Dilma pode jogar você na fogueira da Petrobras
O ambiente até que poderia ser favorável para o governo, pois as fornalhas do Congresso ainda estão desligadas. E a oposição não voltou das férias. Entretanto, a realidade, impregnada de Lava Jato e de maus indicadores, não tira folga. Para complicar, Dilma continua sendo Dilma. Nesta quinta-feira, a presidente admitiu, numa conversa com jornalistas, que pode jogar você, contribuinte, na fogueira da Petrobras. Perguntou-se a Dilma se está descartada a hipótese de o governo “capitalizar” a Petrobras. Ela não descartou: “O que nós faremos será em função do cenário nacional e internacional. Nós não descartamos que vai ser necessário fazer uma avaliação se esse processo continuar.”
Quer dizer: após fechar os olhos para a pilhagem na estatal, Dilma cogita ligá-la a uma bolsa de soro do Tesouro Nacional, cujos nutrientes são o seu, o meu, o nosso dinheiro.
Batendo a porta: ‘PMDB afunda junto com o PT’
Integrante da ala independente do PMDB, o senador Ricardo Ferraço, do Espírito Santo, desligou-se da legenda nesta sexta-feira (15). Em entrevista ao blog, disse ter concluído que o partido mantém com o PT um “casamento definitivo”. Chamou a união de “abraço de afogados”. Resignado, jogou a toalha: “Como o PMDB não muda, mudou eu. Abaixo, a transcrição da conversa:
"Não acredito que haverá pedido de vista", diz Gilmar Mendes sobre rito do impeachment - ISTOÉ
Para ministro do STF, pedido é 'regimental e normal' e rito deve ser o mesmo de Collor
Estadão Conteúdo
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou nesta sexta-feira, 11, que a Corte está consciente de que o País vive um momento delicado e disse não acreditar que haverá pedidos de vista na próxima quarta-feira, 16, quando o plenário do Supremo deverá decidir sobre o rito do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. "Não acredito que haverá esse pedido de vista, todos percebem que há uma necessidade desse tema ser encaminhado", afirmou o ministro.
Na noite de terça-feira, 8, o ministro do STF Luiz Edson Fachin decidiu suspender a formação e a instalação da Comissão Especial que irá analisar o processo de impeachment de Dilma, determinando que os trabalhos fiquem suspensos até o plenário do Supremo analisar o caso.
As relações perigosas de Wagner - ISTOÉ
Em março de 2014, às vésperas da Operação Lava Jato, o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, encarregou Maria de Brotas Neves, secretária executiva da empresa, de providenciar um presente para um amigo. O destinatário era o então governador da Bahia, Jaques Wagner (PT). Maria de Brotas encomendou três garrafas do vinho Vega Sicilia Gran Reserva 2003, a R$ 2 mil a unidade, numa distribuidora de bebidas de São Paulo, para serem retiradas em Lauro de Freitas, na Grande Salvador. Era o aniversário de Wagner. O empresário fez um bilhete de próprio punho para ser entregue com a encomenda, em que felicitava o petista por mais um ano de vida. “Meu caro governador…”, escreveu Pessoa dois anos atrás, quando era desenfreada a roubalheira envolvendo contratos da Petrobras. De lá para cá, com o avanço da Operação Lava Jato, muito se revelou sobre as estreitas ligações entre empreiteiros e políticos. Relações, de acordo com as investigações, pautadas muito mais por interesses privados do que públicos. A descoberta do Petrolão levou Pessoa para a cadeia e hoje o empreiteiro cumpre prisão domiciliar por conta de um acordo de delação premiada.
ACUADO Desde que colocou em prática o projeto de tornar o seu nome viável para uma possível candidatura presidencial, Wagner passou a ser alvo de intenso tiroteio
O momento atual é de apontar a participação dos políticos nos desvios feitos na Petrobras. Nesse contexto, as garrafas de vinho dadas a Wagner têm um significado mais amplo do que um regalo de aniversário. É a proximidade do atual ministro-chefe da Casa Civil com empreiteiros que o arrasta cada vez mais para o centro da Lava Jato. Nas próximas semanas, com o fim do recesso do Judiciário, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deverá pedir a abertura de inquérito para averiguar as denúncias contra Wagner.
Interferência indevida - ISTOÉ
Deferida em dezembro para definir o rito do impeachment, a decisão do Supremo Tribunal Federal, presidido por Ricardo Lewandowski, causou uma espécie de ressaca no meio jurídico. O principal ponto de desconforto é a sensação de que pode ter sido ferido um princípio básico da Constituição, que prevê a independência dos três poderes da nação, o Legislativo, o Executivo e a Judiciário. A controvérsia suscitou uma questão: cabe aos magistrados interferir em decisões administrativas do Congresso? O Supremo derrubou a deliberação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e indicou a aplicação de voto secreto para eleger a comissão que avaliará o impeachment. O STF também desautorizou a formação de uma chapa avulsa, contrariando a Câmara. Por fim, fica a sensação de que o Supremo desequilibrou a divisão de forças entre as duas casas legislativas, concedendo mais poder ao Senado e retirando prerrogativas da Câmara.
JOGO DE PODER Lewandowski, presidente do STF: para parlamentares, algumas decisões dos ministros do Supremo podem ser revistas
Apesar de saber das dificuldades, parlamentares e juristas consultados por ISTOÉ acreditam que alguns pontos da decisão dos ministros do Supremo podem ser reformados. No dia 1º de fevereiro, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMSDB-RJ), vai protocolar no STF um recurso pedindo esclarecimentos de pontos considerados contraditórios. Cunha tem dedicado o mês de janeiro para, entre outras questões, debruçar-se sobre o tema.
O fim da era do ‘eu não sabia’
Em 2014, a Polícia Federal teve de esperar cerca de dez meses para ouvir Lula num inquérito complementar ao mensalão. No ano passado, entre um convite para prestar esclarecimentos sobre a Lava-Jato e o depoimento, foram aproximadamente três meses.
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Por fim, no caso da Zelotes, menos de um mês separou a revelação da intimação da oitiva. Quem acompanha os casos de perto diz que, além do enfraquecimento do ex-presidente, o encurtamento dos prazos mostra que Lula, que nunca sabia de nada, começa a enxergar perigo real nas investigações — tanto que reforçou sua defesa, contratando o ex-governador Nilo Batista. Por: Vera Magalhães / VEJA