Ei, a crise é muito grave mesmo
"Por incrível que pareça, muita gente no Brasil parece não ter ainda consciência do que se passa no nosso cotidiano: preços mais altos, amigos e conhecidos desempregados, salários atrasados, lojas fechando, obras paralisadas, restaurantes mais vazios e por aí vai. A gravíssima crise econômica e financeira pela qual passa o país está à vista de todos", escreve o colunista do 247 Hélio Doyle; para o jornalista, "o governo tem a obrigação de sair da paralisia medrosa e apresentar suas propostas para enfrentar a crise. O Congresso tem a obrigação de decidir logo se vai continuar com um bandido presidindo a Câmara e se vai ou não destituir a presidente da República. O Poder Judiciário tem de voltar das imerecidas férias disposto a fazer horas extras para tomar as decisões que vão desatar os nós que ficam dependendo de suas excelências. A população tem de entender que o momento pelo qual passa o mundo, o país, cada estado e cada município, não comporta reivindicações irreais" BRASIL 247
Lava Jato volta e mira alvos em São Bernardo do Campo
Cerca de 80 policiais federais cumprem 15 mandados de busca e apreensão, seis de prisão temporária e dois de condução coercitiva também nas cidades de São Paulo, Santo André e Joaçaba (Santa Catarina)
A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira, 27, a 22ª fase da Operação Lava Jato, denominada Triplo X. Cerca de 80 policiais federais cumprem 15 mandados de busca e apreensão, 6 mandados de prisão temporária e 2 mandados de condução coercitiva – quando o investigado é levado para depor e liberado – nas cidades de São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo e Joaçaba (Santa Catarina). Segundo a PF, este desdobramento da Lava Jato apura “a existência de estrutura destinada a proporcionar a investigados na operação policial a abertura de empresas off-shores e contas no exterior para ocultar ou dissimular o produto dos crimes de corrupção, notadamente recursos oriundos de delitos praticados no âmbito da Petrobrás”. A PF informou que a investigação apura a ocultação de patrimônio por meio de um empreendimento imobiliário, “havendo fundadas suspeitas de que uma das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato teria se utilizado do negócio para repasse disfarçado de propina a agentes envolvidos no esquema criminoso da Petrobrás”. Nesta fase são apurados os crimes de corrupção, fraude, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Os presos serão trazidos para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, base da Lava Jato. Por Andreza Matais, Ricardo Brandt, Julia Affonso e Fausto Macedo
A fórmula da impunidade
Depois de dois anos de investigações, com a oitiva de nada menos que 300 testemunhas e a mobilização de um grande aparato policial e judicial, a Polícia Civil de São Paulo conseguiu indiciar apenas sete pessoas pelo vandalismo protagonizado pelo grupo “black bloc” nas manifestações de 2013 e de 2014. O resultado, a despeito de haver carradas de evidências contra muitos outros criminosos que participaram da baderna, significa que os tais “black blocs” descobriram a fórmula perfeita da impunidade: quem quiser continuar livre depois de cometer atentados contra o patrimônio da cidade de São Paulo e de atormentar violentamente a vida dos moradores só precisa agir em bando e cobrir o rosto com uma máscara.
Essa fórmula só funciona plenamente numa cultura em que as autoridades responsáveis pela segurança pública hesitam na hora de exercer seu papel, talvez temerosas de que uma ação mais enérgica contra os vândalos possa causar prejuízos à imagem do governo. Numa época em que o cumprimento da lei é cinicamente confundido com a repressão típica dos tempos da ditadura, confusão esta que conta sempre com ampla repercussão nas redes sociais da internet, a tibieza do poder público e sua submissão a interesses eleitoreiros prevalecem ante a necessidade de fazer valer os direitos do conjunto da população.
Somos mais de 160 milhões de vítimas
Há nove anos chegam a meu computador denúncias de um golpe típico de vigarista: quase 3 mil famílias de associados entraram na Justiça contra a administração da Cooperativa dos Bancários (Bancoop), fundada por Ricardo Berzoini, secretário da presidente Dilma Rousseff. Eles se queixam de ter pago prestações de apartamentos em que não puderam morar. O acusado é o ex-presidente da instituição João Vaccari Neto, suspeito de haver desviado o dinheiro dos cooperados para beneficiar o Partido dos Trabalhadores (PT), de que foi tesoureiro.
Do grupo que mandou no Sindicato dos Bancários de São Paulo sob a égide de Luís Gushiken, absolvido no mensalão pelo Supremo Tribunal Federal e saudado como herói, quase santo, pelo revisor do processo, Ricardo Lewandowski, Vaccari ficou livre, leve e solto até cair na rede da Operação Lava Jato. E, aí, ser recolhido à prisão em Curitiba, onde cumpre penas. Aplaudido de pé em reuniões do partido, tratado pelo presidente nacional petista, Rui Falcão, e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como companheiro prestimoso, Vaccari vê agora ressuscitarem nas mãos do promotor José Carlos Blat as queixas das vítimas da Bancoop, que têm complicado sua situação.