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O feitiço contra o feiticeiro

O PT foi o grande precursor das fake news, valendo-se de notícias falsas contra seus adversários para se favorecer eleitoralmente nas campanhas de 2010 e 2014. Embora continue a usar a arma em 2018, o partido interpreta o papel de vítima

Ary Filgueira / ISTOÉ

Ilustração: Gerson Nascimento

A denúncia de que um grupo de empresários teria se unido para montar um esquema de distribuição de fake news pelo whatsapp em favor do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, esquentou a reta final da campanha. Os partidários da campanha de Fernando Haddad, do PT, que aparece em grande desvantagem nas pesquisas, enxergaram na acusação uma janela para questionar judicialmente e tentar a impugnar a candidatura do capitão reformado do Exército.

O próprio whatsapp adiantou-se e excluiu contas ligadas ao candidato do PSL, inclusive de seu filho, Flávio Bolsonaro. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aceitou investigar o caso. Nada irá evoluir agora. Talvez só no próximo ano, servindo de sombra para um provável futuro governo Bolsonaro. Mas essa é outra história. O problema é que há uma certa dose de hipocrisia na indignação petista.

Em eleições anteriores, e mesmo nesta, o partido fazia o uso indevido das redes sociais. Até se deparar com Bolsonaro como adversário, o PT era quem se valia do whatsapp e de outros canais na internet para difamar sem qualquer pudor ou freio moral e espalhar mentiras deslavadas sobre os concorrentes. Ou seja, o partido acostumado a acusar os outros do que ele mesmo faz foi precursor das fake news.

Em 2014, o PT usou irregularmente as ferramentas da internet para se beneficiar na eleição. Naquele ano, Dilma Rousseff disputava a reeleição e estava tecnicamente empatada com o senador Aécio Neves (MG), candidato do PSDB, nas pesquisas de intenção de voto. Dilma então contou com a ajuda de nada menos que 509 robôs que replicaram links dos sites de campanha principalmente com ataques a Aécio. A maioria das mensagens em massa era repassada pelo Facebook e Twitter. O serviço patrocinado contribuiu decisivamente para que ela se sagrasse vitoriosa.

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E o PT criou Bolsonaro

O recado da sociedade é inequívoco: em busca do novo, tentando enterrar a política do compadrio, da corrupção e da mentira disseminada pelo lulopetismo, o País está prestes a eleger como presidente Jair Bolsonaro, antagonista que o próprio Lula gerou

Rudolfo Lago e Wilson Lima / ISTOÉ

Foi durante um pesadelo que a escritora inglesa Mary Shelley buscou a inspiração para, aos 19 anos, escrever a obra prima da literatura de horror. No livro, o médico Viktor Frankenstein ousa brincar de Deus recriando a vida a partir de uma criatura que constroi a partir de partes de corpos humanos. Logo, porém, o médico percebe que o ser que julgava ter criado era na verdade uma criatura que, logo no primeiro momento após a vida, se voltaria contra seu criador. Há um parentesco óbvio entre a obra de Mary Shelley e o desenlace da disputa presidencial. Em boa parte, foi o PT quem engrossou o caldo de cultura responsável pela provável eleição de Jair Bolsonaro, candidato do PSL.

O ex-presidente Lula, que já se comparou a Jesus Cristo, fez de tudo para transformar o pleito numa eleição polarizada. Acabou gerando sua própria antítese, que se revelou nas urnas um líder de massas, como ele. Inicialmente, Lula imaginava que o eleitorado brasileiro iria ungí-lo novamente. Sabendo que não poderia ser candidato, com base na Lei da Ficha Limpa, sancionada por ele mesmo quando presidente, considerou que conseguiria transferir sua popularidade para um preposto, como fez com Dilma Rousseff em 2010.

Posaria de vítima, reafirmando que sua prisão era política. Ao final, apostava que essa narrativa seria consagrada nas urnas. Era a eleição plebiscitária com que sonhava. Ao contrário da Justiça, que o condenava, as urnas, acreditava, o absolveria. De roldão, viriam juntos absolvidos todos os demais petistas condenados e denunciados.

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Prisão mais rígida opõe Bolsonaro e Haddad nas eleições 2018

Breno Pires e Fábio Serapião, O Estado de S.Paulo

26 Outubro 2018 | 03h00

BRASÍLIA - Com uma escalada no número de presos e déficit de vagas, o sistema penitenciário nacional é encarado de maneira distinta nos programas de governo dos candidatos à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Enquanto o líder nas pesquisas defende “prender e deixar preso”, o segundo colocado é crítico à política do “encarceramento em massa” e afirma que as “prisões devem, prioritariamente, tirar o criminoso violento de circulação”. 

Embora a segurança seja tratada como questão central na campanha eleitoral, os candidatos não detalham em seus planos de governo como vão lidar, por exemplo, com a presença de facções criminosas em presídios. A ausência do tema no debate eleitoral foi alvo de crítica do atual ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, para quem as penitenciárias são o maior problema da segurança no País. 

Prisão mais rígida opõe Bolsonaro e Haddad nas eleições 2018
Déficit em presídios é de 360 mil vagas Foto: Márcio Fernandes/Estadão

Segundo ele, mesmo com 720 mil apenados, número que cresce 8,3% ao ano, e 70 facções criminosas, que comandam o crime de dentro dos presídios, o sistema não dá voto e por isso foi esquecido pelos candidatos. O déficit, segundo dados do governo, é de 360 mil vagas.

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XP/Ipespe: Bolsonaro lidera com 58%, Haddad tem 42%

Pesquisa XP/Ipespe divulgada na manhã desta sexta-feira (26) confirma a liderança do candidato Jair Bolsonaro (PSL) na corrida presidencial. Bolsonaro mantém 58% dos votos válidos, mesmo valor obtido na pesquisa da semana passada. Fernando Haddad (PT) tem 42%. O levantamento tem margem de erro de 2,2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Os números são idênticos aos da pesquisa divulgada na semana passada, o que confirma o favoritismo de Bolsonaro para o segundo turno. Haddad precisaria converter mais de 8,5 milhões de eleitores em apenas dois dias e sem horário de propaganda eleitoral no rádio e na televisão.

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‘Homofobia de Bolsonaro é da boca para fora’, diz Regina Duarte

Ubiratan Brasil, O Estado de S.Paulo

26 Outubro 2018 | 05h00

Tão logo postou uma foto ao lado do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), a atriz Regina Duarte viu sua página no Instagram ganhar 300 mil seguidores em apenas quatro dias. Nas ruas, é festejada e cumprimentada, tornando-se um dos raros nomes da classe artística a abraçar a candidatura bolsonarista. “Ele tem uma alma democrática”, garante Regina, que interpreta as declarações consideradas homofóbicas e racistas do candidato como frutos de um homem com um “humor brincalhão típico dos anos 1950, que faz brincadeiras homofóbicas, mas que são da boca pra fora, coisas de uma cultura envelhecida, ultrapassada”.

Regina Duarte
Regina se diz arrependida de ter revelado medo de Lula em 2002: ‘Dei a cara a tapa à toa’ Foto: Alex Silva/Estadão

A situação é diferente da vivida por ela em 2002, quando foi muito criticada ao revelar seu temor pela primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência. “Eu estava completamente alienada, pois o Lula já havia ganhado”, afirma. “Não me arrependo, mas, se pudesse voltar no tempo, teria me informado melhor sobre o que estava acontecendo naquele momento. O País queria o Lula e fui dar a cara a tapa à toa.”

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