Atlas: Boulos lidera, Nunes cresce; Marçal, Tabata e Datena estão empatados na terceira posição
Por André Shalders / O ESTADÃO DE SP
BRASÍLIA - Pesquisa Atlas divulgada nesta quinta-feira, 8, mostra o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) ainda na liderança da corrida pela prefeitura de São Paulo, com quase oito pontos percentuais a mais que o atual prefeito e postulante à reeleição, Ricardo Nunes (MDB). O levantamento registra ainda o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), a deputada federal Tabata Amaral (PSB) e Datena (PSDB) empatados na terceira posição dentro da margem de erro da pesquisa. Marçal tem 11,4%, Tabata, 11,2% e Datena tem 9,4%.
A série histórica das pesquisas da AtlasIntel, porém, não é tão otimista para o candidato do PSOL. Ele saiu de 37% das intenções de voto em maio para 36% em junho e 33% agora. Já Nunes cresceu de 21% em maio para 25% agora. Os demais – Tabata, Marçal e Datena – se mantiveram estáveis.
Nesta última rodada, os demais candidatos ficaram abaixo de 5%: Marina Helena (Novo) ficou com 3,5% e Ricardo Senese (UP) registrou 0,7%. Já Altino Prazeres Jr. (PSTU) e João Pimenta (PCO) não registraram. Cerca de 5,6% dos entrevistados disseram que votariam em branco ou anulariam o voto; e 0,6% disseram não saber ainda em quem votar.
A pesquisa ouviu 2.037 pessoas por meio de formulários online, usando a metodologia de recrutamento digital aleatório da Atlas. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. A coleta foi realizada entre a última sexta-feira (02) e esta quarta-feira (07). Os entrevistados foram sorteados aleatoriamente entre as pessoas que acessaram a internet a partir da cidade de São Paulo. A coleta foi calibrada para que o grupo de respondentes tenha características similares às do conjunto do eleitorado.
“De maneira geral, diria que a melhor notícia dessa rodada é para Nunes, porque está conseguindo crescer mesmo neste contexto, com Datena e Marçal”, diz o CEO da AtlasIntel, Andrei Roman. “Havia uma especulação sobre a possível canibalização dos votos dele (pelos outros dois), mas parece que isto não está acontecendo”.
Para Roman, a pesquisa revela uma certa estabilidade no quadro, e isso é uma boa notícia principalmente para o Ricardo Nunes. “A entrada do Pablo Marçal e do Datena, evidentemente, representava uma ameaça grande para Nunes, pois ocupam o mesmo espaço político. Principalmente o Marçal, por conta da mobilização da base bolsonarista. Havia também aqueles que preferiam o (ex-ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro) Ricardo Salles, e que ficaram um pouco ressentidos com o fato do Salles ter sido obrigado a sair (da disputa)”, avalia ele.
A pesquisa, aponta Roman, mostra que os números obtidos até aqui por Datena estão ligados ao reconhecimento do nome dele, e não representam “uma intenção de voto cristalizada”. “Na medida em que a corrida avança, esses eleitores em potencial do Datena acabam migrando”, diz. Já Marçal é prejudicado por não ser o candidato oficial do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), avalia Roman. O ex-mandatário vem dando declarações a favor de Nunes.
A pesquisa Atlas também perguntou aos entrevistados sobre o voto num eventual segundo turno da disputa. Se a disputa fosse hoje, Boulos derrotaria Pablo Marçal (44,1% a 35,2%) e Datena (39,9% a 29,5%); e empataria dentro da margem de erro com Nunes (42,4% a 42%, com 11,1% de brancos e nulos e 4,5% que não sabem dizer como votariam). Contra Tabata Amaral, Boulos venceria com 37,7% ante 27,4% da deputada socialista, mas 30,1% votariam em branco ou nulo neste caso. Nos cenários sem Boulos, Nunes derrotaria Datena por 38,7% a 28,9%; e perderia para Tábata Amaral por 43,4% a 38,3%.
Quando questionados sobre os principais problemas da cidade, a maioria mencionou a criminalidade (60,2%), seguido da saúde (51,6%) e da educação (35,1%), num terceiro lugar distante. Os problemas menos mencionados foram limpeza urbana (4,9%) e burocracia e barreiras para negócios (5,3%). O tema da “ordem urbana e segurança pública” também foi aquele no qual a gestão atual da prefeitura foi mais mal avaliada (46% consideram o desempenho “péssimo” e outros 19% acham o trabalho “ruim”. Só 6% consideram “ótimo”). Obras públicas são a segunda área com maior soma de “ruim” e “péssimo”: 31% e 29%, respectivamente.
O levantamento traz ainda uma questão sobre a percepção dos eleitores a respeito de figuras da política paulistana e nacional. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) é o mais bem avaliado no conjunto, com 48% de “imagem positiva” perante os eleitores, e 46% negativa. O presidente Lula (PT) tem 41% de avaliação positiva, ante 55% de negativa; o ex-presidente Jair Bolsonaro tem 36% de avaliação positiva e 62% de imagem negativa.