Dejetos ficam a céu aberto na capital com menor rede de esgoto
Reclamações pela falta de acesso ao direito básico ao saneamento também se repetem em bairros de Belém, cidade que mantém o título de capital com menor volume de esgoto tratado e a segunda com a pior rede de coleta —a primeira é Porto Velho.
Placas ao longo de avenidas de empresas especializadas em fossas denunciam ausência de uma rede estruturada desses serviços —e a decorrente busca por alternativas.
O problema é visto em parte do centro e sobretudo na periferia. “Saneamento aqui é uma coisa não existe. Apesar de ser um direito, não funciona”, diz o aposentado Manoel da Vera Cruz, 70, que mora há 40 anos no bairro Terra Firme, um dos mais populosos.
Lá, moradores reclamam da ausência da rede de esgoto, cenário que se agrava com a falta de coleta diária de lixo e problemas de drenagem.
Em época de chuvas, parte de Terra Firme não condiz com o próprio nome. Ruas, entre elas algumas por onde o esgoto corre hoje a céu aberto, ficam alagadas por meses.
“É como se tivesse um rio aqui na frente”, afirma Maria do Socorro Negrão, 55, enquanto mostra à reportagem a água que, por pouco, não invade sua casa. “Mas se pisar aí, o pé fica em carne viva”, diz ela, que atribui à água as feridas e coceira nos pés.
A poucos metros, um canal que corta o bairro, chamado de Lago Verde, acumula lixo e dejetos lançados por meio de canos diretamente de algumas casas. O material segue para o Tucunduba, rio cuja poluição já é visível de suas margens.
“A gente pede saneamento e não adianta. Fica tudo do mesmo jeito”, diz dona Socorro, como os vizinhos a chamam.
Sem acesso à rede, parte do bairro recorre a fossas. Especialistas, no entanto, dizem que essa estrutura não resolve adequadamente o problema.
“Na área urbana, todo mundo mora junto. A fossa no seu quintal contamina minha área do lado, e por isso não consideramos como adequada em área urbana”, diz Édison Carlos, do Instituto Trata Brasil.
Mantido ritmo, Brasil vai atrasar em 30 anos meta de saneamento universal
Nem sempre o trajeto é viável. Se dentro de casa a água falta, fora é preciso lidar com alagamentos em época de chuva. Para se deslocar, moradores afundam o pé na na maçaroca de lama e esgoto.
“Se pisar, no outro dia já amanhece com febre e dores no corpo”, relata ela, que costuma levar os filhos para a casa de parentes nesse período na tentativa de evitar doenças.
Parte de seus vizinhos, contudo, recorre à água da chuva para abastecer os baldes. Com o alagamento, o poço original é invadido pela sujeira.
Bruna e seus vizinhos são alguns dos 35 milhões de brasileiros que vivem sem acesso à rede de abastecimento de água, pilar do saneamento básico.
O outro pilar, o acesso à coleta e tratamento de esgoto, está mais atrasado: inexiste para 100 milhões, quase a metade da população do país.
Para se ter uma ideia, seria o mesmo que deixar toda a Colômbia, Argentina e Chile, juntos, sem nenhuma rede de esgoto. Ou, ainda, ter o Canadá inteiro sem água tratada.
A situação parece ainda estar longe de mudar. Levantamento da Folha a partir de dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério de Desenvolvimento Regional, mostra que o indicador de acesso à água tratada passou, em dez anos, de 81,4% para 83,5%.
Investigações identificam óleo venezuelano em praias do Nordeste
08 de outubro de 2019 | 18h37
Atualizado 08 de outubro de 2019 | 21h53
BRASÍLIA – Investigações sigilosas realizadas pela Marinha e Petrobrás encontraram petróleo com a mesma “assinatura” do óleo da Venezuela em manchas que se espalham pelo mar na região Nordeste. O poluente já foi identificado em mais de 138 pontos no litoral dos oito Estados da região. Nesta terça-feira, 8, o presidente Jair Bolsonaro disse não descartar que tenha sido uma ação criminosa, mas ponderou que a apuração sobre o caso ainda está em curso.
Segundo uma fonte da alta cúpula do governo ouvida pelo Estado, trata-se do mesmo tipo de óleo extraído da Venezuela. A conclusão já foi comunicada ao Ibama, órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente. Não é possível dizer que todo o vazamento que atinge as praias do Nordeste tem a mesma origem, mas análises já realizadas em algumas manchas concluíram, com certeza, que se trata de material de origem venezuelana.
O Peru no laboratório / ISTOÉ
A democracia peruana é digna de ser estudada em laboratório por uma junta de cientistas políticos. Em qualquer país, o ato de o presidente fechar o congresso é considerado golpe de Estado. No Peru, não. Em qualquer país, arestas entre Executivo e Legislativo sempre existem, mas os poderes acabam se entendendo, batem boca de novo, mais uma vez se entendem, e seguem a vida. No Peru, não. Em qualquer país há corrupção (o Brasil que o diga) envolvendo muitos agentes públicos e muitas empreiteiras. No Peru, não. É uma empreiteira só.
Esse quadro ficou claro na semana passada quando o presidente Martín Vizcarra ordenou a dissolução do Congresso porque os parlamentares, pela segunda vez, rejeitaram suas propostas. Na primeira ocasião, os congressistas rechaçaram a reforma política; agora, não aceitaram o fim da prerrogativa de escolha dos membros do Tribunal Constitucional — e fizeram isso porque tal tribunal tem, há tempo, a função de acobertar suas falcatruas. De volta ao nosso laboratório, o estranho é que a Constituição do Peru assegura ao presidente o direito de dissolver o Congresso. Estão assim explicitadas duas das questões acima levantadas. Ou seja: mandar as Forças Armadas fechar o Congresso é constitucional; e mais uma vez os dois poderes entraram em choque.
#LulaPreso
Germano Oliveira / ISTOÉ
Desde que fora apanhado em malfeitos pela Lava Jato, Lula vive de auras. Primeiro, para manter a aura de honesto, fez o diabo para não ser preso. Jamais – em tempo algum – houve na história política do Brasil tantas chicanas para se libertar um corrupto. Até articular uma vaga no ministério de Dilma a fim de escapar do foro do ex-juiz Sergio Moro Lula fez. A Suprema Corte do País chegou a se mobilizar para alterar um entendimento já firmado cujo principal interessado era Lula: a prisão depois da condenação em segunda instância.
A ONU foi acionada. Mais de R$ 1 milhão do Fundo Partidário foi desembolsado ilegalmente em favor dos atos pela soltura do ex-presidente petista. Em suma, a campanha para poupá-lo da prisão e depois para tirá-lo de trás das grades não conheceu limites. Agora, na tentativa de preservar a aura de “preso político”, Lula recorre a mais um expediente inusitado. Ele abre mão da progressão da pena ao semiaberto para – pasme – permanecer preso. Ao menos até que o STF o liberte definitivamente e sem restrições, o que ele espera que ocorra já nos próximos dias. Ou seja, depois de 500 dias na cadeia, o demiurgo de Garanhuns foi do bordão #Lulalivre a #Lulapreso ao sabor de suas conveniências pessoais e político-partidárias. Lula pode até nutrir esse desejo. O que ele não pode é querer uma lei só para ele, ou seja, uma norma que se adeque perfeitamente aos seus desígnios. Que estado de Justiça teremos daqui em diante como conseqüência de mais um gesto político do petista destinado única e exclusivamente a dourar a aura que ele quer conservar perante a uma claque que hoje perdeu relevância?
Lula pede suspensão de cobrança de R$ 4,9 milhões até o fim da tramitação de processo do triplex
O advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin, pediu nesta segunda-feira (7) a suspensão da cobrança da multa e da reparação de danos impostas ao petista no processo do triplex em Guarujá (SP) até o trânsito em julgado da ação - quando não há mais possibilidade de recursos.
O valor foi atualizado para R$ 4,9 milhões, em setembro. Nessa ação, Lula foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia aponta que o ex-presidente recebeu o imóvel como propina da construtora OAS para favorecer a empresa em contratos com a Petrobras. Ele diz ser inocente.
O advogado alega que existem "obscuridades que precisam - e devem - ser supridas" em um despacho da juíza Carolina Lebbos, da 12ª Vara da Justiça Federal, em Curitiba, responsável pela execução penal do ex-presidente, no qual, segundo ele, determina o depósito do valor em conta judicial.