Petrobrás quer reduzir para seis o número de sondas da Sete Brasil
RIO - A Sete Brasil, empresa de capital nacional criada para construir e afretar sondas e plataformas para exploração de petróleo em alto-mar, inicia o ano com o desafio de convencer a diretoria da Petrobrás da sua capacidade financeira e técnica para fechar os contratos de 15 sondas destinadas ao pré-sal. O problema é que, segundo uma fonte da estatal envolvida nas negociações, a Sete Brasil tem hoje a garantia de contratação de apenas seis embarcações. A empresa nasceu com a missão de construir 28 embarcações para a Petrobrás, sua única cliente e sócia minoritária, mas foi atingida tanto pela crise da estatal quanto por denúncias de corrupção, após ter o nome envolvido nas investigações da Operação Lava Jato.Além de frustrar o plano do governo de usar a empresa como âncora da indústria naval brasileira, o que levou à quebradeira de estaleiros e demissões, a derrocada da Sete Brasil poderá provocar ainda um rombo nas contas de seus sócios – bancos e fundos de pensão de estatais, uma mistura de dinheiro público e privado. Juntos, eles já aplicaram R$ 8,3 bilhões no projeto. E a empresa ainda deve US$ 3,6 bilhões ao Banco do Brasil, Caixa, Bradesco, Itaú, Santander. Desses, apenas o Itaú e o BB não são sócios.
Viação e Transporte realiza 11 audiências sobre temas de interesse social
Presidente da Comissão de Viação e Transporte é o deputado Heitor Férrer> Foto: Máximo Moura>
Jogo de cena - O Estado de SP
A presidente Dilma Rousseff e o PT precisam urgentemente decidir se querem resolver os problemas do País ou cuidar de suas próprias imagens. São fartas as informações sobre intenções e planos que o governo espalha, como se constituíssem uma consistente política para superar a crise. Mas não passam de medidas isoladas, quase sempre demagógicas ou de escassa eficácia diante da gravidade da crise.
Vejamos quais foram elas nos últimos dias: 1) o Planalto decidiu apostar na construção civil, que julga capaz de reagir mais prontamente a “estímulos” oficiais, como símbolo de um “novo PAC”; 2) Dilma está disposta a ressuscitar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, para obter o aval das “forças vivas” do País à luta contra a crise econômica; 3) a direção do PT – Lula, portanto – vai exigir da chefe do governo uma Carta ao Povo Brasileiro às avessas, agora destacando o compromisso do lulopetismo com “o povo”, o que significa, entre outras coisas, acabar com essa história de priorizar ajuste fiscal; e 4) líderes destacados do petismo estão enfurecidos com o aparente sincericídio cometido dias atrás pelo ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, ao admitir que o PT “se lambuzou” no poder.
Um desserviço à sociedade brasileira - CLEVELAND PRATES*
Em dezembro a presidente da República anunciou a edição de uma medida provisória (MP) que, em suas palavras, facilitará acordos entre o Estado brasileiro e empresas que cometeram crimes de corrupção e de formação de cartel. Em seu discurso, Dilma Rousseff alegou que essa MP estaria em linha com a experiência internacional e seria um aperfeiçoamento da lei de leniência atual, reduzindo as incertezas e preservando os empregos. Concluiu que devemos punir apenas os CPFs (pessoas físicas), para não destruirmos os CNPJs (pessoas jurídicas).
Infelizmente, tal proposta está baseada numa série de princípios econômicos equivocados e na falta de conhecimento sobre a jurisprudência internacional, além de indicar um casuísmo político típico de quem está totalmente perdido e se submete à pressão de determinados grupos da sociedade.
Pausa para simulação - Dora Kramer
Aproveitando o relativo intervalo na crise geral em decorrência do período de recesso no Legislativo e no Judiciário, o governo e o PT atuam neste início de ano para dar a impressão ao País de que iniciam – cada qual ao seu modo – uma fase nova em folha. Como se pretendessem voltar atrás na marcação do tempo, adaptando o hipotético relógio ao calendário eleitoral. As eleições municipais vêm aí. O PT entra na disputa em desvantagem. Não tem discurso, carrega um desgaste imenso, está irremediavelmente atrelado a um governo impopular, avalia que poderá ter um desempenho eleitoral desastroso e precisa de alguma maneira tentar reduzir o previsto prejuízo.
A julgar pelas manifestações recentes do partido, seus dirigentes escolheram o caminho da retomada das origens. Daí a defesa, junto ao governo, da chamada “guinada à esquerda”, que incluiria a divulgação de uma Carta aos Brasileiros” numa concepção oposta à que motivou o texto de 2002, no qual o PT reafirmava compromisso com os fundamentos da estabilidade econômica.
Estocando vento - Eliane Cantanhêde
O grande risco do tal “novo PAC” é virar mais uma peça de marketing, dessas que fazem muito barulho ao serem lançadas para serem esquecidas logo depois, ao longo do ano e do mandato, como ocorreu com a nova reforma administrativa que não deu em nada. Ou o pacote pode virar um novo vídeo hilário do YouTube, uma farinha de mandioca, um vento não estocado ou, simplesmente, pura espuma para inglês, empresário, trabalhador e Câmara (que vota o impeachment) verem. Segundo o Estado de ontem, Dilma planeja com o ministro da economia, Nelson Barbosa, e com o ministro da política, Jaques Wagner, um pacote superambicioso para recuperar a economia, mas... sem abandonar o ajuste fiscal. Taí, essa é intrigante. O governo vai investir para tirar a indústria do buraco, mas vai investir o quê? De onde vem o dinheiro? Dos Estados, que estão no osso? Só se for das reservas internacionais, o último reduto a resistir bravamente aos tempos Dilma. Ainda...
A ideia de Barbosa para a economia é aquecer a produção industrial, que esfria mês a mês, dramaticamente, jogando emprego e renda na geladeira e congelando qualquer expectativa de recuperação da economia. E a de Wagner para a política, na mesma linha, é usar o pacote para tentar atrair o apoio de “cima”, dos empresários, e de “baixo”, dos trabalhadores. As duas pontas estão umas onças com Dilma, umas araras com PT, Lula e umas feras com todos eles juntos.