Ministra do Turismo, Daniela Carneiro fez campanha com miliciano condenado por homicídio
Por Rafael Soares — Rio de Janeiro / O GLOBO
Daniela Carneiro, a Daniela do Waguinho, que tomou posse nesta segunda-feira como ministra do Turismo do governo Lula, já fez campanha lado a lado com um miliciano condenado a 22 anos por homicídio. Em 2018, Juracy Alves Prudêncio, o Jura, aparece em fotos entregando santinhos ao lado de Daniela numa passeata na Baixada Fluminense. Na época, Jura estava preso em regime semiaberto, conseguiu autorização da Justiça para sair da cadeia para trabalhar e ganhou o cargo de Diretor do Departamento de Ordem Urbana na Prefeitura de Belford Roxo, comandada pelo marido de Daniela, Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho. Na época, Daniela conseguiu ser eleita deputada federal. Em nota, a ministra afirmou que "apoio político não significa que ela compactue com qualquer apoiador que porventura tenha cometido algum ato ilícito".
A ministra, o marido e o miliciano também posaram juntos para fotos feitas em outros momentos, como uma festa infantil. Segundo as sentenças que condenaram o ex-sargento da PM entre 2010 e 2014, Prudêncio era chefe do Bonde do Jura, uma milícia acusada de uma série de homicídios na Baixada Fluminense. Ele está preso desde 2009, quando foi o principal alvo da Operação Descarrilamento, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), que levou para trás das grades nove PMs acusados de integrar a milícia que ele chefiava.
Em 2020, o EXTRA revelou que o miliciano ganhou um cargo na prefeitura de Belford Roxo — o que motivou sua exoneração. Em seguida, uma investigação determinada pela Vara de Execuções Penais descobriu que ele saía da cadeia, mas não comparecia na prefeitura e, mesmo assim, "lhe eram atribuídas as horas trabalhadas". A prefeitura, na época, afirmou que Jura “nunca tomou posse" e que o município “nunca pagou salários” a ele: segundo o órgão, o ex-PM cumpria "voluntariamente expediente na parte administrativa atendendo às demandas do órgão”. Após o caso vir à tona, Prudêncio não conseguiu mais autorização para sair da cadeia.
Jura, inclusive, foi citado no relatório final da CPI das Milícias, presidida pelo então deputado estadual Marcelo Freixo — que será subordinado a Daniela no novo governo, afinal foi anunciado pela ministra como presidente da Embratur. O documento já apontava que o bando liderado pelo ex-PM “era formado por 70 pessoas, incluindo policiais militares”. Ameaças feitas pela milícia levaram à transferência de seis policiais e até do delegado da 56ª DP (Comendador Soares), que investigava o bando. Uma policial foi afastada do trabalho após ser diagnosticada com síndrome do pânico.
Procurado, o advogado de Prudêncio, Luan Palmeira afirmou que não tem "autorização dele nem da família para falar sobre o processo". Palmeira pediu para conversar com seu cliente antes de dar qualquer declaração sobre a relação dele com Waguinho e Daniela. A ministra afirmou, por meio de nota enviada por sua assessoria, que "apoio político não significa que ela compactue com qualquer apoiador que porventura tenha cometido algum ato ilícito". Segundo o texto, "compete à justiça julgar quem comete possíveis crimes". Ela também afirma que "não tem nenhuma ingerência" sobre as nomeações na Prefeitura de Belford Roxo.
Procurado, o advogado de Prudêncio, Luan Palmeira afirmou que não tem "autorização dele nem da família para falar sobre o processo". Palmeira pediu para conversar com seu cliente antes de dar qualquer declaração sobre a relação dele com Waguinho e Daniela. A ministra afirmou, por meio de nota enviada por sua assessoria, que "apoio político não significa que ela compactue com qualquer apoiador que porventura tenha cometido algum ato ilícito". Segundo o texto, "compete à justiça julgar quem comete possíveis crimes". Ela também afirma que "não tem nenhuma ingerência" sobre as nomeações na Prefeitura de Belford Roxo.
Jura não foi o único miliciano que ganhou, de Waguinho, um cargo na Prefeitura de Belford Roxo. O ex-tenente da PM Fernando Cardoso do Amaral, também apontado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como chefe de um grupo de extermínio, foi nomeado assessor especial de serviços na Secretaria Municipal de Saúde em fevereiro do ano passado.
Ele foi expulso da PM em 2015 após ser acusado de ter feito um registro de ocorrência falso, afirmando que foi vítima de um roubo, para justificar ter sido baleado durante a invasão de uma favela pela milícia que culminou na morte de um traficante rival. Após o caso ter sido revelado pelo RJTV, Amaral foi exonerado do cargo.
Energia solar ultrapassa eólica e vira 2ª maior fonte da matriz brasileira, diz Absolar
A energia solar fotovoltaica se tornou a segunda maior fonte da matriz elétrica do Brasil ao alcançar nesta terça-feira (3) a marca de 23,9 gigawatts (GW) de potência instalada operacional, superando a eólica, com 23,8 GW, segundo levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
A maior importância da energia solar para o país –11,2% da matriz, ficando agora atrás apenas da fonte hídrica, com 51,3%– ocorre em meio a um forte crescimento na esteira de incentivos econômicos à instalação de usinas fotovoltaicas de pequeno a grande porte, haja vista os menores custos da fonte e seus benefícios ambientais.
No ano passado, a capacidade instalada de energia solar no país expandiu mais de 60%, sendo que, nos últimos meses, o ritmo de crescimento tem sido de praticamente 1 GW por mês.
De acordo com a Absolar, os 23,9 GW estão distribuídos em 16 GW de geração distribuída –usinas de pequeno porte, como fachadas e telhados solares em residências e comércios– e 7,9 GW de geração centralizada –grandes empreendimentos, que vendem energia tanto para o mercado regulado quanto livre.
Eduardo Anizelli/Folhapress | ||
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Placas de energia solar |
"A tecnologia (solar) ajuda a diversificar a matriz elétrica do país, aumentar a segurança de suprimento, reduzir a pressão sobre os recursos hídricos e proteger a população contra mais aumentos na conta de luz", afirmou o CEO da Absolar, Rodrigo Sauaia, em nota.
A solar vira a segunda fonte mais representativa da matriz brasileira enquanto se prepara para mudanças importantes nas regras à modalidade de geração distribuída, principal propulsora de seu crescimento nos últimos anos.
Em 6 de janeiro, se encerra o prazo para que consumidores entrem com pedidos junto às distribuidoras de energia para conectar seus sistemas de micro e minigeração de energia e garantir isenção de taxas pelo uso da rede de distribuição. O setor chegou a tentar articular uma extensão desse prazo através de um projeto de lei –a iniciativa chegou a ser aprovada na Câmara, mas não foi apreciada a tempo no Senado.
(Reuters)
Exército cancelou duas operações para desmonte de acampamento bolsonarista
O Exército suspendeu ao menos duas operações conjuntas com o Governo do Distrito Federal para retirar tendas e instalações do acampamento bolsonarista em frente ao quartel-general da Força, em Brasília.
As ações estavam previstas para ocorrer durante o mês de dezembro e incluíam o desmonte das estruturas que apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) montaram para pedir um golpe militar contra a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Integrantes das forças de segurança, no entanto, afirmaram à Folha que as operações foram suspensas por haver risco de confronto com manifestantes —o que, na avaliação de militares e autoridades do Governo do DF, poderia ter efeito inverso e incendiar os atos.
Interlocutores no Exército dizem que a Força advoga por uma saída conciliada, lenta e gradual. Parte dos acampados no local iniciou uma desmobilização no domingo (1º), dia da posse de Lula e pouco depois de Bolsonaro viajar aos Estados Unidos. O ex-mandatário deve permanecer ao menos um mês no exterior.
Ações conjuntas vêm ocorrendo desde novembro, com o Detran-DF (Departamento de Trânsito do Distrito Federal) disponibilizando guinchos e o SLU (Serviço de Limpeza Urbana) realizando o recolhimento de lixo e entulho. O DF Legal, por sua vez, ficou responsável pela retirada de comerciantes em situação irregular.
Apesar da atuação, duas operações conjuntas planejadas para acelerar o desmonte do acampamento acabaram frustradas.
A primeira ocorreria na semana anterior à diplomação de Lula, no dia 12 de dezembro. O cancelamento ocorreu na véspera e por ordem do Exército, segundo relatos de pessoas envolvidas na operação.
A justificativa apresentada foi que o momento não seria o mais propício para uma ação mais drástica na retirada de estruturas.
Chegou-se a avaliar a possibilidade de adiamento da operação para o dia da diplomação, mas integrantes do Governo do DF afirmaram que, diante da tensão, não seria prudente realizar a retirada do material.
Horas depois da diplomação de Lula, um grupo de bolsonaristas que estava acampado no QG protagonizou cenas de violência em Brasília. Após a prisão de um indígena bolsonarista por ordem judicial, eles tentaram invadir a sede da Polícia Federal e atearam fogo em carros e ônibus na região central da capital federal.
O principal desconforto, no entanto, ocorreu em 29 de dezembro. A Polícia Militar e o DF Legal mobilizaram cerca de 500 agentes para retirar tendas e instalações no acampamento, em operação que seria coordenada pelo Exército.
Após manifestantes serem hostis contra as forças de segurança, o Comando Militar do Planalto decidiu suspender a operação e afirmou ao Governo do Distrito Federal que retomaria a desmobilização do acampamento de forma gradual, por conta própria.
Em nota, o Exército afirmou que suspendeu a ação "no intuito de manter a ordem e a segurança de todos os envolvidos"
Oficiais-generais disseram à Folha que a decisão foi tomada pelo general Gustavo Dutra, comandante militar do Planalto, e não pelo então comandante do Exército, Freire Gomes.
Eles afirmaram que uma retirada à força poderia causar conflito e elevar a temperatura —cenário que, na avaliação dos militares, deveria ser evitado.
A equipe de segurança de Lula tem a expectativa de que a troca do comando do Exército acarrete numa mudança de postura da Força sobre as manifestações antidemocráticas em frente aos quartéis.
O general Júlio César de Arruda assumiu nesta sexta-feira (30) o principal cargo do Exército. A cerimônia de passagem do cargo ocorreu de forma fechada e contou com a presença do ministro da Defesa indicado por Lula, José Múcio Monteiro.
O ex-presidente do TCU (Tribunal de Contas da União) tem ponderado que deve ocorrer uma costura delicada para evitar novos atritos com bolsonaristas.
Ao tomar posse nesta segunda-feira (2), Múcio voltou a defender uma abordagem moderada em relação às manifestações nos quartéis. Disse que são movimentos "da democracia" e que devem perder apoio aos poucos, sem repressão.
"Na hora que o ex-presidente [Bolsonaro] entregou o seu cargo, saiu [do país], e o [ex-vice-presidente Hamilton] Mourão fez o pronunciamento e pediu que as pessoas voltassem aos seus lares. Aquelas manifestações no acampamento, e eu digo com muita autoridade porque tenho familiares e amigos lá, é uma manifestação da democracia", disse a jornalistas.
Os atos antidemocráticos, que pediam um golpe militar para manter o então presidente Bolsonaro o poder, tiveram diferentes casos de violência que incluíram ato de terrorismo, depredações, agressões, sabotagem, saques, sequestro e tentativa de homicídio
100 anos de sigilo: Exército ignora promessa de Lula e proíbe acesso a documentos de Pazuello
Por Francisco Leali / O ESTADÃO
BRASÍLIA - O Comando do Exército ignorou uma promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e decidiu manter em segredo o processo que apurou a participação do general e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello num ato político em maio de 2021 sem autorização do comandante. No governo Bolsonaro, a Força impôs 100 anos de sigilo ao caso alegando que os documentos tratam apenas da vida privada do general. Lula já determinou à Controladoria Geral da União (CGU) que revise os sigilos irregularmente determinados pelo antecessor. Entre os casos está o de Pazuello.
O Estadão apresentou ao Exército um pedido com base na Lei de Acesso à Informação (LAI) no início de dezembro de 2022, com Pazuello já na reserva e eleito deputado federal. Em 2021, durante o governo Bolsonaro, foram feitas outras tentativas para obter acesso aos documentos. Todas negadas.
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Primeira semana de 2023 começa com alerta de chuvas e ventos fortes para 34 cidades cearenses
O ano de 2023 começou com chuvas intensas na porção Sul do Estado e alerta para continuidade dos eventos pluviométricos para os próximos dias. Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), pelo menos 34 cidades (lista ao fim da matéria) podem ter registro de chuvas e ventos fortes na noite desta segunda-feira (2) e início de terça (3).
O alerta emitido pelo Inmet está classificado na escala 1, de grau "perigo potencial". Para este nível, os municípios podem ter precipitações entre 20 e 30 milímetros por hora, ou até 50 mm/dia. Além disso, há risco de ventos fortes, com rajadas que podem atingir até 60 km/h.
Os avisos do Inmet são divididos em três níveis de severidade, sendo o primeiro deles o de grau 1 ou 'perigo potencial'; o segundo, de grau 2, também chamado de 'perigo'; e, por fim, o grau 3 ou 'grande potencial'. No atual alerta, o Ceará tem uma porção territorial inclusa na classificação de grau 1 e outra no grau 2.
- Perigo Potencial: Cuidado na prática de atividades sujeitas a riscos de caráter meteorológico. Mantenha-se informado sobre as condições meteorológicas previstas e não corra risco desnecessário.
- Perigo: Mantenha-se muito vigilante e informe-se regularmente sobre as condições meteorológicas previstas. Inteire-se sobre os riscos que possam ser inevitáveis. Siga os conselhos das autoridades.
- Grande Perigo Grande Perigo: Estão previstos fenômenos meteorológicos de intensidade excepcional. Grande probabilidade de ocorrência de grandes danos e acidentes, com riscos para a integridade física ou mesmo à vida humana.
CHUVAS NO CARIRI CEARENSE
Após o ano iniciar com chuvas tímidas, em apenas 5 cidades, o segundo dia de 2023, foi de intensos volumes. Conforme a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), choveu em pelo menos 50 cidades cearenses, com destaque para a região Sul do Estado, a qual concentrou os maiores volumes.
A cidade de Lavras da Mangabeira registrou o maior índice, com 140 milímetros. Aurora, com 96,5 mm, segue logo atrás. Fecham a lista das 5 mais chuvosas, Caririaçu e Potengi, ambas com 65 milímetros e Várzea Alegre (64 mm). Todas esses municípios estão situados no Cariri cearense.
Essa é a região que a Funceme projeta continuidade de chuvas nos próximos dias. O meteorologista da Funceme, bruno Rodrigues aponta que o "Sul do Estado pode ter chuvas de moderadas a forte na noite desta segunda-feira e início da terça". Nas demais regiões, acrescenta o especialista, as precipitações tendem a ser pontuais e passageiras.
Já na quarta-feira, ainda conforme previsão da Funceme, há "alta possibilidade de chuva no Cariri e no sul do Sertão Central e Inhamuns e na faixa litorânea. Nas demais regiões, há baixa possibilidade de chuva".
Lula começa mal
GERMANO OLIVEIRA / ISTOÉ
O novo governo começa mal ao compactuar com a Câmara na mudança, a toque de caixa, na Lei das Estatais. Para acabar com a corrupção de políticos que assumiam cargos nas empresas públicas e dilapidavam o seu patrimônio, Temer conseguiu aprovar uma lei que proibia políticos de serem nomeados para diretorias de estatais se não respeitassem um prazo de pelo menos 36 meses desde que deixassem de ocupar funções partidárias. Assim, políticos que participaram da campanha de 2022 não poderiam ser nomeados agora para postos em estatais. Era o caso de Aloizio Mercadante, um dos coordenadores da campanha de Lula. Para permitir que pudesse ser indicado para a presidência do BNDES, a Câmara mudou a Lei das Estatais, estabelecendo um prazo de apenas um mês para a desincompatibilização partidária.
Petrobras
Enganam-se os que acham que a lei só mudou por causa de Mercadante. Há uma fila de outros políticos da base aliada de Lula que estão aguardando a mudança na lei promovida sob orientação de Arthur Lira para pegar uma boquinha nas estatais. É o caso de Jean Paul Prates, que espera ser alçado por Lula à condição de presidente da Petrobras.
Lira
Arthur Lira não entra em jogo algum se não for para ganhar. Tanto assim que o projeto para mudar a Lei das Estatais
foi apresentado pela deputada Margarete Coelho, sua aliada. É que, com a mudança na lei, Lira vai poder forçar Lula a abrir 587 novos cargos para políticos nas 302 estatais brasileiras. Mas o que ele quer mesmo é um ministério.