DEIXA O RIO DESAGUAR
O forró, de mais de duas décadas, é de autoria do sergipano Aracílio Araújo. O intérprete e sanfoneiro Flávio José, paraibano de Monteiro, gravou Deixa o rio desaguar em 2000. Os versos são da época de FHC presidente, mas trazem descrição precisa da atualidade: “O São Francisco com sua transposição/ No meu Nordeste o progresso vai chegar/ Se é que o Brasil agora está na mão certa/ Na contramão o meu sertão não vai ficar...”.
A letra também cita a secura do Jaguaribe e do Castanhão. Do projeto, Flávio José diz querer saber “quando vão definir o uso dessa água pela zona rural. O agricultor vendo o São Francisco passar e não poder usar. A esperança é que esclareçam, para as pessoas poderem trabalhar”. OPOVO
ENTRE ORAR, DESFRUTAR E VIGIAR
Em Monteiro (PB), a água do São Francisco está corrente no canal da transposição. Cerca de 3 mil litros por segundo (3 m³/s). Já foi mais do dobro disso (7,8 m³/s), no início operacional do projeto. Poderia estar entre 9 m³/s ou até 12 m³/s, como eram previstos. Oficialmente, o período atual ainda é de testes. Em 10 de março deste ano, o presidente Michel Temer (PMDB) levou foguetório e aliados para o ato inaugural na cidade. Abriu as comportas e ‘liberou’ formalmente a água para o restante do sertão.
DOIS RIOS NA PALMA DA MÃO
E de que serve um rio sem água? Janeiro de 2017, o rio Paraíba ‘na pedra’, só cascalho. Um leito seco de paisagem ao lado das terras de José Casimiro da Costa, o Seu Deda, em São Domingos do Cariri (PB). Cenário de secura não mudou muito desde menino, quando acompanhava o pai no plantio no cercado do Sítio Melo. Não mais que três meses no ano, épocas de chuva, deixava de ver o fundo do rio. Água nunca havia sido fartura.
PROJETO GRÁFICO: DO BARRO AO CONCRETO, UMA LEITURA VISUAL
A cada especial, o desafio e o prazer de dar feição ao conteúdo. A identidade visual de mais este suplemento da série A Peleja da Água é moldada no barro, rastro simbólico do rio que chega às terras devastadas pela estiagem. Esse encontro delineia vidas, santos, bichos, imagens.
EDITORIAL: O SANTO E O RIO
Retornamos à expectativa, aonde a água ainda não apontou. O leito imaginário, desenhado, embora não encharcado. O lado de cá de nossa estiagem permanente. Tardamento, inquietação, esperar para crer. Na outra ponta, ainda deste mesmo Nordeste de chuva que não chora tanto, a presença confirmada. O rio desce. Verídico, crível, acontecendo, de molhar mãos e pés e sorrisos, e roças e previsões. Mais para lá do semiárido, Paraíba e Pernambuco, o São Francisco é irreversível, contínuo, manso e correnteza. Como em breve se imagina e que será urgente no Ceará.
Miller auxiliava J&F para acordo de leniência quando ainda era procurador, diz Janot em pedido de prisão
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou no pedido de prisão apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-procurador Marcello Miller que o ex-investigador da Lava Jato chegou a auxiliar o grupo J&F – controlador do frigorífico JBS – enquanto ainda atuava no Ministério Público Federal (MPF).