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Maduro diz que líderes opositores 'deveriam estar atrás das grades e nunca chegarão ao poder'

Por O Globo e agências internacionais — Caracas 

 

O presidente da VenezuelaNicolás Maduro, afirmou que os líderes opositores que denunciam fraude nas eleições presidenciais de domingo "devem estar atrás das grades" e que eles "têm as mãos manchadas de sangue" após protestos nas ruas motivados pela sua questionada reeleição. A líder opositora María Corina Machado e seu candidato presidencial, Edmundo González Urrutia, afirmam que a oposição venceu o pleito por ampla margem e denunciam uma escalada da repressão no país — que já deixou, desde segunda-feira, pelo menos 11 mortos e dezenas de feridos, além de ao menos 1.062 detenções, segundo balanço oficial. Os números, entretanto, divergem dos divulgados por algumas ONGs de direitos humanos, como a Foro Penal, que contabilizou até esta terça-feira ao menos 429 detidos.

 

— Essas pessoas têm de estar atrás das grades e tem de haver justiça — afirmou o mandatário em uma entrevista coletiva com correspondentes estrangeiros. — Eu diria, como chefe de Estado, que haja justiça.

 

Nesta terça-feira, a opositora denunciou na rede social X "a escalada cruel e repressiva do regime" e afirmou, sem revelar a fonte, que 16 pessoas morreram em protestos contra o governo nas últimas 48 horas. Maduro, por sua vez, respondeu acusando María Corina e González Urrutia:

— Senhor González Urrutia, dê as caras, saia do seu esconderijo. Não seja covarde, senhora Machado. Vocês têm as mãos manchadas de sangue — declarou Maduro — Eles são o dano à Venezuela, não estão capacitados para ter o poder político, governar este país, e nunca chegarão ao poder político. Garanto a vocês, e sei o que digo, esses criminosos nunca chegarão.

 

De acordo com o resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão oficialista, na madrugada de domingo e com base em 80% das urnas apuradas, Maduro obteve 5,1 milhões de votos (51,2%) contra a 4,4 milhões de votos (44,2%) obtidos pelo candidato da oposição, o ex-diplomata Edmundo González Urrutia. Segundo a oposição, no entanto, González Urrutia teria recebido 6 milhões contra apenas 2,7 milhões de votos de Maduro, menos de 30%.

 

Mais cedo nesta terça-feira, o líder chavista prometeu entregar "100% das atas" da votação, após a oposição divulgar uma página na internet em que é possível consultar os supostos dados de cada mesa eleitoral. Ele também apresentou um recurso ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) do país, controlado pelo chavismo, pedindo que se esclareça "tudo o que for necessário" sobre as eleições.

 

— Digo, como líder político, filho do comandante [Hugo] Chávez [ex-presidente da Venezuela], que o Grande Polo Patriótico e o Partido Socialista Unido da Venezuela estão prontos para apresentar 100% das atas. Muito em breve elas serão conhecidas, porque Deus está conosco e as provas já apareceram — afirmou Maduro a jornalistas na sede do TSJ.

 

Maduro já afirmou que a reivindicação da oposição é "a tentativa de tomada de poder mais criminosa" que já foi vista "até hoje", e que faz parte de um "complô global contra a Venezuela". Segundo a agência EFE, o presidente espera que o TSJ convoque representantes das instituições, assim como os 10 candidatos (oito dos quais pediram por mais transparência no processo eleitoral), e "certifique, fazendo uma perícia de altíssimo nível técnico, os resultados eleitorais".

 

Também nesta terça-feira, o partido Vontade Popular (VP) acusou o governo venezuelano de torturar o líder da oposição Freddy Superlano, que foi detido mais cedo. Em uma publicação na rede social X, o partido afirmou ter recebido informações de fontes ligadas ao chavismo sobre a tortura praticada contra Superlano, que é o coordenador político nacional da sigla.

 

Pressão internacional

O Centro Carter, que participou como observador internacional no pleito venezuelano, declarou na noite de terça-feira que a eleição presidencial não atendeu aos padrões de imparcialidade democrática. O anúncio da organização colocou ainda mais pressão sobre o líder chavista, já que desde domingo diversos órgãos internacionais e representações diplomáticas também cobraram uma auditoria do resultado e a divulgação dos dados totais das urnas.

 

O presidente colombiano, Gustavo Petro, um aliado próximo, juntou-se a outros líderes estrangeiros nesta quarta-feira para instá-lo a divulgar a contagem detalhada dos votos. A União Europeia, a Espanha também juntaram suas vozes aos crescentes pedidos de transparência. Nesta terça, a Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciou que as eleições sofreram "a mais flagrante manipulação".

 

Nesta segunda-feira, o governo venezuelano anunciou a retirada do pessoal diplomático da Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai do país, bem como a saída dos seus respectivos representantes nestas nações. A decisão foi tomada após os países citados exigirem transparência no pleito da Venezuela. (Com AFP.)

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