Gestão de resultados - ISTOÉ
Em menos de dois meses, o prefeito de São Paulo, João Doria Jr. (PSDB), está imprimindo na maior cidade do País um modelo de gestão que começa a dar resultados e pode ser replicado em outras cidades brasileiras. O empresário tem celebrado parcerias com a iniciativa privada cujos resultados para população paulistana já são nítidos. Caso do programa Corujão da Saúde, que pretende zerar a fila de espera para a realização de exames na cidade e já diminuiu em 60% a fila de pacientes nos hospitais, graças a convênios com instituições particulares.
Doria também conseguiu doações de laboratórios para suprir o déficit de medicamentos e recebeu doações de veículos, banheiros públicos e serviços de limpeza. Convocadas pelo empresário, cada vez mais empresas estão interessadas em associar seu nome à nova gestão, oferecendo materiais e serviços. Elas têm sido chamadas de apoiadoras, para ajudar no processo de implementação de ações da Prefeitura de São Paulo.
O prefeito admite que liga pessoalmente para as empresas, com a intenção de despertar o espírito de concorrência. E está finalizando um site para reunir informações, dentro do Portal da Transparência da cidade, para divulgar na íntegra as doações e os termos e valores estimados. Um dos auxílios mais festejados foi o recebimento de medicamentos de laboratórios farmacêuticos, para um programa chamado Remédio Rápido, que distribuirá remédios em mais de 3 mil farmácias. Doze laboratórios farmacêuticos vão doar 380 milhões de comprimidos de 165 tipos de medicamentos, avaliados em R$ 120 milhões. A maioria dos remédios são para doenças de uso contínuo, como diabetes e hipertensão. Mas não só os laboratórios estão participando desse mutirão. A rede de farmácias popular Ultrafarma doou R$ 600 mil à prefeitura.
Aprovação popular
Doria também conseguiu veículos gratuitamente, das empresas Fiat, Yamaha, Honda e Mitsubishi, num total de R$ 1,l milhão, que devem ser usados na segurança do trânsito das marginais Tietê e Pinheiros. A Philips também doou 114 projetores para a ponte Octavio Frias de Oliveira, justificando que a ação reforça a responsabilidade social da empresa. E a Unilever oferecerá itens de higiene a moradores de rua e administrará os banheiros do Parque do Ibirapuera. Esses são apenas alguns exemplos. Há muitas parcerias sendo costuradas pessoalmente pelo gestor paulistano.
Além disso, está em andamento o projeto de desestatização. São 55 lotes do plano de parceria com a iniciativa privada. A expectativa é colocar todos os programas em prática ainda neste ano, com reflexos na capital em 2018 e 2019. Mas os recursos obtidos não serão depositados no caixa comum da prefeitura, para não haver risco de serem usados no custeio da máquina – como salários ou manutenção de equipamentos. A intenção é alocá-los num fundo de investimentos criado para viabilizar projetos nas cinco áreas consideradas estratégicas por essa gestão: saúde, educação, mobilidade urbana, moradia e segurança. Entre os principais locais que estão no programa, estão os grandes parques, como Ibirapuera, Aclimação, Alfredo Volpi e do Carmo. A ideia é que para cada um deles sejam separados lotes com mais cinco parques de periferia que serão concedidos às empresas vencedoras. O Bilhete Único é outro que entrará nas PPP’s de João Doria. Recentemente, ele anunciou que a gestão financeira será repassada às iniciativas privadas, que poderão dar outras funções a cartões como o vale-refeição. “Essa privatização vai oferecer um serviço mais eficiente para a população, evitando as fraudes e gerando uma economia de mais de R$ 400 milhões por ano aos cofres públicos”, disse o prefeito. A manutenção das faixas de ônibus e ciclovias dos 29 terminais urbanos da cidade também serão cedidas em troca de publicidade.
Como parte desse plano de parcerias, o prefeito esteve em Doha, no Catar, na semana passada. Ele pediu um investimento de R$ 20 milhões à companhia área Qatar Airways na recuperação e manutenção de 19 pontes das marginais do Pinheiros e do Tietê. Também esteve com o fundo de investimentos local QIA, que disse ter interesse no autódromo de Interlagos e no Anhembi. Doria pretende arrecadar R$ 7 bilhões com a venda desses dois lotes. Tais iniciativas parecem surtir efeito entre a população paulistana. Segundo pesquisa Datafolha, 77% da população aprovam esse início de gestão.
Nas mãos da iniciativa privada
O prefeito João Doria quer que o dinheiro arrecadado com o plano de desestatização seja utilizado em novas obras. Confira as principais privatizações para este ano:
Pontes das marginais
O prefeito pediu à companhia aérea Qatar Airways um aporte de R$ 20 milhões para a reabilitação física, de iluminação e do paisagismo
Anhembi
Os espaços de exposição, convenções e sambódromo serão vendidos separadamente
Parques
Estão inclusos o do Ibirapuera, Aclimação, Alfredo Volpi e do Carmo. Para cada um deles serão separados lotes com mais cinco parques da periferia
Autódromo de Interlagos
Apesar de já ser gerido pela iniciativa privada, o prefeito quer copiar a experiência do autódromo de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes
Estádio do Pacaembu
Doria está negociando a concessão de 15 anos da renda com investidores árabes
Terminais de ônibus
Entre os 29 pontos estão o da Barra Funda, Bandeira e Itaquera. O prefeito exige ar-condicionado, creche e comércio às vencedoras
Planetários
Após algumas reuniões, Doria também que conceder os dois locais de São Paulo
Edifícios
A prefeitura quer fazer uma parceria público-privada para a reforma de prédios no centro da cidade que serão utilizados como habitação popular
Bilhete Único
A gestão financeira será repassada à iniciativa privada e a empresa poderá dar outras funções ao cartão, como vale-refeição, débito e crédito
Ciclovias e faixas de ônibus
A prefeitura quer ceder a manutenção dos locais em troca de publicidade
“Esta é uma forma inovadora de envolver a iniciativa privada nas melhorias da cidade sem custos para os cofres públicos.”
João Doria, prefeito de São Paulo