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Quaest Fortaleza: veja o potencial de abstenção dos eleitores de cada candidato a prefeito

Escrito por Ingrid Campos  / DIARIONORDESTE

 

A segunda rodada da pesquisa Quaest sobre a disputa pela Prefeitura de Fortaleza, divulgada nessa quarta-feira (11), também captou a percepção do eleitorado sobre a abstenção no dia da votação em primeiro turno, marcada para 6 de outubro. O levantamento mostrou a relação entre os eleitores que informaram se vão ou não comparecer às urnas e os candidatos escolhidos por eles na pesquisa estimulada de intenções de votos para o cargo.  

O levantamento encomendado pela TV Verdes Mares ouviu 900 pessoas com 16 anos ou mais na cidade de Fortaleza, entre os dias 8 e 10 de setembro. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos e o índice de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob protocolo CE-05405/2024.

Certeza de ir votar dividida por candidato

Entre eleitores de Capitão Wagner (União), a certeza de presença na votação em urna caiu em relação à primeira rodada da pesquisa. Antes, 29% dizia, com convicção, que iria votar em 6 de outubro. Agora, esse percentual está em 24%. 

A pesquisa também mediu, entre os adeptos à candidatura de Capitão Wagner, aqueles que não têm certeza se vão comparecer no dia da votação. Nessa faixa, que tem margem de erro de 11 pontos percentuais, houve queda de 37% para 20% da primeira à segunda rodada da Quaest.

Entre eleitores do prefeito José Sarto (PDT), a certeza de comparecimento na votação em urna também caiu em relação à primeira rodada da pesquisa. Antes, 22% dizia, com convicção, que iria votar em 6 de outubro. 

A pesquisa também mediu, entre os adeptos à candidatura de José Sarto, aqueles que não têm certeza se vão comparecer no dia da votação. Nessa faixa, houve oscilação de 25% para 22% da primeira à segunda rodada da Quaest.

Já entre eleitores de André Fernandes (PL), a certeza de comparecimento na votação em urna subiu em relação à primeira rodada da pesquisa. Antes, 16% dizia, com convicção, que iria votar em 6 de outubro. Agora, esse percentual está em 22%.

A pesquisa também mediu, entre os adeptos à candidatura de André Fernandes, aqueles que não têm certeza se vão comparecer no dia da votação. Nessa faixa, houve oscilação de 8% para 15% da primeira à segunda rodada da Quaest.

Entre eleitores de Evandro Leitão (PT), aconteceu o mesmo: a certeza de comparecimento na votação em urna subiu em relação à primeira rodada da pesquisa. Antes, 15% dizia, com convicção, que iria votar em 6 de outubro. Agora, esse percentual está em 22%.

A pesquisa também mediu, entre os adeptos à candidatura de Evandro Leitão, aqueles que não têm certeza se vão comparecer no dia da votação. Nessa faixa, houve crescimento numérico de 10% para 21% da primeira à segunda rodada da Quaest.

Branco, nulo ou não vai votar representam 7% dos entrevistados, no levantamento mais recente, enquanto no anterior, esse número era 8%. Os indecisos saíram de 3% para 4% entre as duas pesquisas. Outros – em referência aos candidatos que pontuaram menos de dois dígitos, como Eduardo Girão (Novo), Chico Malta (PCB), Zé Batista (PSTU), Técio Nunes (Psol) e Geroge Lima (Solidariedade) – caíram de 7% para 3%.

A margem de erro na faixa dos convictos com a ida à votação em urna é de 3 pontos percentuais. Já na faixa dos que não têm certeza se vão votar, a margem de erro é de 11 pontos percentuais. 

Histórico de abstenção

Nas eleições municipais de 2024, o 1º turno do pleito está marcado para 6 de outubro e o 2º turno será no dia 27 de outubro, caso necessário, em municípios com mais de 200 mil eleitores. A votação será aberta a partir das 8h, conforme o horário de Brasília, com encerramento às 17h.

Nas eleições municipais de 2020 em Fortaleza, em meio à pandemia de Covid, o eleitorado da Capital era de 1,8 milhão. Conforme dados do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), o comparecimento foi de 1,4 milhão (78,1%) e a abstenção foi de 397 mil eleitores (21,8%). 

Nos anos anteriores, o cenário foi o seguinte: em 2016 teve 82,96% de comparecimento e 17,04% de abstenção e em 2012, 83,98% do eleitorado apto foi às urnas e outros 16,02% não compareceram. 

Leia mais:Quaest Fortaleza: veja o potencial de abstenção dos eleitores de cada candidato a prefeito

Por que Marçal foi bem na pesquisa Quaest e mal no Datafolha

Por O GLOBO— São Paulo

 

As duas principais pesquisas de opinião pública divulgadas nesta semana trouxeram sinais distintos para a campanha do candidato do PRTB em São Paulo, Pablo Marçal. A começar pelo dado geral de intenções de voto. No levantamento da Quaest, divulgado na quarta-feira, o ex-coach tinha 23% das menções, só um ponto atrás do líder numérico, o prefeito Ricardo Nunes (MDB). Já no Datafolha de ontem, Marçal marcou 19%, oficialmente abaixo do emedebista (com 27%) e empatado numericamente com Guilherme Boulos (PSOL), com 25%, ainda assim no limite da margem de erro.

 

Para além da ordem de grandeza dos percentuais auferidos pelos dois institutos, é na direção da curva de progressão que mora a principal distinção. A Quaest indicava Marçal ainda avançando, mas em ritmo menos intenso que em semanas anteriores. O Datafolha, por sua vez, mostra o ex-coach estagnado, já até ensaiando um recuo (houve variação negativa de três pontos percentuais, dentro da margem de erro da pesquisa).

 

Os levantamentos foram feitos com dois dias de diferença: a Quaest fez entrevistas de domingo a terça-feira, enquanto o Datafolha foi a campo entre terça e quinta-feira. Os institutos adotam metodologias próprias, o que reforça a inadequação de se comparar as pesquisas. Neste texto, o que se pretende é mostrar as distinções que ajudam a entender o cenário da disputa paulistana de modo mais completo.

 

Até quarta-feira, a campanha de Marçal acreditava ter saído vitoriosa do embate com Nunes no Sete de Setembro, quando ambos foram a um ato de direita na Avenida Paulista. O ex-coach apareceu na Quaest como detentor de 50% dos votos daqueles que disseram ter apoiado o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022, contra 32% de Nunes nesse estrato. Um dia depois, o Datafolha mostrou maior equilíbrio entre bolsonaristas: Marçal tem 42%; Nunes, 39%.

 

A excursão de Marçal à Avenida Paulista no último sábado incomodou o ex-presidente, que acusou o ex-coach de “fazer palanque às custas do trabalho e do risco dos outros”. Quem também se voltou contra o candidato do PRTB foi o pastor Silas Malafaia, um dos organizadores do ato.

 

No público evangélico, que compõe cerca de um quarto do eleitorado paulistano, Marçal apareceu na Quaest com um crescimento de dez pontos, passando de 27% para 37% — bem à frente de Nunes, com 26%. De novo, o Datafolha veio para botar água no chopp marçalista: a pesquisa divulgada na quinta-feira indicou empate técnico no segmento: Marçal com 31%, e Nunes, com 29%.

 

Além de notícias menos positivas em segmentos mais à direita no espectro político, Marçal também viu sua rejeição atingir 44% no levantamento do Datafolha, o que o isolou como o nome a quem mais eleitores dizem “não votar de jeito nenhum”. Na Quaest, a taxa registrada foi de 41%.

 

O impacto mais nítido na disputa de rejeições aparece nas simulações de segundo turno entre Marçal e Boulos. O psolista tem o voto negado por 48% dos eleitores (segundo a Quaest) ou 37% (segundo o Datafolha). Como o primeiro instituto indica equilíbrio entre Boulos e Marçal nesse quesito, explica-se também o cenário de empate técnico entre os dois num eventual segundo turno (pelo placar de 40% a 39%, respectivamente). Já pelo Datafolha, Boulos venceria o ex-coach por 47% a 38%. É como se todos os que disseram ao instituto rejeitar Marçal decidissem votar em Boulos, e vice-versa.

 

As pesquisas foram registradas na Justiça Eleitoral sob os números SP-09089/2024 (Quaest) e SP-07978/2024 (Datafolha).

 

Por que os candidatos aparecem em posições diferentes nas pesquisas para prefeito de SP?

Por Bianca Gomes / O ESTADÃO DE SP

 

As três pesquisas mais recentes para a Prefeitura de São Paulo mostram variações nas posições dos três principais candidatos — Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB).

 

No levantamento da Quaest divulgado nesta quarta-feira, 11, há um empate técnico, com Nunes numericamente à frente (24%), seguido de perto por Marçal (23%) e Boulos (21%). Na pesquisa AtlasIntel, Boulos lidera com 28%, também em empate técnico com Marçal (24,4%), enquanto Nunes aparece mais atrás, com 20,1%. Já no Datafolha, Nunes tem 27%, Boulos 25% e Marçal 19%. Mas por que as pesquisas apresentam os candidatos em posições diferentes?

 

Raphael Nishimura, diretor de amostragem da Universidade de Michigan, aponta que as discrepâncias entre as pesquisas podem ser resultado das diferentes metodologias utilizadas pelos institutos. Enquanto a Quaest realiza entrevistas presenciais domiciliares, a Atlas faz coleta por meio de questionários online. Ambas ajustam a amostra para refletir as características do eleitorado de São Paulo.

 

“Minha hipótese é que uma pesquisa online tende a ter uma cobertura mais restrita da população, já que só pessoas com acesso à internet participam dela”, explica o especialista ao Estadão. “No caso da Atlas, o questionário é acessado por meio de anúncios no Google e em redes sociais, o que limita ainda mais a amostra, já que depende de quem vê e clica no anúncio. Outro problema é que as pessoas que tendem a responder a pesquisa da Atlas são mais engajadas politicamente, enquanto a Quaest é menos sujeita a esse viés”, afirma Nishimura.

 

Ele explica ainda que há dificuldades específicas para cada abordagem. “A pesquisa domiciliar, como a da Quaest, teoricamente pode alcançar qualquer pessoa, mas no Brasil há dificuldades em recrutar certos respondentes, especialmente em áreas com condomínios fechados e prédios, onde os entrevistadores não conseguem entrar. Já a Atlas enfrenta mais obstáculos com eleitores de baixa renda ou idosos, que não estão tão conectados à internet”, diz o especialista.

 

Nishimura ressalta que ambos os institutos ajustam suas amostras para lidar com essas limitações: a Atlas, por exemplo, tende a atribuir mais peso aos eleitores de menor renda, compensando o fato de que eles tendem a capturar menos desse perfil em suas pesquisas. E a Quaest tende a compensar a sub-representação de eleitores com poder aquisitivo mais elevado.

 

Assim como a Quaest, o Datafolha também faz pesquisas presenciais, mas, em vez de entrevistar eleitores em suas casas, realiza as entrevistas em “pontos de fluxo”, que são locais de grande movimentação. Segundo Nishimura, outra diferença é que a Quaest utiliza cotas de renda, enquanto o Datafolha não. Essas cotas garantem que pessoas de diferentes faixas de renda estejam representadas no levantamento. O Datafolha adota apenas as cotas de sexo e idade.

 

Hipótese do ‘eleitor envergonhado’ pode impactar resultados

Nishimura menciona ainda a hipótese do “eleitor envergonhado”, popularizada nas eleições dos Estados Unidos em 2016, mas que até hoje carece de comprovação científica.

 

“A ideia por trás dessa hipótese é que alguns eleitores, em entrevistas presenciais, podem se sentir constrangidos em declarar seu voto em determinados candidatos, enquanto em pesquisas online, sem a presença de um entrevistador, tendem a ser mais sinceros. No entanto, essa hipótese nunca foi respaldada por evidências sistemáticas sólidas”, ressalta Nishimura.

Sobre o impacto do voto envergonhado no cenário de São Paulo, ele sugere que essa diferença pode afetar candidatos como Pablo Marçal, mais associado a um eleitorado extremista.

 

O registro das pesquisas Atlas e Quaest no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aponta outras diferenças que também podem acabar impactando os resultados. A Atlas fez 2.200 entrevistas entre 5 e 10 de setembro, enquanto a Quaest foi a campo entre 8 e 10 de setembro, ouvindo 1.200 pessoas em seus domicílios.

 

Embora as pesquisas sejam úteis para diagnosticar a conjuntura política e até mesmo orientar as campanhas em suas estratégias, elas não devem ser vistas como uma tentativa de prever o resultado final das urnas, pois o contexto político é dinâmico e o voto dos eleitores é influenciado por fatores que as pesquisas muitas vezes não conseguem captar, especialmente aqueles que surgem nos momentos finais do pleito. A única pesquisa que tem o objetivo de alcançar o resultado das urnas é a de boca de urna.

 

Candidatos de direita lideram entre evangélicos em dois terços das capitais, enquanto resistência à esquerda persiste

Por  — Rio de Janeiro / O GLOBO

 

Um dos segmentos mais refratários ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os evangélicos mantêm posicionamento oposto ao governo federal nas eleições municipais deste ano. Levantamento do GLOBO feito a partir dos dados da Quaest nas corridas de 21 capitais aponta que em 13 os postulantes de direita largam na frente no segmento. Em outras seis, nomes do centro lideram e apenas em duas — João Pessoa e Curitiba, onde há empate entre candidatos de cada campo — opções da esquerda surgem em primeiro lugar. Nenhum deles, no entanto, pertence ao PT, sigla do atual presidente.

 

Segundo pesquisa Quaest de julho, Lula é reprovado por 52% deste eleitorado. A rejeição também era aparente na disputa presidencial: na última pesquisa Datafolha do pleito de 2022, Jair Bolsonaro tinha quase 70% dos votos do grupo.

 

No entanto, apesar desta adesão ao ex-presidente, os evangélicos não embarcam necessariamente na campanha de candidatos indicados por ele. Apenas metade dos nomes da direita que vão bem entre os religiosos disputam o pleito com a bênção de Bolsonaro.

 

O caso mais marcante ocorre em São Paulo, onde o empresário Pablo Marçal (PRTB) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) aparecem empatados tecnicamente no eleitorado geral na Quaest da última quarta-feira, mas distantes neste segmento. O ex-coach tem 37% dos evangélicos, enquanto Nunes soma 26%.

 

Discursos direcionados

Com um discurso muito associado à chamada teologia da prosperidade, que associa a riqueza ao desejo de Deus e é repetida entre pentecostais, Marçal tem uma alta penetração nas bases de igrejas menores, que concentram a maior parte dos fiéis. Apesar disso, ele se identifica apenas como cristão e disse em entrevista, durante as eleições de 2022, que entende o cristianismo enquanto um estilo de vida.

Líder em aprovação no segmento, o prefeito de Macapá, Dr. Furlan (MDB) tem 94% da preferência deste eleitorado, mesmo disputando sem o apoio do ex-presidente. O alto índice acompanha sua intenção de voto entre o restante da população, de 91%.

 

Outro exemplo é o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), que tem 58% do voto evangélico na capital capixaba e um passado de rusgas com Bolsonaro. Preferido para a reeleição, enfrentará nas urnas o deputado estadual Capitão Assumção, do PL, partido do ex-presidente.

 

Quando foi eleito há quatro anos, Pazolini teve o apoio do ex-mandatário, mas optou por escondê-lo ao longo da campanha. Com uma postura mais moderada, em 2022, não declarou voto à Presidência, irritando os apoiadores do então candidato à reeleição e consolidando o distanciamento entre os dois.

 

Em Belo Horizonte, um outro candidato sem padrinhos nacionais tem a preferência dos fiéis, o deputado estadual Mauro Tramonte. Filiado ao Republicanos e apresentador licenciado da Record TV, ambos comandados pela Igreja Universal do Reino de Deus, Tramonte vê sua vantagem se expandir no segmento.

 

Atual líder da disputa geral, com 27% das intenções de voto, Tramonte tem dez pontos percentuais a mais entre os evangélicos. Em contrapartida, há nove postulantes apoiados por Bolsonaro que transitam melhor entre os religiosos do que no eleitorado geral. O caso mais significativo ocorre em Cuiabá, onde o deputado federal Abílio Brunini (PL) é o segundo colocado na disputa, mas tem uma vantagem de nove pontos percentuais entre os evangélicos em relação ao líder, o deputado estadual Eduardo Botelho (União Brasil).

 

A preferência de 35% do segmento se justifica pela defesa dos valores cristãos: Brunini é neto do pastor Sebastião Rodrigues de Souza, que chegou a presidir a Assembleia de Deus no estado e morreu em agosto de 2020, vítima de Covid-19.

 

Em Maceió, Salvador e Boa Vista, os prefeitos que concorrem com o apoio do ex-presidente também têm melhor performance no grupo. No capital alagoana, João Henrique Caldas, o JHC, alcança 83% entre evangélicos; no eleitorado geral, suas intenções de voto estão em 74%.

 

Apoiados por Lula

Apenas dois candidatos apoiados por Lula são os preferidos pelos evangélicos: os prefeitos e favoritos à reeleição no Recife e no Rio, João Campos (PSB) e Eduardo Paes (PSD), respectivamente. Com suas gestões bem avaliadas, Campos e Paes têm, nesta ordem, 69% e 54% no segmento — na população geral eles chegam a 76% e 64%.

 

No Rio, Paes é conhecido por seu bom trânsito com lideranças evangélicas e conseguiu apoios-chaves. O bispo Abner Ferreira, do maior ministério da Assembleia de Deus, em Madureira, liberou o deputado federal Otoni de Paula (MDB) para coordenar a campanha de Paes no segmento.

Nas demais denominações, a postura é de neutralidade. Até mesmo de um dos maiores defensores de Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

 

— Sempre fui amigo de Paes, mas com essa guinada para Lula, ficou mais difícil apoiá-lo. Vou seguir o que sempre fiz: neutralidade no primeiro turno e, caso (Alexandre) Ramagem esteja no segundo, o apoiarei — disse Malafaia.

Um eventual segundo turno no Rio, contudo, pode não ocorrer. Segundo a Quaest, Paes tem 64% das intenções de voto e, hoje, ganharia na primeira etapa.

 

Inicialmente ao lado de Paes, a Igreja Universal do Reino de Deus teve um atrito com o prefeito após perder espaço em seu secretariado. Apesar da desavença, a principal aposta da igreja para a Câmara Municipal, o pastor DeAngeles, faz parte do quadro do partido do prefeito, o PSD, e embarcou em sua campanha.

 

— A esquerda está percebendo que se ela quiser ganhar as eleições terá que conquistar o setor, mas ainda enfrenta desvantagens. Se os evangélicos continuarem crescendo no ritmo que estão e mantiverem essa ideologia, Lula não ganha em 2026 — avaliou o cientista político Vinicius do Valle, do Observatório dos Evangélicos.

Influência reduzida

Por Merval Pereira / O GLOBO

 

As pesquisas Quaest sobre as eleições municipais no Rio e em São Paulo deixaram claro que o ex-presidente Bolsonaro não tem conseguido impor seus candidatos nas duas principais capitais do país. Em São Paulo, a situação fica mais explícita, pois ele errou ao praticamente deixar de lado a candidatura do prefeito Ricardo Nunes depois que o ex-coach Pablo Marçal surgiu como adversário surpresa.

 

A pesquisa de ontem mostra não apenas que Nunes recuperou popularidade depois da propaganda eleitoral no rádio e televisão, como Marçal está à frente de Boulos mesmo depois da briga política com o clã Bolsonaro e de ser barrado no palanque da Paulista. O resultado, ainda empate técnico entre os três candidatos, não se deve a nenhuma ação de Bolsonaro a favor de Nunes, muito menos de Marçal.

 

O fato de os dois estarem à frente da disputa neste momento indica, em vez de uma vitória bolsonarista, uma derrota de seu líder, que tentou se equilibrar entre os dois candidatos mais próximos e acabou perdendo a influência decisiva. Ao contrário, para não ter de escolher entre os dois, Bolsonaro decidiu abandonar a disputa paulistana e não pretende visitar a cidade até o dia da eleição. Mais grave: nenhum dos dois é mesmo de seu grupo político.

 

Nunes não deve a Bolsonaro a liderança que recuperou em São Paulo, muito menos a vitória fácil contra seus adversários num provável segundo turno. No momento, pesa mais a propaganda de sua gestão à frente da capital paulista. Os bolsonaristas se dispersam entre Nunes e Marçal, sem que Bolsonaro possa controlar esses votos. O mais grave para os bolsonaristas é a performance de Marçal, que está na segunda posição por conta e risco dele mesmo, sem obras para mostrar e sem apoio oficial da máquina bolsonarista.

 

Em vez disso, o apoio formal dos evangélicos, por meio do pastor Silas Malafaia, foi-lhe negado publicamente e de maneira agressiva. Malafaia chamou-o de psicopata. Nunes, por sua vez, foi deixado de lado pela família Bolsonaro quando parecia que Marçal o ultrapassaria. O peso do bolsonarismo na vitória em São Paulo será menor do que podia ser avaliado no início da campanha. Nunes temeu a “cristianização” em favor de Marçal, mas acabou demonstrando que o tempo na propaganda eleitoral da televisão ainda tem seu valor de convencimento do eleitorado.

 

Sem tempo próprio, e sem apoio formal de Bolsonaro, dependendo apenas das redes sociais, Marçal mostra resiliência, enquanto Boulos depende mais que nunca de Lula empenhar-se em sua campanha. Num hipotético segundo turno contra Marçal, o candidato da esquerda tem chance de vencer, embora estejam no momento ainda empatados. Mas perde sem apelação para o prefeito paulistano.

 

No Rio, a situação do bolsonarismo, em seu berço eleitoral, é mais frágil ainda. A cada pesquisa vai-se firmando a possibilidade de o prefeito Eduardo Paes se eleger no primeiro turno. Bolsonaro promete permanecer na cidade, e na campanha de seu candidato Ramagem, nos últimos dias da campanha do primeiro turno. Pode não ser suficiente para uma arrancada.

 

A pesquisa Quaest deu uma freada nas expectativas de crescimento que permitisse vislumbrar uma reação que o coloque no segundo turno. Embora tenha subido de 9% para 13%, viu Eduardo Paes subir os mesmos 4 pontos percentuais. Se já se surpreendera com o crescimento de Paes para 60%, pois pensara que ele já atingira seu máximo, agora viu o teto do adversário aumentar. O candidato do PL deixou escapar, na sabatina de ontem do Grupo Globo no rádio e nos jornais, que estudos mostram que o eleitor carioca só se decide mesmo na última semana da campanha.

 

Não citou, mas me lembrei do fenômeno Wilson Witzel, que venceu na última semana do primeiro turno a disputa de 2018 contra o então prefeito Paes. Pode ser que essa seja a esperança de Ramagem, mas o clima eleitoral hoje não é o mesmo de quando nasceu o fenômeno Bolsonaro.

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