Democratas ganham presidência dos EUA, mas podem perder Senado
Nos EUA, é muito popular a pergunta: “Eu tenho uma notícia boa e uma ruim, qual você quer primeiro?” Geralmente, as pessoas respondem que querem a ruim primeiro. E essa notícia é a de que o Partido Democrata pode não conquistar a maioria no Senado, em contraste com a notícia boa, para os democratas, da projetada vitória de Joe Biden para a Presidência.
Perder a maioria no Senado é mais do que uma notícia ruim para o partido no poder. É quase um desastre. Por exemplo, Biden estará em uma posição semelhante a que esteve o ex-presidente Barack Obama, em seu segundo mandato, quando os democratas perderam a maioria no Senado. Os republicanos bloquearam cerca de 70 indicações de Obama para tribunais federais. E bloquearam a indicação do juiz Merrick Garland para a Suprema Corte em 2016.
O segundo problema é o de que será difícil para Biden e para o Partido Democrata aprovar legislação no Congresso – apesar de os democratas terem uma grande chance de manter a maioria na Câmara dos Deputados.
Durante o mandato de Trump, o líder da maioria no Senado, senador Mitchell McConnell, engavetou mais de 300 projetos de lei aprovados na Câmara pelos deputados democratas. E os deputados democratas bloquearam projetos de lei oriundos do Senado. Só foram aprovadas iniciativas bipartidárias. Ou o presidente Trump legislou por decreto.
Nos EUA, onde apenas dois partidos dominam o cenário político, é mais difícil aprovar legislação federal, porque não existe, por exemplo, a possibilidade de alianças com partidos menores – uma proposta de medida legislativa é partidárias ou não passa. Aprovar emendas constitucionais é praticamente impossível, porque exige o voto de dois terços do Congresso e de mais 38 governadores – o que nenhum dos partidos tem.
Por enquanto, já foram decididos 96 dos 100 assentos no Senado. Foram eleitos 48 senadores republicanos, 46 democratas e 2 independentes. Os independentes normalmente votam com a bancada democrata, de forma que a contagem, no momento, é 48 a 48.
Dos quatro votos restantes, dois estão bem encaminhados para o Partido Republicano: os das eleições no Alasca e na Carolina do Norte, dois estados eminentemente republicanos, em que Trump está ganhando a eleição.
Assim, o resultado final depende o que vai acontecer no estado da Geórgia, onde duas vagas para o Senado poderão ser decididas em segundo turno, em janeiro apenas. Uma delas é certa: o senador Johnny Isakson se aposentou a dois anos do fim de seu mandato. A vaga será disputada entre o candidato democrata Raphael Warnock e o republicano Kelly Loeffer, que assumiu interinamente a vaga deixada por Isakson.
Quanto à segunda vaga, só se saberá o que vai acontecer após a contagem final dos votos na Geórgia. O senador republicano David Perdue está vencendo o democrata Jon Ossoff, com 49,8% dos votos contados até agora. Mas a lei eleitoral da Geórgia estabelece que um candidato deve vencer com pelo menos 50% dos votos, para não haver segundo turno.
Para a Câmara dos Deputados, a possibilidade de os democratas manter a maioria está bem encaminhada, mas não está decidida. Por enquanto, os candidatos democratas vencem os republicanos por 214 a 195. Mas, para conquistar a maioria, é necessária a eleição de 218 candidatos por um partido. Ou seja, falta a confirmação de mais quatro vitórias para os candidatos democratas.
As dificuldades dos democratas para conquistar a maioria nas duas Casas podem ser uma obra de seus próprios líderes. Nas negociações para aprovar mais uma ajuda financeira para os desempregados, por causa do coronavírus, os líderes democratas podem ter criado exigências excessivas.
Isso foi interpretado como uma jogada do Partido Democrata para negar uma vantagem ao presidente Donald Trump e aos candidatos republicanos, antes das eleições. Aparentemente, a tática dos democratas foi um tiro que saiu pela culatra, porque muitos eleitores ficaram frustrados por não embolsar o dinheiro que poderia aliviar significativamente suas dificuldades financeiras.
João Ozorio de Melo é correspondente da revista Consultor Jurídico nos Estados Unidos.
Revista Consultor Jurídico, 7 de novembro de 2020, 15h45
Casos acumulados de covid-19 no país chegam a 5,65 milhões
O número de pessoas infectadas no país com o novo coronavírus desde o início da pandemia atingiu a marca de 5.653.561. Os dados atualizados foram divulgados na noite deste sábado (7) pelo Ministério da Saúde. Entre ontem e hoje, foram notificados pelas autoridades estaduais de saúde 22.380 novos casos da doença. Ontem, os dados consolidados pelo Ministério davam conta de 5.631.181 pessoas com covid-19 desde o começo da contagem.
Desde o início da pandemia o país registra 162.269 óbitos. Nas últimas 24 horas, foram notificadas 254 mortes. Ontem, o sistema de dados sobre a pandemia marcava 162.015 óbitos. Ainda há 2.295 falecimentos em investigação.
O balanço apresentado hoje (7) não acrescentou novos pacientes em acompanhamento, permanecendo o divulgado no boletim do dia 04, totalizando 364.575 pacientes. O mesmo vale para as pessoas que já se recuperaram da doença, totalizando 5.064.344. A justificativa do ministério é que ocorreu dificuldade na atualização devido à queda dos sistemas internos, ocorrida no dia 4.
Covid-19 nos estados
Os estados com mais mortes são São Paulo (39.717), Rio de Janeiro (20.905), Ceará (9.391), Minas Gerais (9.204) e Pernambuco (8.724). As unidades da federação com menos casos são Roraima (695), Acre (699), Amapá (751), Tocantins (1.112) e Rondônia (1.474).
Bolsonaro anuncia que terá seu próprio 'horário eleitoral'
BRASÍLIA - Faltando uma semana para as eleições municipais, o presidente Jair Bolsonaro prometeu que terá uma atuação intensiva e diária junto aos candidatos que apoia.
— A partir de segunda-feira, está quase certo que todo dia, às 19 horas, eu vou ter o meu horário eleitoral gratuito — disse Bolsonaro ao fim da gravação de uma live na qual pediu votos à candidata ao Senado pelo Estado de Mato Grosso, Coronel Fernanda, do Patriota.
Na quinta-feira, em sua live semanal, Bolsonaro já tinha pedido votos para Fernanda e para outros candidatos, falando que faria seu próprio horário eleitoral gratuito. Em Mato Grosso há eleição para uma vaga no Senado, em função da cassação de Selma Arruda, no ano passado.
A participação de Bolsonaro nas campanhas é alvo de pedido de apuração. A Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) do Rio de Janeiro fez um pedido ao Ministério Público Estadual (MP/RJ) para investigar a veiculação de vídeos do presidente Jair Bolsonaro fazendo propaganda para candidatos. Os promotores vão analisar o possível cometimento de ilícitos eleitorais pelo presidente no material divulgado em lives pelo presidente.
Confira: MPF aponta improbidade em saudação ao presidente durante jogo na EBC
Na conversa de cerca de 20 minutos, que aconteceu no Palácio do Alvorada e foi veiculada nas redes sociais da candidata, Bolsonaro destacou a pauta conservadora, defendeu a militarização do ensino, o garimpo em terras indígenas e falou que “tem que tomar cuidado”, pois alguns países da América Latina “estão sendo pintados de vermelho novamente” e que o “objetivo final deles é roubar nossas riquezas e nossa liberdade”.
— Seu trabalho no Senado é muito importante. Você é mulher, e policial militar. Temos uma pauta conservadora, família, uma instituição sagrada. Questões de ideologia de gênero, de valores familiares acho que não tem nem o que discutir isso. É uma coisa tão óbvia, mas vira e mexe a gente se vê ameaçado, ora no parlamento, ora no poder judiciário — disse Bolsonaro. O GLOBO
Hegemonia de MDB e PSDB nos municípios será colocada em xeque nas urnas
Eles são os partidos que mais elegeram prefeitos no Brasil nos últimos 20 anos. Mas sofreram um forte revés há dois anos e agora correm o risco de perder o protagonismo nos municípios nestas eleições de 15 de novembro.
O MDB e PSDB terão no pleito deste ano o seu principal teste de força dentre todas as eleições realizadas neste século.
Desde 2000, MDB foi o partido que elegeu mais prefeitos no país em todas as cinco eleições municipais, sempre em um patamar acima de 1.000 prefeitos. Em 2016, saiu das urnas com 1.049 gestores municipais.
Já o PSDB foi o segundo partido do país com maior número de prefeitos em todas as eleições desde 2004 e no último pleito venceu em 805 municípios.
Na eleição deste ano, contudo, MDB e PSDB terão esta hegemonia ameaçada por PSD, PP e DEM, partidos que vivem um momento de ascensão e estão alinhados nacionalmente ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Tucanos e emedebistas vivem um momento difícil desde 2018, quando os dois partidos registraram forte queda na votação para a Câmara dos Deputados: o MDB caiu de 66 para 34 deputados federais e o PSDB caiu de 54 para 29.
Os partidos também sofreram um revés no número de prefeitos por meio da migração partidária na atual legislatura. O MDB, que elegeu 1.049 prefeitos em 2016, caiu para 897. O PSDB caiu de 805 para 702 prefeitos.
Ao mesmo tempo, legendas como PSD e PP estão entre as que mais avançaram no mesmo período e encostaram no MDB e PSDB em número de prefeituras. O PSD chegou a 672 prefeitos e o PP a 632.
Presidente nacional do MDB, o deputado federal Baleia Rossi (SP) diz que o partido tem como meta para este ano eleger o maior número de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores dentre todos os partidos do país.
Ele afirma que um bom desempenho na eleição municipal poderá, daqui a dois anos, representar o retorno de uma bancada mais forte no Congresso Nacional, já que os prefeitos costumam ser os principais cabos-eleitorais na eleição para a Câmara e o Senado.
“O resultado da eleição municipal demonstrará um MDB forte. Nosso partido tem uma capilaridade enorme, além de ser o partido com mais candidatos na eleição deste ano”, afirma Rossi.
Ele ainda diz não ver um desgaste na imagem da legenda e credita a redução da bancada federal na eleição de 2018 à polarização na eleição presidencial entre o PT de Fernando Haddad e o então PSL de Jair Bolsonaro, que teria impactado os resultados da eleição para a Câmara.
O desempenho dos partidos nos grandes centros também é encarado como um termômetro para 2022. Em 2016, o PSDB foi o maior vitorioso nas maiores cidades do país, passando a governar 50,3 milhões de brasileiros nos municípios a partir do ano seguinte.
Na eleição deste ano, a meta do partido é manter o mesmo patamar, governando nas cidades cerca de um em cada quatro brasileiros.
“Estamos perseguindo manter o lugar de maior partido em número de brasileiros governados e fortalecer o partido como uma opção do centro político para o eleitor”, afirma o secretário-geral do PSDB, deputado federal Beto Pereira (MS).
A esperança de Ciro fica a dever - Samuel Pessôa / folha de SP
As eleições americanas passaram. Logo as nossas passarão e em fevereiro teremos a eleição da mesa diretora das duas casas legislativas. Após esses eventos entrará no horizonte da política a sucessão presidencial de 2022.
Há dois meses o PT apresentou seu plano, que discuti neste espaço na coluna de 26 de setembro. No fim do ano passado, Arminio Fraga apresentou seu diagnóstico em artigo publicado na revista Novos Estudos do Cebrap, fascículo 3 do volume 38.
No livro “Projeto Nacional: o dever da esperança”, recentemente publicado, Ciro Gomes faz seu diagnóstico do desenvolvimento brasileiro do início do século 20 até hoje. Em seguida apresenta o conjunto de medidas e políticas que considera necessárias para reverter o quadro de estagnação que vivenciamos desde os anos 80.
A análise histórica de Ciro é uma sucessão de maniqueísmos. Quase tudo para Ciro acaba virando uma luta entre o bem e o mal.
Assim, a República Velha era o mal. Getúlio Vargas e o nacional desenvolvimentismo, o bem. A ditadura militar, o mal. FHC, o mal, com seu rentismo e os juros para banqueiros. Lula e Dilma eram o bem, apesar de erros aqui e acolá. O imperialismo é o mal que nos condena à pobreza, e a tradição política representada pelo trabalhismo o bem que nos desenvolveu e promoveu nosso Estado de bem-estar.
Sabemos de estudos recentes que a República Velha, em função de uma série de mudanças institucionais, várias implantadas no final do Império, teve impacto no desenvolvimento do mercado financeiro para o investimento produtivo. Também foi período de desenvolvimento das ferrovias. Há estudos recentes que comprovam o efeito que elas tiveram para o crescimento na República Velha e no período subsequente.
Por sua vez, a fase do nacional desenvolvimentismo é essencial para entendermos o atraso educacional –ao longo de todo o período, investíamos 1,5% do PIB em educação fundamental–, gerando enormes dificuldades para o crescimento na etapa seguinte.
É comum o argumento de Ciro terminar em algum tipo de conspiração do capitalismo internacional ou dos banqueiros. É estranho análise tão chapada vinda de um político experimentado e pessoa aparentemente inteligente.
Para Ciro, o esgotamento do crescimento do período petista essencialmente foi produzido porque Dilma aceitou a chantagem do mercado financeiro e subiu juros para combater a inflação produzida pelo choque de oferta (inflação do tomate) de março de 2013. Ciro não percebe que havia inúmeros sinais, vários anteriores a 2013, de que a política econômica era não sustentável desde 2007-2008.
No campo das ações, há propostas para elevar a carga tributária em três pontos percentuais do PIB, tributando melhor os ricos, e uma série de políticas de estímulo a alguns setores.
No período petista, entre 2007 e 2014, houve enorme e genuíno esforço de desenvolver alguns setores. Os programas deram todos com os burros n’água. Sem um minucioso diagnóstico dos motivos de a iniciativa no período petista ter dado errado, difícil imaginar que Ciro faria melhor.
Certamente a corrupção não foi o maior problema do intervencionismo petista. Todo o diagnóstico e a implantação estavam errados.
A falta de profundidade com que Ciro analisa o esgotamento da economia ao longo da última hegemonia política que tivemos por aqui impede que ele tenha um diagnóstico que faça sentido para nos tirar da armadilha da renda média, na qual estamos desde a década de 1980.
Aspirina vai ser testada como potencial tratamento para Covid-19
LONDRES - A aspirina será avaliada como um possível tratamento para Covid-19 em um dos maiores estudos do Reino Unido, que avaliará se o analgésico pode reduzir o risco de coágulos sanguíneos em pessoas com a doença.
Os cientistas por trás do estudo Recovery, que está investigando uma série de tratamentos potenciais para Covid-19, decidiram incluir a droga, que é comumente usada para afinar o sangue."Há uma razão clara para acreditar que ela (aspirina) pode ser benéfica e é segura, barata e amplamente disponível", disse Peter Horby, co-investigador principal do estudo.
Os pacientes infectados com o novo coronavírus correm um risco maior de coágulos sanguíneos por causa das plaquetas hiper-reativas, os fragmentos celulares que ajudam a parar o sangramento. A aspirina é um agente antiplaquetário e pode reduzir o risco de coágulos, disse o site do estudo Recovery na sexta-feira.
Espera-se que pelo menos 2.000 pacientes recebam aleatoriamente 150 mg de aspirina por dia, juntamente com o regime usual. Os dados desses pacientes serão comparados com pelo menos 2.000 outros pacientes que recebem o tratamento padrão Covid-19.
Por ser um diluente do sangue, a aspirina aumenta o risco de hemorragia interna, e tomar o medicamento por um período prolongado está associado a danos renais.
Outros tratamentos testados no estudo Recovery incluem o antibiótico comum azitromicina e o coquetel de anticorpos da Regeneron que foi usado para tratar os sintomas do Covid-19 do presidente dos EUA, Donald Trump.