Supremo define nesta quarta rito do processo de impeachment de Dilma
O Supremo Tribunal Federal (STF) julga nesta quarta-feira (16) uma ação do PC do B que questiona o rito do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff iniciado no último dia 2 de dezembro pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A decisão poderá alterar regras do trâmite previstas numa lei de 1950 e nos regimentos internos da Câmara e do Senado, que detalham procedimentos para receber a denúncia, analisar as acusações, abrir o processo, afastar e depor um presidente da República.
Na ação, o PC do B questiona não só atos já realizados no caso – como o acolhimento do pedido, passo inicial do impeachment – como também outros que ainda estão por vir, inclusive no Senado, que irá julgar se houve ou não crime de responsabilidade. O partido alega que a presidente deveria ter tido oportunidade de se defender antes. A legenda também contesta a eleição, por votação secreta, de uma chapa avulsa para a comissão que analisará as acusações contra petista. Além disso, o documento defende que o Senado possa recusar a abertura efetiva do processo antes do julgamento final.
Presente de Janot para Dilma pode sair pela culatra
A Operação Lava Jato teve deflagrada uma nova fase, a Catilinárias — mais um nome absolutamente impróprio, digo depois por quê — e, é visível, busca atingir em cheio o PMDB. O estardalhaço acontece um dia antes de o Supremo decidir o rito da tramitação da denúncia que pode resultar no impeachment de Dilma e também na véspera do protesto das esquerdas em defesa da presidente e contra o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que preside a Câmara.
O presente que Dilma recebe de Rodrigo Janot, um dia depois de seu aniversário, no entanto, pode sair pela culatra. Mais uma vez, Cunha é o centro da vistosa operação, mas ela atinge muitos outros peemedebistas.
Vamos ver. Como se sabe, Cunha foi o alvo principal, com mandados de busca e apreensão em suas casas de Brasília e Rio. Mas Renan Calheiros (PMDB-AL) também estava na mira. No seu caso, Teori Zavascki rejeitou o pedido, mas Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, e o deputado Aníbal Gomes (CE), foram alvos da ação da PF. Os dois são homens de inteira confiança de Renan.
Sobrou para peemedebistas de todos os matizes: o senador Edison Lobão (MA), ligado a José Sarney, está na lista, bem como o ministro da Ciência e Tecnologia e o do Turismo, respectivamente Celso Pansera (RJ) e Henrique Eduardo Alves (RN). O primeiro se tornou parceiro do deputado Leonardo Picciani (RJ), e o segundo é tido como mais próximo de Michel Temer. Nelson Bornier, prefeito de Nova Iguaçu, entrou na dança. A mesa antes ocupada por Flávio Cleto, que comandava as Loterias da CEF, foi visitada pela PF. Os dois são homens de confiança de Cunha. Até Denise Santos, chefe de gabinete do presidente da Câmara, virou alvo.
Ora, à medida que, mais uma vez, aquele que é apontado como o algoz de Dilma, aparece desse modo no noticiário, é evidente que, de imediato, a mandatária colhe, vamos dizer, alguns eflúvios positivos. Mas que logo se dissipam. E por quê? Espalhou-se no PMDB a convicção de que, mais uma vez, o Palácio opera para desmoralizar o partido e para intimidar a legenda. Nove entre dez peemedebistas acreditam que Rodrigo Janot opera em parceria com o Planalto. Afinal, dizem, tudo o que a Dilma quer é que se espalhe a versão de que, se está ruim com ela, será pior sem ela, já que o PMDB não passaria de um valhacouto.
Confissão de Bumlai deixa claro: não é partido, é organização criminosa
Que coisa, né? Em 2012, Marcos Valério — sim, ele mesmo! — afirmou, em depoimento ao Ministério Público, que, em 2004, o PT teria pagado R$ 6 milhões ao empresário Ronan Maria Pinto e outros, que ameaçavam ligar o assassinato do prefeito Celso Daniel, ocorrido em 2002, ao esquema de propina na Prefeitura de Santo André, que azeitava a máquina partidária. Lula e Gilberto Carvalho estariam sendo chantageados pessoalmente por Ronan. Em vez de chamar a polícia, a dupla teria preferido pagar o preço. Em tempo: Ronan nega qualquer envolvimento com o caso. Lula e Carvalho também. Adiante. Segundo Valério disse então, ele foi procurado pelos petistas para dar aos achacadores o dinheiro que eles buscavam, mas se recusou: “Nisso aí, eu não me meto”, teria dito o operador do mensalão, em um encontro com Sílvio Pereira, então secretário-geral do PT, e Ronan.
Cunha vê operação da PF como ‘revanchismo’ e diz que não renuncia
BRASÍLIA — Alvo da Operação Lava-Jato desta terça-feira, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse hoje que não está "nem um pouco preocupado" com os mandados de busca e apreensão cumpridos em suas residências do Rio e de Brasília, mas acusou o governo de praticar "revanchismo" contra ele e considerou "muito estranho" que a operação tenha ocorrido no dia da sessão do Conselho de Ética e às vésperas de o Supremo Tribunal Federal (STF) se pronunciar sobre o rito do impeachment. Ele também criticou o fato de políticos do PT não terem sido alvo desta operação da Polícia Federal, e de a PF ter concentrado sua operação em quadros do PMDB.
—Isso tudo causa muita estranheza a todos nós, de repente assistir a uma operação no dia do Conselho de Ética, às vésperas da decisão do processo de impeachment, uma operação concentrada no PMDB. A gente sabe que o PT é o responsável pelo assalto que aconteceu no Brasil e na Petrobras, todo dia tem a roubalheira do PT sendo fotografada e de repente fazem uma operação com o PMDB. Tem alguma coisa estranha no ar — atacou o presidente da Câmara.
Preso na Lava Jato, Bumlai assume fraudes em empréstimo de R$ 12 mi
Pecuarista disse acreditar que dinheiro seria para pagar dívida de campanha. MPF diz contrato na Petrobras foi usado para quitar empréstimo no Schahin.
O pecuarista José Carlos Bumlai confessou em depoimento dado à Polícia Federal, em Curitiba, na segunda-feira (14), que houve fraude na quitação de um empréstimo de R$ 12 milhões feito por ele no Banco Schahin. Ele disse também acreditar que o dinheiro seria para pagar dívidas de campanha eleitoral em Campinas (SP) e para "caixa 2" do PT.
O pecuarista foi preso em novembro durante a 21ª fase da Operação Lava Jato, que investiga um esquema de fraude, corrupção e desvio de dinheiro na Petrobras. O ato de qualificação do interrogatório de Bumlai informa que o pecuarista manifestou interesse em confessar os fatos, corrigindo parte das declarações dadas no primeiro depoimento à Polícia Federal. Inicialmente, Bumlai havia negado qualquer irregularidade. Tudo foi acertado, conforme Bumlai, em uma reunião durante uma noite de outubro de 2004, na sede do banco, em São Paulo. Estavam presentes, segundo Bumlai, o então presidente do Banco Schahin, Sandro Tordin, Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, e profissionais da área de propaganda e marketing, que segundo Bumlai, prestavam serviços para ele e para partidos políticos.
Veja as suspeitas sobre os alvos de ação da Lava Jato
Do G1, em São Paulo
Além de políticos, são cumpridos mandados contra outras pessoas ligadas ao PMDB e ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Veja a seguir quem são os alvos da operação e suspeitas que já tinham sido divulgadas sobre alguns deles. Detalhes dos indícios que sustentam a ação de hoje ainda não foram informados.
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados
Cunha já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao STF por corrupção e lavagem de dinheiro, devido à suspeita de ter recebido pelo menos US$ 5 milhões por contratos de aluguel de navios-sonda pela Petrobras. O Supremo ainda não decidiu se aceita ou não a denúncia. Cunha também é alvo de inquérito que apura suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro em razão de quatro contas na Suíça atribuídas ao parlamentar. A existência das contas é apontada em documentação enviada à PGR pelo Ministério Público suíço.