Jair Bolsonaro fez do JN sua ‘plataforma de tiro’
“A mesa é giratória, avisou William Bonner, recomendando a Jair Bolsonaro que ocupasse sua cadeira “com cuidado”. O capitão exonerou o anfitrião de suas preocupações: “Isso aqui tá parecendo uma plataforma de tiro de artilharia. Então, estou confortável aqui.” Elevado à categoria de mito por 22% do eleitorado, o imponderável carregava suas virtudes no coldre. Não tinha respostas a oferecer. Distribuiu rajadas. Mostrou que, bem treinado, adapta-se a qualquer cenário —ao Vietnã das redes sociais tanto quanto à trincheira da Rede Globo.
Bonner quis saber, por exemplo, como o entrevistado faria para combater a violência com “mais violência” sem ferir a “gente honesta e trabalhadora” que vive nas favelas brasileiras. Sem piscar e sem remorsos, Bolsonaro reiterou que o policial tem que ter licença para “ir com tudo para cima” dos bandidos. “…Se matar dez, 15 ou 20 —com dez ou 30 tiros cada um, ele tem que ser condecorado e não processado.”
Veja o que é #FATO ou #FAKE nas entrevistas de Jair Bolsonaro para o Jornal Nacional e para o Jornal das Dez
O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, foi o segundo entrevistado do Jornal Nacional, da TV Globo, e do Jornal das Dez, da GloboNews, nesta terça-feira (28).
A série de entrevistas terá ainda nesta semana Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede). Ciro Gomes (PDT) foi o primeiro entrevistado.
A equipe do Fato ou Fake checou as principais declarações de Jair Bolsonaro.
“Mantive a minha linha em Brasília, inclusive citado no Mensalão por Joaquim Barbosa como o único deputado da base aliada que não foi comprado pelo PT”
#NÃOÉBEMASSIM: A citação do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa sobre Bolsonaro se referiu a uma votação específica que aconteceu em outubro de 2003, e não a todo o esquema do mensalão do PT.
Por 6 votos a 1, TSE nega pedido de Lula para ter tempo de campanha na TV
BRASÍLIA — Por 6 votos a 1, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou, na noite desta terça-feira, um pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que as emissoras de TV façam a cobertura da campanha do petista, que está preso em Curitiba, da mesma forma que produzem conteúdo relacionado a outros candidatos. Os canais de TV questionados pelo petista eram TV Globo, TV Ômega Ltda., Bandeirantes, Record e SBT.
ENTENDA: O que acontece com o caso Lula no TSE após prazo para defesa se manifestar
O petista está preso em Curitiba e já foi condenado em segunda instância. A Lei da Ficha Limpa não permite candidaturas nessas situações. Apesar disso, o PT insiste na candidatura do ex-presidente, que tem sido representado por Fernando Haddad, registrado no TSE como vice de Lula. Apenas o ministro Napoleão Nunes Maia divergiu do entendimento da maioria.
Bolsonaro diz que policial que mata '10, 15 ou 20' deve ser condecorado
SÃO PAULO — O candidato do PSL à Presidência Jair Bolsonaro voltou a defender nesta terça-feira, em entrevista ao "Jornal Nacional", da TV Globo, que a violência urbana deve ser combatida com uso da força. Capitão da reserva do Exército, afirmou que policiais que matarem com "dez ou trinta tiros cada (suspeito)", devem ser condecorados.
— Nós temos que fazer o que em local que você possa deixar livre da linha de tiro as pessoas de bem da comunidade? Ir com tudo para cima deles (bandidos) e dar para o policial e agentes da segurança pública o excludente de ilicitude. Ele entra, resolve o problema. Se matar dez, 15 ou 20, com dez ou 30 tiros cada um, ele tem que ser condecorado e não processado.
Bolsonaro citou a atuação da missão do Exército brasileiro no Haiti como um exemplo e disse que lá os agentes de segurança atiravam primeiro e depois iam saber o que tinha acontecido.
— Qualquer elemento com arma de guerra, os militares atiravam dez, 15, 20, 50 tiros e depois iam ver o que aconteceu. Resolveu o problema rapidamente. Você vê bonde aqu no Rio de Janeiro, na Praça Seca, com 20 anos com fuzil. Como é que tem que tratar essas pessoas? Pedindo para levantar as mãos, dar uma florzinha para eles ou atirar? Tem que atirar. Se não atirar não vai resolver nunca.
Violência: uma epidemia brasileira que parece não ter cura
Na semana passada, representantes de sete candidatos e candidatas à presidência apresentaram, em Brasília, propostas sobre segurança pública em um evento do Monitor da Violência. Apesar da grande relevância do tema para os brasileiros, o que se viu, na verdade, foi que ninguém ainda desenvolveu um programa detalhado e abrangente para lidar com a epidemia de violência no país.
Apesar dos ganhos sociais e econômicos consideráveis dos últimos dez anos, o Brasil continua sendo um dos países mais violentos do mundo. Em 2017, registrou um novo recorde de assassinatos (63.880) e sua taxa chegou a 30,8 homicídios por 100 mil habitantes, superando a referência usada pela OMS para definir países onde a violência já atingiu níveis de conflito, e estabelecendo um novo recorde (em termos absolutos e relativos) entre países que não estão oficialmente vivendo uma guerra.