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Por que Marçal foi bem na pesquisa Quaest e mal no Datafolha

Por O GLOBO— São Paulo

 

As duas principais pesquisas de opinião pública divulgadas nesta semana trouxeram sinais distintos para a campanha do candidato do PRTB em São Paulo, Pablo Marçal. A começar pelo dado geral de intenções de voto. No levantamento da Quaest, divulgado na quarta-feira, o ex-coach tinha 23% das menções, só um ponto atrás do líder numérico, o prefeito Ricardo Nunes (MDB). Já no Datafolha de ontem, Marçal marcou 19%, oficialmente abaixo do emedebista (com 27%) e empatado numericamente com Guilherme Boulos (PSOL), com 25%, ainda assim no limite da margem de erro.

 

Para além da ordem de grandeza dos percentuais auferidos pelos dois institutos, é na direção da curva de progressão que mora a principal distinção. A Quaest indicava Marçal ainda avançando, mas em ritmo menos intenso que em semanas anteriores. O Datafolha, por sua vez, mostra o ex-coach estagnado, já até ensaiando um recuo (houve variação negativa de três pontos percentuais, dentro da margem de erro da pesquisa).

 

Os levantamentos foram feitos com dois dias de diferença: a Quaest fez entrevistas de domingo a terça-feira, enquanto o Datafolha foi a campo entre terça e quinta-feira. Os institutos adotam metodologias próprias, o que reforça a inadequação de se comparar as pesquisas. Neste texto, o que se pretende é mostrar as distinções que ajudam a entender o cenário da disputa paulistana de modo mais completo.

 

Até quarta-feira, a campanha de Marçal acreditava ter saído vitoriosa do embate com Nunes no Sete de Setembro, quando ambos foram a um ato de direita na Avenida Paulista. O ex-coach apareceu na Quaest como detentor de 50% dos votos daqueles que disseram ter apoiado o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022, contra 32% de Nunes nesse estrato. Um dia depois, o Datafolha mostrou maior equilíbrio entre bolsonaristas: Marçal tem 42%; Nunes, 39%.

 

A excursão de Marçal à Avenida Paulista no último sábado incomodou o ex-presidente, que acusou o ex-coach de “fazer palanque às custas do trabalho e do risco dos outros”. Quem também se voltou contra o candidato do PRTB foi o pastor Silas Malafaia, um dos organizadores do ato.

 

No público evangélico, que compõe cerca de um quarto do eleitorado paulistano, Marçal apareceu na Quaest com um crescimento de dez pontos, passando de 27% para 37% — bem à frente de Nunes, com 26%. De novo, o Datafolha veio para botar água no chopp marçalista: a pesquisa divulgada na quinta-feira indicou empate técnico no segmento: Marçal com 31%, e Nunes, com 29%.

 

Além de notícias menos positivas em segmentos mais à direita no espectro político, Marçal também viu sua rejeição atingir 44% no levantamento do Datafolha, o que o isolou como o nome a quem mais eleitores dizem “não votar de jeito nenhum”. Na Quaest, a taxa registrada foi de 41%.

 

O impacto mais nítido na disputa de rejeições aparece nas simulações de segundo turno entre Marçal e Boulos. O psolista tem o voto negado por 48% dos eleitores (segundo a Quaest) ou 37% (segundo o Datafolha). Como o primeiro instituto indica equilíbrio entre Boulos e Marçal nesse quesito, explica-se também o cenário de empate técnico entre os dois num eventual segundo turno (pelo placar de 40% a 39%, respectivamente). Já pelo Datafolha, Boulos venceria o ex-coach por 47% a 38%. É como se todos os que disseram ao instituto rejeitar Marçal decidissem votar em Boulos, e vice-versa.

 

As pesquisas foram registradas na Justiça Eleitoral sob os números SP-09089/2024 (Quaest) e SP-07978/2024 (Datafolha).

 

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