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Polarização acentua a trinca que divide o Brasil

Juntos, o líder e o vice-líder da corrida presidencial somaram 47% das intenções de voto no Ibope mais recente —Bolsonaro com 28%, Haddad com 19%. Cristalizou-se a polarização: o anti-PT contra o petista. Somando-se as taxas atribuídas aos  outros presidenciáveis e o índice dos sem candidato, verifica-se que 52% dos eleitores estão, por enquanto, fora da polarização. Esse é o retrato de uma sociedade trincada.

O Brasil a ser administrado pelo presidente que tomará posse em 1º de janeiro de 2019 é um país de ponta-cabeça. O Executivo está quebrado. O Legislativo, pulverizado. O Judiciário, abarrotado de escândalos por julgar. Esse já não é um cenário de fundo do poço. O Brasil se encontra num poço sem fundo.

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Semimorto no Ibope, Ciro renasce no Datafolha

Num intervalo de pouco mais de 24 horas, Ibope e Datafolha despejaram na praça dados frescos sobre a corrida presidencial. No atacado, detectam o mesmo sinal: a polarização entre Bolsonaro e Haddad. No varejo, expõem pelo menos uma diferença notável, fora da margem de erro. Num levantamento, Ciro aparece semimorto. Noutro, permanece vivo na briga por uma vaga no segundo turno.

Ciro manteve-se estático nas duas pesquisas: 11% no Ibope, 13% no Datafolha. A  diferença está no movimento de Haddad. No Ibope, o preposto de Lula deu um salto de 11 pontos percentuais. Bateu em 19% das intenções de voto, abrindo sobre Ciro um abismo letal de oito pontos.

No Datafolha, o poste petista avançou três casas. Foi a 16%, distanciando-se apenas três pontos percentuais de Ciro. Como a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais —para cima ou para baixo—, a dupla estaria ainda em situação de empate técnico.

O mais importante na leitura de uma pesquisa é enxergar os movimentos que ela insinua. A transferência de eleitores de Lula para Haddad fica evidente nas duas sondagens. E não parece ter batido no teto, eis o movimento mais relevante.

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O PT e os outros

ASCÂNIO SELEME

O Brasil está dividido entre o PT e os demais partidos. Desde 1989, quando Lula foi para o segundo turno na primeira eleição direta depois da ditadura de 1964, o PT consegue ser majoritário na captação dos votos da esquerda. Foi assim nas duas eleições seguintes, quando Lula perdeu no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso mas chegou em segundo lugar, e depois nas quatro que o PT ganhou. O Brasil é PT ou não é. Nos últimos 16 anos tem sido.

 

No começo, quando perdia eleições, o PT ainda não havia conseguido pintar sua imagem como a do partido da inclusão social, era apenas de esquerda. Na primeira eleição este papel coube ao caçador de marajás, e nas outras duas foi cumprido pelo criador do Real. Somente depois de Collor e FHC, o PT conseguiria somar ao seu eleitorado de esquerda aqueles que queriam e os que precisavam de um Brasil mais justo.

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Datafolha: Com 28%, Bolsonaro tem a mesma pontuação de Ibope. Ciro e Haddad em empate técnico; pedetista venceria oponentes no 2º

Publicada: 20/09/2018 - 7:20

http://www3.redetv.uol.com.br/blog/reinaldo/wp-content/uploads/2018/09/datafolha-com-28-bolsonaro-tem-a-mesma-pontuacao-de-ibope-ciro-e-haddad-em-empate-tecnico-pedetista-venceria-todos-os-oponentes-300x222.jpg 300w" sizes="(max-width: 665px) 100vw, 665px" style="margin: 0px; padding: 0px; box-sizing: border-box; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; font-stretch: inherit; line-height: inherit; font-family: inherit; font-size: 16.296px; vertical-align: middle; background: 0px 0px; transform: scale(1); width: 1100.52px; height: auto;">O instituto Datafolha divulgou no começo da madrugada desta quinta dados de sua mais recente pesquisa, com questionários aplicados na terça e na quarta. O instituto ouviu 8.601 pessoas em 323 municípios. Os números têm, digamos assim, suas respectivas faces voltadas para a mesma direção para onde olham os do Ibope, que ouviu 2.506 eleitores entre os dias 16 e 18. Os dois levantamentos têm margem de erro de dois pontos para mais ou para menos. Agora, queridos leitores, será assim: a cada pouco, um solavanco. Vamos ver.

No Datafolha, Jair Bolsonaro, do PSL, oscilou dois pontos para cima em relação à pesquisa anterior, do dia 14, e aparece com 28%, mesmo número apontado pelo Ibope. É no segundo lugar que diferenças, ainda que dentro da margem de erro, podem fazer toda a diferença.

No Datafolha, Fernando Haddad cresceu de 13% no dia 14 para 16% agora. Ciro Gomes (PDT) permaneceu nos 13%, mas continua tecnicamente empatado com o petista. E aqui vai a diferença importante. No Ibope, Haddad saltou de 8% no dia 11 para 19% no dia 18 e estaria isolado na segunda colocação. Ciro, no caso desse instituto, teria 11%. Então notem: ainda que os números dos dois levantamentos possam coincidir se levada em conta a margem de erro, o fato é que, no Datafolha, Ciro e Haddad estão em empate técnico, ainda que o petista pareça estar em ascensão e o pedetista estagnado, e, no Ibope, a vantagem do petista é de 8 pontos percentuais.

Geraldo Alckimin (PSDB) mantém, no Datafolha, os mesmos 9% do dia 14, dois pontos percentuais à frente do número que lhe confere o Ibope: 7%. Marina Silva, da Rede, surge, respectivamente, com 6% e 7%.

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Bolsonaro consolida grife antipetista e supera teto de votos

A estratégia de personificar o antipetismo foi um bom negócio para Jair Bolsonaro. A sequência das últimas pesquisas mostra que o sentimento de aversão ao PT ainda é a principal turbina do candidato do PSL e permitiu que ele rompesse o patamar que alguns adversários consideravam seu teto.

O novo levantamento do Datafolha aponta que 57% dos eleitores que rejeitam Fernando Haddad votam em Bolsonaro já no primeiro turno. Em abril, assim que Lula foi preso, o deputado capturava apenas 31% daqueles que diziam não votar no ex-presidente “de jeito nenhum”.

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