Chuva banha o Ceará, forma pontos de alagamento e traz transtornos a moradores de Fortaleza e RMF
O Ceará amanheceu com chuva neste domingo (24). Em Fortaleza e na Região Metropolitana, a água provocou a formação de vários pontos de alagamento, invadiu casas e trouxe transtornos à população. O município de Aracati, no Litoral Leste do Estado, registrou maior volume de precipitações, com 114 milímetros, entre as 7 horas de sábado (23) e a manhã de hoje, segundo dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
Também foi registrado um grande volume em São Gonçado do Amarante (111,2 mm), número bem próximo do observado em Fortaleza (111 mm), de acordo com o boletim da Funcme atualizado às 8h40. O volume foi o suficiente para causar uma série de alagamentos e inundações pela cidade.
No bairro Canidezinho, em Fortaleza, a água invadiu casas. Em um vídeo gravado por moradores é possível ver a chuva e uma correnteza muito forte na Rua José Maurício.
Remorso da Igreja pelos crimes sexuais é tardio.
Se você professa dogmaticamente a fé católica, interrompa imediatamente a leitura. Feito o alerta, vai um esclarecimento que oferece aos católicos empedernidos uma segunda chance para evitar o desperdício de tempo com esse texto: o que se pretende fazer aqui é uma defesa de Deus contra os equívocos cometidos pela Igreja. Pronto, avisei.
Diga-se, de saída, em benefício do papa Francisco, que a conferência do Vaticano sobre os escândalos sexuais que carcomem a reputação da Santa Madre Igreja vem bem. Reconheça-se, entretanto, que a contrição iniciada na última quinta-feira (21) chega tarde. Um remorso mais rápido teria produzido reparações a quem interessa e exemplos capazes e inibir incontáveis abusos.
Reforma da Previdência: mudanças vão atingir mais de 100 milhões de brasileiros
Bárbara Nóbrega e Johanns Eller* / O GLOBO
RIO — Do trabalhador da cidade ao do campo, do servidor público ao empregado na iniciativa privada, areforma da Previdência proposta pelo governo Bolsonaro vai atingir mais de cem milhões de brasileiros que trabalham e os que ainda vão entrar no mercado. Se o projeto for aprovado pelo Congresso, as regras para se aposentar serão mais duras para todos. Porém, quem ganha mais vai contribuir mais. A idade mínima promete corrigir a desigualdade do atual sistema, em que os mais ricos se aposentam mais cedo.
As medidas cobram um preço de cada um em nome do interesse de todos. O déficit da Previdência consome cerca de 60% das despesas do governo, cujo rombo fiscal projetado para este ano é de R$ 139 bilhões. Sem mudar isso, os economistas dizem ser impossível garantir o pagamento das aposentadorias e abrir espaço para mais investimentos públicos em serviços essenciais, como saúde e educação.
Expectativa de ajuda federal leva estados a descuidarem de suas finanças
Não pode haver incentivo maior para o mau comportamento fiscal dos estados — um problema crônico dessa nossa República —, que a percepção de que a União vai sempre lhes salvar. Na presença de uma rede de proteção, o trapezista ficará tentado a executar manobras cada vez mais arriscadas, pois a queda não traz consequência. Segue-se, então, que a existência da rede provoca mais risco ou mais displicência. Ou ambos.
Um agravante para isso é o exemplo negativo: por que um governador haveria de fazer tudo direitinho, confrontar as corporações, defender o contribuinte e manter suas contas equilibradas quando o estado vizinho faz tudo ao contrário e, ao final, consegue fechar suas contas em Brasília?
Essas situações se tornam particularmente difíceis, observadas do ângulo do governo, quando a malandragem prejudica pessoas inocentes. Os governadores irresponsáveis, ao criarem despesas além de suas possibilidades, acabam incapazes de pagar salários em dia, por exemplo, e com isso fazem seus funcionários de reféns. Sim, exatamente como num sequestro, e se o governo federal não paga o resgate, acaba se tornando o responsável pelo sofrimento de gente que não tem nada com o problema.
Não há nada de simples em o governo federal punir o mau comportamento do ente federativo sem criar aflições adicionais para as vítimas. Um mecanismo essencial para resolver o problema é o que permite que o governo federal seja o primeiro da fila ao receber dos estados se eles deixam de pagar os juros sobre sua dívida. Com isso, a irresponsabilidade do governador resulta em prejudicar o funcionalismo, os pensionistas e os hospitais, portanto, pedaladas e piruetas fiscais resultam em ônus político para o governador, o criador da encrenca. Se a responsabilidade não cabe ao responsável, ponderaria Odorico Paraguaçu, temos um problema estrutural em nosso ordenamento.
Quando a União não é forçada a aceitar o inadimplemento dos estados, ou seja, quando é capaz de utilizar a prerrogativa contratual de colocar a mão na receita própria dos estados para se ressarcir, deixa de haver rede de proteção e fica muito diminuído o incentivo à imprudência.
Se, todavia, uma liminar do STF impede a União de executar sua garantia, os incentivos para a responsabilidade fiscal ficam destruídos, pois os estados vão fazer o que sempre fizeram, ou seja, quebrar em cima da União. A intervenção do STF nesse assunto, com o intuito de proteger os inocentes, é uma péssima ideia que produz o efeito exatamente contrário, premia o indisciplinado e deteriora um bem maior, o equilíbrio das finanças públicas.
É complexa a alternativa de “deixar quebrar”, muito melhor é não chegar nessa situação. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) procurou enfrentar o problema através de vários mecanismos de prevenção, alarmes e limites, mas, sobretudo, ao escrever na lei que nunca mais ia haver outro salvamento. Isso era fundamental para evitar o incentivo à repetição do mau comportamento, pois a LRF veio logo depois de várias rodadas de refinanciamento de dívidas dos estados.
Porém, o terremoto fiscal produzido por Dilma Rousseff e sua “nova matriz” contaminou alguns estados, alguns inclusive indo bem mais fundo nesse caminho insensato. Não podendo se endividar formalmente, esses estados começaram a desonrar compromissos e acumular “atrasados” crescentes nas mais variadas rubricas (funcionalismo, inativos, fornecedores etc.). O arcabouço para prevenir desastres tão cuidadosamente montado a partir da LRF foi destruído por uma única ameaça imprevista: o mau exemplo de Brasília. Se o governo federal pedala e descumpre limites, por que os estados vão obedecer?
Uma nova rodada de programas de ajustes com os estados deverá acontecer. A punição pelo mau comportamento deve ser o título do filme, que deve ter nos papéis principais o governador que criou a confusão e os que o ajudaram, incluindo os Tribunais de Contas locais. Num papel coadjuvante, mas fundamental, a União deve dar o exemplo, arrumando suas contas com a maior velocidade possível.
GUSTAVO FRANCO / O GLOBO
Os ‘çábios’ uniram os marajás aos miseráveis
Não deu outra. Os “çábios” que conceberam o projeto de reforma da Previdência descobriram um jeito de entregar aos marajás a bandeira da defesa dos miseráveis. Fizeram isso ao propor a tunga do Benefício de Prestação Continuada, que dá um salário mínimo (R$ 998) aos miseráveis que têm mais de 65 anos.
O projeto é engenhoso. Dá R$ 400 ao miserável a partir dos 60 anos, o que é um alívio para quem recebe, no máximo, R$ 371 pelo Bolsa Família. Com a outra mão querem tomar pelo menos R$ 598 mensais dos miseráveis que têm mais de 65 anos. Eles só terão direito aos R$ 998 se, e quando, chegarem aos 70 anos.
Se o conserto do rombo da Previdência precisa tungar um benefício pago aos miseráveis que têm entre 65 e 70 anos, então é melhor devolver o Brasil a Portugal.
Um pacote virtuoso - GIANPAOLO SMANIO
O instrumento de trabalho do promotor de Justiça é a lei. E esse instrumento, como qualquer outro, exige permanente aperfeiçoamento. Neste sentido, o Ministério Público de São Paulo manifesta seu apoio à iniciativa do ministro da Justiça, Sergio Moro, com o objetivo de alterar a legislação penal e aumentar o grau de eficiência do combate à criminalidade.
Talvez o ponto fulcral do pacote seja o cumprimento da pena a partir da condenação em segunda instância. Entre magistrados e membros do Ministério Público, os que defendem esse instrumento formam imensa maioria.