Só resta a Dilma “tocar um tango argentino”
Manuel Bandeira tem um poema amargamente engraçado chamado “Pneumotórax”, fazendo blague da tuberculose, que o atormentava. Depois de elencar substantivos para retratar os males da doença, há o diálogo nada otimista com o médico e a pergunta, se seria possível tentar o pneumotórax — no caso, tomado, ainda que impropriamente no texto, como uma drenagem do pulmão, uma terapia agressiva. Pessimista, responde o médico: “A única coisa a fazer é tocar um tango argentino”.
Rua dá à crise aparência de fenômeno terminal
A margem de manobra do governo Dilma, que já era mínima, estreitou-se muito neste domingo. Estavam sobre a mesa três ingredientes explosivos: a degradação moral, a paralisia política e a asfixia econômica. Faltava à mistura uma dose de povo. Não falta mais. O novo ronco emitido pelo asfalto dà à megacrise a aparência de um fenômeno terminal. O coro de ‘fora Dilma’ tende a virar a trilha sonora do resto do mandato da presidente, dure o quanto durar.
Nota do Planalto tem ‘déficit’ de João Santana
Depois de muito debater com seus auxiliares o que fazer diante dos mais eloquentes protestos de rua contra o seu governo, Dilma Rousseff mandou soltar uma nota. O texto reage ao ronco do monstro com respeito e compostura. Ou seja, a presidente estava completamente fora de si. Descobriu-se que, sem os conselhos do marqueteiro João Santana, preso por ordem do juiz Sérgio Moro, Dilma não é tão Rousseff.
PT pressiona Lula para virar um tutor de Dilma - JOSIAS DE SOUZA
Sob o impacto da maior manifestação de rua da história do país, cresceu nas últimas horas a pressão do PT para que Lula ocupe um ministério no que restou do governo de Dilma Rousseff. Disseminou-se na cúpula do partido o entendimento segundo o qual a presença de Lula no primeiro escalão pode ser a única cartada capaz de deter o avanço do impeachment. Deseja-se que o criador de Dilma atue como uma espécie de tutor de sua criatura, articulando uma reação.
Inflação e complacência ´O ESTADO DE SP
O cenário da inflação piorou, tanto nas projeções do Banco Central (BC) quanto nos cálculos do setor privado, mas, ainda assim, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por 6 votos a 2 manter os juros básicos em 14,25%, como havia feito em janeiro. Este é um dos pontos mal explicados na ata da última reunião do comitê, realizada nos dias 1 e 2. Falta uma justificativa clara e convincente para a decisão sobre os juros, mas o documento menciona de forma inequívoca a piora das previsões e as dúvidas sobre as contas públicas.
Bravatas da jararaca - CARLOS ALBERTO DI FRANCO
Escrevo este artigo antes das manifestações marcadas para ontem, dia 13 de março. Espero que tenham sido pacíficas, e não contaminadas por grupos interessados em semear violência para aprisionar os sentimentos da sociedade e inibir protestos democráticos legítimos. O que quer que tenha acontecido, caro leitor, ninguém conseguirá silenciar o grito de indignação do brasileiro honrado e trabalhador, mas profundamente revoltado com a gangue mafiosa que tomou conta do Estado brasileiro.
Isto é democracia - MARCELO RUBENS PAIVA
Continuo um cara de esquerda. Não sou comunista. Me divirto quando me mandam ir pra Cuba. Já fui e adorei, apesar de lamentar ver o socialismo fracassar numa ilha linda, com muita censura e perseguição política. Rechaço os excessos da Justiça, do MP, a coerção, a imprensa monolítica e tendenciosa, a direita homofóbica, a violência contra o cidadão. Mas parabéns ao povo brasileiro. Coxa ou não, são brasileiros. Classe-média branca ou diversa, não interessa mais. Numa data infeliz, 13 de março, que coincidiu com um comício radical que há 52 anos detonou o Golpe de 64, conseguiu-se uma manifestação enorme, histórica e, aplausos, pacífica.
Costurando Frankenstein - José Roberto de Toledo
Nem domingo, nem sábado. O governo Dilma Rousseff foi ao forno na quarta-feira, tarde da noite, em Brasília, na casa do senador Tasso Jereissati, quando três senadores do PMDB dito governista jantaram com sete colegas tucanos e ruminaram sobre o dia seguinte. Nada a ver com a quinta-feira. Nas bocas, quem assumiria o governo após a eventual saída da presidente.
Tudo dependia das ruas? Pois é...Eliane Cantanhêde
O Brasil é uma Venezuela? Não! Está dividido ao meio? Não! O histórico domingo, 13 de março de 2016, mostrou ao mundo e a quem interessar possa que a maioria dos brasileiros é verde e amarelo, quer paz nas ruas, ética na política e... o fim do governo Dilma Rousseff. Os gritos e faixas foram claros: “Somos Moro” e “fora Dilma, fora Lula, fora PT!”.