Carne queimada - Vera Magalhães
Quem tem mais de duas décadas cobrindo escândalos políticos de diferentes matizes político-ideológicos e magnitudes sabe reconhecer aquele momento em que surge um fato que torna impossível uma composição de interesses que permita abafar tudo e seguir adiante sem nenhuma alteração no status quo vigente.
Tucanizando Temer? Eliane Cantanhêde
Quanto mais fracos ficam os homens fortes do PMDB, mais Michel Temer se aproxima dos caciques do PSDB e mais profundamente o PSDB mergulha no governo e no coração do poder. Isso vale para atravessar a “pinguela” (como Fernando Henrique Cardoso chama a transição com Temer), mas principalmente para chegar em terra firme a 2018.
Convencido de que a economia iria ao fundo do poço com Dilma, Serra foi o primeiro grão tucano a aderir ao impeachment e à posse “do Michel”, quando FHC ainda rejeitava a ideia, Aécio apresentava sérias restrições e Alckmin lavava as mãos. Depois, com o destino de Dilma traçado, Serra pôs o pé no Itamaraty de Temer, mas Aécio só aceitava apoiar o governo sem assumir protagonismo num projeto de futuro incerto. Alckmin? Já então partia para um voo solo, com alianças para além do PSDB e muito distantes do PMDB.
Hoje, o PSDB só tem um ministro a menos do que o PMDB de Temer e está no coração do poder desde a posse do tucano Antonio Imbassahy na articulação política. FHC, Serra e Aécio formaram um triunvirato que visualiza um 2018 assim: a economia em recuperação e o PMDB sem nenhum nome para surfar nessas condições. Ou seja: o sucesso, ou o meio sucesso, de Temer tenderia a reverter a favor de um tucano ou de um novo nome, como Henrique Meirelles (pelo PSD ou por qualquer partido).
Pelas pesquisas de hoje, que dizem pouco, mas são o que há à disposição para análise, os colocados são Lula, disparado na frente, Marina Silva, beneficiada pelo “recall” de 2010 e 2014, e Jair Bolsonaro, um fogo de palha para animar a direita ácida, saudosa do regime militar. O PMDB é um grande ausente, o PSDB marca posição com Aécio, Meirelles não existe. Na avaliação dos grupos no poder, é preciso realinhar essas forças para 2018.
Temer patina numa popularidade equivalente à de Dilma nos estertores e qualquer pessoa vê a olho nu que o PMDB mantém o comando do Senado e tem expressiva bancada na Câmara, mas vive um processo de desmanche: Eduardo Cunha preso, Renan com seus problemas, o núcleo duro de Temer esfarelando. Jucá, Henrique Alves e Geddel caíram, Moreira Franco questionado e Eliseu Padilha na linha de fogo. Ok, Aécio e Serra são citados por delatores da Lava Jato e as da Odebrecht ameaçam invadir firmemente São Paulo, mas as dificuldades dos peemedebistas são muito mais diretas do que as relações tucanas com campanhas. Ao menos até agora.
É assim que Temer sempre quis Alexandre de Moraes para o Supremo, mas estimulando as especulações públicas justamente entre os dois candidatos dos tucanos: o próprio Alexandre e Ives Gandra Filho. E negociou diretamente com Aécio a indicação do ex-ministro do STF Carlos Velloso para a Justiça, que é um ponto fora da curva na aproximação Temer-tucanos. O que parecia um golpe de mestre, por incluir um mineiro no primeiro escalão, mas escantear um “notório” do PMDB do Estado, virou um tiro no pé com a recusa do escolhido.
A conversa final de Temer com seu velho amigo Velloso foi formal, mas irritada, e a irritação é também com Aécio. Temer acha que Aécio saiu trombeteando o convite a Velloso como vitória sua e que Velloso aproveitou para atrair os holofotes. No fim da festa, cabe a ele o enterro dos ossos, a limpeza da casa e, o que é pior, enfrentar as pressões tudo de novo.
Por conta da Justiça - ISTOÉ
Uma das perguntas mais repetidas nos corredores de Brasília é: “Quando Lula vai ser preso?”. Investigadores que participam da Força Tarefa da Lava Jato disseram à coluna que o ex-presidente Lula, com os indícios que têm até agora, não irá eventualmente para prisão sem antes ser julgado. A declaração polêmica de um investigador dada no começo do ano, dizendo que perdeu-se o “timing” para prendê-lo, é confirmada por outros vários integrantes da equipe. Trata-se de um consenso.
Gestão de resultados - ISTOÉ
Em menos de dois meses, o prefeito de São Paulo, João Doria Jr. (PSDB), está imprimindo na maior cidade do País um modelo de gestão que começa a dar resultados e pode ser replicado em outras cidades brasileiras. O empresário tem celebrado parcerias com a iniciativa privada cujos resultados para população paulistana já são nítidos. Caso do programa Corujão da Saúde, que pretende zerar a fila de espera para a realização de exames na cidade e já diminuiu em 60% a fila de pacientes nos hospitais, graças a convênios com instituições particulares.
O golpe do título - istoé
Concedido a personalidades que se destacaram em determinadas áreas do conhecimento, o diploma de doutor honoris causa não tem relação com a vida acadêmica de quem o recebe. Não tem valor profissional nem vale como certificado de produtividade científica. Ainda assim, é um dos mais importantes títulos que uma pessoa pode receber, já que se o ganha é porque atingiu um patamar de amplo reconhecimento profissional e de feitos significativos.
As manobras desesperadas dos políticos para escapar da delação da Odebrecht
>> Trecho da reportagem de capa de ÉPOCA desta semana
Rodrigo Janot subiu ao 3º andar do Palácio do Planalto no fim da tarde da última quarta-feira (15) para apresentar um ultimato ao presidente Michel Temer. O procurador-geral da República avisou que as autoridades da Suíça ameaçavam abandonar um acordo de cooperação para investigar os casos de corrupção naOperação Lava Jato, travado há mais de um ano, porque o governo brasileiro não se entendia sobre quem deveria comandar a força-tarefa internacional no país.