Para onde correm os candidatos
*FERNANDO GABEIRA, O Estado de S.Paulo
10 Agosto 2018 | 03h00
Tive a oportunidade de conhecer as posições de alguns candidatos à Presidência ao participar de uma sabatina. Tentarei um projeto, como realizei nas eleições passadas, de entrevistar todos os outros, independentemente da pontuação em pesquisa. De um ponto de vista jornalístico, é interessante saber o que se passa na cabeça de alguém que decide ser candidato num momento tão complicado no País. Mais do que ninguém, tenho dúvidas sobre o futuro do próximo presidente, sobretudo a partir de uma quase certeza de que a renovação do Congresso será modesta.
Minha visão da conjuntura recomenda algo que chamo, brincando, de catastrofismo emancipatório, expressão que o sociólogo Ulrich Beck usa diante das mudanças climáticas. Isso significa deixar de apenas falar do desastre, mas encarar a situação com a clareza de que o dilema é cooperar ou morrer.
Creio que a esquerda também conta com uma grande crise adiante. Mas ela se fragmentou e parece ter se resignado a perder as eleições e ressurgir adiante como alternativa. Se for isso mesmo, é um equívoco. Não creio que uma próxima crise possa ser vista como um movimento de gangorra que alterne forças esgotadas do sistema político-partidário. Um período PSDB, outro período PT, como se a sucessão no poder fosse natural como o ritmo das estações de ano.
Bolsonaro é poupado e Alckmin fica na berlinda
Vera Magalhães, O Estado de S.Paulo
10 Agosto 2018 | 01h37
O temor demonstrado antes do debate da Band pelas assessorias dos candidatos se manifestou no palco: nenhum dos principais candidatos à Presidência confrontou pesadamente Jair Bolsonaro, líder nas pesquisas, quando teve oportunidade.
O único a questioná-lo em tom mais incisivo foi Guilherme Boulos, que, por ser do PSOL, representante da extrema-esquerda, é rechaçado pelo eleitorado bolsonarista. Ser confrontado por ele, portanto, reforça as posições de Bolsonaro junto aos que o apoiam.
Só Bolsonaro teve estratégia durante primeiro debate nas eleições 2018
Marcelo de Moraes, O Estado de S.Paulo
10 Agosto 2018 | 05h00
Com os candidatos disputando migalhas de tempo para falar, é quase um devaneio achar ser possível aprofundar discussões nesse tipo de debate a ponto de mudar o voto de algum eleitor. Mesmo veteranos em eleições presidenciais como Marina Silva, Ciro Gomes e Geraldo Alckmin não conseguiram superar a superficialidade nos temas tratados.
Apenas um candidato mostrou ter uma tática definida para usar no debate da Band. Jair Bolsonaro aproveitou a ocasião para exibir um figurino diferente. Sem gritar (muito), fugindo de provocações e fazendo observações ponderadas, Bolsonaro foi para o programa claramente tentando transmitir o recado que não é um desequilibrado, sem condições de governar o País.
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