Grita por verbas - FOLHA DE SP
A sociedade se alarma com os efeitos da limitação da despesa do governo federal, imposta pela ruína orçamentária e formalizada pelo teto vigente desde 2017. A tensão da disputa por recursos minguantes tornou-se mais evidente.
Ainda que por meio de declarações desastradas do ministro da Educação, o público tomou conhecimento do corte expressivo de verbas nas universidades federais; na área da pesquisa científica, a reclamação também é grande; o censo demográfico de 2020 deverá ter alcance menor.
Empresários se frustram com a redução drástica dos recursos disponíveis para investimentos, no Minha Casa Minha Vida ou em obras viárias e de infraestrutura. O país atrasa compromissos com organismos internacionais.
A EBC continua / FOLHA DE SP
Definida por um ex-presidente, Larte Rimoli, como um "mastodonte", a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) conta neste ano com orçamento de R$ 600 milhões para sustentar um conglomerado formado por uma agência, emissoras de rádio e canais de televisão.
A estatal foi criada em 2007 por medida provisória, durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Com a missão de incorporar a estrutura de comunicação estatal já existente e liderar o chamado Sistema Público de Comunicação, nasceu em meio à cantilena do PT acerca do "controle social" da mídia —um eufemismo mal disfarçado para a vontade de restringir a liberdade de imprensa e proteger os governantes do jornalismo crítico.
Durante a campanha eleitoral do ano passado, o então candidato Jair Bolsonaro (PSL) aventou a possibilidade de extinguir a estatal de comunicação, o que parecia uma demonstração de coerência com a agenda privatizante de Paulo Guedes, o nome escolhido para comandar o Ministério da Economia.
Com quatro meses de governo, Bolsonaro já deu mostras suficientes de que sua adesão ao liberalismo é, no mínimo, tortuosa.
Declarações sobre temas sensíveis como a reforma da Previdência, o preço dos combustíveis ou a política de crédito dos bancos públicos já geraram instabilidade nos mercados financeiros e reforçaram a desconfiança dos agentes econômicos quanto às suas reais convicções no terreno econômico.
O presidente, como se noticiou, desistiu da ideia de fechar a EBC. Na realidade, em 1º de janeiro, dia da posse do novo governo, tal recuo já se esboçava no decreto 9.660, que passou a vincular a empresa à Secretaria de Governo —hoje sob o comando do general Carlos Alberto dos Santos Cruz.
Agora, como parte do que seria um processo de reorganização, o presidente da empresa, Alexandre Graziani, promove a contratação de militares para ocupar cargos diretivos e de assessoria.
Repete-se o que se observa em diversos ramos da máquina federal na atual administração, que tem escalado quadros ligados às Forças Armadas e à Polícia Militar para as mais variadas funções públicas. Tal disposição não deixa de lembrar os governos autoritários, em especial na década de 1970, que acolhiam vasto contingente de oficiais nas companhias estatais.
Durante o breve período de Michel Temer (MDB) na Presidência, a EBC passou por alguns ajustes de governança. Manteve-se, não obstante, inexpressiva e desnecessária como sempre foi e continua a ser --agora sob nova direção.
Devaneios - O Estado de S.Paulo
05 de maio de 2019 | 03h00
O governo de Jair Bolsonaro vem mantendo uma relação conflituosa com a realidade. O presidente e alguns de seus assessores, incluindo aí seus filhos, parecem incapazes de refletir de modo racional sobre os problemas do País. Suas reações indicam um consistente alheamento, situação em que referências concretas são ignoradas ou, pior, são consideradas um entrave para a realização de sua visão de mundo, ou um inimigo a ser enfrentado.
Nos devaneios de Bolsonaro, dos filhos e dos ministros do que se chama equivocadamente de ala “ideológica” do governo, a realidade é a inimiga a ser combatida, e com frequência o núcleo duro do poder bolsonarista trava essa guerra cultivando entre si fantasias sobre complôs de ateus esquerdistas, profecias apocalípticas e missões divinas.
Espetáculo x realidade
05 de maio de 2019 | 03h00
Você liga a televisão para saber o que acontece em sua cidade, no País e no mundo e é atropelado por galope verborrágico de notícias deprimentes ou lúdico/festivas. O que não emociona o povo também é noticiado, mas sem sensacionalismo.
Limitemo-nos ao Brasil, iniciando pelo quadro negativo: hospitais com pacientes nos corredores, falta de médicos e equipamentos avariados (o reparo, sempre já em licitação...). Atentados e vandalismo em escolas, mau estado de conservação e limpeza e falta de professores. Assaltos a caixas eletrônicos. Caos desumano no sistema presidiário. Miniassaltos no varejo das ruas. Salários atrasados e greves no serviço público (até na polícia) e em atividades vitais (como a dos caminhoneiros em 2018). Corrupção, violência (estupros...), drogas, tiroteios entre criminosos ou entre eles e a polícia – as vítimas inocentes, sempre atribuídas à polícia. Bailes funk com participantes portando fuzis. Acidentes e arrastões em estradas e ruas urbanas. Degradação ambiental, desastres naturais ou em razão de atuação humana (poluição, ruptura de barragens, alagamentos e desabamentos...). Queda na previsão do aumento do produto interno bruto (PIB) e aumento do desemprego. E por aí vai – angústia suficiente para o dia.
Desgastado, MDB agora quer ser só ‘Movimento’
05 de maio de 2019 | 05h00
BRASÍLIA - Depois de deixar o Palácio do Planalto, sofrer forte derrota nas eleições do ano passado e perder a presidência da Câmara e do Senado, o MDB tenta se reposicionar na cena política para sair do isolamento. Dirigentes do partido querem agora construir uma agenda econômica com novas bandeiras, limpar a imagem da legenda abalada por escândalos de corrupção e influenciar no debate do Congresso, para ser uma espécie de fiel da balança em votações importantes para o governo de Jair Bolsonaro.
A estratégia para sair da “segunda divisão” e ganhar protagonismo após a crise passa por um alinhamento entre as bancadas do Senado e da Câmara e mudanças no cartório.
‘Não é porque é artista que não tem de prestar conta’, diz ministro da Cidadania
05 de maio de 2019 | 05h00
BRASÍLIA - Enquanto tenta acalmar os ânimos da classe artística com as mudanças na Lei Rouanet, o ministro da Cidadania, Osmar Terra, não foge de outras polêmicas envolvendo a sua pasta, que agrega os antigos ministérios da Cultura, Esporte e Desenvolvimento Social.
Em entrevista ao Estado, o ministro disse que “não é porque é artista que não precisa prestar contas”, que o deputado federal Alexandre Frota (PSL-SP), um de seus maiores críticos, “quer nomear todo mundo no ministério” e que ele recebeu do presidente Jair Bolsonaro “liberdade de dizer não às indicações até do vice-presidente”, tanto que demitiu um apadrinhado do general Hamilton Mourão.