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Marçal bagunça o coreto dos debates, da campanha e da própria direita em São Paulo

Por Eliane Cantanhêde / O ESTADÃO DE SP

 

Estrategistas do pós-Bolsonaro já têm um cronograma político prontinho para São Paulo. Pablo Marçal vai definhar naturalmente, Ricardo Nunes e Guilherme Boulos irão para o segundo turno, Nunes será reeleito e o caminho estará livre para o “grande salto”: a metamorfose do governador Tarcísio Gomes de Freitas para “Tarcísio, o tucano”. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas falta combinar com os “russos” – e com as pesquisas.

 

A primeira fase desse cronograma, ou estratégia, já sofreu um solavanco com Marçal disparando para o segundo lugar no Datafolha, empatado tecnicamente com Boulos, em primeiro, e com Nunes, que deslizou para o terceiro. Logo, a eleição paulistana, em vez de replicar o todos contra o prefeito, como seria natural, se transforma em todos contra Marçal, alvo direto de bolsonaristas, petistas e do centro, todos aturdidos com o ex-coach e sem saber como reagir. Sempre é melhor prevenir do que remediar. Tarde demais.

 

Marçal não é apenas anti-política, mas uma síntese de tudo o que não se espera de pai, filho, marido, namorado, vizinho, sócio, amigo ou colega. Imaginem de um prefeito, justamente o da principal e mais rica capital do País, que projetou alguns dos políticos mais influentes da história, inclusive candidatos à Presidência da República.

 

Reportagens do Estadão nos apresentam um Marçal ficha-suja, com patrimônio estonteante e filiado a um partido, o PRTB, recheado de alvos da polícia por ligações com o PCC. Não bastasse, Marçal também avacalha os debates e a campanha com Fake News e difamação.

 

Ao apostar que Marçal vai “definhar” (ou torcer para isso), os articuladores da estratégia da direita em São Paulo descartam uma cassação da chapa pela Justiça Eleitoral, até porque, se isso já foi possível, deixou de ser diante da disparada dele nas pesquisas. A solução, portanto, está na política, mais precisamente na própria direita.

O comando bolsonarista e a própria família do ex-presidente, a começar do deputado Eduardo, eleito por São Paulo, já estão em guerra aberta contra Marçal e há muito otimismo, ou esperança, de que o tempo de TV de Nunes seja devastador para Marçal e os demais. O prefeito terá 55 comerciais por dia na TV aberta, enquanto o candidato do PRTB terá... zero.

 

Jair Bolsonaro deu corda para o ex-coach, sem perceber que estava dando corda para se enforcar na eleição paulistana, ou melhor, enforcar o seu candidato preferencial. Assim, foi uma aliança de conveniência que se transformou num problema para os dois lados: Bolsonaro foi útil para a candidatura Marçal deslanchar, Marçal ajudou a manter o nome de Bolsonaro à tona na campanha, mas é hora de se desgarrarem, porque um só atrapalha o outro.

 

Apesar de mostrar o quanto Marçal (21%) ameaça Nunes (19%), a soma dos dois confirma a força da direita na capital e os riscos de Boulos no segundo turno. A tendência é que, independentemente das cúpulas partidárias, os eleitorados de ambos se unam contra Boulos e PT, enquanto os de Tábata Amaral e de Datena se dividam entre esquerda e direita. Aliás, um detalhe: há tantos anos Datena é tido como um potencial fenômeno eleitoral, mas ele não está dando pro gasto e é outra “vítima” de Marçal. Logo, logo, larga a campanha e deixa o moribundo PSDB na mão.

 

Diante da perplexidade geral, setores da esquerda, inclusive do PT, já se perguntam se não seria melhor para Boulos disputar contra a aventura Pablo Marçal do que contra a caneta de Nunes. Memória muito curta, porque foi assim que o “inadmissível”, “absurdo” Jair Bolsonaro chegou à Presidência. Depois dessa, só nos falta um tipo como Pablo Marçal na Prefeitura de São Paulo.

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Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta

Exclusivo: novo Datafolha altera cenários em SP, RJ e BH, aponta média de pesquisas do Rali; veja os números

Por — Rio de Janeiro / O GLOBO

 

A nova rodada da pesquisa Datafolha, divulgada na tarde de quinta-feira, alterou cenários eleitorais em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. É o que aponta a média de levantamentos agrupados pelo agregador de pesquisas Rali, iniciativa do GLOBO em parceria com o Instituto Locomotiva.

 

Em São Paulo, o novo levantamento coloca Pablo Marçal (PRTB), com 20% na média dos últimos levantamentos, à frente de Ricardo Nunes (MDB), que registrou 19,2%, na segunda posição da corrida eleitoral pela prefeitura da capital paulista. Confira o infográfico com os números.

 

Outra mudança importante é a liderança isolada de Guilherme Boulos (PSOL), com 23,2% como média de intenção de votos registradas pelas pesquisas. Até essa nova rodada do Datafolha, o aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparecia empatado com o atual prefeito de São Paulo, que é apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

 

Descolado desse primeiro bloco, José Luiz Datena (PSDB) caiu no Rali e se aproximou de Tabata Amaral (PSB), que teve leve subida.

Média de intenção de votos em SP medida pelo Rali:

 

  • Guilherme Boulos (PSOL) - 23,2%
  • Pablo Marçal (PRTB) - 20%
  • Ricardo Nunes (MDB) - 19,2%
  • Datena (PSDB) - 10%
  • Tabata Amaral (PSB) - 8,1%
  • Brancos/Nulos/Não sei - 11,9%

Após a divulgação da pesquisa Atlas na semana passada, Nunes tinha média de 22,8%, enquanto Boulos, nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição, marcava 21,9%. Datena tinha 14% e era seguido por Marçal, que somava 13,3% na média de levantamentos. Já Tabata somava 6,9%.

O resultado atual é puxado pelo levantamento recente do Datafolha que indica avanço de Marçal, que agora empata na liderança com Boulos e Nunes. O candidato do PSOL tem 23% das intenções de voto, enquanto o empresário soma 21%. Já o atual prefeito e candidato à reeleição é superado numericamente pela dupla e aparece com 19% das menções. A margem de erro estimada para a pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou menos.

 

O trio é seguido à distância por José Luiz Datena (PSDB), com 10% (quatro a menos que no início do mês); e Tabata Amaral (PSB), com 8%.

 

Rio de Janeiro

Na corrida eleitoral pela prefeitura do Rio de Janeiro, o resultado do Datafolha levou o prefeito Eduardo Paes (PSD) a ampliar sua vantagem na disputa, com 55,7% das intenções de voto na média dos últimos levantamentos. Em seguida, aparecem Alexandre Ramagem (PL), com média de 9,1% das intenções de voto, e Tarcísio Motta (PSOL), com 7,1%. Os demais candidatos somam juntos 7%. Confira o infográfico com os números.

 

Os resultados agora são puxados pela última pesquisa Datafolha, que mostra o prefeito com 56% das intenções de voto, mais que o dobro dos adversários somados. A vantagem aumentou em relação ao levantamento anterior, apesar de as oscilações terem sido dentro da margem de erro. Ramagem aparece em segundo com 9%, e Tarcísio vem em terceiro com 7%.

 

Média de intenção de votos no RJ medida pelo Rali:

  • Eduardo Paes (PSD) - 55,7%
  • Alexandre Ramagem (PL) - 9,1%
  • Tarcísio Motta - 7,1%
  • Outros candidatos - 7%
  • Brancos/Nulos/Não sei - 17,9%

Após a divulgação da pesquisa Atlas na semana passada, Paes tinha 48,7% da preferência do eleitorado da cidade, segundo o agregador. Já Ramagem, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), marcava 21,7%. Na terceira posição, o candidato do PSOL tinha 8,2% da média entre os institutos.

 

Belo Horizonte

A influência da nova pesquisa Datafolha mostra que o deputado estadual e apresentador licenciado de TV Mauro Tramonte (Republicanos) ampliou sua vantagem em relação aos concorrentes nas eleições municipais de Belo Horizonte. Agora, Tramonte lidera a disputa com 26,8% na média dos últimos levantamentos.

Outro candidato que viu o cenário eleitoral sofrer uma mudança brusca é o senador Carlos Viana (Podemos), que agora ocupa a segunda posição, com 11,7% de média de intenções de votos registrada pelas pesquisas. Já o deputado estadual Bruno Engler (PL) aparece em seguida, com 10,1%.

O prefeito Fuad Noman (PSD) e a deputada federal Duda Salabert (PDT) apresentaram crescimentos na ferramenta e somam média similar, com 0,1 ponto percentual de diferença. Eles ficam à frente do candidato do presidente Lula (PT), o petista Rogério Correia, que agora tem uma média de 7,1%. Esta é a primeira medição do Rali na capital de Minas Gerais.

 

Média de intenção de votos em BH medida pelo Rali:

  • Mauro Tramonte (Republicanos): 26,8%
  • Carlos Viana (Podemos): 11,7%
  • Bruno Engler (PL): 10,1%
  • Fuad Noman (PSD): 9,8%
  • Duda Salabert (PDT): 9,7%
  • Rogério Correia (PT): 7,1%
  • Outros: 3%
  • Brancos e nulos: 18,8%

Além de considerar os resultados do Datafolha e da Atlas, o Rali apresenta o panorama das intenções de voto divulgadas por mais quatro empresas e institutos de pesquisa com relevância nacional: Ipec, Quaest, Ideia e Ipespe. Os institutos Ipec, Ideia e Ipespe ainda não divulgaram pesquisas recentes sobre a disputa do Rio.

 

A metodologia do Rali, elaborada a partir da experiência do Locomotiva no setor de pesquisas, considera diferentes fatores para o cálculo. De um lado, pesa o tamanho da amostra e o quão recente é um resultado. Do outro, são levados em conta o histórico de atuação dos institutos e sua cobertura nos diferentes estados nas últimas três eleições. A inspiração é o site FiveThirtyEight, criado pelo estatístico americano Nate Silver, e que se tornou referência mundial em agregador de pesquisas.

 

O Rali é um agregador de pesquisas para facilitar o acesso a informações confiáveis e precisas sobre as corridas pelas prefeituras nas maiores cidades. A proposta não é substituir os levantamentos de cada instituto, mas aproveitar as vantagens de suas diferentes metodologias para fornecer uma leitura integrada das oscilações do comportamento do eleitor antes da decisão nas urnas.

Marçal, de conduta abjeta, embola disputa

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A paisagem mudou na corrida pela Prefeitura de São Paulo. Após meses de calmaria e previsibilidade, a mais recente pesquisa do Datafolha registra a ascensão de um elemento inesperado, capaz de embolar a eleição na capital paulista e adicionar um suspense até então inexistente na disputa deste ano.

Trata-se do influenciador Pablo Marçal (PRTB), cuja conduta como candidato tem sido nada menos que abjeta. Segundo o levantamento, Marçal saltou de 14% das intenções de voto para 21% e alcançou a liderança, empatado com Guilherme Boulos (PSOL), que oscilou de 22% para 23%, e Ricardo Nunes (MDB), que foi de 23% para 19%.

Até a pesquisa divulgada nesta quarta-feira (22), o deputado federal Boulos e o prefeito Nunes dividiam com folga a liderança, distantes por larga margem de qualquer terceiro colocado. Pareciam poder tocar a bola de lado e esperar o confronto no segundo turno.

Não mais. Sobretudo para Nunes, os números do Datafolha indicam a necessidade de reavaliar a estratégia. Embora o alcaide seja o nome apoiado por Jair Bolsonaro (PL) no município, é Marçal quem lidera as intenções de voto entre eleitores do ex-presidente.

O autointitulado ex-coach, com forte engajamento nas redes sociais e sem compromisso com o debate de ideias, concorre com Nunes pelo posto de candidato mais forte da direita para enfrentar Boulos, cujo principal padrinho é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Desse ponto de vista, Nunes tem pouco a se queixar; a pesquisa mostra que, num eventual segundo turno, o atual prefeito derrotaria Boulos por 47% a 38% (o Datafolha não testou cenários com Marçal, já que, na rodada anterior, ele não tinha empatado na liderança).

A reprodução da polarização nacional abre pouco espaço para outros candidatos. O apresentador José Luiz Datena (PSDB), por exemplo, passou de 14% no último levantamento para 10% agora —cifra que pode aumentar a dúvida quanto a sua permanência. A deputada Tabata Amaral (PSB), por sua vez, oscilou de 7% para 8%.

Se Tabata aparece atrás dos principais candidatos, tem a vantagem de possuir a menor rejeição entre os cinco, com 18% dos eleitores dizendo que não votariam nela de jeito nenhum. Boulos (37%), Marçal (34%), Datena (32%) e Nunes (25%) sofrem mais nesse aspecto. Quanto a Datena, resta-lhe menos tempo para transformar em votos a popularidade que amealhou na TV.

De todo modo, como os paulistanos já aprenderam em eleições recentes, reviravoltas de última hora nunca devem ser descartadas.

 

Datafolha: Marçal (21%) cresce e empata com Boulos (23%) e Nunes (19%) na liderança em SP

Igor Gielow / folha de sp

 

 

O influenciador Pablo Marçal (PRTB) cresceu sete pontos em duas semanas e está empatado na liderança da disputa pela Prefeitura de São Paulo, segundo o Datafolha. Ele marcou 21%, no mesmo patamar do deputado Guilherme Boulos (PSOL), que oscilou de 22% para 23%, e do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que foi de 23% para 19%.

Marçal ultrapassou numericamente o prefeito de SP e deixou para trás o apresentador José Luiz Datena (PSDB), que também havia registrado 14% e agora está com 10%. O influenciador subiu no espaço do recuo de Nunes e do tucano.

Depois deles vêm a deputada Tabata Amaral (PSB), que oscilou de 7% para 8%, e a empresária Marina Helena (Novo), que ficou em 4%. Disseram votar em branco e nulo 8% (eram 11%), e não souberam responder 4% (3% na anterior).

A margem de erro da pesquisa, realizada na terça (20) e na quarta (21), é de três pontos percentuais. Contratado pela Folha e pela Rede Globo, o levantamento ouviu 1.204 eleitores na capital, e está registrado na Justiça Eleitoral sob o número SP-08344/2024.

O crescimento do autodenominado ex-coach faltando uma semana para o começo da propaganda eleitoral gratuita o confirma como fenômeno desta eleição na principal cidade brasileira até aqui, baseado em uma forte presença e engajamento em redes sociais aliada a uma imagem antiestablishment.

Sem histórico político e acumulando polêmicas devido a seu passado nebuloso, que inclui condenação criminal, agressividade exacerbada contra adversários, ausência de propostas exequíveis, associações suspeitas de seus aliados com o crime organizado e desprezo pelas regras do jogo e pela Justiça Eleitoral, ele nem estava no páreo até maio.

Na pesquisa espontânea, aquela em que o eleitor cita seu nome preferido sem ver a lista de candidatos, ele pulou de 1% no fim de maio para 13% agora. Boulos segue à frente com 17% (eram 13% em maio) e Nunes oscilou de 9% para 7%.

A presença de Marçal lança desafios diversos aos seus adversários. Nunes é o mais afetado, pois o dito ex-coach avança de forma incisiva sobre votos do bolsonarismo, sendo o líder nesse grupo —44% dos que votaram em Jair Bolsonaro (PL) para presidente em 2022 o apoiam, ante 29% que diziam isso há duas semanas.

Bolsonaro até tentou intervir de forma morna no processo, dado o entusiasmo de seu entorno com o novato, dizendo que pode até não se animar com Nunes, mas o emedebista é seu candidato. Com efeito, o prefeito oscilou de 38% para 30% entre os eleitores do ex-presidente, mesmo tendo subido o tom contra Marçal.

Ainda sobre o Datafolha de SP

Pablo Marçal agora empata com Boulos e Nunes na liderança da corrida eleitoral

  • Marçal (21%) cresce e empata com Boulos (23%) e Nunes (19%) na liderança

  • Nunes tem 47% no 2º turno, contra 38% de Boulos

  • Boulos, Marçal e Datena são os mais rejeitados

  • Marçal ultrapassa Nunes e lidera com folga entre eleitores de Bolsonaro e Tarcísio

Para Boulos, o ajuste é mais de discurso, caso o influenciador se firme como opção de direita ante Nunes, seu rival principal até aqui.

Marçal o chama de vagabundo e o acusa de invadir casas, remetendo a suas duas décadas como líder sem-teto, e critica o fato de o psolista ser o nome de Lula (PT) no pleito paulistano —44% dos eleitores do petista vão com ele.

Rebater os pontos sem cair nas provocações exige malabarismo e deixá-lo falando sozinho surtiu efeito em termos de desengajamento dos apoiadores de Marçal na internet, mas isso não se replica automaticamente na urna.

Entre grupos mais importantes, Marçal lidera no eleitorado masculino (48% da amostra, 4 pontos de margem), com 28%, ante 22% de Boulos e 18% de Nunes. Entre os 43% com escolaridade média (4 pontos de margem), ele tem 26%, ante 19% do prefeito e do deputado.

Já os mais pobres, os 36% que ganham até 2 salários mínimos (margem de 5 pontos), apontam um empate quádruplo: os três primeiros colocados no geral têm 18%, e Datena vem com 15%. No usualmente bolsonarista grupo dos evangélicos, Marçal lidera numericamente com 30% ante 22% de Nunes, mas a margem do segmento equivalente a 23% dos entrevistados é maior, de 6 pontos.

A pesquisa traz um dado preocupante para Nunes, que é a oscilação negativa de sua avaliação. Na rodada anterior, ele já havia ido de 31% para 26% de aprovação. Agora, marca 25%, e viu sua reprovação oscilar para cima, de 22% para 25%, empatando como ótimo/bom. Avaliam de forma regular a gestão 48% (eram 47%).

Em uma simulação de segundo turno da eleição paulistana que opõe Nunes a Boulos, o atual prefeito bateria o deputado federal por 47% a 38%.

O instituto não testou um cenário de confronto entre os dois candidatos e Marçal porque na pesquisa anterior o influenciador ainda não havia empatado tecnicamente na liderança. As questões sobre intenção de voto no primeiro e no segundo turno são feitas de forma concomitante.

Na pesquisa passada, o prefeito batia na simulação o psolista por 49% a 38% numa segunda rodada do pleito.

O novo levantamento também dá uma ducha de água fria nas pretensões de Datena, que luta para convencer seus novos colegas de partido de que não irá desistir da disputa, como fez em outras quatro ocasiões. As declarações ambíguas e o mau desempenho em debates e sabatinas adicionaram dúvidas.

Outra que não tem o que celebrar é Tabata, que mostrou um bom desempenho em debates e ficou sozinha com Marina para enfrentar Marçal quando Nunes, Boulos e Datena desistiram de participar de um encontro.

Abaixo dela e de Marina vêm os candidatos João Pimenta (PCO) e Beto Haddad (DC), com 1%. Os demais postulantes não pontuaram.

O Datafolha também quis saber como está o ânimo dos eleitores em relação ao pleito. Disseram estar muito motivados para votar 38%, ante 30% que afirmaram o contrário.

Registro na Justiça Eleitoral sob o protocolo SP-08344/2024

Do Rio a Manaus: eleições municipais abrem crise entre prefeitos e governadores em diferentes capitais

Por — Rio de Janeiro / O GLOBO

 

 

O Rio não é o único lugar em que um prefeito que concorre à reeleição tem reforçado o embate com o governador do estado no período eleitoral. Em capitais importantes do país, como Salvador, Fortaleza e Manaus, prefeitos têm partido para o ataque e feito declarações críticas aos chefes do Executivo estadual nas últimas semanas.

 

Com o embate escancarado entre Eduardo Paes (PSD) e Cláudio Castro (PL), o Rio desponta como a cidade na qual o cenário está mais conflagrado. Do lado do prefeito, adjetivos como “incompetente” são usados para descrever o governador — sobretudo na área da segurança, mas também na educação, por causa do mau desempenho estadual no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Em resposta, Castro não deixou barato e apelou para provocações políticas: chamou o candidato à reeleição de “traidor” e “nervosinho”, além de classificar o ex-governador Sérgio Cabral (MDB) como “sócio e pai” de Paes.

 

Outra capital em que há frases fortes é Fortaleza. Por lá, a polarização entre cidade e estado não é de hoje. Há meses o prefeito José Sarto (PDT) e o governador Elmano de Freitas (PT), que tem como candidato Evandro Leitão (PT), protagonizam brigas verbais. “A paralisia do Governo do Estado no combate às facções não parece ser apenas incompetência, mas também cumplicidade”, escreveu Sarto nas redes sociais, em abril. Elmano, também na arena digital, alegou que a postura do prefeito era “irresponsável e oportunista”, e também uma “terceirização” de responsabilidades.

 

Na campanha, Sarto precisa atacar não só a direita bolsonarista, como também o PT de Elmano e Leitão. O racha entre petistas e o PDT do prefeito no Ceará foi ruidoso e levou até a um rompimento interno no partido do prefeito, que viu os irmãos Ciro e Cid Gomes se afastarem. Senador, Cid migrou para o PSB e apoia Leitão, também ex-PDT e aliado de longa data, enquanto o ex-presidenciável se manteve com Sarto.

 

Se em Fortaleza a cisão entre os grupos de prefeito e governador é recente, em Salvador é coisa antiga. Há anos a cidade é comandada por prefeitos vinculados ao carlismo, cultura política iniciada pelo ex-governador Antônio Carlos Magalhães, o ACM. O estado, por sua vez, é administrado pelo PT desde 2006. Nos últimos dias, o candidato à reeleição, Bruno Reis (União), criticou o governo estadual em pontos como o projeto VLT do Subúrbio.

 

— Por que tiraram os trilhos do Subúrbio e agora ainda estão elaborando o projeto executivo? Isso é incompetência. Prometeram uma Ferrari e vão entregar um Fusquinha — disse em entrevista à CBN Salvador.

 

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) rebateu. Afirmou que “nem todo mundo pode ter uma Ferrari como ele” e emendou com uma crítica aos ônibus municipais.

 

— Espero que ele também possa cuidar do transporte coletivo, em vez de ficar tirando ônibus. Procure saber do povo. A população está aguardando (ônibus com ar- condicionado) até hoje.

 

Cidade mais populosa do Norte, Manaus tem este ano uma das eleições mais disputadas do país. Na tentativa de reeleição, o prefeito David Almeida (Avante) acusa o governador Wilson Lima (União) de atuar contra a gestão municipal.

 

— Após a reeleição do governador Wilson Lima, ele se meteu pessoalmente, elegeu um aliado dele para dificultar a minha vida na Câmara Municipal. Essa é a verdade. A oposição que eu tenho na Câmara é toda comandada pelo Wilson Lima, que tem como candidato Roberto Cidade (União). Eles tentaram dificultar totalmente a minha vida à frente da prefeitura para tentar invisibilizar a minha candidatura — afirmou em entrevista à rádio Norte FM.

 

Levantamento do GLOBO identificou que, nas últimas duas eleições municipais, de 2016 e 2020, menos de um terço dos prefeitos eleitos nas capitais brasileiras foram endossados pelos governadores dos respectivos estados durante a campanha. Por outro lado, mais da metade dos vitoriosos era ligado ao grupo político que comandava as prefeituras. O dado reforça como a máquina municipal tem mais relevância do que a estadual nas eleições locais.

 

Disputa fria

Mesmo em locais onde não há ataques diretos entre os chefes de Executivo, as eleições municipais marcam a oposição entre as forças políticas que comandam as duas esferas. É o caso do Recife. Na capital pernambucana, o prefeito e favorito com folga para a reeleição, João Campos (PSB), evita ataques à governadora Raquel Lyra (PSDB), mas tem a disputa deste ano como um trampolim para a eleição estadual de 2026, quando tende a se candidatar ao governo contra Lyra.

 

Em Belo Horizonte, o candidato à reeleição Fuad Noman (PSD) também não tem como prioridade a produção de críticas ao governador Romeu Zema (Novo), mas o chefe do Executivo estadual anunciou apoio a Mauro Tramonte (Republicanos), líder das pesquisas e principal obstáculo no caminho do atual prefeito, que ainda tenta decolar.

 

Depois das enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite (PSDB) perdeu força política e viu a avaliação despencar, o que o transformou em coadjuvante na eleição de Porto Alegre. Os tucanos estão oficialmente com Juliana Brizola (PDT), mas o envolvimento de Leite, até o momento, é tímido. O prefeito Sebastião Melo (MDB), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenta a reeleição e aparece empatado nas pesquisas com Maria do Rosário (PT).

 

O cenário de oposição entre prefeito e governador se repete em Belém. Impopular, Edmilson Rodrigues (PSOL) encara, na difícil missão de tentar um novo mandato, o favoritismo do candidato lançado pelo clã Barbalho, o emedebista Igor Normando, que é primo do governador Helder Barbalho (MDB).

 

Em outra ponta, os dois chefes de Executivo em São Paulo estão em harmonia durante esta campanha — Tarcísio de Freitas (Republicanos) é apoiador de Ricardo Nunes (MDB). Além da capital paulista, em Curitiba há alinhamento: o governador Ratinho Júnior apoia Eduardo Pimentel, favorito para suceder o atual prefeito, Rafael Greca — todos do PSD.

 

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