Cancelar o Carnaval teria sido medida adequada, diz Drauzio Varella
O médico Drauzio Varella afirmou que a realização de grandes eventos no começo deste ano no Brasil, especialmente o Carnaval, contribuiu para a disseminação do novo coronavírus pelo país. Em entrevista ao vivo para o jornal Folha de S.Paulo, o médico afirmou que até mesmo ele subestimou a gravidade da situação por falta de informações vindas da China.
Para Drauzio, houve uma demora das autoridades para tomarem medidas preventivas. “Nós fomos muito benevolentes com essa doença, fomos otimistas demais. Eu mesmo me penitencio por isso”, afirmou.
O médico comparou a situação do Brasil com a da Espanha. “A Espanha está do lado da Itália [epicentro do coronavírus na Europa] e, quando a Itália decretou o isolamento para a população, os espanhóis fizeram aquela Marcha Para as Mulheres, com 200 mil mulheres no centro de Madri. Como admitiram aquilo? Como nós fizemos o Carnaval?”, questionou durante a entrevista.
Segundo o médico, o Brasil deveria ter cancelado grandes eventos. “Certamente o vírus se disseminou ali naqueles encontros de grande quantidade de gente”, afirmou à Folha. ISTOÉ
No TSE, Barroso fala em adiamento 'mínimo' das eleições
Ceará reduzirá salário dos seus servidores em maio, junho e julho
Um dos mais importantes secretários do Governo do Ceará disse ontem à coluna que todos os segmentos da sociedade "perderão um pouco durante esta emergência causada pela pandemia do novo coronavírus, cuja duração é estimada em 90 dias".
Ele foi além e acrescentou:
"Não neste mês de abril, mas em maio, junho e julho, os servidores públicos estaduais terão seus vencimentos reduzidos como forma de colaborar para a superação deste momento de gravíssima crise sanitária, social, econômica e financeira".
Em que porcentual? -perguntou a coluna.
"O governador decidirá", respondeu o secretário.
Não está certo se essa redução será estendida aos funcionários aposentados e aos pensionistas. Provavelemnte, sim.
Ele explicou que a receita tributária do Estado foi drasticamente reduzida como efeito da forte queda do consumo, causada pela proibição da atividade econômica que é consequência do isolamento social.
A fonte desta informação recusou-se a revelar o porcentual da redução dos vencimentos dos servidores durante os próximos três meses.
Mas esta coluna lembra que o governo estadual está renegociando os contratos com seus fornecedores de produtos e serviços, com redução de 30%.
Trata-se de uma providência que outros governos estaduais estão adotado.
O do Paraná, por exemplo, já anunciou a redução dos vencimentos dos seus servidores pelos próximos três meses.
Espera-se, agora, que os deputados estaduaisdo Ceará tomem a mesma iniciativa, estendendo-a aos servidores do Legislativo, assim como os desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado e os magistrados das comarcas da Capital e do interior cearenses.
Seria muito bem-vinda uma providência semelhante da Prefeitura Municipal de Fortaleza e de sua Câmara de Vereadores.
O momento é de renúnciae sarifício de todos.
EGIDIO SERPA / DIARIONORDESTE
Bastidores: Bolsonaro acha que Maia ligou 'bomba relógio' e Congresso prepara troco
17 de abril de 2020 | 06h06
BRASÍLIA - O mais duro ataque público do presidente Jair Bolsonaro a Rodrigo Maia (DEM-RJ), na noite de quinta-feira, 16, pode custar caro ao governo. O novo capítulo do duelo entre Bolsonaro e o presidente da Câmara, após a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tem como pano de fundo o programa de socorro a Estados e municípios, no valor de R$ 89,6 bilhões. A briga, no entanto, vai muito além dessa cifra.
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Convencido de que Maia quer não apenas derrubá-lo como fazer uma manobra para ser reeleito ao comando da Câmara, em 2021, Bolsonaro iniciou, nas últimas semanas, uma rodada de conversas com dirigentes do Centrão. No novo modelo de articulação política planejado pelo presidente, as negociações do Planalto com o Congresso, a partir de agora, serão feitas com deputados e senadores.
Antes carimbados como “velha política”, líderes de legendas como PP, PR e PSD foram chamados para encontros reservados com Bolsonaro. Isolado, o presidente pediu ajuda a todos eles para a votação de projetos que possam amenizar a crise social e econômica provocada pela pandemia do coronavírus.
Na avaliação de Bolsonaro há uma “bomba-relógio” fiscal em curso, armada por Maia, com o objetivo de ferir de morte sua gestão. “Parece que a intenção é me tirar do governo. Quero crer que eu esteja equivocado”, disse o presidente, na noite desta quinta-feira, em entrevista à CNN Brasil. “Qual o objetivo do senhor Rodrigo Maia? Ele quer atacar o governo federal, enfiar a faca. (...) Está conduzindo o País para o caos”, emendou.
Dois dias antes, Maia já havia reclamado dos “coices” dados pelo governo. Desta vez, porém, mudou o linguajar e falou em pedras. “Ele joga pedras e o Parlamento vai jogar flores”, afirmou o deputado.
Já quase sabemos o que a China fez em dezembro passado
Todo mundo errou, todo mundo pisou na bola. E não foram só políticos, não.
Cientistas irromperam em plena epidemia com modelos espantosamente errados.
A Organização Mundial de Saúde, com uma tradição tão nobre e tão confiável, virou um gatinho angorá aninhado no colo chinês.
Donald Trump, como sempre, disse loucuras. Continua a dizer – e algumas delas, inclusive, correspondem à verdade.
Sobre a China, origem do vírus maldito, alguns fatos e análises podem ajudar a começar a desvendar o que aconteceu por trás da muralha de mentiras, perturbadoramente entremeada por feitos médicos e científicos reais, além exemplos de sacrifício e coragem.
É importante distinguir entre o que fez o regime, de errado ou também de certo, e os chineses comuns, excluídos da esfera do poder, bombardeados por uma doença desconhecida em escala esmagadora.
Alguns dos itens que vale a pena levar em consideração:
1- “Os seis dias que dobraram o mundo”. Assim poderia ser definida a essência de uma extraordinária reportagem da agência Associated Press que documenta o período crítico , entre 14 e 20 de janeiro em que a alta cúpula chinesa já tinha todas as informações sobre o tamanho e o potencial arrasador da epidemia.
Tudo foi mantido sob estrito segredo, interno e, evidentemente, externo. Em Wuhan, depois cognominada, para efeitos propagandísticos, de “cidade heroica”, a prefeitura deu um banquete coletivo para dezenas de milhares de pessoas.
Calcula-se, com base nos documentos obtidos pela AP que reconstituem o avanço da epidemia, que quando o presidente Xi Jinping falou ao país – e ao mundo -, ainda em termos bem contidos, cerca de três mil pessoas já estavam infectadas.
Antes desse período, de 5 a 17 de janeiro, centenas de pacientes foram internados em Wuhan com a estranha pneumonia. Provavelmente, as autoridades locais impediram a propagação da notícia, receando que cortassem a cabeça dos mensageiros.
No dia 2 de janeiro, oito médicos foram judicialmente repreendidos, em cenas transmitidas pelas televisão.
Secretamente, a partir de 13 de janeiro, quando foi confirmado um caso na Tailândia, prova irrefutável da transmissão pessoa a pessoa, foi criada uma comissão para apressar preparativos.
Obedeciam ao nível 1 de urgência e incluíam distribuição de kit de testes, supervisão de laboratórios, orientações a médicos sobre protocolos de diagnósticos, treinamento do pessoal de saúde e outras medidas como medição em massa de temperatura. Tudo na moita.
Uma “fonte médica” passou para a AP a transcrição de uma teleconferência com Xi Jinping e outros figurões em que o diretor da Comissão Nacional de Saúde, Ma Xiaowei, avisava: “A situação da epidemia é grave e complexa”.
Uma das maiores preocupações era o feriadão de duas semanas, o único da China, coincidindo com o ano-novo lunar, e seu oceânico movimento de viagens.
No meio disso tudo, disse a Organização Mundial de Saúde” “Não há evidência de transmissão de pessoa para pessoa “ (14 de janeiro). No dia 23, seu diretor, Teddros Adhamon, ex-ministro da Saúde da Etiópia, elogiou a “cooperação e a transparência” da China.
2- As informações sobre a nova epidemia remontam ao começo de dezembro ou até antes.
“Durante 40 dias, o Partido Comunista Chinês de Xi Jinping escondeu, destruiu e inventou informações sobre a disseminação desenfreada da Covid-19 através do sistema de vigilância e informação em massa, a distorção da informação, o silenciamento e a criminalização da dissensão”.
Algum abominável associado da direita trumpista disse isso? Não, o Centro Raoul Wallennberg para os Direitos Humanos, baseado no Canadá.
“Quarenta dias de silêncio e repressão custaram à Itália – o epicentro europeu da pandemia de Covid-19 – uma taxa de mortalidade de 12%, mais do que o dobro da China, seguida pela Espanha com taxa de mortalidade de 9%. Os Estados Unidos, cuja liderança presidencial tem deixado a desejar, se transformou agora no novo epicentro”.
3- E os números? As suspeitas vão desde a quantidade de urnas funerárias contendo as cinzas das vítimas de Wuhan – baseados em depoimentos impressionistas, mas impressionantes – até levantamentos da CIA.
“A CIA tem alertado a Casa Branca desde pelo menos o começo de fevereiro que a China subnotificou amplamente as infecções por coronavírus e suas contagens não são confiáveis para os modelos de previsão”. A reportagem é do New York Times.
Disse, no começo do mês – quase uma era geológica – a epideomiologista Debora Birx, da força-tarefa da Casa Branca: “A comunidade médica interpretou assim os dados da China: isso é sério, mas menor do que imaginávamos”.
Bolsonaro minimiza a pandemia e Guedes ‘não é sério’, diz Rodrigo Maia
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), está em rota de colisão com o chefe da equipe econômica, Paulo Guedes. O motivo é o seguinte: em meio à pandemia de coronavírus, o “primeiro-ministro”, como o deputado é chamado por colegas, está prevalecendo sobre o “Posto Ipiranga” de Jair Bolsonaro na elaboração de medidas destinadas a atenuar os efeitos econômicos da crise. O mais recente embate entre os dois envolve o projeto de socorro financeiro a estados e municípios. Guedes tachou a proposta defendida pelo parlamentar de bomba fiscal e disse que, se aprovada, teria um impacto de 285 bilhões de reais. Deixando o tom moderado de lado, Maia afirma que o ministro está distribuindo informação falsa à sociedade. E emenda, num ataque frontal: “Ele não é sério. Se fosse sério, não tentaria misturar a cabeça das pessoas”. O deputado também critica o presidente da República, que estaria empenhado em segurar a ajuda financeira a governadores como forma de enfraquecê-los, especialmente aqueles que podem disputar com ele o Planalto em 2022. A seguir os principais trechos da entrevista, concedida por videoconferência, como manda a cartilha em tempos de distanciamento social.
Como o senhor avalia a atuação do presidente Jair Bolsonaro diante da pandemia de coronavírus? O presidente minimiza o problema, o que pode ter consequências enormes num país continental como o Brasil. Outro dia, ele disse numa live que teríamos menos mortes com o novo coronavírus do que com a H1N1, o que, em poucas semanas, foi desmentido pelos dados oficiais. O presidente segue a linha daqueles que, em outros países, entenderam que o custo do não isolamento era menor que o custo do isolamento. A diferença é que a maioria dos governantes que seguiram esse caminho já recuou. A postura de Bolsonaro de minimizar a pandemia levou a equipe econômica a demorar muito tempo para se convencer de que o impacto seria grande. Essa postura também provoca conflitos.
Que tipos de conflito? Todos os problemas enfrentados pelo presidente são resultado de seu diagnóstico errado. Todos os conflitos partem de uma divergência dele com a maioria da sociedade brasileira. É uma coisa estranha porque parece que o Bolsonaro sai da posição de presidente e fica sendo o comentarista e crítico, como se não tivesse responsabilidade sobre determinada decisão ministerial. Outro dia, a esposa do ministro Sergio Moro postou um apoio a Mandetta e, depois, o apagou. Há um mal-estar não só com o Ministério da Saúde, mas com o segmento mais racional do governo.
O senhor disse recentemente que o governo dá coice. Toda vez que você diverge, como ocorreu em relação ao Ministério da Economia, o governo parte para o ataque. Em vez de fazerem um debate transparente e sério, o ministro (Paulo Guedes) e sua equipe passam informações falsas à sociedade em relação ao que deve ser a crise de estados e municípios nos próximos meses. Da forma como Guedes faz, a impressão que dá é que ele quer impor a posição dele — e, numa democracia, isso não existe. Tínhamos uma proposta de como ajudar estados e municípios, fomos convencidos de que parte dela estava equivocada, mudamos o texto e aprovamos uma versão muito equilibrada. Chegou a ponto de ele dizer que o impacto do projeto pode ser de 285 bilhões de reais. Sabe o que significa? Queda de 100% na arrecadação do ICMS e do ISS. Se ele acha que pode ser isso, o que não será nunca, está dizendo que a crise é muito mais grave do que estamos imaginando. Ou seja: ele não é sério. Se fosse sério, não tentaria misturar a cabeça das pessoas.