Brasil registra 16,4 milhões de casos e 459 mil mortes por covid-19
O número de casos de covid-19 subiu para 16.391.930 no país. Nas últimas 24 horas, foram registrados 49.768 diagnósticos positivos da doença. Ontem, o painel de informações do Ministério da Saúde trazia 16.342.162 casos acumulados. O país tem ainda 1.121.619 casos ativos, em acompanhamento.
Já o total de vidas perdidas para a covid-19 foi para 459.045. Entre ontem e hoje, foram confirmadas 2.371 mortes em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Ontem, o número de mortes estava em 456.674.
Ainda há 3.760 falecimentos em investigação. O termo é empregado pelas autoridades de saúde para designar casos em que um paciente morre, mas a causa segue sendo apurada mesmo após a declaração do óbito.
O número de pessoas que pegaram covid-19 mas se recuperaram desde o início da pandemia totalizou 14.811.266. Isso corresponde a 90,4% do total de pessoas que foram infectadas com o vírus.
Os números estão no balanço diário do Ministério da Saúde sobre a pandemia, divulgado na noite desta sexta-feira (28). A atualização é produzida a partir das informações disponibilizadas pelas secretarias estaduais de saúde.
Hoje o Ministério da Saúde também publicou novo boletim epidemiológico da covid-19 em que mostra um crescimento leve dos casos e uma estabilidade das mortes pela doença.
Estados
A lista de estados com mais mortes pela covid-19 é liderada por São Paulo (110.553). Em seguida vêm Rio de Janeiro (50.374), Minas Gerais (40.026), Rio Grande do Sul (27.990) e Paraná (26.168). Já na parte de baixo da lista, com menos vidas perdidas para a pandemia, estão Roraima (1.612), Acre (1.655), Amapá (1.685), Tocantins (2.839) e Alagoas (4.697).
Vacinação
Até o momento, foram distribuídas a estados e municípios 96,5 milhões de doses de vacinas contra a covid-19. Deste total, foram aplicadas 61,8 milhões de doses, sendo 42 milhões da primeira dose e 19,7 milhões da segunda dose. Hoje o Ministério da Saúde anunciou o início da vacinação de trabalhadores da educação e a entrada no cronograma de pessoas abaixo de 60 anos.
Edição: Bruna Saniele / AGÊNCIA BRASIL
Desde o início, China fomenta parceria com Brasil no enfrentamento da pandemia
A pandemia de coronavírus já perdura por mais de um ano, com sucessivas ondas epidemiológicas e o surgimento de várias mutações, impondo à comunidade internacional novos desafios no enfrentamento da crise sanitária e na recuperação econômica.
Diante dessa situação complexa e crítica, foi realizada, dias atrás, a Cúpula Global de Saúde, uma conferência multilateral de alto nível sobre saúde pública mundial.
Em discurso feito na ocasião, com o título “Unidos na construção de uma comunidade global de saúde”, o presidente chinês, Xi Jinping, apresentou a proposta da China para promover a solidariedade internacional no combate à pandemia e anunciou cinco medidas para apoiar essa campanha, apontando caminhos concretos para superar, o quanto antes, a crise sanitária global.
Em primeiro lugar, devemos priorizar as pessoas e a vida. O presidente Xi assinalou que, para derrotar completamente o vírus, é essencial colocar a vida e a saúde em primeiro lugar e respeitar verdadeiramente o valor e a dignidade de cada vida humana. Precisamos defender o espírito científico e adotar uma abordagem bem fundamentada, para que haja coordenação entre as medidas de contenção e a retomada do desenvolvimento socioeconômico. Com solidariedade e cooperação, a comunidade internacional deve repudiar qualquer tentativa de politizar, rotular ou estigmatizar essa doença.
Em segundo lugar, devemos honrar o compromisso de distribuir as vacinas de forma justa e equitativa. No ano passado, o presidente Xi tomou a iniciativa de propor que as vacinas chinesas se tornassem um bem público global, como forma de colaborar para a disponibilidade e o preço acessível do imunizante nos países em desenvolvimento.
Fiel às suas palavras, a China já disponibilizou 300 milhões de doses de vacinas para o mundo, sendo o país que mais forneceu o imunizante, principalmente às nações em desenvolvimento.
A segurança e a eficácia das vacinas chinesas são amplamente reconhecidas. A vacina da Sinopharm foi aprovada pela OMS para uso emergencial, enquanto a Coronavac está em vias de homologação. Além disso, a China aderiu ao programa Covax e se comprometeu a contribuir com 10 milhões de doses.
As ações concretas da China constituem um nítido contraste com o “nacionalismo de vacinas” praticado por alguns países e evidenciam o espírito de solidariedade e responsabilidade da China com a comunidade internacional em momentos difíceis.
Por fim, foram anunciadas novas medidas para fortalecer a solidariedade na resposta mundial à pandemia. O presidente Xi comunicou formalmente que a China fornecerá US$ 3 bilhões adicionais em ajuda internacional nos próximos três anos para apoiar o combate à Covid-19 e a recuperação econômica e social nos países em desenvolvimento. O país fará todo o possível para disponibilizar mais vacinas ao mundo e apoiará seus laboratórios na transferência de tecnologias para outros países em desenvolvimento e na produção conjunta com esses parceiros.
Depois de anunciar apoio à isenção de proteção de propriedade intelectual sobre as vacinas contra a Covid-19, a China também trabalha para que a OMC e outras instituições internacionais possam decidir o quanto antes sobre esse tema. Propõe ainda a criação de um fórum internacional sobre cooperação em vacinas, no qual países que desenvolvem e produzem vacinas, empresas e outras partes interessadas possam discutir meios de promover a distribuição justa e equitativa de imunizantes no mundo inteiro.
Desde o início da pandemia, a China vem fomentando, com espírito humanitário, a parceria com o Brasil no enfrentamento conjunto da crise, levando em consideração a amizade entre nossos povos e a importância do nosso relacionamento bilateral.
O lado chinês doou ao Brasil cerca de R$ 60 milhões em materiais de saúde e auxiliou os brasileiros na compra de 1.200 toneladas de insumos e equipamentos na China. Mais de 20 videoconferências foram realizadas entre as duas partes. Além disso, a China foi o primeiro país a desenvolver uma parceria com o Brasil em matéria de vacinas. Empresas chinesas são responsáveis pela entrega de 90% dos imunizantes e dos insumos disponíveis no Brasil, o que viabilizou a vacinação de 60% dos grupos prioritários, um trabalho fundamental para salvar mais vidas.
Mais do que nunca, a crise sanitária evidencia que a humanidade compartilha o mesmo futuro e está interligada em momentos tanto venturosos como trágicos. Para a China, o Brasil continuará sendo nosso parceiro prioritário. Com união e parceria, vamos trabalhar lado a lado e em sintonia com outros países para defender uma comunidade de saúde para toda a humanidade, superar as dificuldades momentâneas e construir um futuro mais promissor para a saúde humana.
Governo emite alerta de emergência hídrica em 5 estados e vai criar comitê para acompanhar setor elétrico
Comitê responsável pelo monitoramento do setor elétrico, o CMSE, se reuniu nesta quinta-feira (27), em carátere extraordinário, para avaliar a situação do sistema energético e concluiu que a situação é delicada.
Segundo dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), que faz a gestão do sistema, o volume de chuva se manteve baixo do normal em maio, e o país entra no período seco em situação delicada no que se refere a oferta de água. A seca projetada para o período de setembro a maio é a pior em 91 anos.
Neste ano, a previsão é que a seca será especialmente severa nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.
Diante desse cenário, ficou acertado que será criado um comitê de acompanhamento da crise. Fonte ouvida pela Folha explica que esse grupo será responsável por monitorar a seca, o nível dos reservatórios e a oferta de energia, bem como a adoção de medidas para garantir o abastecimento.
A avaliação é que ainda não é momento para propor medidas de racionalização do consumo, como campanhas de economia de energia, muito menos falar em racionamento. Quem acompanha o setor elétrico lembra que essa é uma palavra maldita, especialmente às vesperas de uma eleição.
O apagão de 2001, seguido de racionamento, é apontado até hoje como um dos fatores para a derrota do PSDB e a primeira vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial de 2002.
Na reunião desta quinta também foi decidido que é preciso priorizar o uso da água para garantir a geração de energia nas usinas consideradas estratégicas para o abastecimento nacional e que estão localizadas justamente nessas regiões.
A recomendação é que se retenha mais água nas usinas hidrelétricas Jupiá, Porto Primavera, Ilha Solteira, Três Irmãos, Xingó, Furnas e Mascarenhas de Moraes.
Em nota divulgada no site do MME (Ministério das Minas e Energia) informa que "tendo em vista os estudos apresentados pelo ONS, e com vistas a garantir a governabilidade das cascatas hidráulicas no País, o CMSE reconheceu a importância da implementação das flexibilizações das restrições hidráulicas relativas às usinas hidrelétricas Jupiá, Porto Primavera, Ilha Solteira, Três Irmãos, Xingó, Furnas e Mascarenhas de Moraes".
Esse tipo de medida é tomada em momentos de secas mais severas porque afeta outras atividades. Como reduz o volume dos rios, tende a limitar a pesca, interromper o transporte fluvial e pode, inclusive, afetar a captação de água para irrigação e consumo humano.
Dentro dessa perspectiva, o SNM (Sistema Nacional de Meteorologia) emitiu o primeiro alerta de emergência hídrica para o período de junho a setembro, na região da Bacia do Paraná, que abrange os estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná, informou o Ministério da Agricultura.
"Estudos realizados pelo SNM de acompanhamento meteorológico para o Setor Elétrico Brasileiro alertam que as perspectivas climáticas para 2021/2022 indicam que a maior parte da região central do país, a partir de maio e até final de setembro, entra em seu período com menor volume de chuvas (estação seca)", disse o ministério em uma nota conjunta com institutos que integram o sistema.
A previsão climática elaborada por diferentes institutos que monitoram o clima indica para os meses de junho, julho, agosto de 2021 a mesma tendência, ou seja, pouco volume de chuva na maior parte da Bacia do Rio Paraná. Essa previsão é consistente com a de outros centros internacionais de previsão climática.
Na nota, a pasta informou ainda que a análise das chuvas entre outubro de 2019 a abril de 2021 para a Bacia do Rio Paraná indica que, com exceção de alguns meses (dezembro de 2019, agosto de 2020 e janeiro de2021), durante a maior parte do período houve falta de chuvas, principalmente a partir de fevereiro deste ano.
Criado em maio, o SNM é coordenado pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e Censipam (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia), com a participação da Ana (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) e o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais)
O MME afirmou, ainda, a importância da articulação institucional, não limitada apenas ao setor elétrico brasileiro, para que para parantir o suprimento de energia elétrica no país em de 2021.
(Com Reuters)
Coronavac desprezada por Bolsonaro evitaria pelo menos 80 mil mortes, diz pesquisador
O Brasil teria evitado pelo menos 80.300 mortes até maio deste ano se o governo Jair Bolsonaro tivesse fechado em outubro de 2020 um contrato com o Instituto Butantan para a compra de 100 milhões doses da Coronavac, que seriam entregues até este mês.
É o que aponta cálculo feito pelo professor Pedro Hallal, da UFPel (Universidade Federal de Pelotas) e coordenador do Epicovid-19, o maior estudo epidemiológico sobre coronavírus no Brasil.
A conta foi baseada no depoimento de Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, à CPI da Covid e considera que o Ministério da Saúde poderia ter recebido 49 milhões de doses a mais do que os 51 milhões previstos para serem entregues até o final de maio.
O estudo faz estimativa de 81.500 óbitos a menos com margem de erro que varia de 80.300 a 82.700.
O Brasil atingiu nesta quarta-feira (26) a marca de 454.623 óbitos em decorrência da Covid.
À CPI da Covid nesta quinta-feira (27) Dimas Covas afirmou que a oferta de 100 milhões de doses da vacina contra a Covid, que é produzida em parceria com o laboratório chinês Sinovac, não foi fechada em outubro por entraves políticos e burocráticos.
De acordo com Covas, após o fracasso da negociação naquela época, nova proposta foi feita ao Ministério da Saúde em dezembro, mas não era mais possível entregar a totalidade das doses até maio, mas sim por volta de agosto.
Por fim, o primeiro contrato assinado com o governo foi fechado em dezembro e previu a entrega de 46 milhões de unidades da Coronavac até abril deste ano. O segundo foi assinado em fevereiro prevendo a entrega de mais 54 milhões.
Segundo declaração de Covas, pelo acordo acertado pelo governo federal com o instituto paulista, 51 milhões de doses da Coronavac terminarão de ser entregues até o final de maio. Logo, o Brasil poderia ter garantido mais 49 milhões de doses nesse período não fossem os impasses.
Se tivesse recebido esse volume a mais teria evitado, além das cerca de 81.500 mortes, por volta de 174.642 internações em UTIs (unidades de terapia intensiva), segundo cálculo de Hallal.
Em outro cenário, caso o governo federal tivesse aceitado a oferta da Pfizer em agosto do ano passado, cerca de 14 mil mortes teriam sido evitadas com intervalo de confiança entre 5.000 e 25 mil óbitos.
Segundo depoimento à CPI do gerente-geral da farmacêutica na América Latina, Carlos Murillo, 4,5 milhões seriam entregues no país de dezembro a março pela oferta feita ao Brasil no meio do ano passado.
O acordo atual com a Pfizer prevê 100 milhões de doses até o final deste ano. Ou seja, segundo estimativa de Hallal, 95.500 mortes teriam deixado de ocorrer caso o Brasil tivesse fechado os acordos com a Pfizer e com o Butantan mais cedo.
Para o cálculo, o pesquisador usou os seguintes parâmetros: um terço da população com anticorpos, letalidade do coronavírus de 1% e eficácia da vacina de 50% no caso da Coronavac e 94% para a Pfizer.
Com base no índice da população com anticorpos e na letalidade da doença, chega-se a um total de mortes esperado caso o país tivesse recebido as doses previstas. Deste número descontam-se os óbitos que poderiam ter sido evitados com base na eficácia da vacina e chega-se ao resultado.
Nesta quinta-feira, o diretor do Butantan afirmou que as negociações para a compra da Coronavac evoluíram ao longo do mês de outubro. O contrato inicial acordado previa a aquisição de 100 milhões de doses pelo Ministério da Saúde. No entanto, sem nenhuma explicação, esse contrato foi retirado e o governo afirmou que compraria 46 milhões.
Foi nesse momento que o presidente Bolsonaro afirmou a apoiadores, sendo gravado, que não iria comprar a vacina chinesa.
"Infelizmente, essas conversações não prosseguiram, porque houve, sim, aí, uma manifestação do presidente da República, naquele momento, dizendo que a vacina não seria, de fato, incorporada, não haveria o progresso desse processo", afirmou Covas à comissão no Senado.
"Poderíamos ter iniciado a vacinação antes do que começou? Nós já tínhamos as doses, estavam disponíveis. E eu, muitas vezes, declarei de público que o Brasil poderia ser o primeiro país do mundo a começar a vacinação, não fossem os percalços que nós tínhamos que enfrentar durante esse período, tanto do ponto de vista do contrato, como do ponto de vista também regulatório."
A Coronavac começou a ser aplicada em 17 de janeiro, no mesmo dia em que a Anvisa deu autorização para o uso emergencial da vacina.
Prevenção das doenças infecciosas
28 de maio de 2021 | 03h00
Na última década o mundo observou a reincidência de doenças até então erradicadas por campanhas de vacinação em massa, apoiadas por políticas públicas de saúde – o surto de gripe aviária, em 2005, que infectou pessoas no Vietnã, na Tailândia, na Indonésia e no Camboja; o recente ressurgimento de ebola na República Democrática do Congo, que já havia sido cessado em novembro de 2020; a volta da febre amarela no Brasil; além do reaparecimento de poliomielite e sarampo, respectivamente erradicados em 1989 e 2016 no Brasil.
Todas essas ocorrências, consideradas doenças infecciosas emergentes e reemergentes, nos mostram a necessidade de darmos mais atenção ao tema, especialmente num período pandêmico, em que os sistemas de saúde estão sobrecarregados. Diversos fatores devem ser considerados para o aumento da incidência dessas patologias nas populações: o surgimento ou identificação de novos problemas de saúde, novos agentes infecciosos, a mudança no comportamento epidemiológico de doenças já conhecidas, além da disseminação de desinformação de movimentos antivacina.
No Brasil, grande parte das condições que favorecem a emergência e reemergência das doenças infecciosas e parasitárias está relacionada a fatores sociais, políticos, demográficos, econômicos e ambientais. Ou seja, é urgente que se discutam os desafios postos à saúde pública, bem como o reforço e a revalorização da vigilância epidemiológica. Em paralelo, em tempos como o que estamos vivendo, são as desigualdades sociais as primeiras a ser explicitadas em âmbito global quanto ao maior risco de exposição a doenças e menores condições de acesso a tratamentos.
Olhando para trás, as grandes epidemias e os surtos enfrentados e superados globalmente transformaram as sociedades. No Rio de Janeiro, em 1904, quando a então capital federal era constantemente vitimada por surtos de febre amarela, varíola, peste bubônica, malária, tifo e tuberculose, a nova regulamentação de vacinação obrigatória, somada às condições precárias do sistema de saúde e política de sanitarista da época, culminou na convulsão da população numa manifestação que ficou historicamente conhecida como a Revolta da Vacina. Historiadores argumentam que não foi apenas a obrigatoriedade da vacina que motivou os protestos, mas, sim, uma entre várias medidas que visavam a disciplinar a população mais pobre, erradicando-a das áreas centrais.
Como desdobramento, a lei foi modificada e a utilização da vacina tornou-se opcional, mas a forma como o Brasil passou a lidar com a saúde pública e sua comunicação voltada para a conscientização da população nunca mais foram as mesmas. A utilização de vasto material informativo, como cartazes, folhetos e manuais; a adesão de celebridades às campanhas em TV e rádio; a criação dos dias nacionais de vacinação e do personagem Zé Gotinha; tudo isso foram novas formas encontradas pelo País de promover a vacinação e erradicar as doenças infecciosas da época.
Hoje, grandes e notórios passos já foram dados no que diz respeito à pesquisa brasileira. Estamos entre os 15 maiores produtores de ciência do mundo e nas áreas relacionadas às doenças infecciosas somos um dos primeiros. O mineiro Vital Brazil, que fundou o aclamado Instituto Butantan (São Paulo), que este ano comemorou 120 anos, liderou o combate a diversas doenças, como febre amarela, cólera, varíola e peste bubônica. Foi pioneiro nas pesquisas e na produção de soros específicos contra veneno de animais peçonhentos.
Referência em pesquisa biomédica, o instituto é o principal produtor de imunobiológicos no Brasil, além ser o responsável por grande porcentagem da produção de soros hiperimunes e pelo grande volume da produção nacional dos antígenos vacinais que compõem as vacinas utilizadas no Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde.
Atualmente, o Instituto Butantan dedica-se à produção da vacina contra a covid-19 e, até o momento, já entregou 22,6 milhões de doses do imunizante Coronavac, produzido em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
E será neste segundo ano de pandemia de covid-19, período em que o Brasil vive um colapso do sistema de saúde, recordes de mortes diárias e nas médias móveis de transmissão da doença, que a Fundação Bunge homenageará profissionais da área das Ciências Biológicas, Ecológicas e da Saúde, especificamente os dedicados à prevenção de doenças infecciosas, um dos temas contemplados pela 65.ª edição do Prêmio Fundação Bunge.
Hoje, com o País em isolamento em meio ao pior momento da pandemia do novo coronavírus, ignorar a gravidade da situação ou aumentar seu risco pode ser fatal. Como previu o Nobel escocês de Economia Angus Deaton em seu livro A Grande Saída, de 2013: “Mais de uma vez na História da humanidade a razão e a ciência provaram ser as armas mais apropriadas e, no fim das contas, bem-sucedidas no combate a inimigos invisíveis”. É preciso valorizar o trabalho da saúde pública, das pesquisas, dos cientistas e dos profissionais da Saúde.
CURADOR DOS PRÊMIOS FUNDAÇÃO BUNGE, É PRESIDENTE DO CONSELHO SUPERIOR DE ESTUDOS AVANÇADOS (CONSEA-FIESP)
'Pelo amor de Deus, Omar Aziz, encerra logo essa CPI!', pede Bolsonaro
27 de maio de 2021 | 23h32
BRASÍLIA E SÃO PAULO - O presidente Jair Bolsonaro criticou nesta quinta-feira, 27, o presidente do CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), e pediu “pelo amor de Deus” que ele encerre logo os trabalhos da comissão. “Vai plantar batata, ô CPI!”, reclamou Bolsonaro. Em transmissão ao vivo pelas redes sociais, desta vez de Matucará (AM), o presidente também atacou Aziz pela apresentação de um projeto de lei que tipificava como crime a prescrição de produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais, sem comprovação científica.
“Ou seja, aquilo que eu mostrei para a ema (cloroquina), se um médico prescrevesse aquilo para mim (seria condenado a) três anos de cadeia”, afirmou o presidente, lembrando o episódio no qual apareceu com uma caixa de cloroquina diante das emas que ficam no jardim do Palácio da Alvorada.
Bolsonaro disse que o projeto de Aziz não era apenas destinado aos médicos, mas tinha o objetivo de atingi-lo. "Se eu voltasse a mostrar aquilo (cloroquina) para a ema, eu pegaria três anos de cadeia. Parabéns, Aziz! Que vergonha, hein?", ironizou. “Pelo amor de Deus, encerra logo essa CPI e vem aqui fazer outra coisa. Ficar no Senado? Pelo amor de Deus...”
O presidente afirmou que 30 minutos após ter criticado a proposta nas redes sociais, Aziz a retirou. “Esse é o presidente da CPI”, desdenhou Bolsonaro ao dizer que, se o projeto fosse aprovado, vetaria. “Omar Aziz, não quero entrar em detalhes sobre como era a saúde do seu Estado quando você era governador”, provocou.
Ao criticar a CPI, criada para investigar ações e omissões do governo no combate à pandemia, Bolsonaro defendeu a convocação do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo. “Por que não convocam o Malafaia? É uma das pessoas com quem eu mais converso. Estão com medo dele? Ou dos evangélicos?, perguntou o presidente.
Aziz se negou a pôr em votação um requerimento do senador Marcos Rogério (DEM-RO), vice-líder do governo, que pretendia convidar Malafaia a depor. “Vem com papinho (que não dá para convocar) porque é um assessor espiritual. Ah, vai plantar batata, ô CPI, vai plantar batata!”, esbravejou. “Ele fala sobre muita coisa comigo”.
Saltitante
Logo em seguida, Bolsonaro disse ter visto um senador “saltitante” na CPI querendo convocá-lo. “Ô, saltitante, ‘tá’ de brincadeira, né? Não tem o que fazer não, ô, saltitante?”. Apesar de não citar o nome do parlamentar, mas, sim, o seu Estado (Amapá), a ironia tinha endereço certo: quem protocolou pedido para convocar Bolsonaro foi o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O requerimento, porém, não chegou a ser votado.
Na live transmitida diretamente de Matucará, Bolsonaro afirmou ter encontrado índios no Amazonas que “detestam” o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e outros que gostam.
“Fico do lado daquele pessoal que não é muito chegado em ICMBio para deixar bem claro”, disse ele, que exibia adereços indígenas no braço. “Nós devemos redirecionar esse instituto para aquilo que os índios querem de verdade. A gente sente na região que algumas comunidades sofrem uma influência, uma verdadeira massificação por parte de ‘brancos’, vamos assim dizer, e por parte de instituições”.
Bolsonaro visitou a região nesta quinta-feira (27) e vai pernoitar em Santa Isabel do Rio Negro (AM), só retornando a Brasília na sexta. Ele relatou que, em uma das comunidades, alguns índios contraíram coronavírus e se curaram. “Eu perguntei: ‘Foi antes da vacina?’. (E eles responderam que) foi antes da vacina. Eles já foram vacinados também. E não morreram por que, né?”, questionou o presidente. “Pessoal, anota aí: segundo eles, os tais índios tomaram chá de carapanaúba, saracura ou jambu”.
O presidente disse também ter visitado outra comunidade indígena na qual três pessoas morreram em decorrência de covid. Irônico, afirmou que, como o tratamento com chá não tem comprovação científica, a CPI poderia convidar índios para prestar depoimento. “E levar, quem sabe, o chá”. / Colaborou Rafael Beppu