2016, quando conquistou mais um mandato na Câmara Municipal. Naquele pleito, foi o parlamentar mais votado da Casa, com 4.365 votos. 

Em 2020, disputou pela primeira o mandato na Prefeitura, já pelo Podemos, com apoio do então deputado federal Capitão Wagner, mas com uma postura de independência em relação ao Governo Federal, à época presidido por Jair Bolsonaro (atualmente no PL). Na ocasião, Bezerra conseguiu ser eleito com 38,18% dos votos válidos, derrotando o então prefeito Arnon Bezerra (no PTB à época) — que contava com o apoio do então governador Camilo Santana (PT) e ficou em segundo lugar na eleição, com 36,20% da preferência do eleitorado.  

À época, ele compôs a chapa com Giovanni Sampaio, então vice-prefeito que rompeu com Arnon na disputa. Em outubro do ano passado, o vice anunciou, mais uma vez, ruptura com o atual gestor e seguiu aliado do Governo Estadual. Agora, Glêdson irá buscar a reeleição com apoio de lideranças de oposição ao grupo governista, como o ex-ministro Ciro Gomes, Capitão Wagner e Carmelo Neto. Sua coligação é formada pelo Podemos, União Brasil, PDT, PL, PP e PSDB/Cidadania. O vice na chapa é Tarso Magno, suplente de deputado federal pelo PP. 

Fernando Santana (PT)

Nascido em Juazeiro do Norte, Fernando Matos Santana é formado em Administração de Empresas e iniciou na vida pública na área de gestão, em secretarias de governos municipais, como a de Esportes e Juventude de Barbalha, antes de disputar um cargo eletivo. Foi no município vizinho ao que nasceu, inclusive, que disputou um cargo majoritário pela primeira vez, o de prefeito de Barbalha, em 2016, pelo PT — legenda na qual iniciou a militância política.  

Lá, ele foi lançado como candidato à sucessão do então prefeito Zé Leite (PT), que estava finalizando o segundo mandato, e do grupo governista do Estado, à época sob o comando de Camilo Santana. Todavia, ficou em segundo na eleição, sendo vencido pelo engenheiro Argemiro Sampaio (à época no PSDB), que recebeu 49,44% dos votos válidos. Depois disso, concorreu ao cargo de deputado estadual em 2018, ano em que foi eleito pela primeira vez. Em 2022, foi reeleito. 

Agora, ele vai disputar a Prefeitura de Juazeiro do Norte com a maior coligação do pleito até o momento e de lideranças políticas nacionais, como o ministro Camilo Santana e o presidente Lula (PT), e locais, como o governador Elmano de Freitas e os ex-prefeitos Raimundão (MDB) e Dr. Santana (PT), entre outros. A coligação é formada pela Federação PT/PV/PCdoB, PSB, PSD, MDB, Avante, Agir, Republicanos, Mobiliza, Solidariedade, PRD, PRTB e Federação Psol/Rede. A vice na chapa é a assistente social Maricele Macedo (MDB), ex-primeira-dama do município, esposa do ex-prefeito Raimundão. 

Sued Carvalho (UP)

Natural de Juazeiro do Norte, Sued Carvalho é graduada em História, professora e historiadora. Aos 28 anos, assumiu o comando do diretório estadual da Unidade Popular (UP), partido fundado em 2016 como alternativa para militantes insatisfeitos com partidos de esquerdas existentes. A legenda, todavia, só foi homologada em 2019 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), após coleta de mais de um milhão de assinaturas em todo o País. 

Sued Carvalho, inclusive, é a primeira mulher trans a assumir a direção de uma agremiação partidária no Ceará. Em 2022, ela concorreu pela primeira vez a um cargo eletivo, quando candidatou-se a deputada federal. A sigla, no entanto, não atingiu o quociente eleitoral para emplacar um nome na Câmara dos Deputados. No pleito, ela recebeu 2.140 votos.  

Em convenção realizada no domingo (4), a UP oficializou a candidatura de professora, que também é a primeira mulher trans a disputar o Executivo Municipal de Juazeiro do Norte. Em uma chapa pura, ela terá o estudante de Jornalismo Levi Rabelo (UP) como postulante a vice-prefeito na eleição. 

Um quase segundo turno 

Neste ano, o município de Juazeiro do Norte por pouco não passou a ter segundo turno. Mesmo com uma campanha de pré-candidatos e lideranças locais por novas filiações, os 200 mil eleitores necessários não foram alcançados. O município tem 198.133 pessoas aptos a votar no pleito de outubro.

Atlas: Boulos lidera, Nunes cresce; Marçal, Tabata e Datena estão empatados na terceira posição

Por André Shalders / O ESTADÃO DE SP

 

BRASÍLIA - Pesquisa Atlas divulgada nesta quinta-feira, 8, mostra o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) ainda na liderança da corrida pela prefeitura de São Paulo, com quase oito pontos percentuais a mais que o atual prefeito e postulante à reeleição, Ricardo Nunes (MDB). O levantamento registra ainda o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), a deputada federal Tabata Amaral (PSB) e Datena (PSDB) empatados na terceira posição dentro da margem de erro da pesquisa. Marçal tem 11,4%, Tabata, 11,2% e Datena tem 9,4%.

 

A série histórica das pesquisas da AtlasIntel, porém, não é tão otimista para o candidato do PSOL. Ele saiu de 37% das intenções de voto em maio para 36% em junho e 33% agora. Já Nunes cresceu de 21% em maio para 25% agora. Os demais – Tabata, Marçal e Datena – se mantiveram estáveis.

 

Nesta última rodada, os demais candidatos ficaram abaixo de 5%: Marina Helena (Novo) ficou com 3,5% e Ricardo Senese (UP) registrou 0,7%. Já Altino Prazeres Jr. (PSTU) e João Pimenta (PCO) não registraram. Cerca de 5,6% dos entrevistados disseram que votariam em branco ou anulariam o voto; e 0,6% disseram não saber ainda em quem votar.

 

A pesquisa ouviu 2.037 pessoas por meio de formulários online, usando a metodologia de recrutamento digital aleatório da Atlas. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. A coleta foi realizada entre a última sexta-feira (02) e esta quarta-feira (07). Os entrevistados foram sorteados aleatoriamente entre as pessoas que acessaram a internet a partir da cidade de São Paulo. A coleta foi calibrada para que o grupo de respondentes tenha características similares às do conjunto do eleitorado.

 

“De maneira geral, diria que a melhor notícia dessa rodada é para Nunes, porque está conseguindo crescer mesmo neste contexto, com Datena e Marçal”, diz o CEO da AtlasIntel, Andrei Roman. “Havia uma especulação sobre a possível canibalização dos votos dele (pelos outros dois), mas parece que isto não está acontecendo”.

 

Para Roman, a pesquisa revela uma certa estabilidade no quadro, e isso é uma boa notícia principalmente para o Ricardo Nunes. “A entrada do Pablo Marçal e do Datena, evidentemente, representava uma ameaça grande para Nunes, pois ocupam o mesmo espaço político. Principalmente o Marçal, por conta da mobilização da base bolsonarista. Havia também aqueles que preferiam o (ex-ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro) Ricardo Salles, e que ficaram um pouco ressentidos com o fato do Salles ter sido obrigado a sair (da disputa)”, avalia ele.

 

A pesquisa, aponta Roman, mostra que os números obtidos até aqui por Datena estão ligados ao reconhecimento do nome dele, e não representam “uma intenção de voto cristalizada”. “Na medida em que a corrida avança, esses eleitores em potencial do Datena acabam migrando”, diz. Já Marçal é prejudicado por não ser o candidato oficial do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), avalia Roman. O ex-mandatário vem dando declarações a favor de Nunes.

 

A pesquisa Atlas também perguntou aos entrevistados sobre o voto num eventual segundo turno da disputa. Se a disputa fosse hoje, Boulos derrotaria Pablo Marçal (44,1% a 35,2%) e Datena (39,9% a 29,5%); e empataria dentro da margem de erro com Nunes (42,4% a 42%, com 11,1% de brancos e nulos e 4,5% que não sabem dizer como votariam). Contra Tabata Amaral, Boulos venceria com 37,7% ante 27,4% da deputada socialista, mas 30,1% votariam em branco ou nulo neste caso. Nos cenários sem Boulos, Nunes derrotaria Datena por 38,7% a 28,9%; e perderia para Tábata Amaral por 43,4% a 38,3%.

 

Quando questionados sobre os principais problemas da cidade, a maioria mencionou a criminalidade (60,2%), seguido da saúde (51,6%) e da educação (35,1%), num terceiro lugar distante. Os problemas menos mencionados foram limpeza urbana (4,9%) e burocracia e barreiras para negócios (5,3%). O tema da “ordem urbana e segurança pública” também foi aquele no qual a gestão atual da prefeitura foi mais mal avaliada (46% consideram o desempenho “péssimo” e outros 19% acham o trabalho “ruim”. Só 6% consideram “ótimo”). Obras públicas são a segunda área com maior soma de “ruim” e “péssimo”: 31% e 29%, respectivamente.

 

O levantamento traz ainda uma questão sobre a percepção dos eleitores a respeito de figuras da política paulistana e nacional. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) é o mais bem avaliado no conjunto, com 48% de “imagem positiva” perante os eleitores, e 46% negativa. O presidente Lula (PT) tem 41% de avaliação positiva, ante 55% de negativa; o ex-presidente Jair Bolsonaro tem 36% de avaliação positiva e 62% de imagem negativa.

 

 

Convenção do MDB com clã Barbalho é marcada por pancadaria em Belém

Por Vinícius Valfré / O ESTADÃO DE SP

 

 

 

A convenção do MDB que confirmou, na noite deste sábado, 3, a candidatura do deputado estadual Igor Normando à prefeitura de Belém foi marcada por cenas de pancadaria entre apoiadores de candidatos a vereador de grupos rivais.

 

O evento partidário realizado no ginásio Mangueirinho teve a presença da família Barbalho, contando inclusive com o governador do Estado, Helder Barbalho, o senador Jader e o ministro Jader Filho, das Cidades, que apoiam Normando contra a reeleição de Edmilson Rodrigues (PSOL). A convenção seguiu normalmente depois do tumulto.

 

Vídeos gravados dentro do ginásio mostram trocas de socos e pontapés nas arquibancadas. Hastes de bandeiras de candidatos confeccionadas para a festa política também foram usadas nas agressões. As imagens mostram idosos, mulheres e crianças pulando para dentro da quadra para escapar da pancadaria.

 

A confusão se deu entre aliados do vereador Bieco (MDB), que busca o terceiro mandato, e do candidato Fábio Porto (MDB), que tenta sua primeira vaga na Câmara Municipal de Belém.

 

Segundo Bieco, a confusão começou depois que seu grupo levantou um “mosaico” inspirado nas faixas de estádios de futebol. A peça tinha foto dele, de Normando, do governador Helder Barbalho e de outros integrantes do grupo político. 

 

O grupo de Fábio Porto teria se incomodado com o tamanho da faixa e tentado removê-la. A reportagem não conseguiu contato com o candidato.

Ambos disputam eleitores em segmentos e regiões semelhantes. Eles também têm relações com torcidas organizadas dos arquirrivais Remo e Paysandu, que tinham integrantes na convenção.

 

“Não tem nada a ver com torcida organizada. Foi por causa do mosaico. São cenas lamentáveis, estou triste. Preparamos uma grande festa”, disse o vereador Bieco.

 

A campanha de Igor Normando estimou em 18 mil o total de presentes no ginásio. Segundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas de 16 de julho, o deputado federal Delegado Éder Mauro (PL-PA) lidera a corrida pela prefeitura de Belém, com 30,7% das intenções de voto. Normando ocupa a segunda posição com 18,2%, enquanto o atual prefeito, Edmilson Rodrigues (PSOL), com apoio do PT, tem 13,8%.

Segurança domina campanha paulistana

Por Vera Magalhães / O GLOBO

 

 

A segurança pública é atribuição precípua dos governos estaduais, definiu a Constituição de 1988. Mas o tema ganhou tamanha importância para o eleitorado que, ao mesmo tempo que se nacionalizou, também promete dominar a campanha para as prefeituras, sobretudo em São Paulo. A própria definição das candidaturas já explicitou a centralidade que a discussão terá na disputa paulistana. Ricardo Nunes até ameaçou resistir, mas teve de aceitar a imposição de Jair Bolsonaro para ter o coronel Mello Araújo como companheiro de chapa.

 

Aliados do prefeito agora veem a escolha como a possibilidade de Nunes contar com um escudo contra os ataques pesados que já passou a receber de José Luiz Datena nessa seara. O ex-apresentador de TV e agora candidato do PSDB tem centrado fogo no emedebista, associando sua gestão e sua candidatura ao crime organizado na cidade.

 

São acusações bastante graves, que devem fazer a temperatura entre os dois subir ao longo dos debates. Para o grupo de Nunes, a presença de um policial militar na chapa pode ajudar a responder às acusações e a neutralizar os ataques de Datena.

 

As promessas dos candidatos para que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) tenha uma participação mais ostensiva no policiamento da capital esbarram todas elas nas atribuições da corporação, que tem caráter de policiamento preventivo e voltado principalmente à garantia do patrimônio e da segurança do cidadão, mas sem poder de polícia.

 

Tanto Datena quanto Nunes têm apostado no discurso de armar a GCM até os dentes. A entrega de fuzis e carabinas pela atual gestão foi feita com estrépito. Na sabatina ao g1, o candidato do PSDB também prometeu uma guarda “hiperarmada”.

 

O protagonismo da segurança pública na disputa será tamanho que até os candidatos mais identificados com o campo da esquerda escolheram coordenadores graduados para fechar seu plano de governo para a área.

 

Guilherme Boulos escalou o sociólogo Benedito Mariano, ex-ouvidor da PM e ex-secretário de gestões petistas em cidades do Estado de São Paulo. Já Tabata Amaral (PSB) contará com a assessoria do professor da USP Leonardo Piquet Carneiro, que elaborou o plano de Geraldo Alckmin para a segurança na campanha de 2018.

 

No Q.G. de Boulos, a tônica deverá ser evitar a defesa da linha dura para a atuação da prefeitura subsidiariamente às polícias no enfrentamento à criminalidade.

 

O candidato lulista tem prometido investir pesadamente na zeladoria como forma de melhorar a sensação de segurança da população, sobretudo no centro da cidade de São Paulo, onde os furtos e roubos de celulares e o domínio do tráfico de drogas são algumas das principais queixas da população.

 

É pouco o que os prefeitos podem efetivamente entregar em termos de segurança, mas as promessas devem ser de terrenos na Lua.

 

Já a discussão sobre a infiltração do crime organizado nas estruturas do poder público e da política é importante e, se for aprofundada, pode trazer benefícios aos eleitores da cidade. O Ministério Público estadual tem avançado na investigação da presença da principal facção criminosa do estado em setores como transporte público e dos braços dessa organização em diversos partidos políticos, com influência no Executivo e no Legislativo municipais.

 

Esse é um fio que, se puxado até o fim, pode revelar ligações importantes entre crime e política, mas, para isso, é necessária uma ação articulada entre as diferentes instâncias de governo, as polícias estaduais e a Federal e a Justiça — que, muitas vezes, tem tomado decisões para que líderes dessas organizações presos em operações sejam liberados em seguida.

 

Diante de tudo isso, fica evidente que não há como fugir do clamor por segurança nas campanhas municipais. O importante é que a população não seja iludida com promessas irreais e que se avance na apuração e punição da tomada da política e do poder público pelo crime.

Eleições 2024: ex-adversários viram aliados para reforçar chapas majoritárias no Ceará; entenda

Ingrid Campos / DIARIONORDESTE

 

De uma eleição para outra, muita coisa pode mudar, principalmente o arco de aliança. Alguns movimentos parecem seguir um fluxo natural, enquanto outros surpreendem a população por unir dois ou mais atores que, até o pleito anterior, eram rivais. É o que acontece em ao menos cinco municípios cearenses, como Juazeiro do Norte, Maracanaú, Quixadá, Barro e Aracati.

Os remanejamentos dependem de fatores como a reconfiguração de partidos, os recursos eleitorais, a influência de lideranças maiores, a busca por sobrevivência no cenário político e até rompimento com antigos aliados, entre outros.

Motivados por um "projeto em comum" para suas respectivas cidades, pré-candidatos aglutinam forças diversas e buscam montar chapas competitivas. Até o começo de agosto, essas novas alianças podem se firmar: o prazo de convenções partidárias acaba no dia 5 e o pedido de registro de candidatura pode ser feito até o dia 15. No dia 16, começa o período de campanha em todo o País. Confira a seguir alguns casos apurados pelo PontoPoder.

Juazeiro do Norte  

Em 2020, Glêdson Bezerra foi eleito em uma coligação formada por Podemos (ao qual ainda é filiado), PSD e Pros, como principal nome da oposição ao então prefeito Arnon Bezerra, filiado ao extinto PTB à época. O ex-gestor era apoiado informalmente pelo PDT, que não chegou a efetivar candidatura devido a imbróglios no diretório local com intermédio do senador Cid Gomes, hoje filiado ao PSB. 

Quatro anos depois, o PDT já não é mais o mesmo, perdeu parcela significativa de seus filiados e recalculou alianças nos municípios. Em Juazeiro do Norte, por exemplo, a legenda migrou de lado e passou a apoiar a recondução de Gledson. Quem subiu ao palanque com o atual prefeito foram figuras como o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, e o ex-governador Ciro Gomes, que outrora reforçavam o grupo adversário. 

No Cariri, especificamente, o PDT tem caminhado ao lado de nomes do União Brasil e de bolsonaristas do PL – como presidente do partido no Ceará, Carmelo Neto –, rivais históricos da sigla trabalhista. 

Ao se unir a Glêdson e outros representantes da oposição ao grupo petista, Ciro, por exemplo, disse que uniria esforços para enfrentar uma “ditadura” no Estado. O pedetista também ressaltou que a aliança inédita representa um marco “histórico” da luta contra a “incompetência”, “corrupção” e “mandonismo”.

Na cidade caririense, outro zigue-zague: em 2020, o empresário Gilmar Bender, à época no PDT, decidiu declinar da pré-candidatura e apoiar a peleja de Glêdson contra Arnon, já que a principal liderança do seu partido, Cid Gomes, apoiava um adversário. 

Quatro anos depois, Bender migrou para o grupo político encabeçado pelo PT na disputa eleitoral. O apoio dado pelo empresário à campanha de Fernando Santana foi anunciado em maio último, ao lado do ministro da Educação, Camilo Santana (PT); do vice-prefeito de Juazeiro do Norte, Giovanni Sampaio (PSB); do presidente do Republicanos Ceará, ex-senador Chiquinho Feitosa; a filha do empresário, Bruna Brender; e o ex-vereador de Juazeiro Diogo Machado.

"União por um Juazeiro cada vez mais progressista, buscando alinhamento com o governo do presidente Lula, do nosso senador e ministro Camilo, e do governador Elmano de Freitas. Tenho demonstrado que Juazeiro precisa avançar com agilidade, coragem para trabalhar, ação, humildade e muito diálogo", disse o pré-candidato do PT na ocasião.

Em entrevista à rádio Sucesso FM, Glêdson se mostrou conformado com a mudança, apesar de ter tentado dialogar a permanência de Bender no seu grupo político. “Foi bom enquanto durou, acabou. Estou seguindo adiante”, disse, em maio, o gestor.

Maracanaú

Em junho, o PT confirmou apoio à recondução de Roberto Pessoa (União) na Prefeitura. Internamente, uma ala buscava viabilizar a pré-candidatura do deputado estadual Júlio Cesar Filho ao Executivo, mas o entendimento predominante foi de seguir com o atual gestor.

Daí, um desdobramento inesperado: o deputado saiu de forte opositor de Pessoa para aliado. Segundo ele, visando as eleições de 2026 e de 2028.

"Nossa ideia é somar com o grupo do Roberto Pessoa e construir uma aliança para além das eleições de 2024. Queremos colaborar para o sucesso em 2024, mas também para o mandato, saindo vitorioso durante os 4 anos. Obviamente, fazendo parte de seu governo e tendo seu apoio para a nossa eleição em 2026 ou em outros cargos que possamos conjuntamente almejar. [...] Eu serei um aliado, e um aliado tanto apoia quanto é apoiado, isso ficou bem claro nas nossas conversas. É uma parceria, e uma parceria é uma via de mão dupla", ressaltou.

Ao PontoPoder, Julinho, como é conhecido, disse que a decisão contou com aval do ministro da Educação, Camilo Santana (PT); do governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT); do deputado federal Luiz Gastão (PSD) e do próprio Roberto Pessoa. A participação do PSD aqui também conta com influência do parlamentar, uma vez que o presidente municipal da legenda é o seu pai, Júlio César Costa, ex-prefeito da cidade e atual vereador. 

Segundo ele, Roberto Pessoa garantiu que irá incorporar ao programa de governo seus projetos e compromissos. 

“Nossa missão continua e sempre continuará sendo um projeto que priorize o cuidado com as pessoas, o desenvolvimento da nossa cidade e a qualidade de vida dos nossos queridos maracanauenses”, completou.

Quixadá

Afastado de um aliado de quase uma década, o deputado estadual Osmar Baquit (PDT) se aproximou do atual prefeito de Quixadá, Ricardo Silveira (PSD). Os dois políticos estiveram em lados opostos nos últimos pleitos municipais, mas por interferência do senador Cid Gomes (PSB), os caminhos vão convergir nas eleições deste ano.

“Eu só sosseguei quando eu fiz aqui a reaproximação dessas duas figuras. [...] Eu acho que juntando as duas forças – o Osmar lá na Assembleia e o Ricardo aqui na prefeitura, com sua equipe – e o que eu puder fazer, modestamente, estou fazendo, mas o mais importante que eu deveria fazer era isso, juntar os dois… Se eu alcovitei aqui os dois, eu sou responsável por essa união, e no que depender de mim, é como o padre diz ali na cerimônia de casamento: vocês estão juntos até que a morte os separe”, disse Cid, em evento de filiação ao PSB de Quixadá, realizado em março.

O prefeito vai repetir a chapa vitoriosa de 2020 em outubro de 2024, ao lado do vice-prefeito Marcelo Ventura, que se filiou ao PSB naquele mesmo mês de março. Vale destacar que o partido também agregou o grupo político liderado por Baquit na ocasião. Soma-se a isso a posse de Amilcar Silveira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), como presidente municipal da sigla.

Já a parceria que o parlamentar mantinha com o ex-prefeito da cidade dos monólitos e atual assessor especial da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Ilário Marques (PT), não se repetirá nas eleições deste ano.

Em entrevista em dezembro do ano passado ao portal SerTão TV, Baquit deu indicativos de sua aproximação da Prefeitura, que se confirmaram posteriormente. Ele lembrou que tem ligações familiares com o clã Silveira, mas que a política tem parcela de culpa no afastamento. 

Os irmãos Ricardo, Amilcar e Everardo Filho (empresário) são herdeiros do ex-prefeito de Quixadá Everardo Silveira, que morreu há cerca de um ano. “Nunca é tarde para recompormos as amizades. Se isso vai desaguar na política, quem sabe é deus e as nossas conversas. Eu não fecho porta para ninguém”, afirmou na entrevista de dezembro. 

Barro

Os enlaces políticos no município de Barro guardam duas particularidades. Primeiro, o grupo eleito de forma suplementar na cidade, em 2021, foi desmembrado nos meses seguintes, com o prefeito George Feitosa (MDB) de um lado e o vice, Albano Severo (PSDB), de outro.

O distanciamento demandou novas alianças e diálogo com antigos opositores. Exemplo disso foi a aproximação entre o prefeito e a vereadora Vanda Pereira (PSB), sua adversária na eleição suplementar, e com outros que estavam no bloco rival.

Com isso, a nova chapa foi formada com Feitosa e Dr. Didi (PSB), marido de Vanda. A união foi oficializada no último fim de semana, em convenção partidária que ocorreu no sábado (27). 

Aracati

O conflito entre o prefeito Bismarck Maia (Podemos), de Aracati, e o PT local já se arrastava desde 2021, mas ganhou novo molde neste ano. Em maio, o partido da vice-prefeita Denise Menezes (PT) decidiu ser oficialmente oposição nas eleições de outubro. 

Por meio de nota publicada nas redes sociais, a legenda reclama da "absoluta falta de respeito e gratidão" por parte do prefeito. Por isso, declarou apoio a pré-candidatura de Caetano Neto (Republicanos) à Prefeitura, montando uma "frente ampla" com PCdoB e PV (federados ao PT), além de Republicanos, Progressistas e União Brasil. 

O seu pré-candidato a vice-prefeito é Dr. Falcão (PP). Já o gestor atual não poderá concorrer à reeleição e apoiará a vereadora Roberta Cardoso e ex-secretária municipal Ana Mello, ambas do Podemos, como pré-candidatas a prefeita e a vice-prefeita, respectivamente.

Assim como Bismarck, Caetano compõe uma tradicional família na região, que já chegou a ocupar cargos eletivos. Exemplo disso é o seu pai, o ex-prefeito Júnior Guedes. Os dois clãs rivalizam em Aracati e tiveram embate direto em 2020, com a candidatura dos dois primeiros – e o PT ao lado do, hoje, prefeito.

A decisão do diretório municipal petista foi homologada internamente neste mês, mas desmanchada pela instância estadual na véspera da convenção que celebraria a nova união, marcada para o último sábado (27). Assim, segundo a resolução do PT Ceará, o partido fica neutro na cidade, e os seus filiados liberados para apoiar o nome que quiserem na disputa. 

Após a resolução, Denise Menezes veiculou uma mensagem nas redes sociais parabenizando a investida de Caetano.

"Quem disse que eu ia perder essa festa? Eu não podia ficar de fora, principalmente para deixar um forte abraço para o nosso futuro prefeito Caetano e nosso vice Falcão. Abraços extensivos para todos e todas presentes nessa convenção, que celebra e anuncia a chegada de um novo ciclo de nossa terra, em que as pessoas terão mais valor que o concreto”, disse a vice-prefeita em postagem compartilhada pelo pré-candidato a prefeito.  

 

Compartilhar Conteúdo

444