O rancor petista virou veneno
Elio Gaspari
Para quem joga numa eleição radicalizada, Fernando Haddad foi um colaborador impecável ao deixar a carceragem de Curitiba depois de visitar Lula. Ele definiu o papel do ex-presidente no governo que pretende fazer:
“Temos total comunhão de propósitos em relação a ele e o diagnóstico de que o Brasil precisa do nosso governo e precisa do Lula orientando como um grande conselheiro. Ele é um interlocutor permanente de todos os dirigentes do partido e nunca deixará de ser. Não temos nenhum problema com isso. Enquanto os outros partidos escondem os seus dirigentes, nós temos muito orgulho de ter o Lula como dirigente.”
Ibope: Entre “ninguém presta, só o capitão” e “se ninguém presta, Lula é melhor”, tem-se Bolsonaro versus Haddad no segundo turno
Por: Reinaldo Azevedo
Publicada: 18/09/2018 - 23:30
Jair Bolsonaro (PSL) com 28%; Fernando Haddad (PT), com 19%; Ciro Gomes (PDT), com 11%; Geraldo Alckmin (PSDB), com 7%, e Marina Silva (Rede), com 6%.
A pesquisa Ibope divulgada na noite desta terça-feira evidencia que o país caminha para um confronto de brasileiros que não se falam. Tudo vai confirmando aquele que é o cenário que sempre antevi: a aniquilação do centro político — ao menos nessa disputa. Sim, claro!, 2014 ainda está aí a nos advertir contra resultados de véspera, mas, vamos convir, desta feita, o cenário se mostra um tantinho diferente. O confronto que se anuncia é o resultado mais claro dos métodos empregados pela Lava-Jato.
Candidatura de Jair Bolsonaro muda de patamar
O projeto eleitoral de Bolsonaro mudou de patamar. Há uma semana, frequentava as pesquisas em situação paradoxal. No primeiro turno, era bicho-papão. Depois, era papado. Isso mudou. Na mais recente pesquisa do Ibope, Bolsonaro aparece como uma assombração competitiva também no segundo turno. Abriu cinco pontos de vantagem sobre Marina. E emparelhou com Alckmin, Haddad e Ciro.
Bolsonaro não é mais um azarão do segundo round. Hospitalizado há duas semanas, reduziu a taxa de polêmicas em que se metia. Nessa fase, também foi poupado de ataques dos rivais na primeira semana pós-facada. Seus oito segundos na propaganda eleitoral tornaram-se uma vasta exposição jornalística. Voltou às redes sociais como paciente sofrido. O timbre lacrimoso suavizou-lhe a arrogância.
Análise: Primeiro turno se converte em plebiscito
RIO — Se havia alguma dúvida, não há mais. A eleição presidencial deste ano se transformou na metonímia da divisão social que se espalhou pelo país desde o pleito de 2014. O antipetismo mergulhou de cabeça na candidatura de Jair Bolsonaro, enquanto os herdeiros do lulismo aderem com velocidade impressionante à orientação do líder maior do PT. Só na última semana, Haddad cresceu 11 pontos percentuais de acordo com o Ibope, uma média de 1,5 ponto ao dia.