Mandetta admite erro e tenta sair do foco crise do coronavírus
Julia Lindner, Jussara Soares e Daniel Weterman, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA – O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, admitiu a auxiliares ter cometido um erro estratégico ao elevar o tom do embate com o presidente Jair Bolsonaro sobre a conduta do governo no enfrentamento ao novo coronavírus e deve submergir, nos próximos dias, para sair do foco da crise. Aliados de Bolsonaro, no entanto, veem com descrença a promessa do ministro de fazer uma espécie de “voto de silêncio” sobre suas divergências com o presidente.
Bolsonaro se reuniu nesta terça-feira, 14, no Palácio da Alvorada, com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que é do mesmo partido de Mandetta. Nos últimos dias, ele tem conversado com dirigentes de siglas do Centrão, que interpretaram o movimento como uma preparação de terreno para a saída do ministro da Saúde.
“O presidente já abriu esse diálogo e deve partir para a indicação de um técnico no ministério”, disse o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO). “Enquanto Mandetta não sair ou for demitido, esses problemas vão continuar e Bolsonaro ficará mais desmoralizado”. Desde o início do mês, Bolsonaro já recebeu parlamentares e dirigentes do PP, PL e Republicanos e nesta quarta-feira, 15, deve conversar com o presidente do PSD, Gilberto Kassab. Todos os partidos compõem o Centrão.
Mandetta perdeu apoio de militares do governo – que viram em sua entrevista de domingo ao Fantástico, da TV Globo, um tom de provocação – e até de alguns aliados em secretarias estaduais da Saúde. Integrantes do ministério observaram que, embora esteja defendendo orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mandetta adotou tática errada ao falar em “dubiedade” na equipe sobre medidas para combater a pandemia.
Em entrevista ao Estadão Live Talks na manhã desta terça-feira, 14, o vice-presidente Hamilton Mourão criticou o ministro da Saúde, dizendo que ele “cruzou a linha da bola” quando disse na entrevista que a população não sabe se deve acreditar nele ou no presidente. “Ele fez uma falta. Merecia um cartão”, disse Mourão, afirmando que julga que “o presidente não deve mudar o ministro neste momento.”
Após campanha suspensa, Secom adota mote 'proteger vidas e empregos'
Felipe Frazão, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) divulgou na noite desta terça-feira, 14, propaganda institucional sobre ações realizadas pelo governo no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. O mote é “proteger vidas e empregos”. O Palácio do Planalto publicou um vídeo no Youtube, e o secretário Fabio Wajngarten o distribuiu pelo Twitter.
“A vida dos brasileiros vem em primeiro lugar”, diz o locutor, que também pondera. “A prioridade é preservar a vida dos brasileiros, mas não podemos deixar de lado questões fundamentais para vencermos essa crise, como preservar empregos e manter a renda da população.”