Aporte hídrico nos açudes cearenses deste ano é o segundo melhor da atual década
As chuvas ocorridas no primeiro semestre deste ano contribuíram para uma retomada importante dos aportes hídricos no interior cearense após um longo período de escassez de água nos açudes iniciado partir de 2012. Conforme dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), nos 155 reservatórios monitorados pelo órgão, houve recarga de 5,19 bilhões de metros cúbicos. Este é o segundo melhor índice da atual década, atrás apenas de 2011 (7,84 bilhões de metros cúbicos).
Em comparação com o período entre 2000 e 2020 – uma série de 21 anos – o aporte observado neste ano é o quinto melhor. Em ordem crescente estão as recargas de 2004, ano de grandes enchentes, (19,02 bilhões de m3); 2009 (15,03 bilhões de m3); 2008 (11,29 bilhões de m3); e 2011 (7,84 bilhões de metros cúbicos).
Na série histórica recortada, os piores cenários ocorreram em dois períodos seguidos: 2015 (0,75 bilhões de metros cúbicos) e 2016 (0,77 bilhões de metros cúbicos).
O secretário executivo da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), Aderilo Alcântara, ressalta que, embora a situação ainda não seja de conforto, garante maior segurança no abastecimento. Ele comemorou, também, a pouca distribuição nos aportes.
“Não foram apenas os reservatórios médios e grandes, estratégicos para o abastecimento humano e irrigação de culturas agrícolas temporárias, mas milhares de pequenos açudes estão cheios”, frisou.
A observação de Alcântara coincide com o relato do pequeno empresário Carlos Erick Vieira, que trabalha com roço de rodovias estaduais e federais em várias regiões do interior cearense. “Desde maio passado, por onde a gente anda vê a alegria dos agricultores, os açudes todos cheios e uma boa safra de milho e feijão”, contou.
Retomada
Segundo índices do Portal Hidrológico da Cogerh, entre 2012 e 2017 as reservas hídricas cearenses praticamente não tiveram recarga. Os índices acumulados na maioria dos açudes foram caindo a cada ano, seguidamente. O quadro, no entanto, iniciou uma retomada há dois anos.
“A partir de 2018 tivemos uma melhora nas reservas hídricas na região Norte do Estado, que se confirmou em 2019, e neste ano se generalizou em todas as regiões. Esperamos um ano ainda melhor em 2021”, detalhou Aderilo.
A retomada de água nos dois maiores açudes do Ceará – Castanhão e Orós – renova a esperança mesmo que parcial para a retomada da produção de tilápia em gaiolas e para a liberação de água para irrigação de culturas temporárias (milho, feijão, capim e sorgo), embora de forma reduzida.
Aportes
O Açude Orós, segundo maior do Estado, acumula atualmente 27,1% e o Castanhão, maior reservatório ceanrese, 15,7%. Em 2017, esses dois açudes estiveram praticamente com volume morto. Outro açude estratégico, o Trussu, em Iguatu, que chegou a menos de 2%, neste ano, saltou para 23,6%, acumulando uma reserva que assegura abastecimento das cidades de Iguatu e Acopiara por mais dois anos.
“Com exceção de Monsenhor Tabosa, outras 29 cidades que já estiveram em regime de contingenciamento no sistema de abastecimento, nesse período de crise hídrica que o Ceará enfrentou, estão com segurança hídrica de pelo menos um ano”, observa o diretor de Operações da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), Hélder Cortez.
Cinco maiores aportes:
- Castanhão - 979,4 milhões m³
- Araras - 540,5 milhões m³
- Orós - 478,9 milhões m³
- Arneiroz II - 165,1 milhões m³
- Banabuiú - 153,4 milhões m³
Reservas gerais
A Cogerh registra atualmente 34,4% de aportes nos 155 açudes monitorados. O período entre 2011 e 2016 foi marcado por seguida redução das reservas de água: 2011 (84,2%); 2012 (62,3%); 2013 (40,7%); 2014 (29,2%); 2015 (17,3%) e 2016 (11,1%).
A partir de 2017, a curva torna-se ascendente: 2017 (12%); 2018 (16,2%); 2019 (20,9%) e 2020 (34,4%).
Procuradoria denuncia desembargador do Rio por propina de R$ 6 mi de ‘rei do ônibus’
Pepita Ortega / O ESTADO DE SP
16 de julho de 2020 | 11h52
O Ministério Público Federal denunciou nesta quarta, 15, à Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, o desembargador Mário Guimarães Neto, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, por suposta participação em um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo o setor de transportes públicos do Estado. Segundo a Procuradoria, o magistrado teria recebido propina de R$ 6 milhões dos empresários Jacob Barata Filho, o ‘Rei do Ônibus’, João Augusto Morais Monteiro e José Carlos Lavouras – ex-dirigentes da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) – para garantir decisão judicial favorável aos interesses dos mesmos. O trio também foi denunciado, por corrupção ativa.
“Em razão do ajuste, o desembargador efetivamente praticou atos de ofício com infração de dever funcional, proferindo decisões judiciais que beneficiaram as empresas de ônibus em mais de 40 ações civis públicas que objetivavam a realização de licitação das linhas de ônibus pelo município do Rio de Janeiro”, apontou o MPF em nota.
Resultado das operações Descontrole e Quinto do Ouro, a denúncia também atinge a esposa do desembargador, a advogada Gláucia Iorio de Araújo Guimarães, que foi acusada dos mesmos crimes imputados a seu marido – corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Além disso, os investigadores acusam o doleiro Carlos Eduardo Caminha Garibe de lavagem e evasão de divisas e o empresário Miguel Iskin (réu em diferentes ações da Lava Jato no Rio, envolvendo a área da saúde), também por evasão.
No documento enviado ao ministro relator Félix Fischer, a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo pediu que o afastamento cautelar do desembargador seja prorrogado até o trânsito em julgado do processo. Lindôra alegou que há ‘risco de que o investigado intimide testemunhas e use sua influência para macular provas já existentes ou prejudicar as investigações’.
Além das condenações, a Procuradoria requereu à Justiça o pagamento solidário, pelos envolvidos, de indenização por danos morais coletivos de R$ 11,5 milhões – ‘valor correspondente ao montante de dinheiro envolvido nas negociações criminosas, uma vez que os prejuízos decorrentes dos crimes de corrupção e de lavagem de capitais são difusos e deram causa ao descrédito do mais elevado órgão do Poder Judiciário local’.
O Ministério Público Federal defendeu ainda ‘o perdimento do produto e proveito dos crimes, ou do seu equivalente, também no valor mínimo de R$ 11,5 milhões, atualizado com juros e correção monetária’.
O esquema
Segundo o Ministério Público Federal, as investigações apontaram que Jacob Barata Filho, João Augusto Monteiro e José Carlos Lavouras pagaram a propina de R$ 6 milhões em espécie ao desembargador Mário Guimarães, ‘com o propósito de garantir decisão judicial favorável aos interesses dos empresários de ônibus’.
O acerto da propina foi intermediado pela esposa do magistrado, Gláucia Guimarães, e o pagamento, efetuado com recursos de caixa 2 do Sindicato Rio Ônibus, indicou a Procuradoria.
“Posteriormente, Mário Guimarães e sua esposa, com auxílio do doleiro Carlos Garibe, entre 2013 e 2019, com o propósito distanciar o dinheiro derivado de crimes de sua origem ilícita, ocultaram e dissimularam a origem, a natureza e a propriedade de cerca de US$ 2,1 milhões, com a manutenção e movimentação de inúmeras contas no exterior, abertas em nome de pessoas físicas e de offshores”, afirmou o MPF em nota.
De tal montante, US$ 264 mil foram enviados ilegalmente para o exterior por meio de operações de dólar-cabo. Segundo a Procuradoria, o delator Carlos Garibe relatou ter feito diversas operações de tal natureza ‘por determinação e em benefício de Gláucia e de seu marido Mário Guimarães’.
O MPF indicou que as informações foram corroboradas com apresentação de provas colhidas após pedido de cooperação jurídica internacional com os Estados Unidos e quebra do sigilo telemático da esposa do magistrado.
“A partir da análise dos extratos bancários, comprovou-se que Gláucia Guimarães e Mário Guimarães Neto receberam, no exterior, pelo menos, a vultosa cifra de 2.154.797,19 dólares no período compreendido entre 27/09/2013 e 09/07/2019”, escreveu Lindôra Araújo na denúncia enviada ao STJ.
Os investigadores apontaram ainda que a quebra do sigilo bancário de Gláucia Guimarães mostrou que a mesma recebeu depósitos em espécie no Brasil, entre janeiro de 2012 e abril de 2019, superiores a R$ 1,6 milhão.
COM A PALAVRA, A DEFESA
A reportagem busca contato com a defesa dos investigados. O espaço está aberto para manifestações.
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16 de julho de 2020 | 11h27
Atualizado 16 de julho de 2020 | 14h11
RIO - A pandemia do novo coronavírus foi responsável pelo fechamento de 522,7 mil empresas no País na primeira quinzena de junho - quase 40% dos 1,3 milhão de estabelecimentos que estavam fechados nesse período, fosse temporariamente ou definitivamente. Os dados são da Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, que integram as Estatísticas Experimentais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre as empresas fechadas pela pandemia, 518,4 mil (99,2%) eram de pequeno porte, ou seja, tinham até 49 empregados. Outras 4,1 mil tinham porte intermediário, de 50 a 499 empregados, e 110 eram grandes empresas, possuíam mais de 500 empregados.
Ainda entre as empresas com atividades encerradas por causa da pandemia, 258,5 mil (49,5%) delas eram do setor de Serviços, 192 mil (36,7%) do Comércio, 38,4 mil (7,4%) da Construção e 33,7 mil (6,4%) da Indústria.
Na primeira quinzena de junho, o País tinha cerca de 4 milhões de empresas, sendo 2,7 milhões (67,4%) em funcionamento total ou parcial, 610,3 mil (15,0%) fechadas temporariamente e 716,4 mil (17,6%) encerradas em definitivo.
O coordenador de Pesquisas Conjunturais em Empresas do IBGE, Flávio Magheli, lembrou que a pandemia foi determinante no encerramento temporário ou definitivo das atividades de companhias médias (mencionada por 74,3% delas como justificativa para o fechamento) e grandes empresas (citada por 100% dos estabelecimentos fechados). No entanto, a maioria das pequenas empresas fechadas já enfrentava problemas antes da chegada da covid-19: 60,2% dos estabelecimentos de pequeno porte relataram que não houve qualquer influência da pandemia para o encerramento das atividades.
“O que surpreende, mas muitas das empresas pequenas já vinham com dificuldades antes da crise”, contou Magheli.
Entre as que encerraram definitivamente suas atividades, independentemente do motivo, 715,1 mil ou 99,8% eram de pequeno porte, e 1,2 mil eram médias empresas. Nenhuma grande empresa encerrou definitivamente suas atividades.
Os Serviços tiveram a maior proporção de empresas encerradas em definitivo, 46,7% ou 334,3 mil, seguido por Comércio (36,5% ou 261,6 mil), Construção (9,6% ou 68,7 mil) e Indústria (7,2% ou 51,7 mil).
Das 2,744 milhões de empresas em funcionamento na primeira quinzena de junho, 70% informaram que a pandemia impactou negativamente os negócios. Apenas 16,2% declararam que o efeito foi pequeno ou inexistente, enquanto 13,6% relataram um impacto positivo.
Embora os governos das diferentes esferas (federal, estadual e municipal) tenham anunciado uma série de medidas emergenciais em combate à pandemia do novo coronavírus, a maioria das empresas que adotaram alguma ação em resposta à covid-19 não percebeu o apoio governamental. Entre as que estavam funcionando, 2,674 milhões disseram ter adotado alguma medida em reação à pandemia, mas menos de um terço delas (889.455 empresas) percebeu o apoio do governo em menos uma dessas ações. Outras 1,855 milhão tomaram medidas alegadamente sem qualquer apoio.
O diretor de Pesquisas do IBGE, Eduardo Rios-Neto, lembra que a principal medida tomada foi a realização de campanhas de informação e prevenção ou adoção de medidas extras de higiene (mencionada por 91,1% das empresas em atividade), o que não teria necessariamente relação com governos.
No entanto, a percepção sobre o apoio governamental não foi universal mesmo entre as que aderiram a ações de socorro como concessão de crédito para pagamento da folha salarial de empregados e adiamento do pagamento de impostos.
O IBGE estima que 1,221 milhão de empresas adiaram o pagamento de impostos, mas 587 mil delas (48,1%) declararam que o fizeram sem apoio governamental. Das 347,8 mil empresas que conseguiram uma linha de crédito emergencial para pagamento da folha salarial, 112,5 mil (32,3%) manifestaram que não tiveram apoio do governo nessa ação.
Segundo Alessandro Pinheiro, coordenador de Pesquisas Estruturais e Especiais em Empresas do IBGE, a adoção massiva de medidas de prevenção à Covid-19 pelas empresas é importante, mas essas ações demandam menor esforço das companhias para concretizá-las. Ele ressalta que foi menor, porém expressiva, a fatia de empresas que lançaram ou passaram a vender novos produtos e serviços (20,1% das que tomaram alguma medida em reação à pandemia) e que alteraram método de entrega de produtos e serviços, incluindo a mudança para o online (32,9%).
"Tem a ver com uma reação mais criativa da empresa, que tem a ver com mais investimento", disse Pinheiro. "É mais pró-ativa, uma busca de alternativas e oportunidades para atenuar a queda na receita", completou.
O pesquisador do IBGE apontou que a queda nas vendas de produtos e serviços foi o efeito mais marcadamente mencionado como negativo em decorrência da pandemia.
"Isso é normal. Porque houve impacto da demanda", disse Pinheiro. "O choque se deu mais rapidamente pela demanda, por conta disso esse impacto nas vendas foi o mais negativo mencionado na pesquisa", acrescentou.
A queda nas vendas ou serviços comercializados em decorrência da pandemia foi sentida por 70,7% das empresas em funcionamento na primeira quinzena de junho em relação a março, quando começaram as medidas de isolamento para combater a disseminação do novo coronavírus. Ao mesmo tempo, 17,9% disseram que o efeito da pandemia foi pequeno ou inexistente sobre as vendas, e outros 10,6% afirmaram que perceberam um aumento nas vendas com a covid-19.
Em relação à produção, 63,0% das empresas enfrentaram dificuldade de fabricar produtos ou atender clientes, e 60,8% relataram empecilhos no acesso a fornecedores. Sobre o caixa, 63,7% apontaram que tiveram dificuldades para realizar pagamentos de rotina.
Mais da metade das empresas em funcionamento na primeira quinzena de junho não diminuiu o quadro de funcionários em relação ao início de março, quando se agravou a pandemia do novo coronavírus no Brasil. Segundo a pesquisa, 61,2% das empresas em funcionamento mantiveram o número de funcionários em comparação ao início de março. No entanto, 34,6% enxugaram o quadro de trabalhadores, enquanto apenas 3,8% aumentaram o total de empregados.
Entre as 948,8 mil empresas que reduziram a quantidade de funcionários, 37,6% diminuíram em até 25% o quadro de pessoal; 32,4% dessas empresas cortaram mais de um quarto até metade do total de funcionários, e 29,7% dos estabelecimentos demitiram mais da metade dos funcionários.
Guedes deve apresentar primeira fase de sua reforma tributária até sexta
15 de julho de 2020 | 19h02
BRASÍLIA - O Ministério da Economia deve apresentar até sexta-feira, 17, a primeira fase de sua proposta de reforma tributária. De acordo com fontes da pasta, a primeira etapa trará a unificação do PIS e da Cofins, que dará origem a um imposto sobre valor adicionado chamado de Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).
A ideia da equipe econômica é enviar sua reforma em fases, que se “acoplem” aos projetos de reforma tributária em tramitação no Congresso Nacional. Segundo o Estadão/Broadcast apurou, uma das próximas etapas será a criação de um tributo sobre transações digitais, a chamada Contribuição sobre Pagamentos (CP).
A ideia é que essa fosse a última fase da reforma, mas isso poderá ser antecipado dada a necessidade de reduzir encargos sobre empresas e gerar empregos no período pós-pandemia. Isso, no entanto, ainda está sob análise da equipe econômica.
De acordo com fontes, mesmo após toda a polêmica em torno da recriação da CPMF – que custou o cargo do ex-secretário da Receita Federal, Marcos Cintra - a tributação das transações financeiras é inevitável, já que é considerada a única forma de financiar a desoneração da folha de pagamentos. Nos estudos do governo, é considerada uma alíquota entre 0,2% e 0,4% para o novo tributo.
As outras fases incluirão ainda mudanças sobre o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e no Imposto de Renda (IR). Neste último, está em discussão a cobrança do tributo sobre dividendos, que hoje são isentos.
A reforma deve ainda tratar da redução de benefícios tributários. Nesta quarta-feira, o secretário da Fazenda, Waldery Rodrigues, disse que um dos itens da reforma é a redução das desonerações. “A reforma tributária é a que tem mais impacto no PIB potencial”, completou.
Nas últimas semanas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem dito que a reforma tributária seria enviada "em breve". Guedes chegou a dizer que acredita na aprovação até o fim de 2020.
Ainda no ano passado, a Câmara e Senado começaram a debater duas propostas de reforma tributária. Desde o segundo semestre de 2019 a equipe econômica vem prometendo o envio de uma proposta para a unificação de tributos federais, mas até agora nenhum texto foi enviado ao parlamento.
Pesquisa
Apesar de Guedes, acreditar na aprovação da reforma tributária ainda em 2020, analistas de mercado ouvidos pelo próprio Ministério da Economia não estão tão confiantes.
Pesquisa divulgada nesta quarta-feira pela Secretaria de Política Econômica (SPE) mostra que apenas 7% de entrevistados acreditam em aprovação da reforma tributária neste ano. Outros 49% esperam a aprovação no primeiro semestre de 2021.
Segundo a pesquisa, 17% projetam a aprovação no segundo semestre do ano que vem e 27% esperam a não aprovação da reforma ou aprovação apenas depois de 2021.
Questionado sobre se os dados demonstram descrédito na equipe econômica, o secretário da SPE, Adolfo Sachsida, disse que Guedes já ""surpreendeu o mundo" em outros momentos. "Boto fé no taco do ministro. Esse é um Congresso parceiro, reformista, e que está aprovando a pauta econômica", afirmou.
Bolsonaro diz que novo exame para coronavírus deu resultado positivo
15 de julho de 2020 | 19h04
BRASÍLIA - No dia em que o Brasil ultrapassou 75 mil mortes decorrentes do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que, mesmo sem comprovação científica, existem medicamentos que podem tratar a doença e que “a história vai dizer” quem estava certo sobre a aplicação ou não dos fármacos. Bolsonaro citou nominalmente ao menos três remédios, nesta quarta-feira, 15, mas em seguida disse que não cabe a ele orientar ninguém e que as pessoas devem procurar os médicos para decidir o melhor tratamento.
Em transmissão ao vivo no Facebook, antes de acompanhar à distância a cerimônia de arriamento da bandeira, o presidente disse que está se sentindo bem, mas informou que o exame realizado por ele na terça-feira, 14, ainda deu positivo para coronavírus. “Então a gente espera que nos próximos dias faça um novo exame e, se Deus quiser, dê tudo certo para a gente voltar logo à atividade”, afirmou.
Bolsonaro atribuiu sua melhora ao uso da hidroxicloroquina desde os primeiros sintomas. O medicamento não tem eficácia comprovada e os riscos ainda são desconhecidos. O presidente disse que não faz propaganda do remédio e sugeriu que a resistência ao fármaco se deve ao fato de ter um custo baixo ou por questão ideológica. O Estadão revelou, na semana passada, quem são os empresários que lucram com a cloroquina, que teve alta de 358% no consumo
“Não estou fazendo nenhuma campanha por medicamentos, afinal de contas o custo é baratíssimo e talvez por causa disso que tem muitas pessoas contra. E outras, parece, por questão ideológica. Parece. Mas o que na verdade está ocorrendo? Está dando certo”, disse.
O presidente também afirmou que não está recomendando o uso do medicamento e pediu para que pacientes sigam as orientações de seus médicos. “Então, eu não recomendo nada. Eu recomendo que você procure o seu médico e converse com ele. O meu, no caso, médico militar, foi recomendado a hidroxicloroquina e funcionou. Tô bem, graças a Deus.”
Bolsonaro disse, ainda, que a história vai mostrar quem estava certo ou errado sobre a hidroxicloroquina. “O futuro vai dizer se esse remédio é eficaz ou não. Pra mim, foi. Credito a ele. E se for, muita gente encaminhou contrário, gente com responsabilidade, então a história vai dizer quem estava certo no futuro e a quem cabe qualquer responsabilidade sobre parte das mortes, porque ninguém nunca disse que não haveriam mortes”.
Ele citou a Ivermectina e Annita, também utilizados no tratamento da doença. “Sabíamos da potencialidade do vírus, mas apareceu a hidroxicloroquina, a ivermectina, bem como a Annita também. Mas não estou aqui para orientar ninguém a tomar esse ou aquele medicamento. Procure o seu médico desde o início dos sintomas, disse o presidente.
Pazuello diz a Gilmar que abre dados da pandemia para ministro formar ‘opinião correta’
15 de julho de 2020 | 15h04
Atualizado 15 de julho de 2020 | 18h16
BRASÍLIA – Em um gesto para apaziguar os ânimos após dizer que o Exército estava se associando a um “genocídio” ao se referir à crise sanitária instalada no País com a covid-19, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, falou por telefone com o ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello. Na ligação, feita nesta terça-feira, 14, Pazuello disse que colocava à disposição todas as informações do enfrentamento da pandemia para que o magistrado pudesse formar uma“opinião correta” sobre a situação do País.
O contato inicial, segundo o Estadão apurou com interlocutores de Gilmar, partiu de uma pessoa na Presidência da República. Coube ao presidente Jair Bolsonaro repassar o telefone do ministro do STF para Pazuello, que falou em se reunir pessoalmente com o magistrado, sem saber que ele estava em Lisboa. O encontro deve ocorrer assim que Gilmar retornar de Portugal no fim deste mês, com o fim do recesso do STF.
A conversa foi descrita por ambos, segundo seus interlocutores, como “cordial” e “institucional”. Não houve, porém, pedido de desculpas ou menção às suas declarações por parte do magistrado.
A dura crítica de Gilmar, no sábado, 11, mirando os 20 militares que ocupam cargos estratégicos na Saúde, dos quais 14 na ativa, gerou novo embate entre as Forças Armadas e um integrante STF. O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, reagiu e ingressou na terça-feira, 14, com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Mendes. Ao acionar a PGR, Azevedo usou parecer da consultoria jurídica que aponta crime contra a honra previsto no Código Penal e menciona o artigo 23 da Lei de Segurança Nacional.
Em meio à pandemia do coronavírus, o Brasil está há mais de dois meses sem um ministro da Saúde e registra 74.262 mortes, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa consolidados na terça, 14. Pazuello assumiu no dia 15 de maio, quando o então ministro Nelson Teich pediu demissão. Na ocasião, o País registrou 14.962 óbitos.
Diante do novo estremecimento entre Poderes pela condução da pandemia, Bolsonaro passou a ser pressionado para substituir Pazuello. Integrantes do Exército temem pela imagem da Força e querem que o general peça a transferência para a reserva caso seja mantido no cargo.
Segundo auxiliares do governo, o presidente deve começar avaliar nomes para assumir o Ministério da Saúde após se recuperar da covid-19. A expectativa é ter uma definição sobre o comando da pasta até meados de agosto.
Nesta quarta-feira, Bolsonaro saiu em defesa de Pazuello nas redes sociais e elogiou a experiência do general em logística e administração. “Quis o destino que Gen. Pzuello assumisse a interinidade da Saúde em maio último. Com 5.500 servidores no Ministério, o Gen. levou consigo apenas 15 militares para a pasta. Grupo esse que já o acompanhava desde antes das Olimpíadas”, escreveu.
Na publicação, Bolsonaro, no entanto, não indicou qual será o futuro de Pazuello. “Pazuello é um predestinado, nos momentos difíceis sempre está no lugar certo pra melhor servir a sua Pátria. O nosso Exército se orgulha desse nobre soldado”, disse.