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Com 20 anos, papagaio chama dona de mãe e canta 'Atirei o pau no gato'

Dona diz que ave não voa porque tem uma asa menor que a outra (Foto: Aline Nascimento/G1)

Aceito como pagamento de uma dívida de panelas, o papagaio 'Louro', como foi batizado pela família, chama sua dona de mãe, canta a cantiga 'Atirei o pau no gato', entre outras coisas inusitadas. Segundo a dona, a cabeleireira Elane Ricardo, de 28 anos, o animal é bastante carinhoso, dorme dentro de casa e convive como um membro da família. Louro faz 21 anos em fevereiro e é criado ao ar livre no bairro Apolônio Sales, em Rio Branco. A cabeleireira conta que ganhou a ave quando tinha oito anos, depois que o pai o aceitou como forma de pagamento de uma dívida. Após três anos, a família veio morar em Rio Branco, pois a escola onde ela estudava não oferecia a 5ª série e o Louro foi junto em uma das malas.

"Morávamos no km 75 da estrada de Boca do Acre, meu pai vendia panelas e aí um homem estava devendo um jogo de panelas para ele no valor de R$ 70. Sem dinheiro, ele disse que não tinha como pagar, mas tinha um papagaio. Aí meu pai levou ele para mim. Não lembro o dia direitinho, mas sei que foi no mês de fevereiro", relembra. 

Elane diz que a ave gosta de tomar banho na chuva, dorme dentro do quarto onde ela está, dá tchau para as pessoas e assovia. Apesar de ser chamado de Louro, a dona diz que não tem certeza sobre o sexo do animal. Além disso, o papagaio nasceu com dois problemas que o impedem de voar. "A perninha dele é torta e a assa é machucada. Ele não tem as asas cortadas e nem vive em gaiolas", revela.

Com a casa em reforma, a cabeleireira precisou ir morar com os pais e levou o papagaio com ela. Sem filhos, Elane explica que tem a ave como um filho e, inclusive, o papagaio chama sua mãe de 'vó'. "Não gosto de pensar que ele vai morrer. Sei que ele vai morrer, mas não queria que esse dia chegasse nunca. Para mim, ele é como um filho", emociona-se.

Elane Ricardo diz que considera ave como um filho (Foto: Aline Nascimento/G1)Elane Ricardo diz que considera ave como um filho (Foto: Aline Nascimento/G1)

Sobre as músicas, a cabeleireira explica que Louro foi aprendendo conforme as pessoas cantavam para ele. Ela diz que o papagaio ouve as músicas no rádio e depois fica cantando. Elane confessa que tem ciúmes da ave e que ele também tem ciúmes dela.

"Ele dorme dentro de casa comigo ou no pé da cama. A maioria quer chegar e pegar, mas eu não deixo muito. Tenho muito ciúmes, ele também não deixa qualquer pessoa pegar nele, não gosta muito. Nem minha mãe e nem meu pai pegam nele. Ele dá tchau para minha mãe e fala tchau, vó", conta.

Criado ao ar livre
Devido o problema na asa, quando quer descer das árvores, o papagaio grita pela mãe. Elane diz que nunca precisou colocá-lo e em gaiolas e nem permite que ninguém o machuque. "Ele é livre, tenho certeza que se pudesse voar, ele voaria mas voltaria para cá, porque é bem cuidado", explica.

A cabeleireira conta que nunca levou a ave ao veterinário, mas que ela nunca apresentou nenhuma doença. "Não deixo ele comer sempre comida e nem carne, porque ele fica agressivo quando come carne. Ele gosta muito de salada e come muita fruta", fala.

Embora a cabeleireira goste do animal de estimação, ela não recomenda que ninguém tire animais de seu habitat natural. "Para eu chegar e comprar, eu não faria isso, não acho legal. Mas, do jeito que ele veio para mim, eu ainda era criança. Acho que seria o fim tirar ele de mim. Não gosto nem de pensar", lamenta.

Cadastro
Segundo a bióloga Joseline Guimarães, os papagaios podem viver mais de 80 anos, sem ter os cuidados necessários. Ela revela ainda que é permitido o cadastro das aves apenas para quem tem criadouro.

"Se algum vizinho denunciar, o Ibama deve ir e constatar que o animal tem algum problema de voo e está lá espontaneamente. Ela poderia legalizar se tivesse um criadouro, porque só tem as categorias comercial e científico de fauna silvestre. Como ele vive livre, não ocorre nenhum problema com a lei. Ele deve viver muito tempo. Porque está em condições de cuidados extremos", afirma.

Foi pensando em possíveis problemas com a lei que Elane foi ao Ibama para tentar cadastrar o animal, mas foi informada que não seria possível. "Fui lá em 2013 ou 2014para legalizar, quando cheguei o rapaz falou que não era mais possível. Ele perguntou como eu criava o papagaio e eu disse que ele vivia solto e livre", diz.

'Não sabe que é bicho', diz bióloga
Sobre os sons humanos repetidos pelo animal, a bióloga esclarece que o animal não se reconhece como ave e pensa que é um ser humano. "Não é bom para ele ficar falando e cantando, porque é um animal silvestre. O papagaio da natureza não repete sons humanos. Como ele não teve muito contato com outros animais da espécie dele, por já ter nascido com esse problema, ele não sabe que é bicho", pontua. PORTAL G1

 

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