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Exército assume papel de empreiteira e tem R$ 1 bi em obras sob Bolsonaro

Julio Wiziack / FOLHA DE SP
BRASÍLIA

O governo Jair Bolsonaro turbinou a contratação do Exército para tocar grandes obras. Os militares mantêm hoje uma carteira com R$ 1 bilhão de projetos em execução.

A maioria dos empreendimentos pertence ao Ministério da Infraestrutura. O Ministério do Desenvolvimento Regional também é um cliente dos militares.

Com o porte bilionário, o Departamento de Engenharia do Exército se consolida como uma das maiores empreiteiras na lista de fornecedores da União. Essa injeção de recursos leva a críticas de empresas privadas.

De formação militar, o ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutra) iniciou a gestão com fotos da BR-163 (PA) em redes sociais informando que um batalhão do Exército faria o asfaltamento do último trecho da rodovia até Miritituba.

As obras da BR-163 ficaram empacadas por décadas. A conclusão desse trecho final viabilizaria o escoamento da safra de grãos do Centro-Oeste pelos portos do Norte, criando uma saída mais rápida para a exportação em relação aos tradicionais portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP). Em novembro passado, ele postou fotos de novo, agora com soldados no dia do término da missão.

Só com Tarcísio, a Infraestrutura fechou seis projetos com o Exército —parte do bolo bilionário vem de projetos de governos passados. Os novos contratos totalizam R$ 200 milhões.

Quatro deles se referem a obras de restauração, manutenção e outros serviços em quatro rodovias: BR-135 (MA), BR-110/316 (PE), BR-230 (PB) e BR-432 (RR).

Os outros dois foram repasses do ministério para a compra de equipamentos e veículos pelo Exército a serem usados na prestação dos serviços.

A Infraestrutura, em nota, afirmou que a parceria com o Exército se deve pela “experiência em regiões de difícil logística” na Amazônia. Segundo a pasta, são mobilizadas forças já disponíveis na região.

O Comando do Exército disse, também em nota, que a parceria “traz como ganhos adicionais para a sociedade o adestramento da tropa e a possibilidade de renovação da frota de equipamentos e viaturas das organizações militares, formação profissional de milhares de jovens durante o serviço militar obrigatório, capacitando-os a ingressar no mercado de trabalho”.

Não só na Amazônia atua o Exército, porém.

Um sétimo projeto tratará da construção de um dos trechos da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste). O contrato será assinado em dois meses. O valor estimado do novo projeto é de pelo menos R$ 100 milhões.

​O anúncio foi feito pelo próprio ministro durante uma vistoria ao local, há cerca de dez dias. “O Exército vem fazendo um trabalho extraordinário, como foi feito nas obras da BR-163 [no Pará], e agora vai participar das obras do trecho entre Bom Jesus da Lapa e São Desidério”, disse Tarcísio.

Executado pela Valec, estatal ligada ao Ministério da Infraestrutura, o lote 6 da Fiol, na Bahia, será construído pelo 4º Batalhão de Engenharia de Construção, de Barreiras (BA), e pelo 2º Batalhão Ferroviário, de Araguari (MG).

Segundo o ministério, será a primeira vez que um batalhão ferroviário assumirá uma ferrovia desde a implementação da Ferroeste (Estrada de Ferro do Oeste), nos anos 1990.

A Fiol foi dividida em dois trechos. O primeiro deles ligará Caetité ao porto de Ilhéus, na Bahia. O segundo irá de Caetité até Barreiras, no interior do estado.

A ferrovia terá 485,4 km de extensão e prevê investimentos de R$ 2,7 bilhões. Hoje, 40% do traçado está concluído.

Segundo o ministério, a ferrovia reduzirá os custos de transporte de grãos, álcool e minérios para exportação e estimulará a ampliação da produção agroindustrial. Também permitirá a ligação do Tocantins, do Maranhão de Goiás e da Bahia aos portos de Ilhéus (BA) e Itaqui (MA).

Nos bastidores, construtoras privadas que já atendem o governo reclamam que o Exército está sendo beneficiado com os melhores projetos. Elas não quiseram falar por temer represálias.

O Exército nega. Segundo a corporação, a participação dos militares em obras de cooperação é muito pequena. “Não há, portanto, nenhum tipo de prejuízo ou concorrência com a iniciativa privada.”

A Infraestrutura afirmou que 98% dos projetos foram repassados a empresas privadas. No entanto, as empresas dizem que há “intensa pulverização” no valor dos contratos.

De acordo com elas, os contratos firmados pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), responsável pela manutenção das rodovias federais que não foram concedidas à iniciativa privada, neste ano somam até o momento R$ 980 milhões —38% para obras e 62% para serviços.

Juntos, os cinco maiores fornecedores receberam R$ 251,8 milhões. São eles: Neovia Infraestrutura Rodoviária (R$ 66,8 milhões); Construtora Meirelles Mascarenhas (R$ 58,5 milhões); Pavia Brasil (R$ 53 milhões); Construtora Visor (R$ 42,7 milhões); e LCM Construtora e Comércio (R$ 30,8 milhões).

Segundo a Infraestrutura, o Dnit e Exército mantêm R$ 560 milhões em contratos para construção de vias e de aproximadamente R$ 230 milhões para manutenção.

“Esse montante em carteira de empreendimentos com o Exército não será desembolsado totalmente neste ano, mas se divide em contratos com previsão de até cinco anos de execução, mediante a existência do recurso.”

No Ministério do Desenvolvimento Regional, há cinco empreendimentos com o Exército. Porém, todos foram contratados na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB). As obras e os pagamentos continuam em andamento.

Ajuste fiscal fica de lado agora e dívida bruta deve chegar a 94% do PIB, diz Mansueto

Larissa Garcia /FOLHA DE SP
BRASÍLIA

O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, afirmou, nesta segunda-feira (1º), que o ajuste fiscal, por enquanto, "fica de lado, volta no próximo ano".

Em evento virtual promovido pelo portal Focus.jor, Mansueto disse que o desafio, com a pandemia do novo coronavírus, é gastar com saúde e o que for necessário para tratar a questão da Covid-19.

Ele afirmou que a dívida bruta brasileira deve encerrar o ano em 94% do PIB (Produto Interno Bruto).

"Em 2015 a Selic passava de 14% ao ano. Se a taxa continuasse nesse patamar, a dívida estaria em trajetória insustentável. Agora, com a Selic a 3% ao ano, o serviço da dívida é muito menor", disse.

Na transmissão, ele reforçou a importância da continuidade das reformas econômicas que estão em tramitação no Congresso Nacional.

"Se já era importante crescer antes da crise, depois da crise será ainda mais importante", afirmou.

Ele também defendeu que seja feita uma reforma tributária depois da crise.

"O Brasil tem sistema tributário caótico, que deixa grande dor de cabeça nos empresários, a gente precisa encarar o desafio de aprovar uma reforma tributária nesse país, e para isso será necessário muito diálogo político", ressaltou.

Para Mansueto, é preciso reduzir a carga tributária.

"É necessário reduzir esse número grande de impostos e a cumulatividade. Temos impostos em cascata em processo de produção, que encarece o produto. Além disso, temos que torná-lo mais progressivo."

"O que o Brasil fez, no meio de uma polarização política e de um governo sem base política sólida, não foi pouca coisa", comemorou, em referência a aprovação da reforma da previdência no ano passado.​

Problemas com sono, apetite e desinteresse: pesquisa do ministério aponta queixas durante a quarentena

BARRETOS

Sono desregulado, falta de apetite e cansaço foram alguns dos incômodos relatados por brasileiros durante a quarentena feita para tentar barrar o avanço do novo coronavírus no país, de acordo com uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde nesta sexta-feira (29).

O levantamento mostrou também que um em cada cinco brasileiros que saíram de casa durante a quarentena furou o isolamento social porque estava entediado ou cansado de ficar em casa. A pesquisa Vigitel é feita a partir de uma série de entrevistas telefônicas feitas pela pasta com o apoio da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Segundo o Ministério da Saúde, as maiores queixas dos brasileiros durante este o período foram as alterações no ciclo do sono, relatadas por 41% dos entrevistados; mudança na alimentação (38%) e falta de interesse (35%). Veja abaixo os incômodos mais citados:

  • Dificuldade em dormir ou dormir mais do que de costume (41,7%)
  • Falta de apetite ou comendo demais (38,7%)
  • Pouco interesse em fazer as coisas (35,3%)
  • Se sentir para baixo ou deprimido (32,6%)
  • Se sentir cansado ou com pouca energia ( 30,7%)
  • Lentidão para se movimentar ou falar / Estar muito agitado ou inquieto (17,3%)
  • Dificuldade para se concentrar nas coisas (16,9%)
  • Se sentir mal consigo mesmo ou achar que você decepcionou pessoas queridas (15,9%)
  • A pesquisa ouviu mais de 4 mil brasileiros por telefone em dois ciclos de entrevistas feitas entre abril e maio de 2020, em todas as regiões do país.

    O ministério também constatou que 87,1% dos entrevistados precisaram sair de casa ao menos uma vez na semana anterior à pesquisa. Entre os brasileiros que deixaram o isolamento, a maior parte relatou ter saído para comprar alimentos, trabalhar ou buscar serviços de saúde. As respostas mais comuns foram:

    • Comprar alimentos (75%)
    • Trabalhar (45%)
    • Procurar serviço de saúde ou farmácia (42,1%)
    • Estar entediado ou cansado de ficar em casa (20,5%)
    • Prestar ajuda a familiar ou amigo (20,2%)
    • Visitar familiar ou amigo (19,8%)
    • Praticar atividade física (13,6%)
    • Caminhar com animal de estimação (5,6%)
    • PORTAL G1

Bolsonaro sanciona lei que suspende dívida de estados e municípios

O presidente Jair Bolsonaro sancionou com vetos a lei que autoriza a suspensão das dívidas de estados, DF e municípios com a União, entre elas os débitos previdenciários parcelados pelas prefeituras com vencimento para este ano. A medida pode gerar um impacto de R$ 60 bilhões na União.  A lei complementar (LCP 173/20) foi publicada na edição desta quinta-feira (28/5) do Diário Oficial da União

Caso a suspensão seja feita, o pagamento será apartado e incorporado ao saldo devedor em 1º de janeiro de 2022, devidamente atualizado pelos encargos financeiros contratuais de adimplência.

Os valores não pagos dentro deste período devem ser aplicados preferencialmente em ações de enfrentamento à epidemia causada pelo novo coronavírus.  

Lei foi publicada no Diário Oficial desta quinta-feira
Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O projeto tinha sido aprovado pelo Congresso Nacional e estava com o presidente desde o dia 6 de maio. A medida tem por objetivo mitigar os efeitos causados pela perda de arrecadação durante a epidemia do novo coronavírus e reforçar ações emergenciais nas áreas da saúde e assistência social. 

A lei também prevê ajuda financeira de R$ 60 bilhões a estados, Distrito Federal e municípios. Serão repassados R$ 60 bilhões aos estados, DF e municípios em quatro parcelas mensais. Do montante, R$ 10 bilhões devem ser destinados às ações de saúde e assistência social (R$ 7 bilhões para estados e DF e R$ 3 bilhões para municípios).

Os outros R$ 50 bilhões buscam mitigar os efeitos financeiros da Covid-19 (R$ 30 bilhões irão para os estados e DF; R$ 20 bilhões para municípios). A lei complementar ainda

Por fim, Estados, DF e municípios afetados pela calamidade pública ficam proibidos, até 31 de dezembro de 2021, de conceder aumento, reajuste ou adequação de remuneração a servidores, empregados públicos e militares, exceto quando sentença judicial transitada em julgado ou decisão anterior determinar o contrário.

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Fase de transição será teste para retomada; confira lista de setores que voltam ao trabalho

O governador Camilo Santana apresentou resumo do plano de retomada da atividades econômicas no Estado durante transmissão ao vivo em suas redes sociais nesta quinta-feira (28). Apesar da renovação do decreto de isolamento social, o governo estadual iniciará uma fase de transição na segunda-feira (1º), etapa que servirá de teste para o retorno econômico.

Camilo detalhou que dois critérios principais foram utilizados para definir os  setores que devem retornar primeiro e quais irão ficar para as últimas etapas. Segundo ele, o risco sanitário e a importância socioeconômica foram os fatores determinantes.

"Do dia 1º ao dia 7, serão liberadas algumas atividades, mas tem critérios a serem seguidos. Há uma tendência de estabilização dos casos, principalmente em Fortaleza, mas quero deixar claro que os próximos 7 dias serão avaliado. A Saúde vai avaliar e determinar se é possível prosseguir com as próximas fases ou não", ressaltou o governador.

O chefe do Executivo estadual ainda apelou a empresas e população que sigam as orientações governamentais em cada etapa. "O resultado desse plano depende do compromisso das empresas com seus funcionários e do comportamento da população. Teremos horários de funcionamento diferentes, protocolos a serem seguidos, como a medição da temperatura dos empregados, testagem de amostra dos funcionários, muito critério e rigor para que a gente não precise retroceder", afirmou.

O secretário da Saúde do Estado, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, Dr. Cabeto, reforçou o pedido. "Isso não é uma abertura, é uma fase de transição. É preciso responsabilidade, pois vidas estão em jogo. Para que não haja retrocesso, é preciso obediciênica a toda regra de isolamento social", pontou.

Nesta etapa inicial, que irá durar sete dias, 17 segmentos estão autorizados a retomar parcialmente suas operações. Os percentuais de liberação variam de 0,60%, no caso do setor de tecnologia da informação, a 100% para a cadeia da saúde.

Quase 67 mil empregos poderão retomar suas atividades em todo o Estado, cerca de 11,5% do total. Na Capital, serão 44,8 mil trabalhadores, representando 67% do efetivo de Fortaleza, enquanto no Interior esse número é de 22,1 mil ou 33%.

Camilo ressaltou que, no comércio, apenas o setor ligado a saúde e material de construção poderão reabrir.

Confira a lista de atividades e os percentuais de liberação desta fase de transição:

- Indústria química e correlatos (30%)
Indústria de químicos inorgânicos, plástico, borracha, solventes, celulose e papel

- Artigos de couros e calçados (17,9%)
Fabricação de calçados e produtos de couro

- Indústria metamecânica e afins (28,7%)
Fabricação de ferramentas, máquinas, tubos de aço, usinagem, tornearia e solda

- Saneamento e reciclagem (30%)
Recuperação de materiais

- Energia (20%)
Construção para barragens e estações de energia elétrica, geradores

- Cadeia da construção civil (31%)
Construção de edifícios até 100 operários obra, cadeia produtiva com 30%

- Têxteis e roupas (12,4%)
Indústria têxtil, confecções e de redes

- Comunicação, publicidade e editoração (10,2%)
Impressão de livros, material publicitário, e serviços de acabamento gráfico

- Indústria e serviços de apoio (0,8%)
Indústria de artigos de escritório e manutenção industrial. Cabeleireiros, manicures e barbearias

- Artigos do lar (16,9%)
Fabricação de eletrodomésticos e artigos domésticos

- Agropecuária (12,4%)
Obras de irrigação

- Móveis e madeira (7,9%)
Fabricação de móveis e produtos de madeira

- Tecnologia da informação (0,6%)
Fabricação de equipamentos de informática

- Logística e transporte (10,8%)
Metrofor, transporte rodoviário metropolitano na RMF e manutenção de bicicletas

- Automotiva (1,9%)
Indústria de veículos, de transporte e peças

- Cadeia da saúde (100%)
Comércio médico e ortopédico, óticas, podologia e terapia ocupacional

- Esporte, cultura e lazer (8,1%)
Treinos de atletas de esportes individuais, além dos clubes de futebol participantes da final do Campeonato Cearense. DIARIONORDESTE

 

 

Governo diz que já identificou mais de 160 mil fraudes no auxílio emergencial

Julia Lindner, O Estado de S.Paulo

26 de maio de 2020 | 21h44 

BRASÍLIA - A Controladoria-Geral da União (CGU) identificou mais de 160 mil possíveis fraudes no recebimento do auxílio emergencial de R$ 600 destinado a trabalhadores informais. De acordo com o ministro da CGU, Wagner Rosário, as irregularidades envolvem proprietários de veículos que custam acima de R$ 60 mildonos de embarcações e pessoas que doaram mais de R$ 10 mil nas últimas eleições. Rosário informou que a lista com os cerca de 50 milhões de cadastrados para receber o benefício será divulgada em até 15 dias.

Auxílio emergencial
50 milhões de brasileiros já receberam o benefício emergencial. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

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"Em 12 a 15 dias vamos estar colocando em transparência toda a base do recebimento do auxílio emergencial. Todas as pessoas que vêm recebendo para que o cidadão possa ele mesmo fiscalizar", disse Wagner Rosário em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, na noite desta terça.

Rosário afirmou que os números totais das fraudes ainda estão em fase de consolidação, mas citou como exemplo que já foram identificados 74 mil sócios de empresas com empregados cadastrados e que recebem a ajuda do governo.

Além disso, a CGU já cruzou dados de 86 mil pessoas que doaram, como pessoa física, mais de R$ 10 mil nas últimas campanhas políticas. Sem informar números, mencionou também beneficiários que são presidiários, proprietários de veículos que custam acima de R$ 60 mil e donos de embarcações. Ele citou, ainda, pessoas que têm domicílio fiscal no exterior, cujas investigações foram reveladas pelo Estadão/Broadcast.

Mais cedo, o governo federal abriu quase R$ 30 bilhões de crédito extraordinário em favor do Ministério da Cidadania para o auxílio emergencial a pessoas em situação de vulnerabilidade, devido à pandemia da covid-19Com isso, o custo do programa já alcança R$ 152,6 bilhões. 

Crise ameaça pagamento da 1ª parcela do 13º de servidores do Ceará

O pagamento da primeira parcela do 13º salário aos servidores do Estado do Ceará em junho pode não acontecer em 2020, segundo admitiu a secretária estadual Fernanda Pacobahyba (Fazenda). O motivo é diretamente relacionado à crise deflagrada pelo novo coronavírus no Estado, que está comprometendo a liquidez dos cofres públicos.

"O que eu posso dizer neste momento é que a gente tem desafios muito sérios de liquidez. Era previsto pelo Governo Federal ajuda para maio, junho, julho e agosto. Hoje, dia 25 de maio, o presidente (Jair Bolsonaro) nem sancionou, ainda vai publicar o PLP... Este dinheiro não chega este mês", argumenta.

O recurso a que se refere Pacobahyba são os cerca de R$ 916 milhões previstos pelo Projeto de Lei Complementar (PLP) 39/2020, já aprovado no Congresso Nacional e que depende exclusivamente da Presidência da República para que chegue aos cofres do Estado do Ceará e dos municípios cearenses.

A polêmica em torno da publicação no Diário Oficial da União homologando a decisão se arrasta há quase duas semanas, foi tema da reunião entre governadores e o presidente na semana passada e teve até como pré-requisito o compromisso dos estados e municípios de não conceder reajuste aos servidores neste ano.

"Então, está havendo um desajuste de time que torna difícil a gente pensar que consigamos abrir mão de liquidez... Se ele (Bolsonaro) me disser, Fernanda, eu te mando esse dinheiro dia 10. Não, no dia 10, eu já não paguei a folha (de pagamento). No dia 31, eu tenho que mandar (a ordem de pagamento) da folha", expõe a secretária, demonstrando como funciona a dinâmica do Fisco cearense e justificando a possível tomada de decisão sobre a primeira parcela do 13º em 2020.

Pagamento a uma parte

Perguntada se não estudava outras possibilidade para garantir a injeção do recurso na economia cearense - afinal, se os indicadores de saúde tiverem as metas atingidas, a retomada da atividade econômica terá início no próximo dia 1º de junho -, a secretária da Fazenda revelou que estuda cenários para o pagamento do benefício para os servidores, dentro de determinadas faixas salariais.

"Tem várias perspectivas para a gente apresentar ao governador Camilo Santana. Vamos imaginar que a gente libere o 13º das pessoas que ganham até dois salários mínimos. Isso dá uma injeção grande. Essas pessoas, como o salário é baixo, o dinheiro vai direto para o consumo, então, chega realmente na bodega, na loja de roupa... Isso seria bom", estima Pacobahyba sobre um dos cenários prováveis e avaliados pela Secretaria.

Informações consultadas no Portal da Transparência pelo núcleo de dados do Sistema Verdes Mares indicam que o número de servidores estaduais cujo pagamento é de até dois salários mínimos chega a 62.357 pessoas, de um total de 168.358 servidores estaduais - entre ativos, aposentados e pensionistas.

Esta faixa salarial concentra a maior quantidade de servidores tanto entre os aposentados (11.285 recebem até um salário e 11.368 entre um e dois salários) quanto nos da ativa (9.371 ganham até um salário e mais 19.061 recebem entre um e dois).

Depósito posterior

Outra possibilidade estudada na Sefaz, segundo Pacobahyba apontou, seria o depósito da primeira parcela do benefício mais próximo do fim do ano, quando a segunda parcela é geralmente depositada nas contas dos servidores. Neste cenário, é considerada a retomada mais tardia, de acordo com a explicação da secretária da Fazenda.

"Talvez as pessoas não estejam na perspectiva de consumir muito agora, porque estão presas dentro de casa e essa flexibilização vai se dar aos poucos, e aí se liberaria em um momento lá na frente, que teria potencialidade de consumo", afirma. O objetivo em liberar o recurso é de impulsionar o consumo pela população justamente quando algumas cadeias produtivas estiverem retomando as atividades, proporcionando, assim, recursos para um mercado consumidor interno, o qual consiga fazer o dinheiro girar na economia cearense.

"A gente tem um compromisso também, como sempre tivemos, de injetar uma grana para movimentar a economia local. O problema é o quanto", ressalta.

Impasse federal

O principal gargalo apontado por Pacobahyba para o pagamento da primeira parcela do 13º e toda saúde fiscal do Estado durante a pandemia encontra-se no Governo Federal: "Se o Bolsonaro chegar e disser assim: não vou sancionar (o PLP 39). Aí acabou-se, pode ter certeza que não vai ter 13º e talvez não tenha nem no fim do ano, pois a situação vai ficar bem difícil se ele não sancionar", aponta.

Além do PLP, os repasses da União para o Ceará empacam muitas atividades que dizem respeito à linha de frente ao combate à contaminação pela Covid-19, como indica a secretária. No balanço feito pelo Estado, enquanto o Ceará já desembolsou cerca de R$ 300 milhões de março até maio na compra de medicamentos, contratação de pessoal, hospitais de campanha, compra de equipamentos de proteção individuais e respiradores no exterior, entre outras necessidades, o repasse federal soma algo em torno de R$ 80 milhões.

"No PLP 39, existe uma expectativa de o Estado, em quatro vezes, receber até R$ 400 milhões. Então veja o descompasso", destaca, citando o Rio Grande do Norte, que buscava recursos para comprar cerca de 30 respiradores, enquanto "o Ceará comprou 700 de uma vez, já recebeu 200, deve receber mais 300".

Outra insatisfação demonstrada por ela com o Governo Federal diz respeito aos critérios usados no PLP, que colocam o Ceará como último da lista entre os estados brasileiros quando o critério é o volume de recursos. "Quando coloca o auxílio da saúde, é que vamos pra 5º. E os estados do Nordeste todos estão atrás. Ou seja, o Nordeste foi mais uma vez renegado", lamenta.

O PLP tão mencionado por Pacobahyba, no entanto, não faz parte das menções nem do presidente, nem da equipe econômica desde a reunião com os governadores, na sexta-feira (22), horas antes de o vídeo da reunião ministerial ser tornado público.

Rigor interno

Para dar mais estabilidade e segurança aos gastos feitos atualmente, a secretária conta que montou um grupo dentro da própria Sefaz, juntamente com o Instituto de Pesquisas Econômicas do Ceará (Ipece) para analisar a arrecadação e avaliar tecnicamente as despesas. O objetivo é manter a saúde fiscal do Estado e não sucumbir como Minas Gerais e Rio Grande do Sul, que limitaram a R$ 2 mil e a R$ 1,5 mil, respectivamente, o pagamento dos servidores. O restante será parcelado.

"O que vamos é o seguinte: pegar esse primeiro mês (de volta das cadeias produtivas), que o governador vai autorizar essa retomada, e nós vamos analisar diariamente as operações. Quando chegar no meio do mês, tem como ter uma projeção do final do mês. Mas hoje, com um mês só, não conseguimos".

Sem repasses federais garantidos, com a arrecadação em baixa e os desafios de custear o combate à pandemia, Estado do Ceará pode rever o pagamento do 13º salário em junho de 2020. DIARIONORDESTE

Bolsonaro rebate STF, descumpre regra da pandemia e participa de aglomeração com faixas contra Congresso e Judiciário

Bernardo Caram / folha de sp
 
bolswonaro e seu povo
BRASÍLIA

Dois dias após o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Celso de Mello ter divulgado vídeo de reunião ministerial alvo de investigação, o presidente Jair Bolsonaro publicou na manhã deste domingo (24) um trecho da lei de abuso de autoridade, no que foi entendido como um recado direto à corte.

A postagem em rede social traz uma foto de um artigo da lei 13.869, de 2019. "Art. 28 Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investiga ou acusado: pena - detenção de 1 (um) a 4 (quatro) anos."

Divulgado nesta sexta-feira (22), o vídeo da reunião do dia 22 de abril mostrou grande preocupação de Bolsonaro em ser destituído, tendo o presidente da República revelado, ainda, contar com um sistema de informação particular, alheio aos órgãos oficiais, reforçando as indicações de interferência política na Polícia Federal.

O encontro, recheado de palavrões, ameaças de prisão, morte, rupturas institucionais, xingamentos e ataques a governadores e integrantes do Supremo, foi tornado público em quase sua integralidade pelo ministro Celso de Mello.

A investigação que levou ao depoimento do ex-ministro Sergio Moro à Polícia Federal e que provocou a análise e divulgação deste vídeo foi aberta a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, e autorizada pelo ministro Celso de Mello, do STF, relator do caso.

O teor do vídeo e os depoimento em curso são decisivos para a PGR concluir se irá denunciar o presidente por corrupção passiva privilegiada, obstrução de Justiça e advocacia administrativa por tentar interferir na autonomia da Polícia Federal.

Ministros de Estado, delegados e uma deputada federal já prestaram depoimento no inquérito que investiga a veracidade das acusações do ex-juiz da Lava Jato contra o chefe do Executivo.

O objetivo é descobrir se as acusações do ex-ministro da Justiça contra Bolsonaro são verdadeiras ou, então, se o ex-juiz da Lava Jato pode ter cometido crimes caso tenha mentido. Na visão de Aras, oito delitos podem ter sido cometidos.

Após apuração da PF, a PGR avalia se haverá acusação contra Bolsonaro. Caso isso ocorra, esse pedido vai para a Câmara, que precisa autorizar sua continuidade, com voto de dois terços.

Na manhã deste domingo, logo após a postagem como resposta ao Supremo, o presidente deixou o Palácio da Alvorada de helicóptero, desembarcou no anexo da Vice-Presidência e seguiu à praça dos Três Poderes, em Brasília, onde ocorria uma manifestação em defesa do governo.

Bolsonaro estava de máscara, mas a retirou na caminhada, contrariando regras do Distrito Federal. A multa em caso de descumprimento é de R$ 2.000.

O presidente voltou a causar aglomeração na frente do Palácio do Planalto. Desta vez, não desceu a rampa do palácio, como em outros atos. Os manifestantes portavam faixas contra Congresso, Judiciário e imprensa.

Cercado de seguranças, o presidente estava acompanhado do ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e do deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ).

TCE diz que Estado do Rio pagou R$ 123 mi a mais por respiradores

Fábio Grellet, O Estado de S.Paulo

23 de maio de 2020 | 05h25

RIO - O Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) afirma que a secretaria estadual de Saúde do Rio gastou R$ 123,58 milhões a mais do que seria normal ao adquirir respiradores para equipar suas unidades no combate à pandemia do novo coronavírus.

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Em auditoria, cujo resultado foi divulgado na noite de sexta-feira, 22, o órgão aponta o ex-secretário estadual de Saúde Edmar José Alves dos Santos e o ex-subsecretário Gabriell Carvalho Neves Franco dos Santos como principais responsáveis pelas irregularidades e solicita a apresentação de defesa ou o ressarcimento aos cofres públicos de R$ 36,59 milhões.

Fábio Grellet, O Estado de S.Paulo

23 de maio de 2020 | 05h25

RIO - O Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) afirma que a secretaria estadual de Saúde do Rio gastou R$ 123,58 milhões a mais do que seria normal ao adquirir respiradores para equipar suas unidades no combate à pandemia do novo coronavírus.

Em auditoria, cujo resultado foi divulgado na noite de sexta-feira, 22, o órgão aponta o ex-secretário estadual de Saúde Edmar José Alves dos Santos e o ex-subsecretário Gabriell Carvalho Neves Franco dos Santos como principais responsáveis pelas irregularidades e solicita a apresentação de defesa ou o ressarcimento aos cofres públicos de R$ 36,59 milhõe

A auditoria foi realizada pela Secretaria Geral de Controle Externo do TCE-RJ entre os dias 27 e 30 de abril e analisou três contratos assinados para a aquisição de mil respiradores, no valor total de R$ 183,58 milhões. Foram contratadas três empresas: ARC Fontoura Indústria Comércio e RepresentaçõesA2A Comércio Serviços e Representações e MHS Produtos e Serviços.

O estudo apontou que os respiradores foram comprados com preços que equivaliam, em média, ao triplo adotado como referência no mercado, implicando um sobrepreço médio aproximado de 200%. A empresa ARC Fontoura aplicou um sobrepreço de 183%, enquanto a A2A, 230% e a MHS, 212%.

respirador
Ventilador mecânico é utilizado em pacientes do coronavírus com problemas respiratórios. Foto: Benoit Tessier/Reuters

A auditoria apontou sete irregularidades: contratação de empresas inaptas para fornecer os equipamentos pretendidos; direcionamento Ilícito da contratação; pagamento antecipado, sem prestação de garantia; ausência injustificada de estimativas de preço; ausência injustificada de estimativas de quantidade; sobrepreço injustificado; e liquidação irregular de despesa, após o recebimento de equipamentos inadequados.

O pagamento antecipado sem prestação de garantia e a liquidação irregular da despesa foram as razões para pedir o ressarcimento de mais de R$ 36 milhões ao ex-secretário e seu ex-braço direito.

Segundo o TCE-RJ, também foram encontrados fortes indícios de fraude na condução do processo das contratações, o que fez o Tribunal dar imediata ciência dos fatos ao Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ). O relatório alerta tanto o dano ao erário quanto o risco à saúde de toda a população fluminense.

"Merece destaque a gravidade das condutas de cada um dos responsáveis aludidos, considerando que deliberadamente admitiram o recebimento, com o consequente pagamento, de equipamentos em flagrante desconformidade às especificações técnicas necessárias, não apenas acarretando dano ao erário, mas colocando em risco a saúde de toda a população fluminense, tendo em vista o objeto contratado e o contexto em que se insere, mais uma vez indicando, se não o dolo, uma culpa grave", alerta o relatório.

O TCE-RJ cobra dos dois acusados que se manifestem sobre cinco irregularidades: a contratação de empresas notoriamente inaptas para cumprir o contrato; o direcionamento ilícito nas contratações; a contratação sem adequada estimativa de preços; a contratação sem que fossem demonstradas as reais demandas do quantitativo a ser adquirido; e sobrepreço apurado de R$ 123,58 milhões.

A auditoria também sugere comunicação ao atual secretário estadual de Saúde para que, ao realizar aquisições emergenciais, realize estimativa de preço e faça constar do processo administrativo a metodologia adotada para a estimativa do quantitativo pretendido.

Na noite de sexta-feira, a reportagem tentou ouvir os dois acusados e as três empresas envolvidas, sem sucesso até a publicação desta reportagem.

Doria reitera necessidade de liberação da primeira parcela de socorro até dia 31

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), pediu nesta quinta-feira, 21, que o presidente da República, Jair Bolsonaro, sancione o socorro financeiro aos Estados e municípios e realize o primeiro pagamento da até 31 de maio.

Em intervenção curta durante reunião com demais governadores e ministros, Doria destacou seu apoio ao veto ao trecho do reajuste salarial de servidores públicos até 2021.

O governador, que tem trocado farpas publicamente com o presidente, destacou a “união e paz” entre os entes da federação. “O Brasil precisa estar unido para vencer a crise e ajudar a proteger a saúde dos brasileiros. Nosso foco neste momento é exatamente este, proteger os brasileiros em todo o Brasil”, disse.

Doria afirmou que o momento é de “guerra”. “A guerra coloca todo mundo em derrota, quem perde principalmente são os mais pobres.” ISTOÉ

 Doria afirmou que o momento é de “guerra”. “A guerra coloca todo mundo em derrota, quem perde principalmente são os mais pobres.”

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