Candidatos a prefeito de Fortaleza falam de segurança, saúde e taxa do lixo em primeiro debate
O primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de Fortaleza, realizado nesta quinta-feira (8) foi marcado por embates diretos entre os candidatos André Fernandes (PL), Capitão Wagner (União Brasil), Eduardo Girão (Novo), Evandro Leitão (PT), George Lima (Solidariedade), José Sarto (PDT) e Técio Nunes (PSOL).
Segurança, saúde e taxa do lixo foram os temas que mais dividiram os postulantes à Prefeitura da Capital no encontro promovido pela TV Band Ceará. As discussões giraram em torno de como a gestão municipal deve atuar diante de áreas tão caras à população. O debate foi dividido em quatro blocos de perguntas e respostas.
Primeiro bloco
No primeiro bloco, as trocas de farpas entre os candidatos já iniciaram. Primeiro a perguntar, Evandro Leitão disse que Eduardo Girão passa "mais tempo" morando em Miami, nos Estados Unidos, do que em Fortaleza e ressaltou a proximidade do senador com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Durante os últimos anos, o senhor passou mais tempo morando em Miami, nos Estados Unidos, do que aqui em Fortaleza. O senhor é um aliado de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro, que é contra a vacina, contra isolamento social na época da pandemia", afirmou.
Girão rebateu, alegando que o candidato do PT "não teve coragem" de se posicionar a favor da abertura de um Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), para investigar o narcotráfico no Estado, em 2018.
"O candidato do PT, recém-convertido ao PT, não teve a coragem de fazer acontecer, como líder do Governo, a CPI do Narcotráfico, e a população cearense está sofrendo exatamente agora a sequela da omissão do candidato do PT", disse.
Mais tarde, em resposta a Wagner, Leitão rebateu as críticas sobre o seu posicionamento em 2018, justificando que a CPI tinha intuito "meramente para se fazer palanque eleitoreiro".
O primeiro bloco ainda teve críticas do ex-deputado estadual George Lima a André Fernandes. Na ocasião, o candidato do Solidariedade questionou o "equilíbrio emocional" do postulante do PL e apontou situações de desrespeito às regras sanitárias durante a pandemia da Covid-19.
Já na sua vez de perguntar, Fernandes aproveitou para atacar Capitão Wagner. Na ocasião, o questionamento deveria ser feito para o prefeito José Sarto, mas o postulante do PL utilizou o tempo para contestar as alianças feitas pelo ex-aliado no decorrer de sua carreira política.
"Tem um candidato aqui que eu apoiei por três vezes, ele deveria, nesse momento, estar me apoiando, retribuir. Mas, além de não fazer isso, me tem hoje como adversário. Já esteve no palanque do Ciro, do Elmano, do Lula e também do Bolsonaro. Estou falando do candidato Capitão Wagner, que sempre teve ao seu lado o oportunismo. Você acha que lealdade é uma virtude importante na vida do ser humano?", perguntou André a Sarto. O atual prefeito optou por falar de ações da sua gestão.
As críticas não foram rebatidas por Wagner.
Segundo bloco
No segundo bloco, os postulantes tiveram que debater sobre perguntas previamente enviadas por especialistas ou populares, de acordo temas sorteados. Ao falar sobre políticas para a juventude, Capitão Wagner alfinetou Leitão logo após o petista elogiar as ações desenvolvidas na área pela ex-prefeita Luizianne Lins (PT).
"Muito interessante ver o deputado Evandro elogiando a ex-prefeita Luizianne depois de ter atropelado a ex-prefeita no processo de escolha de candidatura do PT. Mas, aproveitando o tema, eu queria apresentar a minha candidata a vice-prefeita, minha amiga Edilene Pessoa, que é mãe, profissional de saúde e tem como missão de vida cuidar das crianças e adolescentes da Cidade de Fortaleza, porque ela é conselheira tutelar dessa Cidade", destacou.
Evandro chegou a rebater a fala do adversário, afirmando que "foi um processo interno democrático que respeitou tudo e todos".
O debate seguiu com os postulantes falando sobre diversos temas, como eficiência fiscal, empreendedorismo, entre outros. No fim, alguns direitos de resposta solicitados foram concedidos. O prefeito José Sarto foi um dos contemplados, tendo em vista que Eduardo Girão estava utilizando uma camisa com críticas ao gestor, o que não seria permitido.
"O senador Eduardo Girão estava usando uma camisa que quebra as regras do debate, flagrantemente, tanto que o nosso pedido de resposta foi concedido. O candidato, mesmo assim, estava com a camisa, pediu para que a gente concedesse (permissão para responder pergunta antes de chegar nova camisa), eu fiz a gentileza de conceder, e o candidato ainda fez questão de ressaltar o que estava escrito na camisa. Fortaleza, candidato Girão, não falta gestão. O candidato Girão aprovou o marco regulatório do saneamento básico que cria a taxa do lixo, fez um vídeo elogiando o marco regulatório e, agora, fala sobre a taxa do lixo?", respondeu o prefeito.
Terceiro bloco
No terceiro bloco, os candidatos puderam escolher o tema que iam falar, já que o assunto era livre. Um dos primeiros a debater, George Lima questionou a falta de diálogo entre a Prefeitura e o Governo do Estado para fazer políticas de Segurança Pública na Cidade, bem como indagou sobre a composição política das secretarias.
"Eu aprendi que a gente não consegue fazer nada sozinho. A gente tem que procurar especialistas, parcerias, ter humildade de saber o que a gente pode e não pode resolver. Gestão é uma coisa que sozinho você não consegue, você tem que ter uma equipe, com especialistas em cada área. Eu vou procurar o mais alto nível de profissionais, mas interagindo e conversando com o Estado, e não apontando para o Estado. O senhor acha que uma gestão só com políticos dá certo?", questionou o ex-deputado.
Ainda no terceiro bloco, após os candidatos serem mais incisivos sobre a Segurança Pública, Técio Nunes aproveitou parte do seu tempo para responder uma pergunta para também falar sobre o assunto. Na ocasião, ele havia sido indagado por Leitão sobre políticas para a Saúde.
"Eu não poderia me furtar, primeiro, a comentar um pouco esse debate que está acontecendo aqui. Acho que, de fato, está faltando mulher nesse debate, porque quando só tem homem parece que o debate é de coragem, coragem, coragem. Aí tem uns que ficam aqui trincando os dentes, que tem coragem, mas na hora H quem vai bancar essa política violenta que esses estão propondo é trabalhador da Guarda Municipal, Polícia. Eles vão ficar no gabinete deles posando de corajoso", afirmou Nunes.
Quarto bloco
No quarto bloco, os temas foram sorteados: transporte público, meio ambiente, saúde e limpeza urbana foram alguns deles. Na ocasião, os candidatos criticaram a taxa do lixo, mas as críticas feitas por Leitão e Girão levaram os dois a se alfinetarem entre si.
Logo após o petista dizer que iria acabar com a taxa do lixo, Girão respondeu alegando que "esses políticos são muito engraçados".
"Ouvir do candidato recém-convertido ao PT falar contra a taxa do lixo, ele que, na presidência da Assembleia, aprovou o aumento do ICMS, é só tributo, só taxa. Ninguém aguenta mais isso e vem falar, não tem moral para falar sobre taxa do lixo. Inclusive, se você não pagou a taxa do lixo, não pague, não", afirmou.
Em resposta a Girão, ele ironizou a postura do senador e reforçou que iria acabar com a taxa.
"Candidato Girão, tenha um pouco mais de calma. O Partido dos Trabalhadores é o maior partido desse País. Eu não aumentei imposto, eu sou o presidente da Casa, conheço um pouco mais o regimento. Eu quero dizer para você que está aí: eu vou acabar com a taxa do lixo", disse.
A parte final do debate foi destinada às considerações finais dos candidatos.